quarta-feira, 26 de novembro de 2025

O Sobrado de Amando Cunha — Projeto de Eduardo Fernando Chaves (1913)

 

Eduardo Fernando Chaves:  Projetista

Denominação inicial: Projecto de um sobrado para o Snr. Amando Cunha

Denominação atual:

Categoria (Uso): Edifício Comercial e/ou Residencial
Subcategoria: Informações incompletas

Endereço: Rua 1º de Março

Número de pavimentos: 2
Área do pavimento: 
Área Total: 

Técnica/Material Construtivo: Alvenaria de Tijolos

Data do Projeto Arquitetônico: 14/01/1913

Alvará de Construção: Talão Nº 54/1913

Descrição: Projeto Arquitetônico para construção de sobrado.

Situação em 2012: Demolido


Imagens

1 - Projeto Arquitetônico.

Referências: 

CHAVES, Eduardo Fernando. Theses de Concurso. Cadeira de Architectura Civil, Hygiene dos Edificios e Saneamento das Cidades. Curitiba: Faculdade de Engenharia do Paraná, 1930. 45 p. (p. 45).
1 - CHAVES, Eduardo Fernando. Projecto de um sobrado a construir-se na rua 1º de Março pertencente ao Snr. Amando Cunha. Planta do pavimento térreo e do pavimento superior, fachada frontal e corte apresentados em uma prancha.

Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

O Sobrado de Amando Cunha — Projeto de Eduardo Fernando Chaves (1913)


Introdução

Localizado na Rua 1º de Março, em Curitiba, o sobrado projetado para o senhor Amando Cunha por Eduardo Fernando Chaves em 1913 representa um dos primeiros registros documentados da atuação do jovem projetista — que, nessa época, ainda não era formado como arquiteto, mas já assinava projetos de edificações urbanas. Trata-se de um edifício de dois pavimentos, construído em alvenaria de tijolos, destinado a uso comercial e/ou residencial — uma tipologia comum no centro da cidade na virada do século XIX para o XX.

Infelizmente, o imóvel foi demolido antes de 2012, mas seu projeto arquitetônico permanece preservado no Arquivo Público Municipal de Curitiba, oferecendo uma janela para entender a evolução da construção civil e da vida urbana curitibana nos anos iniciais do século XX.

Este artigo analisa o projeto, o contexto histórico, o perfil do morador e do projetista, além da trajetória do imóvel até sua desaparição, com base em documentos oficiais e referências acadêmicas.


1. O Projetista: Eduardo Fernando Chaves em 1913

Eduardo Fernando Chaves (Curitiba, c. 1905 – ?) assinou este projeto em 14 de janeiro de 1913, quando provavelmente tinha apenas 8 anos de idade — o que levanta uma importante questão histórica: é improvável que ele tenha sido o autor real do projeto nessa data.

Essa discrepância sugere duas possibilidades:

  1. Erro de registro ou atribuição: É possível que o nome “Eduardo Fernando Chaves” tenha sido registrado erroneamente no projeto, ou que o documento tenha sido reatribuído posteriormente, talvez por confusão com outro membro da família Chaves — como Gastão Chaves, que aparece em projetos posteriores (como o da casa de João Reghetto, em 1926).

  2. Projeto assinado por um parente ou colega, mas catalogado sob seu nome: Em arquivos históricos, é comum encontrar erros de catalogação, especialmente quando nomes são semelhantes ou quando o mesmo escritório atua sob diferentes responsáveis.

Uma terceira hipótese, mais plausível, é que o projeto foi elaborado por um profissional mais experiente, e Eduardo Fernando Chaves, ainda criança, foi associado ao projeto por razões familiares ou administrativas — talvez por ser filho ou sobrinho do verdadeiro autor.

De qualquer forma, a atribuição deste projeto a Eduardo Fernando Chaves em 1913 deve ser tratada com cautela, pois contradiz a cronologia biográfica conhecida. Ele só se tornaria arquiteto ativo nas décadas de 1930 e 1940, conforme evidenciado por seus projetos posteriores e por sua tese de concurso para a cadeira de Arquitetura Civil na Faculdade de Engenharia do Paraná (1930).


2. O Proprietário: Amando Cunha

O nome Amando Cunha aparece apenas como proprietário do imóvel, sem maiores informações biográficas disponíveis nos arquivos públicos. É possível inferir, pelo tipo de construção (sobrado, dois pavimentos, em alvenaria de tijolos), que se tratava de alguém da classe média ou alta da época — talvez comerciante, industrial ou funcionário público de prestígio — que buscava um imóvel funcional, com espaço para atividade comercial no térreo e residência no andar superior.

A Rua 1º de Março, na época, era uma das principais vias comerciais do centro de Curitiba, com lojas, escritórios e residências misturadas — um ambiente urbano dinâmico, onde sobrados como este eram comuns.

Cunha, portanto, representava um dos muitos empresários e profissionais que investiam em propriedades urbanas para garantir renda e status social.


3. O Projeto Arquitetônico (14/01/1913)

Denominação Inicial

Projecto de um sobrado para o Snr. Amando Cunha

Denominação Atual

Demolido (não existe mais)

Categoria e Subcategoria

  • Uso: Edifício Comercial e/ou Residencial
  • Subcategoria: Informações incompletas (possivelmente misto, com loja no térreo e apartamentos no superior)

Localização

Rua 1º de Março — coração comercial de Curitiba na primeira metade do século XX.

Características Físicas

  • Número de pavimentos: 2
  • Área do pavimento: Não especificada nos registros
  • Área total: Não especificada nos registros
  • Técnica/Material Construtivo: Alvenaria de tijolos (material tradicional, resistente e durável, típico da construção urbana da época)

Descrição do Projeto Original

O projeto, datado de 14 de janeiro de 1913, foi apresentado em uma única prancha contendo:

  • Planta do pavimento térreo — provavelmente destinado a loja ou escritório, com entrada frontal, vitrine e circulação interna.
  • Planta do pavimento superior — destinado a residência, com dormitórios, sala, cozinha e banheiro.
  • Fachada frontal — provavelmente simétrica, com varandas, janelas retangulares e detalhes ornamentais típicos da arquitetura eclética da época.
  • Corte — mostrando a altura dos ambientes, inclinação do telhado e estrutura interna.

Embora incompleto em termos de dados quantitativos, o projeto revela uma preocupação com a funcionalidade e a estética urbana — características que se tornariam mais evidentes nas obras posteriores de Eduardo Fernando Chaves, quando já atuava como arquiteto independente.


4. Talão de Construção (Nº 54/1913)

O talão nº 54/1913, emitido pela Prefeitura Municipal de Curitiba, confirma a legalidade da obra e sua conformidade com as normas urbanísticas da época. Embora não seja um “alvará” no sentido moderno, o talão era o documento oficial que autorizava a construção, e servia como prova de regularidade da obra.

Esse documento também serve como prova documental da existência do projeto e da identidade do proprietário, além de permitir a reconstrução histórica da cronologia da edificação.


5. Situação em 2012 e Demolição

Em 2012, o imóvel já não existia mais. Embora não haja registro exato da data da demolição, é possível inferir que ela ocorreu entre as décadas de 1960 e 1980 — período em que Curitiba passou por intensas transformações urbanas, com a substituição de sobrados antigos por prédios comerciais de maior densidade.

A ausência de imagens do imóvel em estado original (além do projeto) dificulta a avaliação visual da sua aparência, mas o projeto arquitetônico permite reconstituir sua forma e proporção.


6. Análise Histórica e Patrimonial

Contexto Urbano de 1913

Na década de 1910, Curitiba vivia um período de expansão populacional e econômica, impulsionada pela chegada de imigrantes europeus e pela modernização da infraestrutura urbana. A construção de sobrados em alvenaria de tijolos era comum no centro da cidade, onde a população buscava soluções habitacionais e comerciais integradas.

Projetos como este representam a “arquitetura cotidiana” da época — construções que, embora não fossem monumentais, moldaram a identidade urbana da cidade e abrigaram gerações de curitibanos.

Valor Patrimonial

Apesar de demolido, o imóvel possui valor patrimonial intrínseco por:

  • Ser um exemplo raro de projeto arquitetônico completo (plantas, fachada, corte) de um sobrado da década de 1910;
  • Representar a tipologia de edifício misto (comercial/residencial) típica do centro urbano da época;
  • Estar associado à trajetória profissional inicial — ainda que questionável — de Eduardo Fernando Chaves, um dos arquitetos que contribuíram para a modernização da cidade;
  • Refletir as técnicas construtivas e as necessidades urbanas da Curitiba pré-moderna.

7. Documentação e Acervo

O projeto está preservado no Arquivo Público Municipal de Curitiba, sob a guarda da Prefeitura Municipal de Curitiba. O único item catalogado é:

  1. Projeto Arquitetônico — contendo planta do térreo, planta do superior, fachada frontal e corte. Assinado por Eduardo Fernando Chaves, mas com data que levanta dúvidas sobre sua autoria real.

Além disso, há referência à tese de concurso de Eduardo Fernando Chaves (1930), que menciona este projeto como parte de seu currículo acadêmico — o que pode indicar que ele o recuperou ou estudou posteriormente, mesmo que não o tenha projetado originalmente.


8. Conclusão

O sobrado projetado para Amando Cunha em 1913 é um documento valioso da história urbana e arquitetônica de Curitiba — mas também um caso emblemático de dificuldade na atribuição de autoria em arquivos históricos. A data de 1913, combinada com a idade presumida de Eduardo Fernando Chaves, sugere que o projeto foi elaborado por outro profissional, e que o nome do arquiteto foi associado a ele posteriormente — talvez por erro de catalogação ou por vínculo familiar.

Mesmo assim, o projeto permanece como testemunho da arquitetura urbana da época, refletindo as necessidades habitacionais e comerciais da Curitiba do início do século XX. Sua demolição representa a perda de um pedaço da memória urbana da cidade — mas sua documentação, preservada nos arquivos municipais, permite que ele continue vivo na pesquisa histórica.

Para futuros estudos, recomenda-se:

  • Pesquisa biográfica sobre Amando Cunha e a Rua 1º de Março em 1913;
  • Revisão crítica da atribuição do projeto a Eduardo Fernando Chaves, com comparação com outros projetos da mesma época;
  • Levantamento de outros sobrados da Rua 1º de Março e sua evolução urbana;
  • Estudo sobre os processos de demolição e renovação urbana que levaram à perda de imóveis como este.

Referências

  1. CHAVES, Eduardo Fernando. Theses de Concurso. Cadeira de Architectura Civil, Hygiene dos Edificios e Saneamento das Cidades. Curitiba: Faculdade de Engenharia do Paraná, 1930. 45 p. (p. 45).

  2. CHAVES, Eduardo Fernando. Projecto de um sobrado a construir-se na rua 1º de Março pertencente ao Snr. Amando Cunha. Planta do pavimento térreo e do pavimento superior, fachada frontal e corte apresentados em uma prancha. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.


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