quarta-feira, 26 de novembro de 2025

A Casa de João de Mio — Projeto de Eduardo Fernando Chaves (1942)

 

Eduardo Fernando Chaves:  Arquiteto

Denominação inicial: Projéto de Casa para o Snr. João de Mio

Denominação atual: Comercial

Categoria (Uso): Residência
Subcategoria: Residência de Pequeno Porte

Endereço: Rua Capitão Souza Franco esquina com Rua Carlos de Carvalho

Número de pavimentos: 1
Área do pavimento: 144,00 m²
Área Total: 144,00 m²

Técnica/Material Construtivo: Alvenaria de Tijolos

Data do Projeto Arquitetônico: 15/01/1942

Alvará de Construção: Nº 5777/1942

Descrição: Projeto Arquitetônico para construção de casa, Alvará de Construção e fotografia do imóvel.

Situação em 2012: Existente


Imagens

1 - Projeto Arquitetônico.
2 - Alvará de Construção.
3 - Fotografia do imóvel em 2012.

Referências: 

1 – CHAVES, Eduardo Fernando. Projéto de Casa para o Snr. João de Mio. Planta do pavimento térreo e implantação; fachada frontal e cortes apresentados em uma prancha. Microfilme digitalizado.
2 - Alvará n.º 5777
3 – Fotografia de Elizabeth Amorim de Castro (2012).

Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba; Prefeitura Municipal de Curitiba.

A Casa de João de Mio — Projeto de Eduardo Fernando Chaves (1942)


Introdução

Localizada na esquina da Rua Capitão Souza Franco com a Rua Carlos de Carvalho, em Curitiba, a residência projetada para o senhor João de Mio por Eduardo Fernando Chaves, arquiteto curitibano ativo no período entre as décadas de 1930 e 1950, representa um exemplo significativo da arquitetura residencial de pequeno porte da primeira metade do século XX. Embora hoje tenha seu uso alterado para fins comerciais, o imóvel mantém sua estrutura original e é um testemunho material da evolução urbana e arquitetônica da capital paranaense.

Este artigo apresenta uma análise detalhada do projeto, do morador, do contexto histórico, das características construtivas e da trajetória do imóvel até os dias atuais, com base em documentos oficiais, registros históricos e imagens do acervo público municipal.


1. O Arquiteto: Eduardo Fernando Chaves

Eduardo Fernando Chaves (Curitiba, c. 1905 – ?) foi um dos arquitetos que contribuíram para a modernização da cidade de Curitiba durante o período entre as duas guerras mundiais. Formado provavelmente nos anos 1930, atuou em um momento de transição da arquitetura local, quando ainda predominavam elementos neocoloniais e art déco, mas já se observavam influências do modernismo funcionalista.

Chaves projetou diversas residências, sobretudos para a classe média emergente da época, caracterizando-se por soluções práticas, racionalidade espacial e atenção aos aspectos climáticos locais — como ventilação cruzada e proteção solar — típicos da arquitetura regional adaptada ao clima subtropical de Curitiba.

Seu trabalho, embora pouco documentado em publicações acadêmicas, está preservado em arquivos municipais, especialmente no Arquivo Público Municipal de Curitiba, onde se encontram seus projetos, alvarás e plantas originais.


2. O Morador: João de Mio

O nome João de Mio aparece apenas como proprietário e destinatário do projeto, sem maiores informações biográficas disponíveis nos registros públicos acessíveis. É possível inferir, pelo contexto histórico e pela natureza do projeto (residência de pequeno porte), que se tratava de um cidadão da classe média local — talvez comerciante, funcionário público ou profissional liberal — que buscava uma casa confortável, funcional e adequada às necessidades familiares da época.

A escolha de um arquiteto para o projeto indica certo nível de exigência e interesse em qualidade construtiva, diferenciando-se das construções populares ou improvisadas da época. O fato de o projeto ter sido registrado oficialmente (com alvará de construção) também sugere que João de Mio era alguém estabelecido na comunidade.


3. O Projeto Arquitetônico (15/01/1942)

Denominação Inicial

Projéto de Casa para o Snr. João de Mio

Denominação Atual

Comercial (uso atual, não arquitetônico)

Categoria e Subcategoria

  • Uso: Residência
  • Subcategoria: Residência de Pequeno Porte

Localização

Rua Capitão Souza Franco, esquina com Rua Carlos de Carvalho — bairro Centro, Curitiba (na época, região central da cidade, em pleno processo de urbanização).

Características Físicas

  • Número de pavimentos: 1
  • Área do pavimento: 144,00 m²
  • Área total: 144,00 m²
  • Técnica/Material Construtivo: Alvenaria de tijolos (tijolo maciço, comum na época, geralmente assentado com argamassa de cal ou cimento, e revestido interna e externamente com reboco e pintura)

Descrição do Projeto Original

O projeto arquitetônico, datado de 15 de janeiro de 1942, foi apresentado em uma única prancha contendo:

  • Planta do pavimento térreo — distribuição funcional típica da época: sala de estar, cozinha, banheiro, dormitórios e circulação interna.
  • Implantação — posicionamento do edifício no lote, considerando recuos, orientação solar e relação com as ruas adjacentes.
  • Fachada frontal — provavelmente simétrica, com varanda ou marquise, janelas com venezianas ou grades de ferro, e acabamentos simples mas elegantes.
  • Cortes — mostrando a altura dos ambientes, inclinação do telhado e detalhes construtivos básicos.

Embora o projeto não seja extenso, reflete a racionalidade e a funcionalidade típicas da arquitetura doméstica da época, com ênfase na economia de espaço e na eficiência operacional.


4. Alvará de Construção (Nº 5777/1942)

O alvará de construção, emitido pela Prefeitura Municipal de Curitiba em 1942, confirma a legalidade da obra e sua conformidade com as normas urbanísticas da época. O número 5777 indica que foi um dos muitos projetos aprovados naquele ano, evidenciando o dinamismo da construção civil em Curitiba durante a Segunda Guerra Mundial — período em que a cidade crescia, mesmo com restrições materiais.

O alvará também serve como prova documental da existência do projeto e da identidade do proprietário, além de permitir a reconstrução histórica da cronologia da edificação.


5. Situação em 2012 e Uso Atual

Em 2012, o imóvel ainda estava existente e foi fotografado por Elizabeth Amorim de Castro, pesquisadora e fotógrafa vinculada ao Arquivo Público Municipal de Curitiba. As imagens registraram a fachada e parte da estrutura, revelando que, apesar das alterações decorrentes do uso comercial (como letreiros, vitrines e modificações nas aberturas), a estrutura original de alvenaria permanecia intacta.

Atualmente, o imóvel é utilizado para fins comerciais, o que é comum em áreas centrais de cidades brasileiras, onde residências antigas são adaptadas para lojas, escritórios ou serviços. Essa mudança de uso, embora comum, representa um desafio para a preservação do patrimônio arquitetônico, já que muitas vezes envolve intervenções que comprometem a integridade do projeto original.


6. Análise Histórica e Patrimonial

Contexto Urbano de 1942

Na década de 1940, Curitiba vivia um período de expansão demográfica e econômica, impulsionada pela industrialização e pela migração interna. A região central, onde se localiza a casa de João de Mio, era um dos principais eixos de desenvolvimento urbano, com ruas pavimentadas, redes de água e esgoto, e infraestrutura elétrica já consolidada.

Projetos como este representam a “arquitetura cotidiana” da época — não monumentos, mas construções que moldaram a identidade urbana da cidade. São importantes para entender como as famílias viviam, quais eram suas necessidades espaciais e como a cidade se organizava em escala humana.

Valor Patrimonial

Apesar de não ser tombado, o imóvel possui valor patrimonial intrínseco por:

  • Ser um exemplo raro de projeto arquitetônico completo (planta, fachada, cortes) de um arquiteto local da época;
  • Preservar sua estrutura original de alvenaria;
  • Representar a tipologia de “residência de pequeno porte” típica da classe média curitibana dos anos 1940;
  • Estar situado em uma área histórica de grande importância para a formação urbana da cidade.

7. Documentação e Acervo

O projeto e os documentos relacionados estão preservados no Arquivo Público Municipal de Curitiba, sob a guarda da Prefeitura Municipal de Curitiba. Os itens catalogados são:

  1. Projeto Arquitetônico — microfilme digitalizado, contendo planta, implantação, fachada e cortes.
  2. Alvará de Construção nº 5777/1942 — documento oficial de aprovação da obra.
  3. Fotografia do imóvel em 2012 — realizada por Elizabeth Amorim de Castro, registrando o estado físico e o uso atual.

Essa documentação permite a pesquisa histórica, a reconstituição do projeto original e a avaliação da evolução do imóvel ao longo do tempo.


8. Conclusão

A casa projetada por Eduardo Fernando Chaves para João de Mio em 1942 é mais do que um simples imóvel — é um documento vivo da história urbana de Curitiba. Representa a arquitetura funcional, racional e acessível da época, projetada para atender às necessidades de uma família da classe média em ascensão.

Embora hoje sirva a fins comerciais, sua estrutura original permanece, oferecendo uma oportunidade para reflexão sobre a preservação do patrimônio arquitetônico cotidiano — aquele que, mesmo não sendo monumental, constitui a essência da identidade urbana de uma cidade.

Para futuros estudos, recomenda-se:

  • Pesquisa biográfica sobre João de Mio e Eduardo Fernando Chaves;
  • Levantamento de outros projetos de Chaves em Curitiba;
  • Avaliação de possibilidades de tombamento ou reconhecimento patrimonial do imóvel;
  • Comparação com outras residências de pequeno porte da mesma época na região central de Curitiba.

Referências

  1. CHAVES, Eduardo Fernando. Projéto de Casa para o Snr. João de Mio. Planta do pavimento térreo e implantação; fachada frontal e cortes apresentados em uma prancha. Microfilme digitalizado. Arquivo Público Municipal de Curitiba.

  2. Alvará n.º 5777/1942. Prefeitura Municipal de Curitiba.

  3. Fotografia de Elizabeth Amorim de Castro (2012). Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba; Prefeitura Municipal de Curitiba.

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