terça-feira, 17 de janeiro de 2023

Uma casa que foi de José Lupion e o estádio do Coritiba

 

Uma casa que foi de José Lupion e o estádio do Coritiba


Uma casa que foi de José Lupion e o estádio do Coritiba

Esta casa na Rua Ubaldino do Amaral pertenceu a José Lupion, irmão do ex-governador Moysés Lupion.
Deve ter sido construída por volta de 1940. Além da casa em si que é bem bonita, grande e com linhas características de uma época, tem ligado a ela uma história interessante que o neto do senhor José contou em uma rede social.
O que ele escreveu foi o seguinte: “O detalhe curioso e histórico deste imóvel é que o terreno ia da Rua Ubaldino do Amaral até a Rua Mauá. Mais ou menos no meio do campo do Coritiba. Os Cornelsen coxas roxos e um dos genros tentavam convencer meu avô a vender os fundos para a reforma do estádio. Ele atleticano não queria nem ouvir isto. Depois de anos é que convenceram ele e deram algumas cadeiras ouro como prêmio. … Se não fosse isto o Couto Pereira não existiria como é hoje.”

Atualmente a casa é ocupada pelos Missionários Redentoristas, membros da Congregação do Santíssimo Redentor.

José Lupion


Nasceu na cidade da Lapa em 03 de abril de 1901 e faleceu em São Paulo em 8 de julho de 1970. Filho de João Lupion de Troya e Carolina Wille Lupion. Quando pequeno, acompanhando a família, residiu em Piraí do Sul e Jaguariaíva.
Em 1914 fui estudar no seminário, em Curitiba. Na cidade fez um curso de telegrafista e conseguiu um emprego na estrada de ferro São Paulo-Rio Grande, trabalhando nas cidades de Jaguariaíva, Cachoeirinha (atual Arapoti) e Wenceslau Braz.
Em 1920 mudou-se novamente para Curitiba onde passou a trabalhar de caixeiro-viajante para uma empresa de ferragens e mais tarde para uma empresa atacadista de tecidos.
Casou em 25 de julho de 1925 com Irene Monteiro Coelho com quem teve quatro filhos: Irene, José Júnior, Cleuza e João Carlos.
Em 1934 fundou uma empresa de representações comerciais chamada José Lupion & Cia Ltda.
A partir daí os negócios foram ganhando vulto e uma coisa levou a outra. Entrou no ramo madeireiro e pecuária. Participou da fundação do Banco Meridional da Produção (mais tarde, Bamerindus). Comprou uma casa de ferragens na Rua XV de Novembro. Foi presidente da Copel. Fundou a Companhia Campos Gerais de Eletricidade. Em Pinhais construiu o maior e mais moderno armazém da época para café e cereais.
Participou de diversas ações sociais, com dinheiro ou doando bens, para a implantação de igrejas, postos de saúde e orfanatos.

Referência:

Relojoaria e Joalheria Raeder

 

Relojoaria e Joalheria Raeder


Relojoaria e Joalheria Raeder
Relojoaria e Joalheria Raeder
Relojoaria e Joalheria Raeder

Relojoaria e Joalheria Raeder
Relojoaria Raed em foto de 1910.
A antiga Relojoaria e Joalheria Raeder estava localizada neste prédio na Rua Riachuelo, esquina com a Travessa Tobias de Macedo.
A relojoaria foi aberta em 1893 pelo alemão Roberto Raeder que adquiriu um imóvel que pertencia a Francisco Brito, um vendedor de charutos. Já para a inauguração do seu estabelecimento o Sr. Raeder instalou na fachada um relógio trazido de Leipzig, na Alemanha.
A casa original foi demolida em 1925 para a construção do prédio atual. O projeto desse novo prédio foi de autoria do arquiteto Ludovido Doetch. Depois de pronto abrigou o consultório do Dr. Tobias de Macedo, uma loja de calçados de Alberto Riskala, uma loja de artigos masculinos e um comércio de frutas.
Durante um tempo a Relojoaria Raeder esteve instalada na Rua XV (imagino que saiu do local para a construção do novo prédio) e em 1937 voltou para o antigo endereço.
Em 1942 Carl Raeder, filho do senhor Roberto, assumiu o negócio que ficou aberto por 111 anos, até 2004. A relojoaria foi fechada no mesmo dia do falecimento do Sr. Carl.
O prédio é de difícil classificação arquitetônica, com um estilo de transição. As pessoas na época da inauguração o achavam futurista, “com suas quinas das paredes projetadas, que ganhavam espaço no ar”.
Um dos destaques do prédio é o belo relógio com caixa em ferro fundido na sua fachada. Foi reinstalado um pouco mais alto (para evitar vandalismo, creio eu). Pena que não esteja mais em funcionamento.

Referência:

Casa Domingos Nascimento Sobrinho (sede do IPHAN)

 

Casa Domingos Nascimento Sobrinho (sede do IPHAN)


Casa Domingos Nascimento Sobrinho (sede do IPHAN)

Casa Domingos Nascimento Sobrinho (sede do IPHAN)

Casa Domingos Nascimento Sobrinho (sede do IPHAN)

Casa Domingos Nascimento Sobrinho (sede do IPHAN)

Casa Domingos Nascimento Sobrinho (sede do IPHAN)

Casa Domingos Nascimento Sobrinho (sede do IPHAN)

A Superintendência no Paraná do IPHAN - Instituto Histórico e Artístico Nacional está instalada na Rua José de Alencar, no Juvevê, em um terreno cedido pela Prefeitura Municipal de Curitiba.

A casa de madeira onde está instalado foi construída por volta de 1920 pelo delegado de polícia Major Domingos Nascimento Sobrinho, e era a sede de uma chácara no então distante bairro do Portão. Com o falecimento do major a casa foi vendida e provavelmente seria demolida.
Em 1984 o IPHAN adquiriu (ou recebeu em doação, há versões diferentes) a casa. Ela foi desmontada, transportada e remontada no endereço atual.
A casa é bem bonita, com lambrequim e está muito bem conservada.

O único inconveniente é que o estacionamento antes era público e a casa podia ser visitada (ao menos por fora) nos finais de semana. Mais recentemente o estacionamento virou privativo e fica fechado nos finais de semana. Além dos carros, parte do estacionamento está ocupado por alguns containers que escondem parcialmente a casa. Imagino que esta seja uma situação temporária, pois parece que a intenção era ter a casa como uma espécie de vitrine do importante trabalho executado pelo IPHAN.

Fora esta questão, para poder fotografar a casa estive lá em um dia de semana. Fui muito bem recebido por todos com quem tive contato, inclusive permitiram que eu desse uma olhada no interior da casa. Falei também com a bibliotecária (Sra. Célia) a quem pedi para dar uma espiada na biblioteca, só para ter uma idéia do conteúdo. Além de gentilmente permitir, informou que a biblioteca não empresta os volumes, mas que eles estão disponíveis para consultas.

A Casa Domingos Nascimento Sobrinho é uma Unidade de Interesse de Preservação

Referências:

Antiga casa de banhos - um estabelecimento electro-hydro therápico

 

Antiga casa de banhos - um estabelecimento electro-hydro therápico


Antiga casa de banhos
Antiga casa de banhos


Esta casa na Rua Presidente Carlos Cavalcanti é uma Unidade de Interesse de Preservação. Em estilo eclético, com duas pilastras decorativas. Janelas bem decoradas, com barras no entorno e frontão na parte superior bem elaborado, com um rosto feminino. A platibanda com balaústres também é bem elaborada, encimada por duas urnas (uma delas ausente) nas extremidades e um frontão na parte central, bem elaborado também e com um pináculo. A entrada na casa é feita por uma porta lateral, depois de um portão.

Não sei sobre a ocupação atual, mas já foi uma casa de banhos, como podemos ver em um anúncio antigo. Oferecia “banhos quentes, frios, russos, banhos de duchas e electricidade.”

A Rua Presidente Carlos Cavalcanti já foi chamada de Rua do Saldanha, depois (a partir de aproximadamente 1870) passou a ter o nome de Rua do Serrito. Mais tarde, trocou de nome novamente e passou a ser Rua Conselheiro Barras, para finalmente ter o nome atual em homenagem a Carlos Cavalcanti de Albuquerque, presidente do Paraná entre fevereiro de 1912 e fevereiro de 1916.

Uma das casas de Bernardo Augusto da Veiga

 

Uma das casas de Bernardo Augusto da Veiga


Uma das casas de Bernardo Augusto da Veiga
Uma das casas de Bernardo Augusto da Veiga

O ervateiro Bernardo Augusto da Veiga tinha duas casas na Avenida João Gualberto (antiga Boulevard 2 de Julho). Eram separadas apenas pela  Capela Nossa Senhora da Glória. Uma delas já foi demolida e tem um edifício no local, a outra é a que aparece na foto. Segundo relato de João de Mio, a casa que foi demolida tinha sido inaugurada em 1896.

A casa de Bernardo Augusto da Veiga que já foi demolida
A casa que restou tem a entrada principal pela lateral e janelas em arco. A fachada é decorada, com falsas pedras, colunas e frisos sobre os arcos das janelas, decoração na frisa e também decoração entre as janelas. A casa parece ter sido inicialmente construída para escritório e engenho, sendo adaptada para residência mais tarde. É uma Unidade de Interesse de Preservação.


Bernardo Augusto da Veiga


Bernardo Augusto da Veiga nasceu em Alfenas, Minas Gerais, em 6 de janeiro de 1867. Advogado, jornalista e ervateiro. Foi proprietário do jornal “Diário da Tarde” por um tempo.
Ocupou interinamente o cargo de diretor do Museu Paranaense em 1900, durante a doença de Agostinho Ermelino de Leão.
Casou aos 30 anos de idade com a viúva de Fernando Fasce Fontana, Maria das Dores Leão em 1897.
Tiveram três filhos, Gabriel (nasceu em 1898), Maria Dolores (nasceu em 1900) e Agostinho Bernardo (nasceu em 1904).
Bernardo Augusto da Veiga enquanto dono do jornal “Diário da Tarde” acabou em uma briga política com Vicente Machado, então presidente do Paraná. Em razão disso mudou-se com a família para a Europa.
Vicente Machado foi aquele que abandonou Curitiba durante a revolução federalista (1893), deixando a cidade sem defesa e comando, só retornando em 1894 quando as forças federalistas já haviam abandonado o Paraná. Depois do retorno de Vicente Machado para Curitiba ocorreu o assassinato de Ildefonso Pereira Correia, o Barão do Serro Azul. Vicente Machado foi acusado de ser o mandante da execução, coisa que negava, dizendo que o responsável era o Governo Federal.

Agostinho Bernardo da Veiga


Agostinho Bernardo da Veiga, agrônomo, dentista, professor tanto em agronomia quanto em odontologia, filho mais novo de Bernardo Augusto da Veiga, foi um dos primeiros a jogar futebol na cidade (com uma bola que Victor Ferreira do Amaral trouxe do Rio de Janeiro). Quando voltou da Europa depois do exílio voluntário do seu pai, virou amigão do seu primo por parte de mãe Ivo de Abreu Leão (1898-1963), filho de Agostinho Ermelino de Leão Júnior (irmão de sua mãe), que morava no outro lado da rua, no Palacete Leão Júnior. Na época Ivo jogava no Internacional F.C. e foi artilheiro do primeiro campeonato paranaense de futebol, em 1915. Ivo casou com Maria Dolores, irmã de Agostinho.
Os dois, Agostinho e Ivo, participaram da fundação do Atlético Paranaense em 1924, que foi resultado da fusão do América e do Internacional. Agostinho foi presidente do clube em 1928.
Agostinho Bernardo da Veiga foi também presidente da Sociedade Thalia entre 1938 e 1943. Casou com Rosa Pimpão, mas não tiveram filhos.

Referências:

O ritmo da pacata região era embalado pelo compasso do trem e seu apito, mas foi por conta dele que uma tragédia mudou a vida dos habitantes de Guajuvira. No dia 08 de dezembro de 1988 um trem carregado de combustível descarrilou, tombou e explodiu, ferindo pessoas, levando duas a óbito e também incendiando a área central.

 O ritmo da pacata região era embalado pelo compasso do trem e seu apito, mas foi por conta dele que uma tragédia mudou a vida dos habitantes de Guajuvira. No dia 08 de dezembro de 1988 um trem carregado de combustível descarrilou, tombou e explodiu, ferindo pessoas, levando duas a óbito e também incendiando a área central.

Guajuvira em chamas
O Distrito de Guajuvira, criado em 1947, tem seu nome inspirado na grande quantidade da árvore de mesmo nome que existia na região, e que era muito utilizada pelos indígenas para a confecção de arcos de flecha, devido à sua capacidade de vergar e se recompor. Guajuvira se formou às margens do rio Iguaçu, cortada pelos trilhos do trem, e em 1891 recebeu uma estação que fazia a ligação entre as linhas Mafra - Rio Negro e Curitiba - Ponta Grossa. A Estação Guajuvira funcionou até o final da década de 1970, quando foi desativada, após os trens deixarem de servir como meio de transporte para passageiros, tornando-se exclusivos para o transporte de cargas.
Em torno da estação, ao longo do tempo, estabeleceu-se um núcleo movimentado, com igreja (construída na década de 1920 em louvor ao Senhor Bom Jesus), a Sociedade Operária Guajuvirense (construída em 1948), estabelecimentos comerciais como o Comercial Iguaçu (que pertence à família Nalepa desde 1958), a fábrica de palhões Koehler-Asseburg (construída em 1902, e que depois pertenceu a Bogdan Wagner), a fábrica de cerâmica Guajuvirense (construída em 1947), a Escola Pública Mista de Guajuvira (construída em 1902), a olaria pertencente a Jankoski e Zielinski, o açougue Guarani, a central telefônica, uma hospedaria, uma agência dos Correios, um cartório e uma delegacia.
O ritmo da pacata região era embalado pelo compasso do trem e seu apito, mas foi por conta dele que uma tragédia mudou a vida dos habitantes de Guajuvira. No dia 08 de dezembro de 1988 um trem carregado de combustível descarrilou, tombou e explodiu, ferindo pessoas, levando duas a óbito e também incendiando a área central. O cartório, a hospedaria, a agência dos Correios, o açougue e a fábrica de cerâmica foram destruídos e não mais reconstruídos. Da fábrica de cerâmica restou somente a chaminé, que traz aos moradores que testemunharam o ocorrido, a lembrança da altura em que chegaram as chamas.
Quem se lembra bem dessa data é o maquinista atualmente aposentado Dirceu Leal. Em entrevista ao Arquivo Histórico, ele contou que nesse dia foi chamado para levar, em uma locomotiva, uma comitiva para analisar a situação por lá. Ele lembra que era preciso cautela e olhar perspicaz, pois não se sabia onde exatamente o trem havia começado a descarrilar, o que havia nos trilhos que teria causado o descarrilamento, e nem em que estado o acidente os havia deixado.
Lá chegando, foi constatada a gravidade da situação e a ele coube a tarefa de trazer 22 vagões que ainda não estavam em chamas até o pátio de manobra de Araucária. Nessa arriscada missão, digna de filme de ação, ele deveria trazer pelo trilho quente os vagões, cuja integridade estava comprometida, carregados de combustível superaquecido e a ponto de explodir, situação que deixou 9 deles completamente sem freio. Pior: a locomotiva que ele conduzia não tinha o tamanho ideal para o peso dessa carga, então ele deveria vir com cuidado, porém, imprimindo velocidade suficiente para que a máquina chegasse com embalo, já que o trecho entre Guajuvira e o pátio de Araucária era composto basicamente por subida. No viaduto de Araucária, os bombeiros já estavam posicionados aguardando, porém, ainda existia o temor de que eles precisassem lançar espuma para resfriar os vagões, o que poderia prejudicar o atrito e fazer o trem descer descontrolado de volta para Guajuvira, causando outro acidente ainda pior.
Quando finalmente ele e um ajudante manobrador chegaram ao pátio de Araucária, Leal lembra claramente da sensação: “Ah, eu senti um alívio, né, não só pela gente (...) mas pela noção que a gente tinha do estrago que iria fazer, caso escapasse algum deles aqui, né. Você imagine se um vagão daquele que já está superaquecido escapasse, desengatasse ali, né, e fosse bater de volta lá onde já estava aquele.”
Guajuvira, aos poucos, se recompôs, assim como a madeira da árvore que lhe dá nome, mas ainda guarda em sua memória a tristeza daquele dia, sem ao menos saber que ainda mais perigo corria não fosse o trabalho silencioso desse verdadeiro herói dos trilhos.
(Texto escrito por Luciane Czelusniak Obrzut Ono - historiadora)
(Legendas das fotografias:
1 - Acidente com trem em Guajuvira, 1988
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
2 - Atendimento ao acidente com trem em Guajuvira, 1988
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
3 - Fumaça do acidente com trem em Guajuvira, 1988, coleção de Rogerio Jasiocha
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
4 - Maquinista Dirceu Leal, 2019
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.)

Pode ser uma imagem de 2 pessoas
Acidente com trem em Guajuvira, 1988
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

Pode ser uma imagem de 10 pessoas
Atendimento ao acidente com trem em Guajuvira, 1988
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

Pode ser uma imagem de 3 pessoas
Fumaça do acidente com trem em Guajuvira, 1988, coleção de Rogerio Jasiocha
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

Pode ser uma imagem de uma ou mais pessoas
Maquinista Dirceu Leal, 2019
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

Medicina e História: sobre nossos primeiros médicos Entre os anos de 1900 e 1920, de acordo com os recenseamentos da época, Araucária sofreu um acréscimo considerável na população, passando de 6.870 para 11.280 habitantes.

 Medicina e História: sobre nossos primeiros médicos
Entre os anos de 1900 e 1920, de acordo com os recenseamentos da época, Araucária sofreu um acréscimo considerável na população, passando de 6.870 para 11.280 habitantes.

Nesse período é que temos notícias da atuação dos primeiros médicos na região. Registros mais remotos contidos no acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres comprovam a atuação dos médicos Dr. Júlio Szymanski (1870-1958) e também do Dr. José Czaki (1857-1946), ambos exilados poloneses no Brasil.
Contemporâneo e colega de profissão de Szymanski, Czaki teria atuado em Araucária desde as primeiras décadas do século XX, com algumas interrupções até 1946, ano de seu falecimento. Segundo depoimento concedido por Reynaldo Alves Pinto em 1989, o Dr. Czaki atuou como clínico geral, porém também atendia a partos. Ainda segundo o Sr. Reynaldo, Czaki teve consultório em dois locais na área central da cidade, sendo que o segundo era de sua propriedade e se localizava nas proximidades do atual Sindicato Rural de Araucária, na Rua Diógenes Brasil Lobato. Segundo Romão Wachowicz (1975),
“O Dr. Czaki possuía uma farmácia e um laboratório. Ele próprio preparava os remédios para alguns pacientes. Antigamente os médicos receitavam produtos químicos em miligramas, e os farmacêuticos preparavam as receitas prescritas em seus laboratórios, concentrando módulos em pílulas ou líquidos.” (p.126)
Atualmente, as mais valiosas lembranças sobre o Dr. Czaki compõem o acervo particular da família de Mário Gondek.
No que se refere ao Dr. Júlio Szymanski, sabemos foi considerado um profissional inteligente, generoso e interessado nos avanços da medicina. Foi um dos primeiros professores da Universidade do Paraná, tendo seu manual de oftalmologia publicado em 1919 em português e posteriormente traduzido para o polonês. Em 1970, Araucária soube reconhecer os trabalhos do professor universitário e médico Júlio Szymanski, dando seu nome ao Ginásio Estadual, onde mais tarde lecionou seu filho, Júlio Pinior Szymanski.
Em 1913 o Dr. Júlio Szymanski fundou o Sanatório Araucária, um ano após sua chegada ao Brasil. Observando as imagens de época, percebemos que o sanatório possuía uma estrutura impressionante. Situado às margens do rio Iguaçu, dava preferência de atendimento para doentes dos olhos e garganta, porém também servia como ponto de repouso no verão. Seus frequentadores podiam contar com refeições servidas na varanda, alojamentos personalizados, passeios de lancha e de charrete, banhos de rio, além de exercícios equestres.
(Texto escrito por Cristiane Perretto e Luciane Czelusniak Obrzut Ono - historiadoras)
(Legendas das fotografias:
1 - Dr. Julio Szymanski, s/d
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
2 - Dr. José Czaki, s/d
Acervo de Mario Gondek.
3 - Sanatório Araucária, cartaz de 1919
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
4 - Sanatório Araucária, cartaz de 1919
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
5 - Recepção do Sanatório Araucária, 1919
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
6 - Passeio de charrete no Sanatório Araucária, 1919
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
7 - Pavilhões para as famílias no Sanatório Araucária, 1919
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
8 - Pavilhões para os solteiros no Sanatório Araucária, 1919
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.)

Pode ser uma imagem de uma ou mais pessoas
Dr. Julio Szymanski, s/d
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

Pode ser uma imagem de uma ou mais pessoas
Dr. José Czaki, s/d
Acervo de Mario Gondek.

Pode ser uma imagem de texto que diz ""Sanatorio Araucaria" ARAUCARIA Paraná Brazil 冰"
Sanatório Araucária, cartaz de 1919
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

Pode ser uma imagem de texto que diz "O Sanatorio tem luz electrica e instal- lação propria de agua; é construido em systema de pavilhões em numero 15 com 5 hectares de parque, pomar, quin- tal e pareira. Communicação com Curityba de auto, es- trada de ferro, telephone, correio e tele- grapho. DR. J. SZYMANSKI I-XI-1919"
Sanatório Araucária, cartaz de 1919
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

Pode ser uma imagem de ao ar livre
Recepção do Sanatório Araucária, 1919
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

Nenhuma descrição de foto disponível.
Passeio de charrete no Sanatório Araucária, 1919
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

Nenhuma descrição de foto disponível.
Pavilhões para as famílias no Sanatório Araucária, 1919
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

Pode ser uma imagem de texto que diz ""SAnATORIO ARAUCARIA" Pavilhões de solteiros"
Pavilhões para os solteiros no Sanatório Araucária, 1919
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

No baile do limpa banco iéu quis dançar um xote, Invocados deu sinal e iéu saiu dando pinote! (…) Toca Vitinho, toca Ipenor, iéu quer dançar pra encontrar o meu amor” (“Baile do Limpa Banco” – Isidório Duppa)

 No baile do limpa banco iéu quis dançar um xote, Invocados deu sinal e iéu saiu dando pinote! (…) Toca Vitinho, toca Ipenor, iéu quer dançar pra encontrar o meu amor” (“Baile do Limpa Banco” – Isidório Duppa)

Os bailes do limpa banco
“No baile do limpa banco iéu quis dançar um xote, Invocados deu sinal e iéu saiu dando pinote! (…) Toca Vitinho, toca Ipenor, iéu quer dançar pra encontrar o meu amor” (“Baile do Limpa Banco” – Isidório Duppa)
Essa canção de Isidório Duppa, um dos mais hilários personagens de Araucária, reflete a diversão dos tempos em que pipocavam os bailes em Araucária. Com exceção do tempo de quaresma (além do respeito religioso, diziam os antigos que quem dança na quaresma cria rabo!), quase todos os sábados tinha baile em alguma sociedade ou salão de festa de igreja, em Araucária. Era no Taquarova, Campina das Pedras, Tietê, Colônia Cristina, Pavuna, Operário, entre tantos! Tinha até ônibus que saía do centro da cidade só pra levar e trazer a turma ao baile na área rural, e quem se empolgava e perdia o ônibus tinha que voltar a pé.
Dizia-se “baile do limpa banco”, porque não ficava ninguém sentado quando o conjunto começava a tocar. Os bailes eram uma das principais formas de diversão e socialização antes de surgirem as “discotecas”, na década de 1980, na área central de Araucária. Com o passar do tempo o número de bailes foi diminuindo, até restarem em poucos lugares, mas, até então, as sociedades se revezavam, para que uma não tirasse o público da outra. Quantos namoros e casamentos começaram nesses bailes!
Existiam em Araucária diversos grupos musicais que animavam essas festas, como o Conjunto Lagoa Suja, Conjunto Maracá, Cezar e Seus Solistas, e Invocados são alguns exemplos. Ipenor Baratto, líder do grupo Os Invocados, um dos mais conhecidos da cidade, em entrevista ao Arquivo Histórico contou como era esse tempo que enche seu peito de saudade. Gaúcho, ele chegou em Araucária na década de 1960 para trabalhar como alfaiate, mas, como era filho de músico e aprendeu a arte desde os onze anos de idade, tratou logo de se enturmar no conjunto de seu irmão Zidônio, no Cezar e Seus Solistas. Logo depois, comprou o nome Os Invocados, que pertencia a Carlos Sobannia, e a partir daí, e pelos quarenta anos seguintes, foi só sucesso - “Só em Taquarova eu toquei trinta e nove bailes sem perder um!”. Teve uma época, inclusive, em que ele precisou manter mais de uma formação para o conjunto, pois Os Invocados chegou a tocar em quatro casamentos no mesmo dia, e ele participava de todos, nem que fosse uma horinha em cada um.
Além de ser dono do nome, do ônibus e de todos os instrumentos do grupo, as mãos que tocavam o saxofone também eram hábeis na alfaiataria, e Ipenor também fazia os trajes dos músicos, que se apresentavam sempre impecavelmente. Aliás, geralmente era ele quem fazia os ternos dos noivos nos casamentos em que tocava.
Costuma-se dizer que “não é fácil essa vida de gaiteiro”, mas a vida de músico deixou muitas saudades nas lembranças de Ipenor, que ainda guarda cuidadosamente todos os seus instrumentos musicais - “Não vendi nada, porque se eu vender um, eu vendo um pedaço de mim, então eu não vendo”. Também restaram as boas lembranças de quem dançou nesses bailes, uns mais e outros menos, pois como diz o Isidório Duppa em sua canção: “são mais de duzentos rapaz pra quase trinta moça solteira, quem chega primeiro dança, quem não chega fica chupando dedo, e o banco fica limpo!”. Com o passar do tempo e as mudanças culturais, o pó tomou acabou tomando conta da maioria desses bancos, mas não da memória de quem viveu os tempos dos bailes do limpa banco.
(Texto escrito por Luciane Czelusniak Obrzut Ono - historiadora)
(Legendas das fotografias:
1 - Grupo Lagoa Suja, 1990
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
2 - Grupo Cezar e Seus Solistas, década de 1970
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
3 - Grupo Os Invocados, s/d
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
4 - Baile na SOBA, 1990
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
5 - Baile de carnaval no barracão dos Torres, atual Museu Tingüi-Cuera, s/d
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
6 - Ipenor Baratto com seus instrumentos musicais cuidadosamente guardados, 2019
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.)

Nenhuma descrição de foto disponível.
Grupo Lagoa Suja, 1990
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

Nenhuma descrição de foto disponível.
Grupo Cezar e Seus Solistas, década de 1970
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

Pode ser uma imagem de uma ou mais pessoas, pessoas em pé, pessoas tocando instrumentos musicais e ao ar livre
Grupo Os Invocados, s/d
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

Pode ser uma imagem de uma ou mais pessoas, pessoas em pé, multidão e área interna
Baile na SOBA, 1990
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

Pode ser uma imagem de uma ou mais pessoas, pessoas em pé e pessoas tocando instrumentos musicais
Baile de carnaval no barracão dos Torres, atual Museu Tingüi-Cuera, s/d
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

Nenhuma descrição de foto disponível.
Ipenor Baratto com seus instrumentos musicais cuidadosamente guardados, 2019
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.