domingo, 1 de janeiro de 2023

ANITA STREBEL

 

ANITA STREBEL


Duas queridas amigas, Doris e Iara Teixeira, gentilmente me presentearam com uma foto da década de 1950 da Residência Belotti, projeto do genial Ayrton Lolô Cornelsen.

Comparando a foto da década de 50 e a foto de hoje, percebe-se que a principal diferença está na vizinhança. Se hoje essa casa é impactante, imagino o quanto ela era quando foi concluída.

A foto foi feita por uma fotógrafa e repórter chamada Anita Strebel. Tive a grata satisfação de ver várias fotos simplesmente fantásticas dessa fotógrafa da qual pouco se sabe. Ela viveu em Curitiba na década de 50, foi para a Suécia e sua filha doou vários negativos que encontrou à Casa da Memória.

Agradeço à Dóris Teixeira por me apresentar uma brilhante fotógrafa do cotidiano de Curitiba da década de 50, que merece ter seu trabalho conhecido e publicado. Podemos dizer que Curitiba teve a sua Vivian Maier e ela se chamava Anita Strebel!

UMA CASA DE 1917

 

UMA CASA DE 1917



A primeira foto mostra uma das casas do Alto da XV que fica na esquina da General Carneiro com a Comendador Macedo. Na sua fachada se lê o ano de 1917, imagino que seja o ano que foi construída. A casa vai no limite do terreno em ambas as ruas e destaca-se os adornos em forma de ferradura nas janelas.

Nessa época, em 1917, Curitiba tinha menos de 80 mil habitantes e nas fotos menores, um vislumbre de como era a cidade. A foto do lado esquerdo mostra a Av. Luiz Xavier e à direita a rua José Bonifácio. A cidade parece um pouco mais tranquila, não?

Ambras as fotos antigas têm como fonte a Revista do Povo. Anno I, n.° 3 que encontrei aqui.

RESIDÊNCIA REBELLO

 

RESIDÊNCIA REBELLO



Essa fabulosa casa (uma das muitas e lindas do Batel) foi desenhada e arquitetada pela proprietária Rosa e construída entre 1937 e 1939 pelo engenheiro Parolin. Seu estilo é influenciado pelas arquiteturas italiana e árabe.

Em 1940, foi adquirida pelo Dr. Joaquim Pinto Rebello, um dos fundadores da Universidade do Paraná e membro da expedição Rondon. O branco é a sua cor original. Sua fachada possui entalhes de águias.  Seus jardins, super bem cuidado, complementam o cenário.

A Residência Rebello fica na Avenida Bispo Dom José, 2349.

IGREJA CATÓLICA UCRANIANA SÃO JOÃO BATISTA

 

IGREJA CATÓLICA UCRANIANA SÃO JOÃO BATISTA









A Igreja Católica de Rito Ucraniano no Brasil marcou seu início no final do século XIX, mais precisamente no ano de 1895, quando o primeiro grupo de imigrantes ucranianos, vindos majoritariamente da Ucrânia ocidental, desembarcou em nosso território. Seguiram-se outras levas, principalmente na 1ª e 2ª década do século XX.

Os nossos imigrantes, em sua maioria católicos, estabeleceram-se nos estados do Paraná e Santa Catarina. Até 1952 os fiéis ucranianos estavam sob a jurisdição dos bispos latinos das dioceses de Curitiba (mais tarde Arquidiocese), Ponta Grossa e Jacarezinho, das prelazias de Palmas e Foz do Iguaçu e de Joinville.

Em 10 de maio de 1958, a Igreja Católica de Rito Ucraniano no Brasil recebeu a alegre notícia da nomeação de seu primeiro bispo: Dom José Romão Martenetz, OSBM. Sua Santidade o Papa Pio XII o nomeou Bispo Titular de Soldaia e Auxiliar de Sua Eminência Dom Jaime de Barros Câmara. Dom José instalou sua sede episcopal em Curitiba.

Em 29 de novembro de 1971, Sua Santidade o Papa Paulo VI, pela Bula “EiusVicarius”, erigiu a Eparquia São João Batista para os ucranianos católicos no Brasil, com sede em Curitiba.

No frontão da igreja, vê-se dois números, 988 e 1988. O ano de 988 foi o ano da oficialização do cristianismo na Ucrânia e 1988 o ano que comemorou-se o primeiro milênio desse fato.

A Igreja fica na Rua Maranhão, 1200 - Agua Verde.

O CASTELINHO DA PRAÇA CARLOS GOMES

 

O CASTELINHO DA PRAÇA CARLOS GOMES


A Praça Carlos Gomes nem sempre teve esse nome.

Em 1884 recebeu o nome de Praça Sete de Setembro. Mais tarde já na república, mudou o nome para Praça da Proclamação e em 1896, ganha o nome atual em homenagem ao compositor Carlos Gomes.

As obras para embelezar a praça começaram na gestão de Luiz Xavier (ajardinamento), continuou com Cândido de Abreu (lago, queda d’água e abrigo para cisnes). Em 1925 o local recebeu um busto de bronze do compositor feito por João Turin.  O calçamento de petit pavé da praça apresenta desenhos relativos à música.

Essas informações foram obtidas no site Curitiba Space, mas a respeito de um elemento da praça, uma torre de castelo no lago, não encontrei referências na internet.

Durante o encontro do Croquis Urbanos na praça, lembro-me do amigo Fernando Popp comentar que o castelinho teria relação com uma das óperas de Carlos Gomes.

De fato, a primeira ópera de Carlos Gomes chama-se “A Noite do Castelo”, baseada na novela homônima de Antônio Feliciano de Castilho. Creio que é uma ótima explicação para o castelinho, cuja foto publico hoje.

UM ÍCONE DA RUA XV DE NOVEMBRO

 

UM ÍCONE DA RUA XV DE NOVEMBRO





Projeto do engenheiro italiano Ernesto Guaita e obras do mestre alemão Henrique Henning para o imigrante português Manoel da Costa Cunha, abrigando sua residência e comércio. Prejudicado pela Revolução Federalista, foi obrigado a vender o prédio ao ervateiro Manoel de Macedo.

Foi o primeiro edifício de três pavimentos da Rua XV de Novembro, construído em 1893 com traços Neogóticos na sua arquitetura. Na edificação, destacam-se trabalhos em cantaria e ladrilhos portugueses.

Vendido ao governo do Estado, foi agência de rendas e em 1973 passa a sediar o Banco do Estado do Paraná e a partir de 2000, passou a ser uma agência do Banco Itaú.

Na Monsenhor Celso foi feito um "puxadinho" no qual tentaram, sem muito sucesso, imitar o prédio original, substituindo os ladrilhos portugueses por um tijolinho e a pedra da fachada por concreto texturizado.

UM POUCO SOBRE A CASINHA DE MADEIRA DO BATEL

 

UM POUCO SOBRE A CASINHA DE MADEIRA DO BATEL






No começo desse mês estive nessa bela casinha de madeira no Batel e lá, pude conversar com o Sr. João Antônio Kaviski, filho de Antônio Kaviski e Vitalina Maganhoto, descendente de poloneses e italianos.

Seu pai, Antônio, construiu a casa em 1937, onde viveu por toda sua vida com seus três filhos, sendo João o mais novo.

Seu avô, Pedro Kaviski, tinha uma olaria na região do Barigui e segundo me disse o Sr. João, essa olaria foi uma das que forneceu tijolos para a construção do prédio histórico da UFPR da Santos Andrade, levados ao centro de Curitiba com muita dificuldade por carroças.

O local onde a casa foi construída em 1937 não tinha ruas, a última era que mais tarde tornou-se a Rua Francisco Rocha, sendo portanto uma região rural.

A casa tomada por cupins, sofre para manter-se em pé e apesar do evidente amor e emoção que seu João refere-se à casa e à história da família, percebe-se que o tempo dessa linda casinha, que serviu bravamente ao seu propósito de abrigar e ver crescer uma família, está chegando ao fim.

A história da família Kaviski, como a de muitas outras famílias, se entrelaça com a história de Curitiba e é sempre uma grande, grande honra para mim poder registrar e contar um pouquinho dessas histórias.

A última foto quase passa por uma foto antiga, mas foi feita no mesmo dia das outras. O carro, também da família, é de 1947.

Galeria Júlio Moreira

 

Galeria Júlio Moreira

Muito usada pelos curitibanos e turistas que visitam o centro da cidade, a Galeria Júlio Moreira representa mais do que uma via de passagem. Inaugurada em 1976, e reformada há alguns anos, o local recebe alguns serviços culturais e comerciais, com destaque para o Teatro Universitário de Curitiba, mais conhecido como TUC, que foi inaugurado em 29 de setembro de 1978.

Galeria Júlio Moreira - Curitiba Space

Reinaugurado em 2008, junto com a “nova” galeria, o local tem capacidade para 99 pessoas, e recebe alguns shows locais. Mantido pela Fundação Cultural de Curitiba, o TUC integra alguns festivais da cidade, como a Virada Cultural. Em 2010, o teatro foi batizado como Sala Ivo Rodrigues, em homenagem ao icônico vocalista da Banda Blindagem, uma das principais da história de Curitiba. Vocalista também da Banda A Chave, Ivo faleceu em abril de 2010.

Em frente ao TUC, o Clube de Xadrez Erbo Stenzel oferece uma opção de lazer para quem passa pela região. Os interessados podem jogar xadrez, ou até aprender, em aulas gratuitas para todas as idades. O espaço foi reinaugurado em 20 de agosto de 2010. Uma das salas da galeria é dedicada a arte, que recebe exposições periodicamente.

Galeria Júlio Moreira - Curitiba Space

Completam a estrutura da galeria a bilheteria, a sala de administração e dois painéis para a exposição de cartazes. No dia que o poeta Paulo Leminski faria 69 anos (24 de agosto de 2013), uma das paredes da Galeria foi desenhada em sua homenagem, com um de seus poemas e uma arte de seu rosto. A obra é assinada pelos grafiteiros curitibanos Michael Devis e João Marcos.

Galeria Júlio Moreira - Curitiba Space

O nome da galeria é uma homenagem ao pesquisador e historiador Júlio Estrella Moreira (1899 – 1975). Nascido em Curitiba, Moreira cursou Medicina e Odontologia, foi diretor da Faculdade de Odontologia e governador do Rotary Club. Porém, sua vida é mais lembrada pela direção de vários centros culturais, como a Biblioteca Pública, Museu Paranaense, Sociedade Brasileira de Escritores Médicos e Centro de Letras. Antes de falecer, doou sua grande coleção de livros ao Instituto Histórico, Geográfico e Etnográfico Paranaense. No ano seguinte a sua morte, a Galeria em seu nome foi inaugurada.

Galeria Júlio Moreira - Curitiba Space

Galeria Julio Moreira fica sob a Travessa Nestor Castro, no centro de Curitiba.

Referências:
CASA DA MEMÓRIA. Julio Estrella Moreira. Disponível em <http://www.casadamemoria.org.br>.

O Cine Ópera ficava em frente ao Cine Avenida e ao lado do Odeon, na Rua XV

 

O Cine Ópera ficava em frente ao Cine Avenida e ao lado do Odeon, na Rua XV

Cine Ópera foi inaugurado em julho de 1941, com “All This And Heaven Too”, do ucraniano Anatole Litvak, e, com endereço privilegiado, fazia parte da Cinelândia Curitibana.

Localizado na Av. Luiz Xavier, o Ópera ficava em frente ao Cine Avenida, um dos mais importantes da cidade, e ao lado do Odeon. A grafia correta do nome do edifício se confunde, alternando entre “Heloísa” e “Eloisa”.  David Carneiro, o idealizador da construção, escolheu esse nome por ser o mesmo de sua filha, falecida em decorrência de uma doença crônica.

Cinemas Antigos de Curitiba - Cine Ópera - Curitiba Space

Um dos grandes diferenciais do Ópera era a sua variedade de atrações, não se limitando apenas as projeções. No local eram realizados concertos, recitais e alguns outros eventos. Os destaques foram a apresentação do tenor italiano Beniamino Gigli, o I Festival do Cinema de Curitiba, em 1957, e três edições do “Tribunascope de Ouro”, organizadas por Júlio Neto, João Feder e Henrique Lemanski, da “Tribuna do Paraná”.

O primeiro dono do cinema foi o jovem Leôncio Aranoski, mas, por sua falta de experiência, o local não conseguiu rivalizar com o Cine Avenida, inaugurado 12 anos antes. Com isso, Carneiro assumiu o comando do local, mas logo passou a outro interessado, Ismail Macedo. Pouco tempo depois, a empresa foi vendida ao comerciante Jorge Miguel Azuz. O grupo Verde Martinez e o Zonari também se tornaram donos do local, até seu fechamento, em 1979. A última sessão, no dia 9 de janeiro, foi a reprise de “Dio, come ti amo!”, filme hispano-italiano de 1966, do diretor Miguel Iglesias.

Cinemas Antigos de Curitiba - Cine Ópera - Curitiba Space

Atualmente, o prédio é ocupado por um hotel da cidade, que já se tornou um clássico da região.

Referências:
CRISTO, Luciana; MIYAKAMA, Nivea. 24 Quadros – Uma viagem pela Cinelândia de Curitiba. Curitiba. Travessa dos Editores. 2010. 168p
SEED. Cine Ópera. Disponível em <http://www.cinema.seed.pr.gov.br>.

Cine Lido O local chegou a pertencer a uma multinacional, mas hoje perdeu seu glamour

 

Cine Lido

O local chegou a pertencer a uma multinacional, mas hoje perdeu seu glamour

Cine Lido passou por duas fases diferentes, é na primeira que vamos nos atentar. O local foi inaugurado em 1959, com o filme “War and Peace”, do americano Henry King. A superprodução, estrelada por Mel Ferrer e Audrey Hepburn, fazia jus ao nível do local, aberto como o mais moderno da cidade.

Cinemas Antigos de Curitiba - Cine Lido - Curitiba Space

O idealizador do local foi Henrique Oliva, que não teve a chance de acompanhar por muito tempo o local, ele faleceu em 1965. Com isso, seu filho assumiu o “comando” do empreendimento, mas isso não o interessava tanto. Pouco tempo depois, vendeu o cinema à Condor Filmes, que, por sua vez, negociou o local com a multinacional Cinema International Corporation. Por representar as poderosas produtoras Universal, MGM, Buena Vista/Walt Disney Pictures e Paramount, a empresa deu uma nova cara ao Lido.

Na metade de 1983, o Cine Lido foi fechado para reforma, dando início a sua segunda fase. Sete meses depois, em fevereiro de 1984, o espaço tinha uma nova cara e era inaugurado o Cine Lido I e o Cine Lido II. Ao longo da primeira fase do Lido, o sr. Zito Alves foi um dos principais nomes em sua história, sendo o gerente do espaço por 20 anos.

Cinemas Antigos de Curitiba - Cine Lido - Curitiba Space

Cine Lido ainda está em funcionamento, mas em uma dinâmica bem diferente. A famosa fachada não é mais usada, apenas porta ao lado, com uma escada. Os filmes exibidos também não são mais as grandes produções do cinema nacional e internacional, mas sim eróticas. O local fica na Rua Ermelino de Leão, no centro de Curitiba.

Referências:
MILLARCH, Aramis. O Estado do Paraná, 21/09/83.
MILLARCH, Aramis. “Lido renasce com duas salas”. O Estado do Paraná, 26/01/84.