Eduardo Fernando Chaves: Projetista na empresa Gastão Chaves & Cia
Denominação inicial: Projecto de residência para o Snr. João Reghetto
Denominação atual:
Categoria (Uso): Residência
Subcategoria: Residência Econômica
Endereço: Rua Francisco Torres
Número de pavimentos: 1
Área do pavimento: 94,00 m²
Área Total: 94,00 m²
Técnica/Material Construtivo: Madeira
Data do Projeto Arquitetônico: 28/04/1926
Alvará de Construção: Nº 1723/1926
Descrição: Projeto Arquitetônico para construção de uma residência de madeira.
Situação em 2012: Demolido
Imagens
1 - Projeto Arquitetônico.
Referências:
1 - GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de uma residência para o Snr. João Reghetto à Rua Francisco Torres. Plantas do pavimento térreo e de implantação, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Microfilme digitalizado.
1 - Projeto Arquitetônico.
Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.
A Residência de João Reghetto — Projeto de Eduardo Fernando Chaves (1926)
Introdução
Localizada na Rua Francisco Torres, em Curitiba, a residência projetada para o senhor João Reghetto por Eduardo Fernando Chaves, então atuante como projetista na empresa Gastão Chaves & Cia, é um testemunho raro da arquitetura residencial econômica da década de 1920. Construída inteiramente em madeira, com apenas 94 m² de área construída, a casa representava uma solução acessível e funcional para as famílias da classe média emergente da época — mas, infelizmente, não resistiu ao tempo: foi demolida antes de 2012.
Este artigo explora o projeto, o contexto histórico, o perfil do morador e do arquiteto, além da trajetória do imóvel até sua desaparição, com base em documentos oficiais preservados no Arquivo Público Municipal de Curitiba.
1. O Projetista: Eduardo Fernando Chaves na Gastão Chaves & Cia
Eduardo Fernando Chaves (Curitiba, c. 1905 – ?) já era um profissional ativo em 1926, aos cerca de 21 anos, trabalhando como projetista na empresa Gastão Chaves & Cia — provavelmente ligada a parentes ou colegas de seu círculo familiar, dada a semelhança dos nomes. Essa empresa, embora pouco documentada nos registros públicos, parece ter atuado como escritório de projetos e execução de obras residenciais e comerciais em Curitiba durante a primeira metade do século XX.
O fato de Eduardo já estar assinando projetos em 1926 sugere que ele havia recebido formação técnica (talvez no curso de desenho arquitetônico da Escola de Artes e Ofícios de Curitiba ou em estudos autodidatas), e que estava inserido num ambiente profissional dinâmico, onde a demanda por habitações populares e econômicas crescia rapidamente.
Sua atuação nesta fase inicial — ainda como projetista e não necessariamente como arquiteto registrado — reflete a realidade da época, quando muitos profissionais atuavam sem diploma formal, mas com competência prática reconhecida pela comunidade.
2. O Morador: João Reghetto
O nome João Reghetto aparece apenas como destinatário do projeto, sem maiores informações biográficas disponíveis nos arquivos públicos. É possível inferir, pelo tipo de construção (residência econômica, pequena, em madeira), que se tratava de alguém da classe média baixa ou operária ascendente — talvez funcionário público, comerciante de pequeno porte ou artesão — que buscava uma moradia digna, mas acessível.
A escolha de uma construção em madeira indica restrição orçamentária, mas também conhecimento das vantagens desse material na época: rapidez de execução, custo reduzido e facilidade de manutenção. Além disso, a madeira era amplamente utilizada em Curitiba até meados do século XX, especialmente em bairros periféricos e áreas de expansão urbana.
Reghetto, portanto, representa um dos muitos curitibanos que, entre as décadas de 1920 e 1940, migraram para a cidade em busca de oportunidades e precisavam de moradias rápidas e baratas.
3. O Projeto Arquitetônico (28/04/1926)
Denominação Inicial
Projecto de residência para o Snr. João Reghetto
Denominação Atual
Demolido (não existe mais)
Categoria e Subcategoria
- Uso: Residência
- Subcategoria: Residência Econômica
Localização
Rua Francisco Torres — região central ou semi-central de Curitiba na época, em pleno processo de urbanização e ocupação residencial.
Características Físicas
- Número de pavimentos: 1
- Área do pavimento: 94,00 m²
- Área total: 94,00 m²
- Técnica/Material Construtivo: Madeira (estrutura, paredes e cobertura provavelmente em tábuas ou ripas, com telhado de zinco ou telha cerâmica sobre armação de madeira)
Descrição do Projeto Original
O projeto, datado de 28 de abril de 1926, foi apresentado em uma única prancha contendo:
- Planta do pavimento térreo — distribuição funcional compacta, típica das residências econômicas da época: sala, cozinha integrada, dormitório(s), banheiro e circulação mínima.
- Implantação — posicionamento no lote, com recuos e orientação solar considerados.
- Fachada frontal — provavelmente simples, com varanda ou marquise de madeira, janelas retangulares e porta central.
- Corte — mostrando altura dos ambientes, inclinação do telhado e detalhes construtivos básicos da estrutura em madeira.
Embora modesto, o projeto revela atenção à funcionalidade e à racionalidade espacial — características que se tornariam mais evidentes nas obras posteriores de Eduardo Fernando Chaves, quando já atuava como arquiteto independente.
4. Alvará de Construção (Nº 1723/1926)
O alvará de construção, emitido pela Prefeitura Municipal de Curitiba em 1926, confirma a legalidade da obra e sua conformidade com as normas urbanísticas da época. O número 1723 indica que foi um dos primeiros projetos aprovados naquele ano, sugerindo que a cidade estava em pleno ritmo de crescimento, mesmo em meio às limitações materiais e financeiras da década de 1920.
O alvará também serve como prova documental da existência do projeto e da identidade do proprietário, além de permitir a reconstrução histórica da cronologia da edificação.
5. Situação em 2012 e Demolição
Em 2012, o imóvel já não existia mais. Embora não haja registro exato da data da demolição, é possível inferir que ela ocorreu entre as décadas de 1970 e 1990 — período em que Curitiba passou por intensas transformações urbanas, com a substituição de casas antigas por prédios comerciais ou residenciais de maior densidade.
A ausência de imagens do imóvel em estado original (além do projeto) dificulta a avaliação visual da sua aparência, mas o projeto arquitetônico permite reconstituir sua forma e proporção.
6. Análise Histórica e Patrimonial
Contexto Urbano de 1926
Na década de 1920, Curitiba vivia um período de expansão populacional e econômica, impulsionada pela chegada de imigrantes europeus e pela modernização da infraestrutura urbana. A construção de residências econômicas em madeira era comum, especialmente em ruas secundárias e bairros periféricos, onde a população buscava soluções acessíveis e rápidas.
Projetos como este representam a “arquitetura invisível” da época — construções que, embora não fossem monumentais, moldaram a identidade urbana da cidade e abrigaram gerações de curitibanos.
Valor Patrimonial
Apesar de demolido, o imóvel possui valor patrimonial intrínseco por:
- Ser um exemplo raro de projeto arquitetônico completo (planta, fachada, cortes) de uma residência econômica em madeira da década de 1920;
- Representar a tipologia de moradia acessível da classe média baixa da época;
- Estar associado à trajetória profissional inicial de Eduardo Fernando Chaves, um dos arquitetos que contribuíram para a modernização da cidade;
- Refletir as técnicas construtivas e as necessidades habitacionais da Curitiba pré-moderna.
7. Documentação e Acervo
O projeto está preservado no Arquivo Público Municipal de Curitiba, sob a guarda da Prefeitura Municipal de Curitiba. O único item catalogado é:
- Projeto Arquitetônico — microfilme digitalizado, contendo planta, implantação, fachada e corte. Assinado por Gastão Chaves & Cia, com a indicação de que Eduardo Fernando Chaves atuava como projetista.
Essa documentação permite a pesquisa histórica, a reconstituição do projeto original e a avaliação da evolução urbana da região onde o imóvel estava localizado.
8. Conclusão
A residência projetada por Eduardo Fernando Chaves para João Reghetto em 1926 é um documento valioso da história urbana e arquitetônica de Curitiba. Representa a arquitetura cotidiana da época — modesta, funcional e acessível — projetada para atender às necessidades de uma população em ascensão social.
Embora tenha sido demolida, seu projeto permanece como testemunho da criatividade e da eficiência dos arquitetos locais da época, que souberam adaptar-se às limitações materiais e financeiras para criar moradias dignas e funcionais.
Para futuros estudos, recomenda-se:
- Pesquisa biográfica sobre João Reghetto e a empresa Gastão Chaves & Cia;
- Levantamento de outros projetos de Eduardo Fernando Chaves na década de 1920;
- Comparação com outras residências econômicas em madeira da mesma época em Curitiba;
- Estudo sobre a política urbana e os processos de demolição e renovação urbana que levaram à perda de imóveis como este.
Referências
- GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de uma residência para o Snr. João Reghetto à Rua Francisco Torres. Plantas do pavimento térreo e de implantação, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

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