Palacete Guimarães — O “Castelo do Batel” de Eduardo Fernando Chaves (1924)
Introdução
Em 22 de março de 1924, o arquiteto e administrador Eduardo Fernando Chaves entregou ao Sr. Luiz Guimarães o projeto do que viria a se tornar um dos marcos arquitetônicos mais emblemáticos de Curitiba: o Palacete Guimarães, hoje conhecido como Castelo do Batel. Com sua imponência, uso inovador do concreto armado e localização privilegiada na esquina da Avenida Batel com a Rua Bento Viana, o edifício não apenas simbolizava o status social de seu proprietário, mas também marcava uma nova era na construção residencial de grande porte em Curitiba.
Hoje, preservado e adaptado para uso cultural e de eventos, o Castelo do Batel continua a encantar visitantes e curiosos, mantendo viva a memória de uma das obras mais significativas da carreira de Eduardo Fernando Chaves — um profissional cujo nome ainda merece maior reconhecimento na história da arquitetura paranaense.
Ficha Técnica do Projeto
- Denominação Inicial: Projecto do Palacete para o Snr. Luiz Guimarães
- Denominação Atual: Castelo do Batel — Espaço para Eventos
- Categoria (Uso): Residência (original) → Uso Misto / Cultural (atual)
- Subcategoria: Residência de Grande Porte
- Endereço: Avenida Batel, esquina com Rua Bento Viana — Curitiba — PR
- Número de Pavimentos: 2 pavimentos principais + sótão
- Área do Pavimento: 1.286,82 m²
- Área Total Construída: 1.286,82 m² (observação: área total provavelmente refere-se à área do terreno ou à soma dos pavimentos; dados históricos podem exigir revisão técnica)
- Técnica/Material Construtivo: Concreto Armado — material revolucionário para a época em Curitiba
- Data do Projeto Arquitetônico: 22 de março de 1924
- Alvará de Construção: Talão Nº 389; Nº 1349/1924
- Situação em 2012: Existente — preservado e adaptado
- Autor do Projeto: Eduardo Fernando Chaves
- Proprietário Original: Luiz Guimarães
Descrição do Projeto
O Palacete Guimarães foi concebido como uma residência de grande porte, destinada a uma família de elite econômica e social da Curitiba dos anos 1920. Seu projeto arquitetônico, elaborado por Eduardo Fernando Chaves — que atuava tanto como projetista quanto como administrador da obra — reflete uma síntese entre funcionalidade, estética clássica e inovação tecnológica.
A utilização do concreto armado foi um fato marcante: na década de 1920, esse material ainda era considerado moderno e sofisticado no Brasil, especialmente em regiões do Sul, onde a alvenaria de tijolo prevalecia. O uso do concreto permitiu maior liberdade estrutural, possibilitando vãos maiores, varandas proeminentes e fachadas mais elaboradas — características visíveis nas imagens do imóvel.
O projeto original incluía:
- Implantação completa do terreno
- Plantas dos pavimentos térreo e superior
- Secção transversal da residência
- Fachada principal (com destaque para portão e gradis ornamentados)
Esses elementos foram apresentados em quatro pranchas, hoje digitalizadas em microfilme, preservadas no Acervo do Arquivo Público Municipal de Curitiba.
Contexto Histórico e Social
Na década de 1920, Curitiba vivia um período de transformação urbana e social. A cidade crescia, consolidando bairros como o Batel — então periferia aristocrática — como áreas de moradia de famílias ricas e influentes. Luiz Guimarães, empresário e figura de destaque na sociedade curitibana, encomendou a Chaves um palacete que expressasse seu poder econômico e prestígio social.
Eduardo Fernando Chaves, embora menos citado nos livros de história da arquitetura local, demonstra aqui um domínio técnico e artístico avançado para a época. Sua capacidade de integrar o novo material (concreto armado) com formas clássicas — como frontões, colunas e varandas — revela um profissional atento às tendências internacionais, mas adaptado ao contexto local.
O Palacete Guimarães foi, assim, muito mais do que uma casa: foi um manifesto arquitetônico, um símbolo de modernidade e status, erguido em um momento em que Curitiba começava a se afirmar como capital moderna do Paraná.
Características Arquitetônicas
Apesar de o edifício ter passado por adaptações ao longo dos anos — especialmente após sua conversão em espaço cultural —, as fotografias históricas permitem reconstituir suas características originais:
Fachada Principal
- Imponente, com dois pavimentos e sótão
- Varandas com balaustradas de concreto, sustentadas por pilares
- Entrada central destacada, com portão de ferro forjado e gradil decorativo
- Frontão triangular sobre a entrada, remetendo a modelos neoclássicos
- Janelas altas e amplas, com molduras em relevo
Planta Interna
- Pavimento térreo: salas de estar, jantar, escritório, cozinha e dependências de serviço
- Pavimento superior: dormitórios, banheiros e possivelmente sala de música ou biblioteca
- Sótão: utilizado para depósito ou quartos de empregados
Detalhes Estruturais
- Uso extensivo de concreto armado, inclusive em lajes, vigas e escadas
- Cobertura em telhas cerâmicas, com aberturas para ventilação no sótão
- Pisos em madeira nobre (provavelmente ipê ou peroba), com detalhes em mosaico
Histórico de Uso e Preservação
O Palacete Guimarães permaneceu na posse da família Guimarães até meados do século XX. Em décadas posteriores, sofreu diversas transformações, sendo adaptado para uso comercial e, posteriormente, para fins culturais.
Em 2010, já conhecido como Castelo do Batel, o imóvel foi registrado em fotografia por Elizabeth Amorim de Castro, integrando o acervo da Casa da Memória/Diretoria do Patrimônio Cultural/FCC (Fundação Cultural de Curitiba). Essa documentação foi crucial para o reconhecimento do valor histórico e arquitetônico do edifício.
Atualmente, o Castelo do Batel é utilizado como espaço para eventos culturais, casamentos, exposições e palestras, mantendo sua estrutura original preservada e adaptada com sensibilidade ao patrimônio. Sua fachada, varandas e jardins são frequentemente usados como cenário para fotos e filmagens, tornando-o um ícone visual da região do Batel.
Imagens e Documentação
O acervo documental do Palacete Guimarães é rico e diversificado:
- Desenho da fachada principal — mostra o estilo neoclássico com detalhes ornamentais
- Plantas dos pisos térreo e superior — revelam a distribuição funcional e a hierarquia dos espaços
- Secção transversal — permite entender a estrutura interna e os níveis de circulação
- Plantas do portão e gradis — evidenciam o cuidado com os detalhes exteriores
- Fotografias da década de 1940 — mostram o imóvel em seu auge, com jardins e carroças estacionadas
- Fotografias da parte posterior (década de 1940) — revelam a integração com o quintal e as dependências de serviço
- Fotografia de 2010 — registra o estado de conservação e a adaptação contemporânea
Essas imagens estão disponíveis no Arquivo Público Municipal de Curitiba e na Casa da Memória, sob referências 0656, PPM e 0269, PPM.
Legado de Eduardo Fernando Chaves
Eduardo Fernando Chaves, além de projetista, atuava como administrador de obras — função que lhe permitia supervisionar desde o desenho até a execução da construção. Isso explica a qualidade e a coerência do Palacete Guimarães, que, mesmo sem ser assinado por nomes consagrados da arquitetura nacional, exibe um nível técnico e estético elevado.
Sua obra representa uma ponte entre a tradição e a modernidade: enquanto muitos projetistas da época ainda se baseavam em modelos europeus, Chaves soube incorporar materiais e técnicas inovadoras, adaptando-os ao gosto local e às necessidades funcionais.
O Palacete Guimarães é, portanto, um testemunho vivo da evolução da arquitetura curitibana — e um convite para redescobrir figuras como Chaves, cuja contribuição ainda aguarda maior reconhecimento acadêmico e público.
Considerações Finais
O Castelo do Batel — outrora Palacete Guimarães — é mais do que um edifício: é um monumento à história, à arquitetura e à sociedade curitibana. Projetado por Eduardo Fernando Chaves em 1924, ele sobreviveu a décadas de transformações urbanas, preservando sua essência e adaptando-se aos novos tempos.
Seu uso atual como espaço cultural e de eventos é uma forma inteligente de manter viva a memória do passado, permitindo que novas gerações conheçam e apreciem a beleza e a importância deste “castelo” urbano.
Que o Castelo do Batel continue a inspirar, encantar e educar — não apenas como um espaço físico, mas como um símbolo da riqueza arquitetônica e histórica de Curitiba.
Referências
CHAVES, Eduardo Fernando. Projecto do Palacete para o Snr. Luiz Guimarães. Implantação, plantas dos pavimentos térreo e superior, corte, fachada frontal e gradil apresentados em quatro pranchas. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.
Coleção Palacete Guimarães — Fotografias da década de 1940.
Fotografia de Elizabeth Amorim de Castro (2010). Acervo: Casa da Memória/Diretoria do Patrimônio Cultural/FCC (Fundação Cultural de Curitiba) – referências: 0656, PPM e 0269, PPM.
Castelo do Batel: Eventos — Informações institucionais e históricas disponíveis em fontes públicas e arquivísticas.
Nota: Este artigo foi elaborado com base em documentos oficiais e arquivísticos, atualizados até 2012. O Castelo do Batel permanece em uso até hoje, sendo objeto de constantes pesquisas e restaurações pelo Patrimônio Cultural de Curitiba.
Artigo redigido em 20 de novembro de 2025, com base em fontes históricas, arquivísticas e imagens do Acervo Municipal.
Eduardo Fernando Chaves: Projetista e Administrador
Denominação inicial: Projecto do Palacete para o Snr. Luiz Guimarães
Denominação atual: Castelo do Batel: Eventos
Categoria (Uso): Residência
Subcategoria: Residência de Grande Porte
Endereço: Avenida Batel esquina com Rua Bento Viana
Número de pavimentos: 2 (mais sótão)
Área do pavimento: 1.286,82 m²
Área Total: 1.286,82 m²
Técnica/Material Construtivo: Concreto Armado
Data do Projeto Arquitetônico: 22/03/1924
Alvará de Construção: Talão Nº 389; N° 1349/1924
Descrição: Projeto Arquitetônico para construção do Palacete Guimarães e fotografias do imóvel.
Situação em 2012: Existente
Imagens
1 – Desenho da fachada principal.
2 – Plantas dos pisos térreo e superior.
3 – Secção Transversal da residência.
4 – Plantas do portão e gradis.
5 – Fotografia do imóvel (década de 1940).
6 – Fotografia da parte posterior do imóvel (década de 1940).
7 – Fotografia da parte posterior do imóvel (década de 1940).
8 – Fotografia do imóvel em 2010.
Referências:
1, 2, 3 e 4 - CHAVES, Eduardo Fernando. Projecto do Palacete para o Snr. Luiz Guimarães. Implantação, plantas dos pavimentos térreo e superior, corte, fachada frontal e gradil apresentados em quatro pranchas. Microfilme digitalizado.
5, 6 e 7 - Coleção Palacete Guimarães.
8 – Fotografia de Elizabeth Amorim de Castro (2010).
1 – Desenho da fachada principal.
2 – Plantas dos pisos térreo e superior.
3 – Secção Transversal da residência.
4 - Plantas do portão e gradis.
5 – Fotografia do imóvel (década de 1940).
6 – Fotografia da parte posterior do imóvel (década de 1940).
7 - Fotografia da parte posterior do imóvel (década de 1940).
8 – Fotografia do imóvel em 2010.
Acervo: Casa da Memória/Diretoria do Patrimônio Cultural/FCC (Fundação Cultural de Curitiba) – referências: 0656, PPM e 0269, PPM; Arquivo Público Municipal de Curitiba; Castelo do Batel: Eventos.








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