terça-feira, 27 de dezembro de 2022

Ao ser construída em 1737, seu nome de origem era “Nossa Senhora do Terço”, foi alterado somente após o surgimento da Ordem de São Francisco em Curitiba, no ano de 1746.

 Ao ser construída em 1737, seu nome de origem era “Nossa Senhora do Terço”, foi alterado somente após o surgimento da Ordem de São Francisco em Curitiba, no ano de 1746.

https://prediosdecuritiba.com.br/de-volta-ao-tempo-igreja-da-ordem-terceira-de-sao-francisco-das-chagas/

Em 1752, foi anexado à Igreja, um convento que funcionou até 1783, sendo dirigido por religiosos franciscanos.
Entre 1834 e 1835 o vigamento da Igreja acabou por desabar, e mesmo com tentativas de reconstrução e toda condição precária em que se encontrava, o espaço ainda serviu de paróquia para os colonos portugueses recém chegados. Somente em 1880, com a visita do imperador D. Pedro II, foi promovida a restauração definitiva da Igreja.

A modificação de sua linguagem Colonial para uma Neogótica, refletiu não somente na sua arquitetura, mas também na mudança cultural na sociedade curitibana.
Neste momento, o período era marcado com a presença de muitos imigrantes, principalmente alemães, e dessa forma, a igreja foi tombada em 1965 como Patrimônio Cultural do Estado do Paraná.

Em 1974, os arquitetos Cyro Correia de Oliveira Lyra e Jose la Pastina filho, elaboraram um projeto de restauro e de adaptação da sua sacristia para um Museu de Arte Sacra de Curitiba (MASAC). Em 1981, foram confiscados paramentos e objetos históricos das quatro igrejas mais antigas da cidade, e com todo esse desdobramento do restauro, o edifício acabou revelando que guardava em seu arcabouço grande parte da Igreja Primitiva.
Não somente em seu arcabouço, mas também na capela-mor, no pórtico neogótico da sua entrada, e em vários detalhes arquitetônicos ela foi se revelando.

Diante da existência de Duas Igrejas, uma Primitiva com características coloniais do século XVIII e a Neogótica do Século XIX, o projeto de Restauro foi cuidadosamente desenvolvido para que o edifico mostrasse de forma clara os dois momentos históricos, tanto no seu exterior quanto no interior.

Características curiosas da sociedade no final do século XIX e início do século XX, são observadas até hoje. Como exemplo, podemos citar as portas laterais a uma altura de mais de 50 cm da rua, que eram assim feitas para que as pessoas descessem de suas carruagens sem sujar os pés ao redor da igreja.
As portas ainda permanecem lá, hoje desativadas, no início da Rua Mateus Leme.
Ao lado esquerdo da porta principal, também estão os “Rapa Pés” de ferro, usados pelos fiéis que chegavam a pé, para limpar os calçados ou até mesmo seus próprios pés, que se encontravam cheios de lama ou terra antes de entrar na igreja.
A partir daí surge a famosa expressão “pé rapado”.

Durante uma das reformas, em 1993, foi encontrado entre suas paredes um pequeno caderno com anotações históricas sobre a igreja, a “Breve Notícia da Igreja da Ordem III de São Francisco das Chagas”, de Antônio Lustoza de Andrade, que havia sido o responsável pela reforma da igreja em 1880, para a visita de Dom Pedro II.

No ano de 2003 foi inaugurado, atrás da igreja, o Cenáculo Arquidiocesano, um espaço para as mais diversas atividades, contando com grande auditório, refeitório, capela, jardim e dormitórios.

No interior da igreja, várias obras de arte podem ser admiradas, como a Via Sacra, pintada em 1983 por Luís Carlos de Andrade Lima, um célebre pintor curitibano, falecido em 1998.

O órgão de tubos da Igreja da Ordem é o instrumento mais antigo de Curitiba, provavelmente trazido da Matriz em 1880, por ocasião da visita de Dom Pedro II. Toda vez que estamos diante de uma obra de restauro de um prédio histórico, o maior desafio do arquiteto responsável é saber adaptar aquele edifício a sua atual realidade sem perder a sua essência histórica. Muitas vezes a obra acaba se perdendo por falta de verbas, iniciativa, mão de obra, descaso com a história, descaso com o edifício e seus detalhes ricos, descaso com o século que está inserido e com o seu entorno descaracterizando o edifício e sua essência, como uma obra superficial.

A dosagem deve ser perfeita e feita com muita maestria, como foi o caso da Igreja da ordem, principalmente por sua arquitetura revelar dois momentos históricos muito importantes para  nossa cidade. A impressão que passa é de um lugar congelado no tempo, como se pudéssemos voltar aos séculos XVIII e XIX por alguns instantes, desde o seu interior ao exterior. O museu também estimula esse sentimento de “Volta ao tempo”.

É referência de uma obra rica em história, tanto arquitetônica para os profissionais da área, quanto para a cidade de Curitiba, deixando suas raízes muito bem expressas e reveladas para as novas gerações Curitibanas.

Fonte:

  • www.patrimoniocultural.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=199
  • www.curitibaantiga.com/fotos-antigas/37/largo-da-ordem.html
  • www.centrohistoricodecuritiba.com.br/2014/03/10/igreja-da-ordem-terceira-de-sao-francisco-das-chagas/
  • www.turistoria.com.br/igreja_ordem

Fotografias: Washington Takeuchi / (Não identificado)

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