Histórias de Curitiba - O Bolo da debutante
O Bolo da debutante
Eduardo Mercer
A sociedade curitibana sempre cultivou certas tradições como o "debut" das moças das famílias aristocráticas de nossa cidade.
Em décadas passadas, essas tradições tinham uma relevância ainda maior.
Era nas festas de 15 anos que as donzelas se apresentavam à sociedade, passando a usar batom e salto alto. Também era nessas festas que usavam vestidos de baile pela primeira vez.
Agiam como suaves bailarinas, tão delicados eram seus movimentos. O bom partido que acompanhasse a ninfeta em sua valsa de "debut"fatalmente a levaria ao altar, e não demoraria muito para que isso acontecesse.
Mas houve uma debutante que foi presenteada com um acontecimento tragicômico em sua festa de aniversário que nem mesmo a mente criativa de um Nelson Rodrigues poderia imaginar.
A anfitriã era uma verdadeira princesa, com seu elegante vestido de imaculado branco.
Sentia-se admirada por todos os seus convidados, que dançavam boleros executados por magnífica orquestra. O suntuoso salão da festa fazia a princesinha se sentir num autêntico castelo europeu.
Do mesmo modo que é comum nos dias de hoje, a presença de penetras também fazia parte das festas dos anos 50. Eram os famosos "perus".
O penetra que me contou essa história é um renomado professor de um cursinho curitibano, cujo nome omitirei para que ele não seja importunado nas suas férias em Caiobá por nenhuma cinqüentona que se apresente como vítima.
Contou-me o professor que havia um número elevado de "perus"na festa, o que causou um certo desconforto na aniversariante. O pai da moça contornou o problema de maneira diplomática.
Subiu ao palco, interrompeu a orquestra e solicitou às pessoas que não haviam sido convidadas que, por gentileza, se retirassem.
Para que não ficasse constrangedor, as luzes seriam apagadas a fim de que os penetras saíssem sem serem vistos.
Assim foi feito. O professor
- na época um estudante de engenharia da UFPR - educadamente se retirou, junto com seus amigos. Já fora da festa, foi andando à frente, cabisbaixo e com as mãos nos bolsos.
Ao ouvir seus amigos gritando como se estivessem comemorando um gol, virou-se e ficou pasmo com o que estava vendo: eles haviam roubado o bolo da festa!
Eduardo Mercer é acadêmico de direito.
Eduardo Mercer
A sociedade curitibana sempre cultivou certas tradições como o "debut" das moças das famílias aristocráticas de nossa cidade.
Em décadas passadas, essas tradições tinham uma relevância ainda maior.
Era nas festas de 15 anos que as donzelas se apresentavam à sociedade, passando a usar batom e salto alto. Também era nessas festas que usavam vestidos de baile pela primeira vez.
Agiam como suaves bailarinas, tão delicados eram seus movimentos. O bom partido que acompanhasse a ninfeta em sua valsa de "debut"fatalmente a levaria ao altar, e não demoraria muito para que isso acontecesse.
Mas houve uma debutante que foi presenteada com um acontecimento tragicômico em sua festa de aniversário que nem mesmo a mente criativa de um Nelson Rodrigues poderia imaginar.
A anfitriã era uma verdadeira princesa, com seu elegante vestido de imaculado branco.
Sentia-se admirada por todos os seus convidados, que dançavam boleros executados por magnífica orquestra. O suntuoso salão da festa fazia a princesinha se sentir num autêntico castelo europeu.
Do mesmo modo que é comum nos dias de hoje, a presença de penetras também fazia parte das festas dos anos 50. Eram os famosos "perus".
O penetra que me contou essa história é um renomado professor de um cursinho curitibano, cujo nome omitirei para que ele não seja importunado nas suas férias em Caiobá por nenhuma cinqüentona que se apresente como vítima.
Contou-me o professor que havia um número elevado de "perus"na festa, o que causou um certo desconforto na aniversariante. O pai da moça contornou o problema de maneira diplomática.
Subiu ao palco, interrompeu a orquestra e solicitou às pessoas que não haviam sido convidadas que, por gentileza, se retirassem.
Para que não ficasse constrangedor, as luzes seriam apagadas a fim de que os penetras saíssem sem serem vistos.
Assim foi feito. O professor
- na época um estudante de engenharia da UFPR - educadamente se retirou, junto com seus amigos. Já fora da festa, foi andando à frente, cabisbaixo e com as mãos nos bolsos.
Ao ouvir seus amigos gritando como se estivessem comemorando um gol, virou-se e ficou pasmo com o que estava vendo: eles haviam roubado o bolo da festa!
Eduardo Mercer é acadêmico de direito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário