sexta-feira, 30 de março de 2018

PRAÇA SANTOS ANDRADE


PRAÇA SANTOS ANDRADE

Antiga várzea do Rio Belém, a praça tornou-se importante depois de ali ter sido instalada a Universidade do Paraná em 1914, fazendo com que os acontecimentos cívicos de Curitiba ali fossem realizados. Todos os préstitos e desfiles dali partiam pela Rua XV em direção à Praça Osório. Grandes reuniões e comícios usaram a Santos Andrade como palco, que ainda é usada para tais eventos na atualidade. Outro monumento que orgulha o curitibano é o prédio do Teatro Guaíra, cuja construção foi iniciada, em 1953, como uma das obras do Centenário do Paraná. A foto é de 1938.

PRAÇA GENERAL OSÓRIO



PRAÇA GENERAL OSÓRIO

A fotografia é de 1934. Em primeiro plano vemos o repuxo ainda abaixo do nível do solo. Vinte anos antes, a praça foi reurbanizada por Cândido de Abreu – sendo instalado um coreto, um relógio e o citado repuxo, com as figuras de sereias jorrando água. O coreto deteriorou-se e foi demolido em fins de 1950. O relógio mal funcionava e foi substituído por outros tipos; e, finalmente, o repuxo foi reformado e suas figuras foram elevadas, no início dos anos sessenta, pelo prefeito Iberê de Mattos

PRAÇA CARLOS GOMES


PRAÇA CARLOS GOMES

A imagem mostra o lado sul da praça, onde passa a Rua Pedro Ivo. A fotografia foi feita em fins de 1914, quando o logradouro foi urbanizado pelo prefeito Cândido de Abreu. Em primeiro plano a cascatinha do lago, tendo ao fundo as duas casas que pertenceram ao médico Victor do Amaral – a da direita, mais antiga, foi construída em 1887, pelo mestre de obras Henrique Henning, o mesmo da futura Catedral de Curitiba.

terça-feira, 27 de março de 2018

Rebouças, Avenida Iguaçu. Data: 7 de abril de 1950. Foto: Domingos Foggiatto. Acervo: Cid Destefani. Gazeta do Povo, Coluna Nostalgia (14/01/1996)




Gazeta do Povo, Coluna Nostalgia - O Último Apito (Cid Destefani, 14/01/1996)

"(...) Várias indústrias possuíam suas enormes chaminés e apitos, principalmente as ligadas ao beneficiamento da erva-mate. As madeireiras todas tinham. Outras indústrias como Todeschini, Mueller, Trevisan, Cruzeiro e Brahma possuíam seus apitos. Os moradores das redondezas das fábricas conheciam esses apitos pelos sons, sabendo perfeitamente que horas estavam apontando cada um deles. 

A cidade inteira e baseava nos apitos da fábricas, excluindo-se aí, o centro. Entretanto, a poucas quadras da Praça Tiradentes já se podiam ouvir os estridentes marcadores dos horários. Eram centenas deles espalhados pelos bairros e arrabaldes. 

(...) No começo da noite, todos os apitos das fábricas eram acionados. A zoeira era infernal e permanecia por mais de meia hora, quando o sons iam sumindo conforme o vapor nas caldeiras ia sendo consumido. 

Existiam ocasiões especiais quando estes apitos eram todos acionados. durante a última guera mundial, quando se faziam exercícios de black out, quando a cidade ficava totalmente às escuras, eles sinalizavam o início e o final destes exercícios, quando era proibido acender qualquer tipo de luz, até um palito de fósforo. Quando a guerra terminou os apitos tocaram festivamente o seu fim. 


Com o passar do tempo as fábricas foram sendo desativadas, os engenhos de erva-mate e as serrarias foram desaparecendo e, junto com eles, os sons estridentes que marcavam os horários dos curitibano dos anos quarenta (...).

Avenida Luiz Xavier. Data: 05/11/1947 (à época chamada João Pessoa). Foto: Domingos Foggiatto. Acervo: Cid Destefani. Gazeta do Povo, Coluna Nostalgia, 30/07/1989


Rua Marechal Deodoro, uma quadra antes da Praça Zacarias. Data: 19/03/1947. Foto: Domingos Foggiato. Acervo: Cid Destefani. Gazeta do Povo. Coluna Nostalgia, 19/11/1989




Gazeta do Povo. Coluna Nostalgia - Marechal Deodoro, a velha rua (Cid Destefani, 19/11/1989) 

"A fotografia acima, feita no dia 19 de março de 1947, nos mostra a antiga Rua Marechal Deodoro. Viela pacata e estreita, com calçamento de paralelepípedos polidos pelo uso. A Deodoro conservou essa imagem até 1965, quando foi alargada para se transformar na avenida que hoje conhecemos. A história dessa rua se perde nos longínquos tempos do início da cidade. Foi batizada de início como Rua da Carioca de Baixo, em virtude de possuir na vargem do Rio do Ivo um dos três chafarizes que forneciam a água para os curitibanos de antanho. 

A cidade evoluiu e a nossa Marechal Deodoro acompanhou o progresso a ser chamada e Rua do Comércio e fazendo a ligação entre o Largo da Ponte (Praça Zacarias) e o Alto do Matadouro (Rua Ubaldino do Amaral). Em maio de 1880, com a visita e Dom Pedro II, a rua foi rebatizada com o nome do imperador, conservando esta denominação até o advento da República, quando então seu nome oi trocado para o que conserva até hoje. 

A Marechal Deodoro da época da foto acima era uma rua com uma característica provinciana e a parte focalizada, exatamente o seu início, nos traz à lembrança a vida pacata da cidade antes dos anos 60. A imagem do Cine Luz na esquina com a Rua Doutor Muricy tendo ao fundo a Zacarias com suas casas baixas. A linha de bondes que seguia pela Rua Aquidaban (Rua Emiliano Perneta) e as casas residenciais convivendo com as comerciais. 

O velho armazém Pão de Açúcar. A Casa de Móveis dos Daitzchman, posteriormente Troib. A casa Miranda de Calçados, a Galeria das meias do Kudry e o escritório de Lattes & Cia. A “boite” Elite, que posteriormente passaria a ser Marroco e comandaria a vida noturna da cidade dirigida pelo “Rei da Noite”, Paulo Wendth. Neste pedaço da Deodoro também funcionou um barracão de madeira, a redação do “Paraná Esportivo”, dirigido pelo José Muggiati e Ezio Zanello, jornal que contava com a fotografia de Domingos Foggiato para suas ilustrações e onde, também como fotógrafo, entramos para as lides da imprensa do Paraná, em 1958. 

Durante o dia a rua era frequentada por transeuntes que se dirigiam às casas comerciais, bancos e escritórios que ali funcionavam. À noite a rua se transformava, principalmente na década de 50, quando as “mariposas” de desentocavam das pensões ali existentes e faziam o trottoir perambulando pelas calçadas à caça de fregueses. O povo as chamava “Marchadeiras da Marechal” e também de “Marechalinas”. 

Quem olha hoje a larga avenida que é a Marechal Deodoro, nem por muito esforço que faça consegue imaginar que ali existiu uma viela quase tão velha quanto Curitiba, onde em noites escuras ouvia-se o coaxar dos sapos no Rio do Ivo".

Visconde de Guarapuava, vista da João Negrão em direção à Ubaldino do Amaral. Foto: Domingos Foggiatto, março de 1939. Acervo: Cid Destefani, Gazeta do Povo, Coluna Nostalgia (03/12/1989).
























Gazeta do Povo, Coluna Nostalgia - “Uma visita à zona”
(Cid Destefani, 03/12/1989)

"Hoje a Nostalgia vai nos levar a uma viagem diferente. Vamos todos para a zona. Para lá mesmo, meu amigo. Para a zona do baixo meretrício da velha e boa Curitiba dos anos trinta, quarenta e cinquenta, quando os conceitos eram outros e, talvez, um artigo deste jaez não pudesse ser publicado. Atualmente o movimento feminista a liberdade do sexo e os novos conceitos de moral nos permitem esta liberdade (ou libertinagem)?

A zona na atualidade é um ambiente demodê, só existindo ainda e agonizante em pequenos lugarejos piegas e insensíveis às mudanças do progresso e do tempo presente.

A fotografia de hoje nos leva ao mês de março de 1939 e nos coloca na avenida visconde de Guarapuava, da João negrão para o alto da Ubaldino do Amaral. Ali era a zona. Não que Curitiba só tivesse aquela, mas ali era a maior concentração de prostíbulos. Outros existiam espalhados pela urbe.

Na Visconde os bordéis se misturavam com casas comerciais e de residências familiares. Durante o dia era um ambiente relativamente pacato. À noite o local se transformava. Os clientes começavam a chegar, a pé ou transportados por carros de praça. Ouvia-se a música chorosa das sanfonas acompanhadas por pancadas da bateria, som que se misturava com o coaxar dos sapos que habitavam os banhados formados pelos rios Ivo e Belém. Era muito fácil achar as ditas 'casas de zona': nas fachadas das mesmas sempre havia uma indefectível lâmpada vermelha acesa.

A casa de madeira com três andares, que vemos à direita era uma das famosas. Ficou conhecida, pelo seu estilo cheio de janelas, como pombal e funcionou no local por várias décadas. Por volta de 1950 um soldado da aeronáutica foi agredido em uma das casas existentes um pouco adiante, na rua General Carneiro. Seus companheiros de quartel vieram vingar a agressão sofrida e, usando como munição as pilhas de macadame que estavam depositadas para o calçamento da rua apedrejaram a maioria das casas da zona. Foi tal a destruição que daquele momento em diante a região ficou conhecida como ‘Coréia’ (onde acontecia uma guerra naquela época), apelido que perdurou por muitos anos.

Não foram poucos os acontecimentos trágicos ocorridos na região. Assassinatos, suicídios e, principalmente, pancadarias aconteciam com certa frequência. Quando havia briga era comum eram comuns as quedas nos banhados e nos próprios rios Ivo e Belém.

Pombal, Helena, Helena do Papagaio, Amélia, Argentina, Bernadette, Sobradinho (ou Cento e Onze), Inferninho, etc eram alguns dos nomes das casas da região, que existiam sem fixação de épocas. Estas casas ficaram na memória de quem as frequentou, que fazem lembrar outros nomes curiosos espalhados por Curitiba: Alice, Chiquinha, Dinorah, Mesquita, Quinta Coluna, Aviãozinho, A Vila, Otília, Uda, Foco Vermelho, Tânia, Chacrinha, Maria Sem Calça, Casa de Campo, Frida Treze (Polaca), Maria Cebola e uma infinidade de outras que não nos foram lembradas.

O fim da noitada sempre acabava no bar e café Palácio, no Peixe Frito ou no caneco de Sangue. Estes dois últimos bares eram da pesada. No linguajar telegráfico de um jovem moderno poderíamos dizer:

-Pô meu, Curitiba era uma zona!"

Universidade Federal do Paraná (UFPR). Data: 15/08/1948. Foto: Domingos Foggiato. Acervo: Cid Destefani. Gazeta do Povo, Coluna Nostalgia (28/11/1993)


Acidente entre bonde e veículo na Rua Barão do Rio Branco em 1936. Acervo: Cid Destefani. Gazeta do Povo, Coluna Nostalgia (27/02/2000)
























Gazeta do Povo, Coluna Nostalgia (Cid Destefani, 27/02/2000)

"(...) Há alguns anos nos foi entregue uma fotografia de um acidente entre um bonde e um automóvel pelos peritos de criminalística Roberto Werbitzki e Carlos Eduardo Martins Mercer. A imagem foi tomada quando a Polícia Técnica atendia os acidentes de trânsito para fazer o levantamento e fornecer o devido laudo técnico.

O aludido acidente ocorreu na Rua Barão do Rio Branco em frente ao nº. 239 em cujo prédio funcionava a Tinturaria a Vapor Indiana de propriedade de Arthur Meister, no dia 4 de novembro de 1936, quando chovia bastante. O bonde da Cia Força e Luz nº. 119 que fazia a linha da Praça Tiradentes - Portão, via Rua Barão, trombou com o automóvel marca Rugby de placa P 2-337, de propriedade de Júlio Meister Sobrinho. O referido veículo saiu do seu estacionamento não dando tempo para que o motorneiro do bonde, Eduardo Pawloski conseguisse parar o coletivo rapidamente. Além disso, os trilhos molhados fizeram o bonde deslizar. Os prejuízos foram de pequena monta. (...)"

Rua Riachuelo. Data: 10/12/1946. Foto: Domingos Foggiatto. Acervo: Cid Destefani. Gazeta do Povo, Coluna Nostalgia (31/01/1993)




Gazeta do Povo, Coluna Nostalgia (Cid Destefani, 31/01/1993)

"(...) No início dos anos 40 vamos encontrar ainda com endereço na Praça Generoso Marques a casa de instrumentos musicais dos irmãos Hertel, a Casa Ideal de calçados que pertencia a dona Paula Elias e Reinaldo Schiebler com sua Casa Alumínio, além da loja dos irmãos Muggiati, cuja variedade de artigos carnavalescos era a parada obrigatória dos foliões de então.

Agora já estamos pisando na calçada da Riachuelo. Os endereços vão apontando os nomes que ali estavam instalados, tais como: Eurico Heisler, Italo Marquesine, Hotel Martins, Casa Yvone, Alfaiataria do Marquart, Carlos Schlosser, Joaquim Elias, Farmácia Sommer, Doutor Antônio Amarante e, na esquina do Beco do Marumbi, a Óptica e Relojoaria Raeder.
Já na segunda quadra a Casa Luhm, os irmãos Riskalla seguidos pela Casa Favorita dos irmãos Hatchback. Na esquina com a rua São Francisco ficava a famosa Casa de Porcelana Schmidlin e Tamm.

Seguiam-se a Casa Tokio Dr. Alcindo Lima, Dr. Nicolau Petrelli Júnior, Casa Verde, a família dos Campelli, Afonso Hey, o estabelecimento de Madame Odette, a agência de caminhões N. Barbieri & Cia, Paulo Ernesto Riedel, a Cia Jensen, o Salão José, a casa de Rádio Helios, o Salão Affonso, o depósito da cervejaria Atlântica, o Instituto Comercial Nela Vista e Quentel & Filhos.

Na esquina da Carlos Cavalcanti ficava então o quartel do Centro de Preparação de Oficiais da Reserva e lá no fim da rua, quase na praça 19, a sucursal dos Laboratórios Andrômaco.

Nos anos 50, destaque para a Casa Romeu, que comprava e vendia roupas usadas; Ney Traple, professor de dança de salão e o Restaurante Paris, famoso ponto de encontro da boemia".