Denominação inicial: Projéto de Sobrado para o Snr. Nelson Mozart Weigang
Denominação atual: Comercial
Categoria (Uso): Residência
Subcategoria: Residência de Pequeno Porte
Endereço: Alameda Cabral nº 314 e 334
Número de pavimentos: 2
Área do pavimento: 160,00 m²
Área Total: 160,00 m²
Técnica/Material Construtivo: Alvenaria de Tijolos
Data do Projeto Arquitetônico: 29/12/1934
Alvará de Construção: Nº 915/1934
Descrição: Projeto Arquitetônico para construção de sobrado, Alvará de Construção e fotografia do imóvel.
Situação em 2012: Existente
Imagens
1 - Projeto Arquitetônico.
2 - Alvará de Construção.
3 - Fotografia do imóvel em 2012.
Referências:
1 – CHAVES, Eduardo Fernandes. Projéto para um Sobrado. Planta dos pavimentos térreo e superior do sobrado; implantação, corte, fachada frontal e lateral apresentados em uma prancha. Microfilme digitalizado.
2 - Alvará n.º 915
3 – Fotografia de Elizabeth Amorim de Castro (2012).
1 - Projeto Arquitetônico.
2 - Alvará de Construção.
2 - Alvará de Construção.
2 - Alvará de Construção.
2 - Alvará de Construção.
3 - Fotografia do imóvel em 2012.
Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba; Prefeitura Municipal de Curitiba.
O Sobrado de Nelson Mozart Weigang: Entre a Vida Doméstica e o Pulso Comercial de Curitiba
Na esquina da memória urbana com a arquitetura popular, ergue-se, desde 1934, um sobrado discreto mas significativo na Alameda Cabral, um dos principais eixos do bairro Rebouças, em Curitiba. Projetado para Nelson Mozart Weigang, o imóvel representa um momento-chave na transformação da cidade: a passagem da residência familiar puramente doméstica para o uso misto — morar e trabalhar no mesmo espaço —, fenômeno comum nas décadas de 1930 e 1940 em centros urbanos em expansão.
Apesar de sua denominação atual como edificação comercial, o sobrado conserva, em sua estrutura e proporções, a alma de uma residência de pequeno porte, pensada para uma família de classe média que buscava conforto, dignidade e proximidade com o comércio emergente da capital paranaense.
O Projeto: Equilíbrio entre Forma e Função
Em 29 de dezembro de 1934, o arquiteto Eduardo Fernandes Chaves — filho de Gastão Chaves e herdeiro de um dos escritórios mais influentes da Curitiba da Primeira República — assinou o “Projéto de Sobrado para o Snr. Nelson Mozart Weigang”. O documento, preservado em microfilme no Arquivo Público Municipal de Curitiba, reúne em uma única prancha:
- Planta do pavimento térreo e do pavimento superior;
- Planta de implantação no terreno;
- Corte arquitetônico;
- Fachadas frontal e lateral, desenhadas com traços sóbrios, mas atentos à estética da época.
Construído em alvenaria de tijolos, material que substituía progressivamente a madeira nas edificações urbanas, o sobrado tem dois pavimentos e ocupa uma área total de 160,00 m² — não por sobreposição, mas porque, segundo a documentação, a área construída é de 160 m² distribuídos nos dois níveis (80 m² por pavimento, aproximadamente).
O alvará de construção foi emitido sob o número 915/1934, confirmando a legalidade e a execução da obra logo após o projeto ser concluído.
Nelson Mozart Weigang: Um Nome entre Dois Mundos
O nome Nelson Mozart Weigang evoca uma fusão curiosa entre referências culturais: Nelson, talvez em homenagem ao herói britânico; Mozart, ao gênio austríaco da música; e Weigang, sobrenome de origem germânica, comum entre famílias de imigrantes alemães estabelecidas no Paraná desde o século XIX.
Embora não haja registros biográficos detalhados sobre ele no acervo consultado, o fato de ter encomendado um sobrado com potencial para uso misto sugere que era um homem de negócios, talvez lojista, profissional liberal ou comerciante. A localização na Alameda Cabral — via de ligação entre o centro e os novos bairros — era estratégica para quem desejasse manter residência e atividade econômica sob o mesmo teto, prática comum antes da especialização funcional dos bairros.
Do Residencial ao Comercial: A Vida Útil de um Sobrado
Embora classificado originalmente como residência, o imóvel foi adaptado ao longo das décadas para uso comercial, sem perder sua estrutura original. Em 2012, quando foi fotografado por Elizabeth Amorim de Castro, o sobrado ainda estava em pé, bem conservado e integrado ao tecido urbano da Alameda Cabral — testemunha silenciosa das transformações do bairro Rebouças, que passou de área residencial elegante a polo de serviços, comércio e cultura.
A persistência da edificação por mais de 88 anos — desde seu projeto até o registro de 2012 — fala não apenas da qualidade de sua construção, mas também da flexibilidade funcional do modelo de sobrado popular da década de 1930.
Herança Arquitetônica e Documental
O sobrado de Nelson Mozart Weigang é mais do que tijolos e telhado. É um documento espacial que dialoga com:
- A produção arquitetônica do escritório Chaves, que moldou grande parte da paisagem residencial de Curitiba;
- A transição do ecletismo para o modernismo, ainda que de forma suave e adaptada à realidade local;
- A história social da classe média curitibana, que buscava, em espaços modestos, a concretização do sonho de propriedade e estabilidade.
Sua documentação — projeto, alvará e fotografia — forma um triângulo completo de preservação histórica, raro para edificações de pequeno porte. Isso permite não apenas compreender como foi concebido, mas também como envelheceu e se adaptou ao uso contemporâneo.
Ficha Técnica
- Proprietário original: Nelson Mozart Weigang
- Denominação inicial: Projéto de Sobrado para o Snr. Nelson Mozart Weigang
- Denominação atual: Comercial
- Categoria (uso original): Residência
- Subcategoria: Residência de Pequeno Porte
- Endereço: Alameda Cabral, nº 314 e 334 – Curitiba, Paraná
- Data do projeto arquitetônico: 29 de dezembro de 1934
- Alvará de construção: Nº 915/1934
- Material construtivo: Alvenaria de tijolos
- Número de pavimentos: 2
- Área total construída: 160,00 m²
- Situação em 2012: Existente
- Documentação:
- Projeto arquitetônico (Eduardo Fernandes Chaves) – microfilme digitalizado
- Alvará de construção nº 915
- Fotografia de Elizabeth Amorim de Castro (2012)
Mais de oitenta anos após seu nascimento no papel, o sobrado de Nelson Mozart Weigang continua de pé — não como monumento, mas como testemunha cotidiana da evolução urbana de Curitiba. É nos pequenos sobrados como este, ocupando esquinas simples e abrigando histórias quase anônimas, que reside a verdadeira continuidade da cidade.






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