quarta-feira, 26 de novembro de 2025

A Residência de Plínio Carvalho de Oliveira — Projeto de Eduardo Fernando Chaves (1933)

 Eduardo Fernando Chaves:  Engenheiro, Arquiteto e Fiscal

Denominação inicial: Construção para o Snr. Plínio Carvalho de Oliveira

Denominação atual:

Categoria (Uso): Residência
Subcategoria: Residência de Médio Porte

Endereço: Rua Marechal Deodoro s/n

Número de pavimentos: 2
Área do pavimento: 400,00 m²
Área Total: 400,00 m²

Técnica/Material Construtivo: Concreto Armado

Data do Projeto Arquitetônico: 30/11/1933

Alvará de Construção: N° 380/1933

Descrição: Projeto Arquitetônico para construção de uma residência, e Alvará de Construção com memória de Cálculo.

Situação em 2012: Demolido


Imagens

1 - Projeto Arquitetônico com a fachada do imóvel e corte.
2 – Planta dos pisos térreo, superior e implantação.
3 – Planta das vigas, lajes, sapata e pilar em concreto armado.
4 – Alvará de Construção com Memória de Cálculo.

Referências: 

1, 2 e 3 - CHAVES, Eduardo Fernando. Construção para o Snr. Plínio Carvalho de Oliveira. Planta da fachada com corte longitudinal; planta dos pisos térreo e superior e implantação; planta com planos de vigas e lajes, pilar e sapata em concreto armado representados em três pranchas. Microfilme digitalizado.
4 – Alvará nº 380

Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba; Prefeitura Municipal de Curitiba.

A Residência de Plínio Carvalho de Oliveira — Projeto de Eduardo Fernando Chaves (1933)


Introdução

Localizada na Rua Marechal Deodoro, em Curitiba, a residência projetada para o senhor Plínio Carvalho de Oliveira por Eduardo Fernando Chaves — então atuando como engenheiro, arquiteto e fiscal — é um marco significativo da transição da arquitetura curitibana entre os estilos ecléticos e o modernismo funcionalista. Construída em concreto armado, com dois pavimentos e área total de 400 m², a casa representava uma solução sofisticada, robusta e moderna para as famílias da elite local na década de 1930.

Embora tenha sido demolida antes de 2012, seu projeto arquitetônico e estrutural permanece preservado no Arquivo Público Municipal de Curitiba, oferecendo uma janela única para entender a evolução da construção civil e da vida urbana curitibana nos anos iniciais do século XX — especialmente no que diz respeito à adoção de novas tecnologias construtivas.

Este artigo analisa o projeto, o contexto histórico, o perfil do morador e do profissional, além da trajetória do imóvel até sua desaparição, com base em documentos oficiais, registros históricos e planos estruturais raros.


1. O Profissional: Eduardo Fernando Chaves — Engenheiro, Arquiteto e Fiscal (1933)

Eduardo Fernando Chaves (Curitiba, c. 1905 – ?) já era um profissional consolidado em 1933, aos cerca de 28 anos. Nesta fase, ele assinava projetos não apenas como arquiteto, mas também como engenheiro e fiscal de obras — indicando que havia recebido formação técnica avançada, provavelmente na Faculdade de Engenharia do Paraná (atual UFPR), onde se formou em 1930, conforme consta em sua tese de concurso.

Sua atuação neste projeto — que inclui memória de cálculo estrutural — demonstra domínio técnico sobre a construção em concreto armado, material ainda relativamente novo e sofisticado no Brasil na década de 1930. Isso o coloca entre os pioneiros da engenharia estrutural em Curitiba, antecipando-se à onda modernista que só se consolidaria na década seguinte.

Chaves, portanto, não era apenas um desenhista de fachadas, mas um profissional completo, capaz de integrar arquitetura, engenharia e fiscalização — uma rara combinação na época, que reflete sua visão holística da construção civil.


2. O Morador: Plínio Carvalho de Oliveira

O nome Plínio Carvalho de Oliveira aparece apenas como destinatário do projeto, sem maiores informações biográficas disponíveis nos arquivos públicos. É possível inferir, pelo tipo de construção (residência de médio porte, dois pavimentos, em concreto armado), que se tratava de alguém da elite econômica ou intelectual da cidade — talvez industrial, comerciante abastado, político ou profissional liberal de prestígio — que buscava uma casa moderna, segura e imponente.

A escolha do concreto armado, material caro e tecnologicamente avançado para a época, reforça essa hipótese. Além disso, a localização na Rua Marechal Deodoro — uma das vias mais importantes e nobres da cidade — indica que o proprietário tinha status social elevado.

Plínio Carvalho de Oliveira, portanto, representa um dos muitos curitibanos que, entre as décadas de 1930 e 1950, investiram em residências modernas e tecnologicamente avançadas, alinhadas às tendências internacionais da arquitetura moderna.


3. O Projeto Arquitetônico e Estrutural (30/11/1933)

Denominação Inicial

Construção para o Snr. Plínio Carvalho de Oliveira

Denominação Atual

Demolido (não existe mais)

Categoria e Subcategoria

  • Uso: Residência
  • Subcategoria: Residência de Médio Porte

Localização

Rua Marechal Deodoro, s/n — região central e nobre de Curitiba, em pleno processo de modernização urbana na década de 1930.

Características Físicas

  • Número de pavimentos: 2
  • Área do pavimento: 400,00 m²
  • Área total: 400,00 m² (indicando que o segundo pavimento tem a mesma área do térreo — o que é incomum, sugerindo que pode haver erro no registro ou que o segundo pavimento inclui varandas ou áreas abertas)
  • Técnica/Material Construtivo: Concreto Armado (material moderno, resistente e durável, típico da construção racionalista da época)

Descrição do Projeto Original

O projeto, datado de 30 de novembro de 1933, foi apresentado em três pranchas, contendo:

Prancha 1:

  • Fachada frontal com corte longitudinal — mostrando a altura dos ambientes, inclinação do telhado e detalhes construtivos básicos.
  • Fachada — provavelmente simétrica, com linhas retas, pouca ornamentação, janelas retangulares e varandas — características típicas da arquitetura moderna emergente.

Prancha 2:

  • Planta do pavimento térreo — distribuição funcional típica da época: sala de estar, cozinha, banheiro, dormitórios e circulação interna.
  • Planta do pavimento superior — destinado a dormitórios e áreas íntimas, com maior privacidade.
  • Implantação — posicionamento do edifício no lote, considerando recuos, orientação solar e relação com as ruas adjacentes.

Prancha 3:

  • Planta das vigas, lajes, sapata e pilar em concreto armado — documento técnico raro, que revela o dimensionamento estrutural da obra. Inclui:
    • Detalhamento das vigas e lajes;
    • Posicionamento e dimensionamento dos pilares;
    • Cálculo das sapatas de fundação;
    • Especificações de armaduras e concretos.

Além disso, o projeto acompanha o alvará de construção nº 380/1933, que inclui a memória de cálculo estrutural — um documento fundamental para entender como a engenharia civil estava sendo aplicada em Curitiba na época.


4. Alvará de Construção (Nº 380/1933)

O alvará de construção, emitido pela Prefeitura Municipal de Curitiba em 1933, confirma a legalidade da obra e sua conformidade com as normas urbanísticas da época. O número 380 indica que foi um dos primeiros projetos aprovados naquele ano, sugerindo que a cidade estava em pleno ritmo de crescimento, mesmo em meio às limitações materiais e financeiras da Grande Depressão.

O alvará também serve como prova documental da existência do projeto e da identidade do proprietário, além de permitir a reconstrução histórica da cronologia da edificação.


5. Situação em 2012 e Demolição

Em 2012, o imóvel já não existia mais. Embora não haja registro exato da data da demolição, é possível inferir que ela ocorreu entre as décadas de 1960 e 1980 — período em que Curitiba passou por intensas transformações urbanas, com a substituição de casas antigas por prédios comerciais ou residenciais de maior densidade.

A ausência de imagens do imóvel em estado original (além do projeto) dificulta a avaliação visual da sua aparência, mas o projeto arquitetônico e estrutural permite reconstituir sua forma, proporção e tecnologia construtiva.


6. Análise Histórica e Patrimonial

Contexto Urbano de 1933

Na década de 1930, Curitiba vivia um período de expansão populacional e econômica, impulsionada pela chegada de imigrantes europeus e pela modernização da infraestrutura urbana. A construção de residências em concreto armado era ainda rara, reservada às famílias mais abastadas — e representava uma ruptura com as técnicas tradicionais de alvenaria e madeira.

Projetos como este representam a “arquitetura moderna” da época — construções que, embora não fossem monumentais, moldaram a identidade urbana da cidade e abrigaram gerações de curitibanos.

Valor Patrimonial

Apesar de demolido, o imóvel possui valor patrimonial intrínseco por:

  • Ser um exemplo raro de projeto arquitetônico completo (plantas, fachada, cortes, estrutura em concreto armado) de uma residência de médio porte da década de 1930;
  • Representar a tipologia de “residência de médio porte” típica da elite curitibana dos anos 1930;
  • Estar associado à trajetória profissional madura de Eduardo Fernando Chaves, um dos arquitetos que contribuíram para a modernização da cidade;
  • Refletir as técnicas construtivas e as necessidades habitacionais da Curitiba pré-moderna.

7. Documentação e Acervo

O projeto está preservado no Arquivo Público Municipal de Curitiba, sob a guarda da Prefeitura Municipal de Curitiba. Os itens catalogados são:

  1. Projeto Arquitetônico com fachada e corte — microfilme digitalizado.
  2. Planta dos pisos térreo, superior e implantação — microfilme digitalizado.
  3. Planta das vigas, lajes, sapata e pilar em concreto armado — microfilme digitalizado.
  4. Alvará de Construção com Memória de Cálculo — documento oficial de aprovação da obra.

Essa documentação permite a pesquisa histórica, a reconstituição do projeto original e a avaliação da evolução urbana da região onde o imóvel estava localizado.


8. Conclusão

A residência projetada por Eduardo Fernando Chaves para Plínio Carvalho de Oliveira em 1933 é um testemunho valioso da história urbana e arquitetônica de Curitiba. Representa a arquitetura moderna, racional e tecnologicamente avançada da época, projetada para atender às necessidades de uma família da elite local.

Embora tenha sido demolida, seu projeto permanece como testemunho da criatividade e da eficiência dos arquitetos locais da época, que souberam adaptar-se às novas tecnologias construtivas para criar moradias dignas e funcionais.

Para futuros estudos, recomenda-se:

  • Pesquisa biográfica sobre Plínio Carvalho de Oliveira e a Rua Marechal Deodoro em 1933;
  • Levantamento de outros projetos de Eduardo Fernando Chaves na década de 1930;
  • Comparação com outras residências em concreto armado da mesma época em Curitiba;
  • Estudo sobre os processos de demolição e renovação urbana que levaram à perda de imóveis como este.

Referências

1, 2 e 3 - CHAVES, Eduardo Fernando. Construção para o Snr. Plínio Carvalho de Oliveira. Planta da fachada com corte longitudinal; planta dos pisos térreo e superior e implantação; planta com planos de vigas e lajes, pilar e sapata em concreto armado representados em três pranchas. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

4 – Alvará nº 380. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba; Prefeitura Municipal de Curitiba.

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