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quarta-feira, 6 de setembro de 2023

SEGUNDA GUERRA: FAMÍLIA PARANAENSE MANDOU SEIS SOLDADOS PARA A FEB

 

SEGUNDA GUERRA: FAMÍLIA PARANAENSE MANDOU SEIS SOLDADOS PARA A FEB

Uma família de poloneses imigrada para o Paraná no final do século XIX, contribuiu de forma bastante efetiva para a Força Expedicionária Brasileira – FEB. Os Wojcik mandaram nada menos do que seis primos para a Itália.

Dois primos se chamavam Adão, um se chamava Estanislau, outro Bernardo, outro David e por último ainda havia o Izidoro. José Dequech, no livro “Nós estivemos lá”, de 1985, lembra que conheceu cinco deles. O único que ele não tinha lembrança era do que se chamava Izidoro, que era Curitiba.

“Nas fileiras da FEB não só havia descendentes de italianos, libaneses, japoneses, portuguesas e até mesmo de alemães, mas também, poloneses. Os Wojcik, chegados com os primeiros poloneses que vieram para colonizar o sul do Paraná, fixaram-se no eixo da estrada que liga Curitiba a União da Vitória e lá se enraizaram dedicando-se ao cultivo da terra. Pois bem, essa família foi uma das que mais contribuiu para a formação da FEB. (…) Eram cinco rapazes com menos de 22 anos e não fazia muito que, atendendo a ordem de convocação, haviam se apresentado ao exército. Os três primeiros nasceram na cidade de Araucária e os dois últimos na cidade de Lapa. Na FEB, os polaquinhos de olhos claros, de aparência rústica, comportaram-se como exemplo de bons soldados, mostrando-se sempre dispostas a cumprir as mais difíceis missões. Dois deles, infelizmente não voltaram para o Brasil, tombaram em combate”, escreveu Dequech.

Dois primos, dos seis enviados, morreram em combate. (Foto: Livro o Paraná na FEB, José Agostinho Rodrigues)

Primos na Itália

Os primos Wojcik serviam em diferentes regimentos. O Adão mais velho serviu no 6º Regimento de Infantaria e voltou vivo. O Adão mais novo, que morreu vítima de estilhaço de granada em Gaggio Montano, durante fogo de resposta dos alemães durante o ataque à Monte Castello, era da Companhia de Canhões Anti-carros do III Batalhão do 11º Regimento de Infantaria; e Estanislau era de uma das companhias do 11º Regimento, tendo sido morto em 31 de janeiro de 1945.

No caso de Estanislau, consta que faleceu perto do Lago Brago, onde estava de vigia e ao perceber a infiltração de uma patrulha alemã com capas brancas na neve, a menos de 10 metros dele, abriu o fogo contra os inimigos alertando toda a frente, mas perdendo a vida com os tiros que lhe deram de volta.

Outros dois primos também se juntaram à luta em 1944 e o sexto deles chegou no quinto escalão, em 1945. Primeiro vieram Bernardo e David, em 23 de novembro, indo o primeiro para o 11º Regimento e o segundo para o 6º Regimento, ambos como recompletamentos de baixas sofridas naquelas unidades.

Por último, Izidoro foi em 08 de fevereiro de 1945, sendo colocado como substituto no 11º Regimento. Quando ele chegou, fazia pouco mais de uma semana que o primo dele, Estanislau havia sido morto. Já o Adão mais novo morreria dali 13 dias.

Os que voltaram

Sobre os quatro que retornaram ao Brasil com vida, de três, não conseguimos outras informações, apenas que viveram suas vidas em paz, sendo homenageados com nomes de ruas em cidades do Paraná. Porém, para o quarto primo que voltou vivo, o David, o final da vida foi trágico.

Segundo José Dequech, David faleceu de forma comovente. “Alguns anos mais tarde ainda cheguei a ver o David (…) Mas isso foi no Sanatório do Portão [Curitiba], no dia 6 de fevereiro de 1976. Lá, numa sala mortuária, encontrei o corpo magro estirado sobre uma laje fria de mármore, parecendo ter sido carcomido por uma terrível doença. Quando o enfermeiro apontou-me, eu não quis acreditar. Mas era ele. Vendo-o de chinelo, vestido apenas com uma calça e camisa bastante surradas pelo tempo, deduzia-se que morrera na mais completa miséria. O David viera de São Mateus do Sul [cidade do Paraná], para tratar-se. A doença, porém, como dissera o médico, avançou de tal forma que não lhe deu chance de sobreviver. Para quem o conhecera, foi muito chocante vê-lo naquele estado indigência. O que mais o elevava e dignificava, atraindo a atenção daqueles que assim o viam pela última vez, eram as medalhas de guerra que o herói ainda ostentava no peito, onde podia se ver a Cruz de Combate de 1ª Classe, uma das mais altas condecorações, recebida por ato de bravura”, escreveu Dequech.


A medalha que David recebeu, foi fruto de ter sustentado fogo, sozinho, para retraimento de uma patrulha que havia sido enviada para localizar alemães que recusavam em render-se aos brasileiros em Segalara, próximo a Collecchio, em 28 de abril de 1945, próximo do final da guerra.

Parentes na FEB

Ainda que não fosse aconselhado alistar irmãos para a FEB, nem sempre era possível evitar. Foi o caso dos irmãos Lourival Henrique e Alfredo Bertoldo Klas, de Palmeira/PR. Por sorte, os dois foram e voltaram vivos. Lourival foi soldado do 6º Regimento de Infantaria e Alfredo foi tenente no 11º Regimento. No caso de Alfredo, o cunhado dele, Domingos Pimpão, que era capitão, também servia na FEB, porém, no 9º Batalhão de Engenharia.

Os irmãos Klas, Lourival e Alfredo. Foto: acervo família Klas.

Outros três irmãos combateram com um propósito a mais do que vencer o nazifascismo: vingar o irmão deles, tenente Alípio Napoleão de Andrade Serpa, morto no naufrágio do navio Itagiba, torpedeado por um submarino do Eixo. Luiz Gonzaga foi ser 2º tenente no Quartel General; José Maria foi capitão II Grupo do 1º Regimento de Obuses Auto-Rebocados e Antônio Carlos, capitão de Infantaria no 1º Regimento. Todos foram voluntários para a FEB.

Eliseu Oliveira, o irmão que foi feito prisioneiro. Foto: acervo Jornalismo de Guerra

Em São Paulo, Eliseu e Roberto de Oliveira eram irmãos e foram convocados. Os dois serviram no 6º Regimento de Infantaria. Eliseu foi pego por alemães em uma patrulha, levado para um campo de prisioneiros na Alemanha e só voltou para o Brasil após o final da guerra. O irmão dele serviu a guerra toda na Companhia de Comando do 11º Regimento de Infantaria. Dois primos deles, Joaquim Monteiro e João Cunha de Oliveira, também estiveram na FEB, no 6º Regimento.Também havia o caso dos irmãos José Luiz e Alberto Luiz do Nascimento, que eram da Guarda Civil em São Paulo e que pediram para irem juntos para a Itália. Eram conhecidos como os inseparáveis “irmãos Nascimento”, da Polícia Militar do Exército.

Já Domingos Ventura Pinto Júnior, foi capitão do 6º Regimento, enquanto o irmão dele, Manoel, foi 2º sargento na mesma unidade. Três cunhados deles, de nomes Zacarias, Duarte e Paulo Braz, também estiveram em combate.

Quando o pessoal do recrutamento estava mais atento, sempre que podia, evitava de mandar irmãos. José Beló era o irmão mais velho e Miguel Beló o mais novo. Ambos eram descendentes de ucranianos, da cidade de Prudentópolis/PR e haviam sido convocados para a guerra. José ficou no Rio de Janeiro, como força de segurança na cidade. Miguel foi para a Itália, onde serviu na Companhia de Obuses do 11º Regimento de Infantaria. Um primo deles, Estefano Beló, foi enviado para a Companhia de Canhões Anti-carros do III Batalhão do 11º Regimento de Infantaria (servia junto com o Adão Wojcik que foi morto).

Os Belós. José ficou no Rio de Janeiro. O irmão dele, Miguel foi para a Itália e o primo, Estefano embarcou também. Foto: Acervo família Beló.Ou seja, se às vezes os irmãos eram poupados, o mesmo não acontecia com os primos. Tanto que há outros vários casos de primos que também estiveram na guerra, como Altair e Flávio Franco Ferreira. Altair foi do Quartel General do general Olympio Falconiére, que comandava os órgãos não-divisionários. Já o Flávio, era do Esquadrão de Reconhecimento e foi até ferido em combate.

Os primos Altair e Flávio. Foto: Acervo da família Franco Ferreira.

No caso do comandante do 1º Regimento de Infantaria da FEB, coronel Aguinaldo Caiado de Castro, outros três primos também estavam na Itália: Brasil Ramos Caiado de Castro (tenente no 1º Regimento de Infantaria), José Torquato Caiado Jardim (tenente de artilharia) e Waldir Caiado de Castro (soldado do 1º Regimento de Infantaria).

Durante esta matéria achamos ainda muitos outros casos de primos servindo na Itália, como os Cury, os primos Portocarrero (que tiveram também uma prima enfermeira na FEB) e mesmo de Antônio Vargas (6º Regimento), de São Borja/RS, que dizia ser primo segundo de Getúlio Vargas (que mandou o filho dele, Lutero, como médico cirurgião).

E você, conhece mais algum caso de parentes que lutaram na FEB?https://curitibaeparanaemfotosantigas.blogspot.com/

 

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