sábado, 8 de março de 2025

Salve o Almirante Negro! Aliás, você sabe quem foi o Almirante Negro?

Olá Curiosos, hoje resolvi contar a história de um cara fantástico que não vai ser esquecido, primeiro por sua história e segundo pela música de Aldir Blanc e João Bosco que "Saúda" o Almirante Negro, eternizada como um clássico da Música Popular Brasileira. Mas antes deixa eu dar uma pincelada na data; o dia 11 de junho foi o dia em que a Armada brasileira, a Marinha se chamava assim, ganhou a importante Batalha do Riachuelo na Guerra do Paraguai e por isso foi o dia da Marinha e quem, como eu, respeita a Marinha não pode esquecer do Almitante Negro que nunca foi Almirante. Aliás, acho que ainda não tivemos um, me corrijam se eu estiver errada.

Agora sim... o Almirante Negro: João Cândido Felisberto.

Ele nasceu em 24 de junho de 1880. Devia ser João por ser dia de São João, né? Imaginem, era filho de escravos, mas nasceu livre, por causa da Lei do Ventre Livre, mas cativo da desigualdade social que acabava como escravo por tabela.

Era Gaúcho "Tchê", e entrou na Marinha aos catorze anos de idade. Teve onze filhos e três esposas ao longo da longa vida. Mas o que mais chamava a atenção em João desde a infância, era seu espírito de liderança.

Quando entrou na Marinha aprendeu a dominar todos os setores do Navio, era capaz de atuar bem em todas as áreas, do manejo dos canhões ao leme.

João era um vencedor de lutas pessoais.

Batalhou na disputa do Acre com a Bolívia, onde contraiu tuberculose; sua primeira esposa suicidou-se aos vinte e seis anos, ateando fogo no corpo. A vida de nosso amigo João não era nenhum morango.

Devido a sua capacidade de Liderança e autodidatismo, foi mandado pra Inglaterra em 1909 para aprender a comandar o Encouraçado Minas Gerais. A maior potência náutica que o Brasil já tinha tido. O navio era Pau de dar em doido; blindado, cheio de canhões, armas, ganchos, estilingue, bola de gude, tinha de tudo. Era só chamar pra Briga.

Acontece que lá na Europa, João mudou sua visão, aliás, quem não muda né?

Ele ouviu falar da Revolução Russa de 1905, que havia sido engatilhada por marujos

que amotinaram-se em razão das péssimas condições em que viviam no navio, sobretudo da péssima alimentação (carne podre estava sendo servida aos marinheiros, nas refeições), e por terem sido informados que iriam estar em uma batalha com os Japoneses, tomaram posse do navio e foram para a Romênia. Junto com outros movimentos em terra, o motim do encouraçado Potenkim, fez com que o tratamento aos marujos, mudassem.

Lá na Inglaterra ,ele conheceu marujos politizados, que recebiam um soldo maneiro e além disso, eram proibidos de levar chibatadas dos seus oficiais.

Como assim gente? Marinheiro podia apanhar? Podia.

Você não leu errado.

Vamos voltar no tempo juntinhos.

Tínhamos uma sociedade branca que não era muito chegada a colocar a mão na massa; lemos sobre isso ontem, na Bio do Barão de Mauá e tínhamos uma sociedade negra recém abolida desesperada pra se manter livre trabalhando.

A mão trabalhadora ainda era a Negra, já "acostumada" aos maus tratos da escravidão. E quem aceitava ser marujo?

Eram esses negros. Os brancos só queriam ser oficiais. Só que em qualquer tempo na história houve o "sadismo", gente louca que gosta de ver o outro sofrer. Nessa época, o oficial podia punir o marujo com até vinte e cinco chibatadas, ou ficar a pão e água por três dias. João voltou da Inglaterra disposto a mudar essa norma.

João era um cara maneiríssimo e inteligente, ele subia de cargo rápido dentro da Marinha, mas era limitado a subir, nunca chegaria a Oficial. Tinha o respeito dos oficiais, pois ele mesmo ensinava-os como operar, mas via as injustiças que aconteciam com os marujos, principalmente os meninos iniciantes.

Nem todo marujo brasileiro era negro, mas 90% era, mas eram só os negros recebiam castigos como se estivessem ainda escravizados.

Eles tinham uma alimentação péssima, tinham salários atrasados e eram hostilizados.

Em 21 de novembro de 1910, os Marinheiros foram todos convocados para verem um deles ser castigado, não se sabe a

que esse Marcelino Rodrigues fez, dizem que entrou com duas garrafas de cachaça no navio, só sei que pegou um oficial que naquele dia estava virado no Samurai, um tal João Batista que o condenou aos castigos físicos. Mas ele foi condenado à duzentas e cinquenta chibatadas. DUZENTAS E CINQUENTA, meu irmão, eu não gosto nem de brincadeira de puxar o sutiã, merthiolate pra mim era um crime contra a humanidade, a gente que se acha raiz era nutella na frente dessa geração do início do século. Vamos chamar de geração semente.

Pois bem, no dia seguinte essa geração semente que estava no navio, cansada de maus tratos, armam uma rebelião. E quem é o líder? João Cândido.

Na verdade, desde a Inglaterra já havia uma organização para esse levante, só estavam esperando a hora certa de agir.

Às 22H o Minas Gerais deu um tiro de canhão que era o alerta aos demais Encouraçados (Encouraçados pois tinham uma capa de metal, uma blindagem) na Baía da Guanabara. Meia noite, o então presidente Hermes da Fonseca, recebe o telegrama vindo do Minas Gerais.

O telegrama pedia aumento de salário, comida razoável e o fim da escravidão dentro dos navios, que insistia em existir através dos castigos físicos.

Sem resposta.

Então bora botar fogo no parquinho?

Ao todo quatro navios participaram da revolta.

Os oficiais que não ofereceram resistência foram liberados, os que resistiram foram mortos e um suicidou-se.

Os oficiais que foram expulsos, foram pra terra e instalaram o pânico.

"Os marinheiros endoidaram o cabeçote e vão destruir o Rio de Janeiro"

E agora? Rico subiu a serra, os oriundos de Minas Gerais vieram pra Cabo Frio, (Mineiro só foge pra Cabo Frio

) os pobre foram para os subúrbios e era possível escutar o farfalhar de uma folha caindo no centro do RJ. Vazou geral!

Só que os caras atiraram mesmo, e fizeram vítimas. Uma casa foi destruída no Morro do Castelo e duas crianças faleceram.

Os marinheiros fizeram o enterro dessas crianças, acharam que iam alcançar o outro lado do morro.

Outro tiro atingiu o Mosteiro do Convento do Morro do Engenho.

Gente, imaginem a cena...Tu lá no Centro do Rio, movimentadíssimo, acordar com os navios da própria marinha mirando pra você?

É pra sair voado mesmo.

Eles entendiam de todas as manobras que os navios podiam fazer e sabiam operar.

O Governo resistia, achava que não podia ceder à pressão. Aí entra em cena Rui Barbosa, que era um dos caras mais inteligentes da sua época; lê no Congresso o que eles estavam reivindicando e afirma que eles não estão exigindo nada demais. Que eles não podiam mesmo apanhar ou receber comidas até infestadas de Bernes, afinal eram eles que comandavam os caríssimos encouraçados brasileiros e se ficassem de mimimi, a marujada ia afundar a porra toda.

Sabiamente João tira a frota da Bahia da Guanabara pra não haver ataques por terra ou através dos outros navios. Contorna a Ilha Fiscal, se afasta, volta em uma manobra admirada por almirantes de outros navios que assistiam boquiabertos que João "brincava" com os navios.

O Congresso vota a favor de ceder o que pediam e enviam um telegrama ao Marechal Hermes da Fonseca que era sobrinho do Deodoro da Fonseca e o telegrama dizia:

-Cara, tu tem que assinar esse acordo ou o congresso vai assinar por você.

Você vai passar essa vergonha a vista ou parcelada?

O Brasil não podia perder seus encouraçadinhos que custaram milhões aos cofres brasileiros e o Presidente Hermes assina o acordo no dia 26 de novembro. Esse Vuco-vuco durou quatro dias. A imprensa começou a chamar João de "Almirante Negro", visto que não havia oficiais negros na Armada Brasileira naquela época.

Desembarcaram como heróis, recebidos no Porto com Festa. Fizeram uma Revolta que havia dado certo. Botaram moral em uma classe.

Passados uns dias, quando Hermes achou que poderia voltar a ver o mar de sua janela sem levar uma bolada de ferro na cara. Eis que surge outro levante. Um vai motivando o outro, né? Os marujos da Ilha das Cobras em da Praça Mauá no RJ, começam a atirar também no Centro Rio (Coitado do Rio, depois de sequestrado pelos Corsários Franceses, ainda sofreu duas tentativas de "marinheiricídio"), só que com João Cândido tinham mais de 2000 homens e um patrimônio em risco que eram os navios, já o povo lá das Cobras, não tinha poder de barganha. Hermes mandou tiro, porrada e bomba. Bombardearam a Ilha das Cobras e o presidente malandramente informa ao Congresso que a Capital Federal estava em Estado de Sítio. Estado de Sítio é mais ou menos quando a Segurança Nacional está em jogo e medidas protecionistas precisam ser tomadas sem esperar votações. Então o Presidente decretou o Estado de Sítio, e na noite de Natal , 24 de dezembro de 1910, mandou prender os Marinheiros e claro que ele não ia esquecer aquele pessoalzinho da kizomba de dez dias antes que ainda não tinha descido na sua garganta. Então mandou prender geral

Entre presos e expulsos foram mais de 1500 marinheiros e alguns foram exilados no Acre para trabalhar nos seringais. Os cabeças de área foram enviados para passarem um fim de semana com tudo pago numa ilha

#sqn

Foram presos trinta e três homens em duas solitárias nas ilhas das cobras, solitária já diz a que veio, pra pessoa seguir carreira solo por um tempo, nelas cabiam no máximo seis homens em cada. Entre esses cabeças, lógico, estava o João Cândido. Imaginem, só o João, era um negão de 1.90m, Gaúcho né?

Desinfectaram as celas com Cal e o Cal fresco intoxicou os caras.

O comandante da Ilha foi passar o natal na Festa do Clube Naval, deixou a galera na chave, e só voltou quase Reveillon.

Voltou três dias depois. Somente João e mais dois sobreviveram. Um de sua Cela e um da outra. O Cara esqueceu que negros comiam. Olha só?

João teve um surto psicótico o que não é difícil de acontecer pós-trauma, quando as emoções não acompanham o tempo de raciocínio dos acontecimentos, Freud explica.

Foi processado por um inquérito militar, mas foi considerado louco. Foi enviado para um Manicômio diagnosticado louco. Ficou internado de abril a agosto de 1911, quando os diretores do manicômio afirmaram que João não tinha nada de louco. Foi solto. Nunca mais voltou a marinha. Ou seja, anistia nenhuma né?

Em 1953, quando o Minas Gerais, até então o maior navio de Guerra do Brasil, foi levado para ser sucateado, dizem que ele foi até o Navio para se despedir de caiaque e abraçou e beijou seu casco. Não sei se é verdade, pois não há fotos que comprovem.

João tornou-se peixeiro, vendendo peixes na Beira do cais. Quantas pessoas devem ter passado por ali e comprado o Peixe sem saber que estavam diante dessa lenda?

Ele vivia em São João de Meriti, onde ainda vivem até hoje alguns de seus descendentes.

Faleceu aos oitenta e nove anos em 1969.

Esses dias!

Esse é um cara que não pode ser apagado da História. Ele morreu pobre, com uma pensão mínima que Leonel Brizola dava em respeito à sua história, anônimo para o povo daquele momento histórico, em uma fase em que qualquer ato heroico contra a República era repudiado e cortado a ferro e fogo.

Um Herói que eliminou os resquícios da Escravidão. Faleceu de Câncer de Intestino.

Continuava sendo vigiado; as autoridades o achavam perigoso e subversivo.

Em 2015, a Transpetro de Pernambuco, batizou de João Cândido um de seus navios.

A música em homenagem ao Almirante passou pela censura como Mestre-Sala dos mares, pois como "Navegante negro ou Almirante Negro, não passaria. Bosco e Blank apostaram na máxima que não liam a letra toda e que se criassem subjeções a letra passaria, pois o Almirante Negro só aparecia no final da canção e Elis Soltava o Almirante com seus agudos.

Mas, como dizia a canção...Mas faz muito tempo!

Hoje em dia o serviço da Marinha é um dos mais respeitados do Brasil, mas ser marinheiro já foi osso, hein?

Izabelle Valladares

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Roquette-Pinto, o pai da radiodifusão brasileira. Responsável por fundar a primeira rádio do país, ele também foi diretor do Museu Nacional e um dos maiores divulgadores da ciência no Brasil

Roquette-Pinto, o pai da radiodifusão brasileira. Responsável por fundar a primeira rádio do país, ele também foi diretor do Museu Nacional e um dos maiores divulgadores da ciência no Brasil.

O carioca Edgard Roquette-Pinto deixou um importante legado para a ciência, cultura e educação no Brasil. Nascido no Rio de Janeiro no dia 25 de setembro de 1884, ele contribuiu para os estudos de etnografia no país e fundou a primeira rádio nacional.

Roquette-Pinto estudou na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro, colando grau em 1905. Logo depois de formado iniciou uma série de estudos sobre os sambaquis das costas do Rio Grande do Sul. Foi professor assistente de antropologia no Museu Nacional da UFRJ em 1906, professor de história natural na Escola Normal do Distrito Federal em 1916 e professor de fisiologia na Universidade Nacional de Assunção em 1920.

Em 1912 Roquette-Pinto fez parte da Missão Rondon e passou várias semanas em contato com os índios nambiquaras que até então não tinham contato com a civilização. Na volta, trouxe vasto material etnográfico e, como resultado dessa viagem, publicou em 1917 o livro Rondônia - Antropologia etnográfica, considerado um clássico da antropologia brasileira. Seus estudos sobre os tipos antropológicos do Brasil ganharam destaque por demonstrar que a miscigenação racial brasileira não havia produzido "tipos raciais" degenerados ou inferiores. Ao contrário. De acordo com as suas pesquisas, a população mestiça brasileira era saudável e eugênica, o que refutava os tradicionais estigmas raciais produzidos por cientistas e viajantes que passaram pelo Brasil desde o século XIX, ou mesmo por setores das elites intelectuais brasileiras. De acordo com a antropologia de Roquette-Pinto, o grande problema dos brasileiros não era a raça, mas sim as questões sociais e políticas, sobretudo a falta de educação e saúde pública.

Foi diretor do Museu Nacional da UFRJ em 1926, organizando ali a maior coleção de filmes científicos no Brasil. Em 1932, Getúlio Vargas aprovou a lei sobre a obrigatoriedade da exibição de filmes nacionais e Roquette-Pinto criou o Instituto Nacional de Cinema Educativo (INCE). A pedido do ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema, convidou o diretor Humberto Mauro para trabalhar com ele. Humberto filmou mais de trezentos documentários de curta-metragem, entre 1936 e 1964.

Roquette–Pinto foi membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, da Academia Brasileira de Ciências, da Sociedade de Geografia, da Academia Nacional de Medicina, da Associação Brasileira de Antropologia (da qual foi presidente de honra) e de inúmeras outras associações culturais, nacionais e estrangeiras. Foi um dos fundadores do Partido Socialista Brasileiro.

Na Academia Brasileira de Letras, foi o terceiro ocupante da cadeira 17, tendo sido eleito em 20 de outubro de 1927, na sucessão de Osório Duque-Estrada, e foi recebido pelo acadêmico Aloísio de Castro em 3 de março de 1928. Recebeu os acadêmicos Afonso Taunay em 6 de maio de 1930, e Miguel Osório de Almeida em 23 de novembro de 1935. Edgar Roquette-Pinto também é homenageado pela Academia Brasileira de Médicos Escritores como patrono da cadeira 33, cujo fundador é o médico urologista paulista Helio Begliomini.

No ano que comemorou o I Centenário da Independência do Brasil, ocorreu no Rio de Janeiro, então capital federal, uma grande feira internacional, que recebeu visitas de empresários americanos trazendo a tecnologia de radiodifusão para demonstrar na feira, que nesta época era o assunto principal nos Estados Unidos

Para testar o novo meio de comunicação, os americanos instalaram uma antena no pico do morro do Corcovado (onde atualmente é o Cristo Redentor). A primeira transmissão radiofônica no Brasil foi um discurso do presidente Epitácio Pessoa, que foi captado em Niterói, Petrópolis, na serra fluminense e em São Paulo, onde foram instalados aparelhos receptores. A reação de Roquette-Pinto a essa tecnologia foi: "Eis uma máquina importante para educar nosso povo". Depois da primeira transmissão no Brasil, em 1922, Roquette Pinto tentou convencer o governo federal a comprar os equipamentos apresentados na Feira Internacional.

Para o bem da comunicação do Brasil, ele não desistiu, e conseguiu convencer a Academia Brasileira de Ciências a comprar os equipamentos. Em 20 de abril de 1923, Roquette-Pinto fundou a primeira emissora oficial de rádio do país, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro (atual Rádio MEC). Três anos depois, em 1926, a Rádio Sociedade lançou a revista Eléctron, dedicada à recém surgida tecnologia do rádio com diagramas de receptores da época, tendo Roquette Pinto como diretor. Foi a primeira revista desse segmento no Brasil.

Em 1936, doou a emissora ao governo brasileiro, especificamente ao Ministério da Educação, transformando-a na Rádio MEC. Roquette-Pinto também foi radioamador e participou de várias associações da categoria, como a Liga dos Amadores Brasileiros de Rádio Emissão (LABRE). Em 1937 sua estação detinha o indicativo SB1AG.

Foi organizado em comemoração ao centenário da Academia Brasileira de Medicina e presidido por Roquette-Pinto e Renato Ferraz Kehl. O evento ficou marcado como um dos principais congressos de eugenia da América Latina, tendo reunido importantes figuras da comunidade intelectual brasileira e latino-americana. No início dos anos 1930, no auge das discussões sobre controle eugênico da imigração, dos matrimônios e da natalidade, eugenistas brasileiros fundariam a Comissão Central Brasileira de Eugenia, criada com o objetivo de assessorar o governo e as autoridades públicas em assuntos relacionados ao aperfeiçoamento eugênico da população.

Em 1936, os aparelhos de rádio já podiam ser comprados em lojas do ramo. Nesse mesmo ano, a Sociedade Rádio do Rio de Janeiro foi doada ao Ministério da Educação e Saúde (MES), que tinha como titular Gustavo Capanema, que comunicou a Roquette-Pinto que a rádio seria incorporada ao Departamento de Propaganda e Difusão Cultural (mais tarde, em 1939, deste departamento surgiria o DIP), órgão responsável pela censura durante parte da era de Getúlio Vargas.

Em resposta, Roquette-Pinto insistiu que a rádio fosse incorporada ao Ministério da Educação e Saúde, com o fim de preservar a função educativa. Roquette Pinto ganhou a disputa. A rádio Sociedade passou a se chamar Rádio Ministério da Educação, ou como é conhecida rádio MEC, mantendo, até hoje, o ideário educativo. Consta que, ao se despedir do comando da emissora que fundara, sussurrou chorando ao ouvido da filha Beatriz: "Entrego esta rádio com a mesma emoção com que se casa uma filha".

Com o objetivo de pluralizar o número de emissoras na capital federal - as TVs Tupi de São Paulo e do Rio já estavam em funcionamento -, Getúlio Vargas concedeu-lhe um canal de televisão em 14 de maio de 1952. Porém, a TV Educativa de Roquette-Pinto nunca conseguiu sair do papel. Apesar de planejada nos mínimos detalhes, de possuir financiamento devidamente aprovado pela Câmara Municipal do Distrito Federal e dos seus equipamentos terem sido comprados e embarcados no porto de Nova York, de onde deveriam seguir para o Brasil, eles nunca saíram de lá.

Morreu aos 70 anos, no dia 18 de outubro de 1954, no Rio de Janeiro.