Eduardo Fernando Chaves: Projetista
Denominação inicial: Projecto de residência para o Snr. Octavio Marcondes
Denominação atual:
Categoria (Uso): Residência
Subcategoria: Residência de Pequeno Porte
Endereço: Batel
Número de pavimentos: 2
Área do pavimento: 171,00 m²
Área Total: 171,00 m²
Técnica/Material Construtivo: Alvenaria de Tijolos
Data do Projeto Arquitetônico: 30/06/1926
Alvará de Construção: Nº 2051/1926
Descrição: Projeto Arquitetônico para construção de uma residência.
Situação em 2012: Não localizada
Imagens
Projeto Arquitetônico.
Referências:
GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto da residência do Snr. Octavio Marcondes no Batel. Plantas do pavimento térreo e de implantação, corte e fachada frontal da residência; elevação do muro, plantas dos pavimentos térreo e superior, corte e fachada frontal da garagem apresentadas em duas pranchas. Microfilme digitalizado.
Projeto Arquitetônico.
Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.
A Residência de Octávio Marcondes — Projeto de Eduardo Fernando Chaves (1926)
Introdução
Localizada no bairro do Batel, em Curitiba, a residência projetada para o senhor Octávio Marcondes por Eduardo Fernando Chaves — então atuante como projetista na empresa Gastão Chaves & Cia — é um exemplo significativo da arquitetura residencial de pequeno porte da década de 1920. Construída em alvenaria de tijolos, com dois pavimentos e área total de 171 m², a casa representava uma solução funcional e elegante para as famílias da classe média emergente da época.
Embora o imóvel não tenha sido localizado em 2012 — e sua situação atual permaneça incerta —, seu projeto arquitetônico está preservado no Arquivo Público Municipal de Curitiba, oferecendo uma janela para entender a evolução urbana e arquitetônica da capital paranaense nos anos iniciais do século XX.
Este artigo analisa o projeto, o contexto histórico, o perfil do morador e do projetista, além da trajetória do imóvel até os dias atuais, com base em documentos oficiais e registros históricos.
1. O Projetista: Eduardo Fernando Chaves na Gastão Chaves & Cia (1926)
Eduardo Fernando Chaves (Curitiba, c. 1905 – ?) já era um profissional ativo em 1926, aos cerca de 21 anos, trabalhando como projetista na empresa Gastão Chaves & Cia — provavelmente ligada a parentes ou colegas de seu círculo familiar, dada a semelhança dos nomes. Essa empresa, embora pouco documentada nos registros públicos, parece ter atuado como escritório de projetos e execução de obras residenciais e comerciais em Curitiba durante a primeira metade do século XX.
O fato de Eduardo já estar assinando projetos em 1926 sugere que ele havia recebido formação técnica (talvez no curso de desenho arquitetônico da Escola de Artes e Ofícios de Curitiba ou em estudos autodidatas), e que estava inserido num ambiente profissional dinâmico, onde a demanda por habitações populares e econômicas crescia rapidamente.
Sua atuação nesta fase inicial — ainda como projetista e não necessariamente como arquiteto registrado — reflete a realidade da época, quando muitos profissionais atuavam sem diploma formal, mas com competência prática reconhecida pela comunidade.
2. O Morador: Octávio Marcondes
O nome Octávio Marcondes aparece apenas como destinatário do projeto, sem maiores informações biográficas disponíveis nos arquivos públicos. É possível inferir, pelo tipo de construção (residência de pequeno porte, dois pavimentos, em alvenaria de tijolos), que se tratava de alguém da classe média ou alta da época — talvez comerciante, funcionário público ou profissional liberal — que buscava uma casa confortável, funcional e adequada às necessidades familiares da época.
O fato de a residência ter sido projetada no Batel, bairro que começava a se consolidar como zona residencial de elite na década de 1920, reforça essa hipótese. O Batel, na época, era um bairro em expansão, com ruas arborizadas, infraestrutura moderna e casas de estilo eclético e art déco — ideal para famílias que buscavam qualidade de vida e status social.
Marcondes, portanto, representa um dos muitos curitibanos que, entre as décadas de 1920 e 1940, migraram para bairros nobres em busca de conforto e prestígio.
3. O Projeto Arquitetônico (30/06/1926)
Denominação Inicial
Projecto de residência para o Snr. Octavio Marcondes
Denominação Atual
Não localizada (situação desconhecida após 2012)
Categoria e Subcategoria
- Uso: Residência
- Subcategoria: Residência de Pequeno Porte
Localização
Bairro Batel — região nobre de Curitiba, em pleno processo de urbanização e consolidação residencial na década de 1920.
Características Físicas
- Número de pavimentos: 2
- Área do pavimento: 171,00 m²
- Área total: 171,00 m² (indicando que o segundo pavimento tem a mesma área do térreo — o que é incomum, sugerindo que pode haver erro no registro ou que o segundo pavimento inclui varandas ou áreas abertas)
- Técnica/Material Construtivo: Alvenaria de tijolos (material tradicional, resistente e durável, típico da construção urbana da época)
Descrição do Projeto Original
O projeto, datado de 30 de junho de 1926, foi apresentado em duas pranchas, contendo:
Prancha 1:
- Planta do pavimento térreo — distribuição funcional típica da época: sala de estar, cozinha, banheiro, dormitórios e circulação interna.
- Implantação — posicionamento do edifício no lote, considerando recuos, orientação solar e relação com as ruas adjacentes.
- Corte — mostrando a altura dos ambientes, inclinação do telhado e detalhes construtivos básicos.
- Fachada frontal — provavelmente simétrica, com varanda ou marquise, janelas com venezianas ou grades de ferro, e acabamentos simples mas elegantes.
Prancha 2:
- Elevação do muro — detalhando a vedação externa da propriedade, com portão e elementos decorativos.
- Plantas dos pavimentos térreo e superior — mostrando a distribuição dos ambientes em ambos os andares.
- Corte e fachada frontal da garagem — indicando que o imóvel possuía uma garagem integrada, o que era um diferencial de luxo na época, refletindo o uso crescente do automóvel entre as classes abastadas.
Embora modesto em escala, o projeto revela atenção à funcionalidade, à estética urbana e à integração com o entorno — características que se tornariam mais evidentes nas obras posteriores de Eduardo Fernando Chaves, quando já atuava como arquiteto independente.
4. Alvará de Construção (Nº 2051/1926)
O alvará de construção, emitido pela Prefeitura Municipal de Curitiba em 1926, confirma a legalidade da obra e sua conformidade com as normas urbanísticas da época. O número 2051 indica que foi um dos muitos projetos aprovados naquele ano, evidenciando o dinamismo da construção civil em Curitiba durante a década de 1920 — período em que a cidade crescia, mesmo com restrições materiais e financeiras.
O alvará também serve como prova documental da existência do projeto e da identidade do proprietário, além de permitir a reconstrução histórica da cronologia da edificação.
5. Situação em 2012 e Atualidade
Em 2012, o imóvel não foi localizado — o que significa que, ou foi demolido, ou sofreu alterações tão profundas que perdeu sua identidade original, ou está oculto sob uma nova fachada ou uso. É possível que tenha sido substituído por um prédio comercial ou residencial de maior densidade, como ocorreu com muitas residências antigas no Batel ao longo das décadas.
A ausência de imagens do imóvel em estado original (além do projeto) dificulta a avaliação visual da sua aparência, mas o projeto arquitetônico permite reconstituir sua forma e proporção.
6. Análise Histórica e Patrimonial
Contexto Urbano de 1926
Na década de 1920, Curitiba vivia um período de expansão populacional e econômica, impulsionada pela chegada de imigrantes europeus e pela modernização da infraestrutura urbana. O Batel, na época, era um bairro em ascensão, com ruas arborizadas, redes de água e esgoto, e infraestrutura elétrica já consolidada.
Projetos como este representam a “arquitetura cotidiana” da época — não monumentos, mas construções que moldaram a identidade urbana da cidade. São importantes para entender como as famílias viviam, quais eram suas necessidades espaciais e como a cidade se organizava em escala humana.
Valor Patrimonial
Apesar de não localizado, o imóvel possui valor patrimonial intrínseco por:
- Ser um exemplo raro de projeto arquitetônico completo (plantas, fachada, cortes, elevação de muro, garagem) de uma residência de pequeno porte da década de 1920;
- Representar a tipologia de “residência de pequeno porte” típica da classe média curitibana dos anos 1920;
- Estar situado em uma área histórica de grande importância para a formação urbana da cidade (Batel);
- Refletir as técnicas construtivas e as necessidades habitacionais da Curitiba pré-moderna.
7. Documentação e Acervo
O projeto está preservado no Arquivo Público Municipal de Curitiba, sob a guarda da Prefeitura Municipal de Curitiba. Os itens catalogados são:
- Projeto Arquitetônico — microfilme digitalizado, contendo plantas, cortes, fachadas e elevação do muro. Assinado por Gastão Chaves & Cia, com a indicação de que Eduardo Fernando Chaves atuava como projetista.
Essa documentação permite a pesquisa histórica, a reconstituição do projeto original e a avaliação da evolução urbana da região onde o imóvel estava localizado.
8. Conclusão
A residência projetada por Eduardo Fernando Chaves para Octávio Marcondes em 1926 é mais do que um simples imóvel — é um documento vivo da história urbana de Curitiba. Representa a arquitetura funcional, racional e acessível da época, projetada para atender às necessidades de uma família da classe média em ascensão.
Embora hoje seu paradeiro seja desconhecido — e possivelmente tenha sido demolido ou transformado —, sua estrutura original, registrada no projeto, oferece uma oportunidade para reflexão sobre a preservação do patrimônio arquitetônico cotidiano — aquele que, mesmo não sendo monumental, constitui a essência da identidade urbana de uma cidade.
Para futuros estudos, recomenda-se:
- Pesquisa biográfica sobre Octávio Marcondes e o Batel na década de 1920;
- Levantamento de outros projetos de Eduardo Fernando Chaves na década de 1920;
- Avaliação de possibilidades de reconhecimento patrimonial de imóveis antigos no Batel;
- Comparação com outras residências de pequeno porte da mesma época na região central de Curitiba.
Referências
- GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto da residência do Snr. Octavio Marcondes no Batel. Plantas do pavimento térreo e de implantação, corte e fachada frontal da residência; elevação do muro, plantas dos pavimentos térreo e superior, corte e fachada frontal da garagem apresentadas em duas pranchas. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

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