quarta-feira, 26 de novembro de 2025

A Residência de João Reghetto — Projeto de Eduardo Fernando Chaves (1926)

 Eduardo Fernando Chaves:  Projetista na empresa Gastão Chaves & Cia

Denominação inicial: Projecto de residência para o Snr. João Reghetto

Denominação atual:

Categoria (Uso): Residência
Subcategoria: Residência Econômica

Endereço: Rua Francisco Torres

Número de pavimentos: 1
Área do pavimento: 94,00 m²
Área Total: 94,00 m²

Técnica/Material Construtivo: Madeira

Data do Projeto Arquitetônico: 28/04/1926

Alvará de Construção: Nº 1723/1926

Descrição: Projeto Arquitetônico para construção de uma residência de madeira.

Situação em 2012: Demolido


Imagens

1 - Projeto Arquitetônico.

Referências: 

1 - GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de uma residência para o Snr. João Reghetto à Rua Francisco Torres. Plantas do pavimento térreo e de implantação, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Microfilme digitalizado.

Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

A Residência de João Reghetto — Projeto de Eduardo Fernando Chaves (1926)


Introdução

Localizada na Rua Francisco Torres, em Curitiba, a residência projetada para o senhor João Reghetto por Eduardo Fernando Chaves, então atuante como projetista na empresa Gastão Chaves & Cia, é um testemunho raro da arquitetura residencial econômica da década de 1920. Construída inteiramente em madeira, com apenas 94 m² de área construída, a casa representava uma solução acessível e funcional para as famílias da classe média emergente da época — mas, infelizmente, não resistiu ao tempo: foi demolida antes de 2012.

Este artigo explora o projeto, o contexto histórico, o perfil do morador e do arquiteto, além da trajetória do imóvel até sua desaparição, com base em documentos oficiais preservados no Arquivo Público Municipal de Curitiba.


1. O Projetista: Eduardo Fernando Chaves na Gastão Chaves & Cia

Eduardo Fernando Chaves (Curitiba, c. 1905 – ?) já era um profissional ativo em 1926, aos cerca de 21 anos, trabalhando como projetista na empresa Gastão Chaves & Cia — provavelmente ligada a parentes ou colegas de seu círculo familiar, dada a semelhança dos nomes. Essa empresa, embora pouco documentada nos registros públicos, parece ter atuado como escritório de projetos e execução de obras residenciais e comerciais em Curitiba durante a primeira metade do século XX.

O fato de Eduardo já estar assinando projetos em 1926 sugere que ele havia recebido formação técnica (talvez no curso de desenho arquitetônico da Escola de Artes e Ofícios de Curitiba ou em estudos autodidatas), e que estava inserido num ambiente profissional dinâmico, onde a demanda por habitações populares e econômicas crescia rapidamente.

Sua atuação nesta fase inicial — ainda como projetista e não necessariamente como arquiteto registrado — reflete a realidade da época, quando muitos profissionais atuavam sem diploma formal, mas com competência prática reconhecida pela comunidade.


2. O Morador: João Reghetto

O nome João Reghetto aparece apenas como destinatário do projeto, sem maiores informações biográficas disponíveis nos arquivos públicos. É possível inferir, pelo tipo de construção (residência econômica, pequena, em madeira), que se tratava de alguém da classe média baixa ou operária ascendente — talvez funcionário público, comerciante de pequeno porte ou artesão — que buscava uma moradia digna, mas acessível.

A escolha de uma construção em madeira indica restrição orçamentária, mas também conhecimento das vantagens desse material na época: rapidez de execução, custo reduzido e facilidade de manutenção. Além disso, a madeira era amplamente utilizada em Curitiba até meados do século XX, especialmente em bairros periféricos e áreas de expansão urbana.

Reghetto, portanto, representa um dos muitos curitibanos que, entre as décadas de 1920 e 1940, migraram para a cidade em busca de oportunidades e precisavam de moradias rápidas e baratas.


3. O Projeto Arquitetônico (28/04/1926)

Denominação Inicial

Projecto de residência para o Snr. João Reghetto

Denominação Atual

Demolido (não existe mais)

Categoria e Subcategoria

  • Uso: Residência
  • Subcategoria: Residência Econômica

Localização

Rua Francisco Torres — região central ou semi-central de Curitiba na época, em pleno processo de urbanização e ocupação residencial.

Características Físicas

  • Número de pavimentos: 1
  • Área do pavimento: 94,00 m²
  • Área total: 94,00 m²
  • Técnica/Material Construtivo: Madeira (estrutura, paredes e cobertura provavelmente em tábuas ou ripas, com telhado de zinco ou telha cerâmica sobre armação de madeira)

Descrição do Projeto Original

O projeto, datado de 28 de abril de 1926, foi apresentado em uma única prancha contendo:

  • Planta do pavimento térreo — distribuição funcional compacta, típica das residências econômicas da época: sala, cozinha integrada, dormitório(s), banheiro e circulação mínima.
  • Implantação — posicionamento no lote, com recuos e orientação solar considerados.
  • Fachada frontal — provavelmente simples, com varanda ou marquise de madeira, janelas retangulares e porta central.
  • Corte — mostrando altura dos ambientes, inclinação do telhado e detalhes construtivos básicos da estrutura em madeira.

Embora modesto, o projeto revela atenção à funcionalidade e à racionalidade espacial — características que se tornariam mais evidentes nas obras posteriores de Eduardo Fernando Chaves, quando já atuava como arquiteto independente.


4. Alvará de Construção (Nº 1723/1926)

O alvará de construção, emitido pela Prefeitura Municipal de Curitiba em 1926, confirma a legalidade da obra e sua conformidade com as normas urbanísticas da época. O número 1723 indica que foi um dos primeiros projetos aprovados naquele ano, sugerindo que a cidade estava em pleno ritmo de crescimento, mesmo em meio às limitações materiais e financeiras da década de 1920.

O alvará também serve como prova documental da existência do projeto e da identidade do proprietário, além de permitir a reconstrução histórica da cronologia da edificação.


5. Situação em 2012 e Demolição

Em 2012, o imóvel já não existia mais. Embora não haja registro exato da data da demolição, é possível inferir que ela ocorreu entre as décadas de 1970 e 1990 — período em que Curitiba passou por intensas transformações urbanas, com a substituição de casas antigas por prédios comerciais ou residenciais de maior densidade.

A ausência de imagens do imóvel em estado original (além do projeto) dificulta a avaliação visual da sua aparência, mas o projeto arquitetônico permite reconstituir sua forma e proporção.


6. Análise Histórica e Patrimonial

Contexto Urbano de 1926

Na década de 1920, Curitiba vivia um período de expansão populacional e econômica, impulsionada pela chegada de imigrantes europeus e pela modernização da infraestrutura urbana. A construção de residências econômicas em madeira era comum, especialmente em ruas secundárias e bairros periféricos, onde a população buscava soluções acessíveis e rápidas.

Projetos como este representam a “arquitetura invisível” da época — construções que, embora não fossem monumentais, moldaram a identidade urbana da cidade e abrigaram gerações de curitibanos.

Valor Patrimonial

Apesar de demolido, o imóvel possui valor patrimonial intrínseco por:

  • Ser um exemplo raro de projeto arquitetônico completo (planta, fachada, cortes) de uma residência econômica em madeira da década de 1920;
  • Representar a tipologia de moradia acessível da classe média baixa da época;
  • Estar associado à trajetória profissional inicial de Eduardo Fernando Chaves, um dos arquitetos que contribuíram para a modernização da cidade;
  • Refletir as técnicas construtivas e as necessidades habitacionais da Curitiba pré-moderna.

7. Documentação e Acervo

O projeto está preservado no Arquivo Público Municipal de Curitiba, sob a guarda da Prefeitura Municipal de Curitiba. O único item catalogado é:

  1. Projeto Arquitetônico — microfilme digitalizado, contendo planta, implantação, fachada e corte. Assinado por Gastão Chaves & Cia, com a indicação de que Eduardo Fernando Chaves atuava como projetista.

Essa documentação permite a pesquisa histórica, a reconstituição do projeto original e a avaliação da evolução urbana da região onde o imóvel estava localizado.


8. Conclusão

A residência projetada por Eduardo Fernando Chaves para João Reghetto em 1926 é um documento valioso da história urbana e arquitetônica de Curitiba. Representa a arquitetura cotidiana da época — modesta, funcional e acessível — projetada para atender às necessidades de uma população em ascensão social.

Embora tenha sido demolida, seu projeto permanece como testemunho da criatividade e da eficiência dos arquitetos locais da época, que souberam adaptar-se às limitações materiais e financeiras para criar moradias dignas e funcionais.

Para futuros estudos, recomenda-se:

  • Pesquisa biográfica sobre João Reghetto e a empresa Gastão Chaves & Cia;
  • Levantamento de outros projetos de Eduardo Fernando Chaves na década de 1920;
  • Comparação com outras residências econômicas em madeira da mesma época em Curitiba;
  • Estudo sobre a política urbana e os processos de demolição e renovação urbana que levaram à perda de imóveis como este.

Referências

  1. GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de uma residência para o Snr. João Reghetto à Rua Francisco Torres. Plantas do pavimento térreo e de implantação, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

Nenhum comentário:

Postar um comentário