Araucária iluminada: do lampião ao poste
Ainda na pré-história os seres humanos aprenderam as várias utilidades de se dominar o fogo, entre elas para a iluminação. A partir de então, as tochas de fogo passaram a ser usadas para iluminar caminhos e interiores de habitações, sendo aprimoradas com a invenção das lamparinas e lampiões, que mantinham o fogo aceso através de óleo de baleia e, mais tarde, de querosene. Mas foi a partir da descoberta da produção de energia por eletricidade (através de atrito) feita a partir de máquinas a vapor - que levou a Europa à Revolução Industrial no século XVIII - que Thomas Edison em 1879 conseguiu produzir iluminação através de corrente elétrica.
Antes dessa tecnologia chegar à Araucária a praça central da cidade era iluminada por lampiões a querosene instalados em postes. Havia até um funcionário da prefeitura cuja função era zelar por esses lampiões. Todos os dias ele andava com uma escada de poste em poste limpando a fuligem, enchendo os lampiões e acendendo-os.
Os lampiões foram substituídos pela luz elétrica quando a serraria de Emílio Voss, em contrato com a prefeitura, passou a fornecer energia produzida por máquina a vapor. Durante o dia a máquina funcionava para suprir as demandas da serraria e das 19h até as 22h ela movia um gerador de energia elétrica que iluminava as lâmpadas da praça Doutor Vicente Machado.
Depois disso, surgiram na cidade algumas usinas de energia que produziam eletricidade através da queima de lenha, a primeira delas, pertencente a Rodolfo Voss, localizava-se no terreno onde atualmente é a sede do Arquivo Histórico. Na década de 1920 ela foi vendida para Pedro Druszcz e depois passou para Ângelo Rigollino, que decidiu mudá-la para uma nova sede às margens do rio Iguaçu e da estrada para a Lapa, modernizando a produção de energia através de equipamento importado da Alemanha. Esse equipamento chegou de trem à estação de Araucária e, segundo depoimentos, precisou de uma carroça puxada por 15 cavalos para ser transportado até Usina Santa Carolina.
Na década de 1960 a eletricidade das usinas termo-elétricas foi
substituída pela energia hidroelétrica, fornecida pela empresa estatal Companhia Força e Luz (que posteriormente viria a se tornar a atual Copel). Os primeiros em Araucária a adquirí-la foram os japoneses que possuíam granjas na colônia Fazendinha, que financiaram sua instalação em dez anos. Após a inauguração da subestação de Araucária, em 1974, essa forma de energia passou a ser disponibilizada de forma geral, quando era transmitida através de fiação fixada em postes de madeira, posteriormente substituídos pelos atuais padrões em concreto.
(Texto escrito por Cristiane Perretto e Luciane Czelusniak Obrzut Ono - historiadoras)
(Legendas das fotografias:
1 - Angelo Rigolino e funcionários ao lado do gerador trazido da Alemanha para a Usina Santa Carolina, déc. 1960
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
2 - Usina elétrica São Sebastião, s/d.
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
3 - Usina elétrica de Rodolfo Voss, déc. 1930
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.)
Angelo Rigolino e funcionários ao lado do gerador trazido da Alemanha para a Usina Santa Carolina, déc. 1960
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres
Usina elétrica São Sebastião, s/d.
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
Usina elétrica de Rodolfo Voss, déc. 1930
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
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