A ANTIGA ESCOLA POLACA DO ABRANCHES .
A ANTIGA ESCOLA POLACA DO ABRANCHES .
A origem da antiga Escola Polonesa do Abranches, conhecida como "Escola Polaca", deu-se com a vinda das Irmãs polonesas da Companhia das Filhas da Caridade de São Vicente de Paula, ao Brasil no ano de 1904, atendendo a uma solicitação especial feita pelos imigrantes poloneses residentes no território paranaense. Conhecedores da missão da Irmãs em seu país de origem e desejosos de oferecer uma educação diferenciada para seus filhos, a comunidade dos imigrantes poloneses solicita ao então bispo de Curitiba, Dom José de Camargo Barros, a mediação no pedido oficial aos Superiores Gerais e Provinciais da Polônia.
Provenientes da Província de Chelmno, as três primeiras Irmãs – Irmã Luísa Olsztynska, Irmã Natália Zietak e Irmã Leocádia Suchoswiat – saíram na Polônia no dia 05 de setembro de 1904, partindo de trem até a Casa Mãe, em Paris, onde permaneceram durante uma semana. No dia 17 deste mesmo mês embarcam a bordo do navio “Atlantique”, juntamente com outras vinte e três Filhas da Caridade e um Padre da Missão. Atracaram no Rio de Janeiro no dia 02 de outubro, onde passaram duas semanas hospedadas na Santa Casa, instituição dirigida pelas Filhas da Caridade na então capital do país, aguardando a finalização da construção da escola em Curitiba.
No dia 15 de outubro partem no navio Itapará rumo ao porto de Paranaguá, em companhia de Irmã Castet, ecônoma da Casa Central do Rio de Janeiro, que as auxiliou nas duas primeiras semanas da nova missão. Recepcionadas por representantes da anfitriã Colônia de Abranches, chegaram ao destino na manhã de 17 de outubro, partindo de trem à tarde com destino à Curitiba. Nos primeiros tempos, as Irmãs contaram com a expressiva ajuda das famílias e da comunidade paroquial.
O educandário foi inaugurado com o nome “Escola Polonesa São José”, em homenagem ao seu principal benfeitor, Sr. José Preiss, e suas aulas iniciaram-se no dia 16 de novembro de 1904, com um grupo de 25 crianças. Aos poucos, as turmas e os serviços ofertados foram crescendo. Em 1906 é aberto o internato que acolhe, no primeiro momento, seis meninas. Em 1914, a construção da Escola é aumentada pela primeira vez, abrindo a possibilidade de ampliar o atendimento do internato, destinado a meninas de 7 a 16 anos, e meninos de 7 a 12 anos, com uma permanência média de 2 anos.
Além de facilitar a comunicação com a comunidade em razão do idioma, a presença das Irmãs também ofereceu notável contribuição cristã à colônia polonesa, cuja sensibilidade religiosa era latente e profundamente arraigada ao cotidiano. Contudo, a escola também acolhia crianças brasileiras ou filhas de imigrantes italianos.
Em 1914, por exigência do governo brasileiro, as Irmãs polonesas precisaram prestar exames oral e escrito da Língua Portuguesa, e conhecimentos na área para continuarem a dirigir as escolas. Neste período, já haviam iniciado três outros estabelecimentos educativos no Paraná: Escola Santa Sofia, em Prudentópolis (1907); Escola Santa Clara, em Rio Claro do Sul (1912); e Escola São Vicente de Paulo, em Tomaz Coelho (1912).
Para somar na missão brasileira, a Província de Chelmno enviou outros grupos de Irmãs missionárias. Entre 1904 e 1937 vieram ao Brasil cinquenta Irmãs da Polônia Em cada viagem, as Irmãs traziam consigo baús com objetos para uso pessoal e da comunidade, roupas, paramentos, vasos sagrados, instrumentos musicais, medicamentos e dinheiro para a abertura de novas casas. Em sua grande maioria, elas permaneceram definitivamente no país; algumas, por razões de saúde e adaptação com o clima, retornaram ao país de origem. Aos poucos, foram surgindo vocações autóctones, somando nos diversos serviços assumidos pela Comunidade.
A referência direta das Irmãs era a Província de Chelmno, na Polônia, da qual dependiam para a tomada de decisões. Com a irrupção da Primeira Guerra Mundial, em 1914 a comunicação com a província de origem foi cortada. Por ser a mais velha de vocação e a Irmã Servente (coordenadora da Comunidade), coube à Irmã Luiza Olsztynska as resoluções mais imediatas em relação à vida da comunidade. Criou-se, então, a Vice-Província, sendo a Irmã Luiza nomeada como Vice-Visitadora, e Pe. José Joaquim Goral como Vice Visitador. Isso levou, também, à mudança de sede do governo local no ano de 1924. Em razão da distância, houve a transferência de Tomaz Coelho, onde morava Irmã Luiza para Abranches, residência do Vice-Visitador.
A Vice-Província foi designada, primeiramente, por “Província Polono-brasileira das Irmãs de Caridade”. Em 9 de julho de 1923 se deu a aprovação dos estatutos, a partir do que a vice-província adquiriu personalidade jurídica e, com isso, os direitos legais. Em 1938 foram revisados os estatutos e retirada a palavra “polono”. No ano de 1960, uma nova mudança estatutária deu-lhe o nome “Província Brasileira das Irmãs Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo”.
Neste período, a Província estava constituída por duzentas e trinta e seis Irmãs polonesas e brasileiras, distribuídas em trinta e uma casas, entre educandários, hospitais, dispensários nos três estados do Sul do Brasil, e quinze Irmãs do Seminário. Além das Filhas da Caridade da província polonesa, as Irmãs da Província do Rio de Janeiro possuíam algumas obras na região sul. Posteriormente, em 1964, no processo de reconfiguração entre as Províncias, estas foram anexadas à Província de Curitiba.
(Fonte/Fotos: filhasdacaridade.com.br, Pinterest)
Paulo Grani.
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