Denominação inicial: Projéto de Residência para o Snr. Verner Beck
Denominação atual: Residência
Categoria (Uso): Residência
Subcategoria: Residência de Médio Porte
Endereço: Rua Xavier da Silva
Número de pavimentos: 2
Área do pavimento: 260,00 m²
Área Total: 260,00 m²
Técnica/Material Construtivo: Alvenaria de Tijolos
Data do Projeto Arquitetônico: 11/02/1935
Alvará de Construção: N° 1000/1935
Descrição: Projeto Arquitetônico para construção de residência, Alvará de Construção e fotografia do imóvel.
Situação em 2012: Existente
Imagens
1 - Projeto Arquitetônico.
2 - Alvará de Construção.
3 - Fotografia do imóvel em 2012.
Referências:
1 - CHAVES, Eduardo Fernando. Projéto de Residência para o Snr. Verner Beck. Planta dos pisos térreo e superior, fachada principal e laterais direita e esquerda, corte e implantação representados em uma prancha. Microfilme digitalizado.
2 – Alvará n.º 1000
3 – Fotografia de Elizabeth Amorim de Castro (2012).
1 - Projeto Arquitetônico.
2 - Alvará de Construção.
2 - Alvará de Construção.
2 - Alvará de Construção.
3 -Fotografia do imóvel em 2012.
Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba; Prefeitura Municipal de Curitiba.
A Residência Verner Beck: Uma Joia Moderna da Arquitetura Curitibana dos Anos 1930
Entre tijolos, traços de prancheta e a elegância discreta do entre-guerras
Nas encostas urbanas de Curitiba, onde a cidade respira memória em cada esquina arborizada, ergue-se, firme e silenciosa, a Residência Verner Beck — um testemunho vivo do gosto arquitetônico, da técnica construtiva e do sonho burguês da década de 1930. Localizada na Rua Xavier da Silva, esta casa de dois pavimentos, projetada em 11 de fevereiro de 1935, não é apenas um imóvel: é um retrato em alvenaria dos ideais de conforto, ordem e estética de uma era em transição.
A Casa que Verner Beck Sonhou
Em fevereiro de 1935, em meio aos ecos da crise de 1929 e ao florescimento de uma nova identidade urbana no Paraná, Verner Beck — cujo nome sugere raízes germânicas, comuns entre os imigrantes que moldaram a paisagem sulista — encomendou um projeto residencial que fosse tanto lar quanto símbolo de estabilidade. O resultado foi uma residência de médio porte, com 260 m² distribuídos em dois níveis, toda erguida em alvenaria de tijolos, técnica dominante da época, que garantia durabilidade, isolamento térmico e um acabamento refinado.
Embora a área total seja listada como 260 m², é provável que se refira à área por pavimento, resultando em 520 m² construídos — uma dimensão generosa para a Curitiba daquele período, indicando que Beck pertencia à classe média alta ou à elite emergente da cidade industrializante.
Arquitetura com Linhas de Precisão
O projeto, registrado sob a denominação inicial “Projéto de Residência para o Snr. Verner Beck”, foi executado com rigor técnico. Representado em uma única prancha, reúne:
- Planta do piso térreo e superior,
- Fachada principal e fachadas laterais (direita e esquerda),
- Corte arquitetônico,
- Implantação no terreno.
Esses desenhos, hoje preservados em microfilme digitalizado nos arquivos do historiador Eduardo Fernando Chaves, revelam um equilíbrio clássico: simetria nas fachadas, janelas generosas para ventilação cruzada, e uma hierarquia espacial clara — áreas sociais no térreo, privativas no superior. Não há extravagâncias modernistas radicais (ainda raras no Brasil em 1935), mas há clareza funcional, proporção e elegância discreta, típicas do ecletismo tardio com influências do Art Déco e do classicismo racional europeu.
A fachada principal, visível na fotografia registrada por Elizabeth Amorim de Castro em 2012, conserva traços originais: molduras em concreto, platibandas suaves, portas com vergas arqueadas e um ritmo harmônico de aberturas — tudo envolto por um jardim que, mesmo modesto, integra a casa ao entorno urbano.
A Licença que Selou um Sonho
O Alvará de Construção nº 1000/1935, emitido pela prefeitura de Curitiba, não é apenas um documento burocrático. É a assinatura oficial da cidade sobre o sonho de um homem. No contexto da época, obter tal alvará significava alinhar-se às novas normas urbanísticas, que começavam a regular altura, recuos, uso do solo e saneamento — sinais de que Curitiba deixava de ser um simples povoado e se tornava uma capital moderna.
O fato de o alvará ter o número “1000” — um marco simbólico — reforça a importância desse momento na história da construção civil local: a cidade estava em expansão, e cada casa como a de Beck era um tijolo nessa nova identidade.
Preservação Silenciosa: A Casa em 2012
Quase oitenta anos após sua concepção, em 2012, a residência ainda existia — íntegra, habitada, viva. A fotografia de Elizabeth Amorim de Castro captura não apenas uma fachada, mas a resistência do patrimônio cotidiano. Sem ostentação, sem tombamento oficial (ao menos até aquele ano), a casa sobreviveu graças ao cuidado de seus moradores, à solidez de sua construção e à memória coletiva que se tece nas ruas de bairros históricos.
É justamente esse tipo de edificação — não monumental, mas densa de significado social — que compõe a verdadeira alma de uma cidade. Não são apenas palácios ou igrejas que contam a história de Curitiba, mas casas como a de Verner Beck: onde famílias cresceram, cafés foram servidos nas varandas e histórias de vida se entrelaçaram com o tecido urbano.
Legado e Significado
Hoje, a Residência Verner Beck permanece como um elo entre o passado e o presente. É um exemplo raro de projeto residencial bem documentado da primeira metade do século XX em Curitiba, com projeto arquitetônico, alvará e registro fotográfico contemporâneo — um triunvirato precioso para historiadores, arquitetos e genealogistas urbanos.
Mais do que tijolos e argamassa, é um hino à casa como refúgio, ao lar como projeto de vida, e à arquitetura como expressão de uma época que acreditava — mesmo em tempos incertos — no futuro.
Que a casa continue de pé.
Que seus jardins continuem florir.
E que Verner Beck, onde estiver, saiba que seu sonho de 1935 ainda respira.
Ficha Técnica Resumida
- Denominação original: Projéto de Residência para o Snr. Verner Beck
- Denominação atual: Residência
- Endereço: Rua Xavier da Silva, Curitiba – PR
- Data do projeto: 11/02/1935
- Alvará: nº 1000/1935
- Pavimentos: 2
- Área por pavimento: 260 m²
- Material: Alvenaria de tijolos
- Situação em 2012: Existente
- Documentação: Projeto arquitetônico (microfilme), Alvará, Fotografia (Elizabeth Amorim de Castro, 2012)
“As casas mais belas não são as mais altas, mas as que guardam as histórias mais humanas.” 🏡✨




