Quem foi: Barão do Serro Azul
O maior exportador de erva-mate do Paraná tem várias homenagens em Curitiba
Ildefonso Pereira Correia (1849-1894) se destacou na história do Estado do Paraná ao ser considerado o maior exportador de erva-mate da região e o maior produtor do mundo. Natural de Paranaguá, o proprietário teve em sua família a luta por uma região emancipada da Província de São Paulo. Seu pai, Manuel Francisco Correia Júnior, acabou sendo destituído de diversos cargos públicos ao declarar publicamente o desejo da separação.
Estudou no curso de humanidades no Rio de Janeiro, e aos 24 anos de idade retornou para o Paraná. A partir daí, Ildefonso Pereira Correia passou a se dedicar no comércio de erva-mate. Três anos depois, através de uma sociedade, instalou o primeiro engenho localizado na cidade de Antonina. Na época, o paranaense visitou cidades como Montevideo e Buenos Aires com o intuito de se aprimorar no negócio.
Se consolidando no ramo comercial – principalmente após a construção da Estrada da Graciosa e a transferência de seus negócios para Curitiba – Ildefonso Pereira Correia passou a integrar a vida política local. Causou simpatia a Dom Pedro II ao ponto de receber a comenda da Imperial Ordem da Rosa. No âmbito público elegeu-se deputado provincial, assumiu de forma interina o governo da Província do Paraná, e exerceu a ideologia de abolicionista ao se tornar presidente da Câmara Municipal de Curitiba. Em 1888, recebeu da Princesa Isabel o título de Barão do Serro Azul.
Como ervateiro, o Barão do Serro Azul participou ativamente de diversos processos da exportação, como por exemplo, assumindo a antiga Typograhia Paranaense (futura Impressora Paranaense) visando aprimorar a confecção das embalagens da erva-mate vendida. Em 1890, o paranaense teve papel fundamental na fundação da Associação Comercial do Paraná, inclusive sendo lembrado como o primeiro presidente da história da instituição.
O contexto da morte do Barão do Serro Azul inclui o período em que os revoltosos do Rio Grande do Sul (maragatos) invadiram em 1893 o Paraná em prol dos preceitos da República e da derrubada do então presidente Marechal Floriano Peixoto. Com o Estado fragilizado, muitos paranaenses aderiram à causa dos revoltosos, e posteriormente, após a saída do então presidente do Estado, Xavier da Silva, o vice Vicente Machado assumiu e transferiu a capital para a cidade de Castro. À mercê dos maragatos, as famílias curitibanas passaram a ter a sua integridade ameaçada, fato que levou o Barão do Serro Azul a cuidar da cidade através de uma junta provisória. A tentativa de negociação com o líder dos maragatos, Gumercindo Saraiva, em busca da paz na região soou como traição por parte dos florianistas, que acabaram entrando de forma triunfal em Curitiba e armaram uma emboscada em que o ervateiro paranaense acabou sendo morto.
Considerado como um traidor, Barão do Serro Azul teve seu reconhecimento como um homem que tentou proteger Curitiba apenas em 2008, quando teve seu nome incluído no Livro de Aço dos Heróis Nacionais, do Panteão da Pátria Tancredo Neves, em Brasília. Na capital paranaense, o Barão é lembrado de diversas formas. Além de uma via na região central (foto acima), o ervateiro possui um busto (foto acima) em frente à Associação Comercial do Paraná e dá nome a um dos principais centros culturais da cidade. O prédio do Solar do Barão, datado de 1880, foi construído para servir de residência ao paranaense. Com padrão típico dos ervateiros da época, o local passou para propriedade do Exército Nacional após a morte do Barão, e em 1975, foi adquirido pela Prefeitura de Curitiba com o intuito de se transformar em um espaço cultural. Em 1980, a população curitibana recebeu o Solar do Barão, que atualmente oferece diversos serviços como Museu da Fotografia, o Museu da Gravura, o Museu do Cartaz e a Gibiteca. O prédio é tombado pela Coordenação do Patrimônio Cultural do Paraná.
O Solar do Barão fica na Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 533, Centro.
Outra homenagem ao Barão é uma estátua na Praça Miguel Couto, no Batel. A placa, além de citá-lo como fundador da Associação Comercial do Paraná, diz: “Reconhecido como Herói Nacional, em 16/12/2006, com o nome inscrito no Livro dos Heróis da Pátria, depositado no Panteão da Liberdade e da Democracia, em Brasília, por defender os interesses da Comunicação Paranaense”.
A Praça Miguel Couto, ou “Praça do Batel”, fica entre as ruas Bispo Dom José e Gonçalves Dias.
Referências:GAZETA DO POVO. Nobre que deu a vida pela paz tem heroísmo reconhecido. Disponível em <http://www.gazetadopovo.com.br>.FCC. Solar do Barão. Disponível em <http://www.fundacaoculturaldecuritiba.com.br>.CARNEIRO, David. O Paraná na História Militar do Brasil. Curitiba: Travessa dos Editores, 1995.
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