domingo, 14 de dezembro de 2025

4 Lugares no Rio Grande do Sul que Vão Te Fazer Querer Morar Lá (ou Pelo Menos Passar as Férias!)

 

4 lugares que vão te dar vontade de visitar o Rio Grande do Sul

1. O Butiá

Antiga fazenda na beira do rio Guaíba, O Butiá deu uma guinada hipster depois de sediar o MECA Festival de 2016. Nos demais finais de semana, é um restaurante de comidas orgânicas onde acontecem eventos culturais. Depois de almoçar dá para assistir a shows, fazer trilhas ou somente “lagartear” – palavra gaúcha que significa ficar deitado ao sol feito um lagarto – num cenário bonito. Butiá é uma frutinha típica do Sul que se usa para fazer cachaça.
Fica no Parque Estadual de Itapuã, em Viamão, a apenas 57 km do Centro de Porto Alegre.  Este é o site do lugar.

2. Parque da Guarita de Torres

Em Torres, praia bem próxima à divisa com Santa Catarina, a água do mar é bem mais azul e cristalina do que nas demais praias do Estado. Se for para visitar um único ponto turístico de Torres, que seja o Parque da Guarita, com suas formações rochosas e areia limpinha. Confira mais informações no site da prefeitura de Torres.

3. Vale dos Vinhedos

Vale dos Vinhedos Oficial instagram.com
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O passeio consiste em visitar as várias vinícolas e seus respectivos restaurantes, em meio à paisagem verde e suave, que realmente lembra as colinas da Itália. No caminho, você encontrará diversos rodízios de massas e produtores de queijos, conservas e geleias. O que levar: um casaquinho e bastante fome. O que não levar: sua dieta. Informe-se sobre os passeios aqui.

4. Vinícola Casa Valduga

O rodízio de massas do restaurante Maria Valduga, na própria vinícola, serve pratos que são requintados sem perder o sabor caseiro. Tem até várias opções sem carne, como massa ao pesto, com tomate fresco e azeitonas, quatro queijos e outras delícias. Depois, quem quiser pode passar na loja de vinhos para degustar e levar algumas garrafas para casa. Não vai sair barato, mas é uma pausa bem gostosa no passeio pelo Vale dos Vinhedos. Este é o site da vinícola.

5. Cidade de Antônio Prado

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Você vai se sentir tão dentro da colônia italiana que vai começar a falar com sotaque de novela. A 185 quilômetros de Porto Alegre, esse cantinho da serra gaúcha tem casinhas tombadas, artesanato, natureza e claramente não poderia faltar a culinária. Saiba mais sobre Antônio Prado aqui!

6. Cânion do Itaimbezinho

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Um abismo verde em meio ao nevoeiro, localizado no Parque dos Aparados da Serra de Cambará do Sul, a 200 km de Porto Alegre. Aqui tem mais informações, e neste post do blog Viaje na Viagem você encontra mais algumas dicas sobre quais pontos vale visitar.

7. Pedra do Segredo

A Pedra é famosa por ter a forma de duas cabeças de gorila e é uma ótima localidade para trilhas, que incluem escalar o morro – perfeito para ver o pôr do sol, mas lindo também de dia – e explorar as três cavernas que ficam na sua encosta: a Caverna da Escuridão, o Salão das Estalactites e Percival Antunes (esse é o nome do seu descobridor). A Pedra do Segredo fica no município de Caçapava do Sul, a 259 km Porto Alegre. Saiba mais aqui.

8. Minas do Camaquã

_eu_caarlos instagram.com
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Além de você poder visitar as minas abandonadas, vale conhecer a Lagoa Azul: por causa do PH da água, nela não há bactérias e por isso reflete perfeitamente a cor do céu. Minas do Camaquã também fica perto de Caçapava do Sul, portanto também é um ótimo lugar para trilhas e caminhadas.

9. Piratini

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paulobasgalupe / instagram.com
Piratini foi a capital da República Rio-Grandense durante a Revolução Farroupilha e pano de fundo da novela "A Casa das Sete Mulheres". Embora derrotada, a Revolução não deixa de ser celebrada, especialmente em Piratini. As maiores atrações são seus 23 prédios históricos tombados e o city tour temático, no qual atores com roupas de época encenam acontecimentos da Guerra dos Farrapos. Neste site você encontra várias informações para que quer visitar a cidade.

10. São Miguel das Missões

Flickr / Eduardo Aigner / creativecommons.org
Por Tempo no Tempo - originally posted to Flickr as HDR Ruínas., CC BY 2.0, commons.wikimedia.org
As ruínas de Sâo Miguel são as mais preservadas das colônias jesuítas dos Sete Povos das Missões. Toda noite tem um show de luzes que conta a história da missão e além disso há o Museu das Missões para visitar. Neste post do blog Férias Brasil tem mais informações.

11. Estação Ecológica do Taim

rosaneschaefer / instagram.com
Por FrancoBras - Obra do próprio, CC BY-SA 3.0, commons.wikimedia.org
Na região de Rio Grande se encontra este oásis ecológico onde são preservadas 230 espécies de aves – o Taim é o berçário delas – além de capivaras, jacarés e graxains, espécie de cachorros-do-mato típicos da região. A Estação Ecológica não tem site, mas você pode ver mais informações no da prefeitura de Rio Grande.

12. Molhes da Barra de Rio Grande

jairconti / instagram.com
Prefeitura de Rio Grande / riogrande.rs.gov.br
No porto de Rio Grande, no Sul do Estado do Rio Grande do Sul, há um carrinho que atravessa os braços de rocha próximos ao cais, que entram oceano adentro. Ele anda sobre trilhos, puxado por uma vela movida pelos fortes ventos da praia e vai até o final da ponta de pedras dos Molhes, um bom lugar para pescar. Saiba mais aqui.

13. Pelotas

anamariabessilpires / instagram.com
Biblioteca Pública de Pelotas
Por Fabrício Marcon - Flickr: cadeafoto CC BY 2.0, commons.wikimedia.org
Biblioteca Pública de Pelotas
Para todos os gaúchos Pelotas é sinônimo de doces, principalmente aqueles de origem portuguesa, com bastante ovo e nenhuma economia no açúcar. Não é a à toa que a cidade hospeda a Fenadoce, a maior feira de doces do Brasil. Além disso, é possível visitar as charqueadas, fazendas de produção de charque que fizeram a riqueza da idade no século 19. Saiba mais aqui.

14. São Lourenço do Sul

Pertinho de Pelotas está São Lourenço, a Pérola da Lagoa dos Patos, uma das atrações da chamada Costa Doce. Nas suas praias calminhas dá para praticar esportes aquáticos e fazer passeios de escuna. Outra atração é o Caminho Pomerano, uma rota para conhecer a colônia dos imigrantes vindos da Pomerânia (uma região hoje extinta que ficava entre a Polônia e a Alemanha): tem visitas a casas coloniais e degustação de iguarias típicas

4 Lugares no Rio Grande do Sul que Vão Te Fazer Querer Morar Lá (ou Pelo Menos Passar as Férias!) 🌿🍷🌄

O Rio Grande do Sul é um daqueles estados brasileiros que encantam por sua diversidade: montanhas nebulosas, cânions vertiginosos, praias de águas cristalinas, vinhedos que lembram a Toscana, vilarejos com sabor de novela italiana, ruínas históricas que sussurram o passado… e até um carrinho movido a vento que leva você até o fim do mundo! Sim, tudo isso existe — e está a poucas horas de Porto Alegre.

Se você ainda não se rendeu à magia do extremo sul do Brasil, prepare-se: aqui vão 4 destinos imperdíveis que vão te deixar com vontade de arrumar as malas agora mesmo!


1. O Butiá – O Refúgio Hipster à Beira do Guaíba

📍 Parque Estadual de Itapuã, Viamão (57 km de Porto Alegre)

Imagine almoçar em um restaurante de comida orgânica, cercado por árvores centenárias, com o rio Guaíba refletindo o céu ao fundo… e depois, deitar no gramado com um livro, ouvir um show ao vivo, ou simplesmente “lagartear” — sim, essa é a palavra gaúcha perfeita para descrever o ato de relaxar ao sol como um réptil feliz!

Antiga fazenda transformada em centro cultural boêmio, O Butiá ganhou fama nacional após sediar o MECA Festival em 2016. Hoje, é um espaço vivo, onde a natureza, a gastronomia consciente e a arte se encontram. E, claro: o nome vem da frutinha nativa butiá, usada para fazer uma cachaça com sabor único!

Dica cultural: vá em um final de semana com programação — oficinas, música acústica e feiras de produtores locais são comuns por lá.


2. Parque da Guarita – O Caribe Gaúcho

📍 Torres (a 2h de Porto Alegre, bem na divisa com Santa Catarina)

Torres é a surpresa que o litoral gaúcho esconde: águas azul-turquesa, areia dourada e formações rochosas dignas de filme. E o Parque da Guarita é o coração dessa beleza. Com trilhas suaves, mirantes que desafiam a gravidade e praias quase desertas em dias de semana, é o lugar perfeito para quem quer fugir do agito sem sair do sul.

Ali, o mar é mais limpo, o vento mais fresco e o pôr do sol… espetacular. Leve uma toalha, um piquenique e seu espírito contemplativo — a Guarita pede calma, não pressa.

🌊 Curiosidade: o parque protege ecossistemas de restinga e mata atlântica, e é um dos poucos pontos do RS onde é possível ver baleias franca-austrais (entre julho e novembro)!


3. Vale dos Vinhedos – Um Pedaço da Itália no Brasil

📍 Entre Bento Gonçalves e Garibaldi (130 km de Porto Alegre)

Prepare-se para se perder (com todo o carinho) entre colinas verdes, vinhedos alinhados como em sonho e aromas de uva madura. O Vale dos Vinhedos é a região vinícola mais famosa do Brasil — e com razão! Aqui, a imigração italiana deixou um legado que vai muito além do molho de tomate: vinhos premiados, massas caseiras, queijos artesanais e geleias de frutas silvestres.

Uma parada obrigatória é a Vinícola Casa Valduga, que oferece rodízio de massas no restaurante Maria Valduga — com opções vegetarianas deliciosas (sim, o pesto com tomate fresco e azeitonas é uma revelação!). Depois, deguste vinhos espumantes e leve algumas garrafas como lembrança (o bolso pode reclamar, mas a alma agradece).

🍷 Não esqueça: um casaquinho leve! As noites no vale são frescas, mesmo no verão.


4. Cânion do Itaimbezinho – O Abismo que Encanta

📍 Parque Nacional dos Aparados da Serra, Cambará do Sul (200 km de Porto Alegre)

Se a natureza tivesse um “wow!”, seria o Cânion do Itaimbezinho. Com 720 metros de profundidade e paredes verticais cobertas de vegetação exuberante, ele é considerado um dos mais belos cânions do Brasil. E quando o nevoeiro sobe pela manhã? Puro encantamento.

Há trilhas para todos os níveis: desde a Trilha do Cotovelo (fácil, com vista panorâmica) até a Trilha do Vértice (mais desafiadora, mas recompensadora). Leve tênis, água e sua câmera — cada curva do caminho é um novo quadro pintado pela Mãe Natureza.

☁️ Dica de ouro: vá cedo! O parque abre às 8h, e amanhecer no cânion é uma experiência quase espiritual.


Bônus: Mais Joias Gaúchas que Merecem Sua Lista!

  • Antônio Prado: vilarejo italiano com casinhas coloridas e polenta que derrete na boca.
  • São Miguel das Missões: ruínas jesuíticas com show noturno de luz e som contando a história dos Sete Povos.
  • Pedra do Segredo (Caçapava do Sul): formações rochosas em formato de gorila, cavernas misteriosas e pôr do sol inesquecível.
  • Molhes da Barra (Rio Grande): um carrinho a vela que desliza sobre trilhos até o encontro do mar com o Atlântico!
  • Pelotas: paraíso dos doces de ovos e charqueadas históricas.
  • Estação Ecológica do Taim: santuário de 230 espécies de aves, capivaras e até jacarés!

O Rio Grande do Sul não é só chimarrão e gaita — é emoção, história, sabor e paisagem em cada canto. Então, que tal trocar o óbvio pelo extraordinário? Pegue a estrada, abra o coração… e deixe o sul te surpreender! 🚗💨


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sábado, 13 de dezembro de 2025

Guaratuba, Praia do Brejatuba, anos 1950.

 Guaratuba, Praia do Brejatuba, anos 1950.



Multidão participando de uma Procissão, no Bairro do Umbará, em frente a antiga Igreja, registrado na década de 40. À esquerda o casarão de Dona Ermelinda Bozza.

 Multidão participando de uma Procissão, no Bairro do Umbará, em frente a antiga Igreja, registrado na década de 40. À esquerda o casarão de Dona Ermelinda Bozza.






ANTES DO PORTO DE PARANAGUA SER PORTO

 artigo e foto de Karin Romanó Santos



ANTES DO PORTO DE PARANAGUA SER PORTO

O pai da tia Lena se chamava Ildefonso Munhoz da Rocha. Foi um grande exportador de erva-mate.

Ainda não existia o Porto de Paranaguá, mas já havia alguns trapiches.

Era o tempo do Império e D Pedro II achou importante construir no local um ancoradouro para carregar e descarregar erva mate, madeira e outros produtos para exportação.

E deu a alguns empresários a concessão de construir os trapiches e explorar o local (1872).

Porem, quando acabou o império, acabou a concessão.

Mas aqueles trapiches se mantiveram como propriedade de homens muito ricos. E foi nessa época que o Sr Ildefonso os utilizou para exportar e importar mercadorias junto com os barracões de sua propriedade.

Os trapiches eram estruturas simples, construídos com engenharia ancestral, feitos de troncos de madeiras bem duros, como os do ipê e aroeira. Não existia o concreto.

A casca grossa do tronco era retirada e a madeira ficava quase impermeável à água.

As vigas principais eram enterradas no fundo do mar - no lodo -

O restante da estrutura era construída como uma treliça, com as estacas entrelaçadas.

Essa construção aguentava a força das correntes marítimas e segurava os barcos carregados que atracavam.

E como aquela madeira do trapiche não apodrecia dentro da água?

Diferente do que muitos imaginam, a água conserva as madeiras porque no fundo do mar, não tem oxigênio. O problema que causa apodrecimento na madeira é a combinação oxigênio mais a água.

(Há vermes marítimos que atacam as madeiras mas os troncos bem duros aguentam).

A parte das madeiras que ficava acima do nível do mar ficava sujeita às marés e, portanto, em contato com água e oxigênio, e podia apodrecer. Para resistir, passavam piche e alcatrão.

E assim tudo funcionou de forma simples até que a área foi estatizada (pelo estado) em 1917 e a partir daí houve melhorias e ampliação.

Mas somente na década de 1930 é que foi criado o porto mesmo.

Para virar um porto e poder receber cargueiros grandes, tiveram que tirar muita areia do fundo do mar, sedimentos, rochas imensas, de toda aquela área onde ficavam os trapiches...

e assim, aumentaram o calado.

Fizeram um cais de verdade, com uma parede de concreto e que ia até o fundo do mar, para os navios grandes encostarem - de lado.

Colocaram guindastes no cais para descarregar as cargas, e esteiras para os grãos.

Recebeu o nome de Porto D Pedro II e hoje é o Porto de Paranaguá.

Informações introduzidas pela conversa com o neto do Sr Ildefonso - Rodolpho Bettega, meu primo de 2 grau - filho da tia Lena.

A casa do Sr Ildefonso era onde é hoje o Hospital Santa Cruz, em frente à Pracinha do Batel, que depois foi vendida para os Leprevost. Acho que ainda tem vestígios da casa no local (acho).

Foto: Carregamento do navio com as barricas de erva mate que estavam estocadas no barracão.

As Casas de José Palaniza: Um Sonho Duplo em Madeira na Curitiba dos Anos 1920

 Denominação inicial: Projecto para duas casas para o Snr. José Palaniza

Denominação atual:

Categoria (Uso): Residência
Subcategoria: Residência Econômica

Endereço: Rua Lamenha Lins

Número de pavimentos: 1
Área do pavimento: 44,00 m²
Área Total: 44,00 m²

Técnica/Material Construtivo: Madeira

Data do Projeto Arquitetônico: 21/09/1928

Alvará de Construção: Nº 5631/1928

Descrição: Projeto Arquitetônico para construção de duas casas.

Situação em 2012: Demolido


Imagens

1 - Projeto Arquitetônico.

Referências: 

1 - GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto para duas casas do Snr. José Palaniza. Planta do pavimento térreo e de implantação, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Microfilme digitalizado.

Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

As Casas de José Palaniza: Um Sonho Duplo em Madeira na Curitiba dos Anos 1920

Em setembro de 1928, enquanto Curitiba começava a se expandir além dos limites do centro histórico, José Palaniza encomendou um projeto arquitetônico que traduzia, com simplicidade e pragmatismo, as aspirações de muitos moradores da época: duas casas econômicas, lado a lado, em um único terreno. Embora modestas em dimensão e material, essas residências revelam muito sobre a dinâmica urbana, familiar e econômica da capital paranaense no final da década de 1920 — um período marcado pela imigração, pelo crescimento dos bairros operários e pela emergência de uma classe média urbana.


O Projeto: Eficiência e Economia em 44 m²

Assinado pelo escritório Gastão Chaves & Cia. em 21 de setembro de 1928, o “Projecto para duas casas para o Snr. José Palaniza” foi concebido como uma solução habitacional acessível e funcional. Localizado na Rua Lamenha Lins — via que corta o bairro do São Francisco, historicamente ocupado por trabalhadores, artesãos e pequenos comerciantes —, o terreno abrigaria duas unidades idênticas, cada uma com 44,00 m² de área construída em um único pavimento.

Construídas em madeira, técnica dominante nas edificações populares da época, as casas seguiam o modelo do bangalô simplificado: planta compacta, telhado de duas águas, varanda frontal e distribuição interna voltada à essencialidade — provavelmente com sala, um ou dois quartos, cozinha e área de serviço.

O projeto, registrado em uma única prancha, incluía:

  • Planta do pavimento térreo (com as duas unidades representadas lado a lado);
  • Planta de implantação, indicando a posição das construções no lote;
  • Corte arquitetônico, revelando a estrutura do telhado e a altura das paredes;
  • Fachada frontal, desenhada com sobriedade, mas com elementos decorativos típicos da estética residencial da Primeira República, como ripados, beirais salientes e molduras simples.

O Alvará de Construção nº 5631/1928 foi emitido ainda naquele ano, atestando a autorização e a provável execução da obra.


José Palaniza: Proprietário, Talvez Locador

O nome José Palaniza sugere origem hispânica — possivelmente espanhola, basca ou de descendência judaica sefardita — o que se alinha com a presença de imigrantes ibéricos em Curitiba naquele período, embora em número menor que os alemães, italianos e poloneses.

O fato de ter encomendado duas casas em vez de uma levanta possibilidades interessantes:

  • Talvez pretendesse morar em uma e alugar a outra, gerando renda contínua — prática comum entre pequenos proprietários urbanos;
  • Ou destinava as unidades a filhos recém-casados, mantendo a família próxima;
  • Poderia também ser um investimento imobiliário inicial, fruto de economias ou de atividade comercial local.

Independentemente da motivação, o projeto reflete uma lógica de uso inteligente do solo urbano, maximizando o valor de um único lote sem comprometer a habitabilidade.


O Destino das Casas: Efêmeras, Mas Documentadas

Embora tenham sido construídas — como indica o alvará e a existência do projeto —, as casas de José Palaniza não resistiram ao tempo. Em 2012, já estavam demolidas, provavelmente substituídas por edificações mais densas ou simplesmente abandonadas à deterioração.

Contudo, sua existência não foi apagada. O projeto original, preservado em microfilme digitalizado, encontra-se no Arquivo Público Municipal de Curitiba, integrando o vasto acervo do escritório Gastão Chaves — uma das principais fontes para o estudo da arquitetura residencial popular em Curitiba.


Significado Histórico: A Cidade que se Fazia em Pequenos Lotes

As duas casas de José Palaniza representam um modelo de urbanização horizontal e acessível que moldou bairros inteiros de Curitiba nas primeiras décadas do século XX. Enquanto os sobrados ecléticos marcavam o centro, nas ruas secundárias proliferavam moradias de madeira, erguidas por famílias que buscavam, acima de tudo, ter onde morar com dignidade.

Esse tipo de construção, embora raramente tombado ou celebrado, é essencial para entender:

  • A expansão urbana desigual, com áreas de elite e zonas operárias coexistindo;
  • A economia doméstica, baseada no aluguel de cômodos ou casas anexas;
  • A transitoriedade do patrimônio popular, frequentemente sacrificado em nome do “progresso”.

Ficha Técnica Resumida

  • Proprietário: José Palaniza
  • Denominação inicial: Projecto para duas casas para o Snr. José Palaniza
  • Denominação atual: Não registrada
  • Categoria: Residência
  • Subcategoria: Residência Econômica
  • Endereço: Rua Lamenha Lins – Curitiba, Paraná
  • Data do projeto: 21 de setembro de 11928
  • Alvará de construção: Nº 5631/1928
  • Material construtivo: Madeira
  • Número de pavimentos: 1
  • Área total por unidade: 44,00 m²
  • Número de unidades: 2
  • Situação em 2012: Demolido
  • Documentação: Projeto arquitetônico (planta, implantação, corte, fachada) – Acervo do Arquivo Público Municipal de Curitiba

As casas de José Palaniza talvez tenham desaparecido do mapa físico de Curitiba, mas permanecem vivas nos arquivos — não como monumentos, mas como testemunhos sensíveis de uma cidade que se construiu também com sonhos modestos, paredes de madeira e o desejo comum de um lar próprio.