Muito mais que o Cerco – Parte 2
Na publicação anterior desta série, abordamos a origem do município e a história dos primeiros anos da Lapa. Agora, trazemos algumas informações dos períodos pré e pós-cerco.
No século XIX, nos anos de 1800, já consolidada como uma cidade, a Lapa crescia economicamente. Com a maior parte da população morando no interior, a agricultura, como atualmente, já era a principal atividade econômica do município. Mas a área urbana da Lapa crescia de forma bastante acentuada e a cidade se destacava entre os municípios do Paraná.
É importante ressaltar a grande participação da população negra no município nessa época. Com a escravidão ainda em vigência no Brasil, a Lapa era uma região que tinha muitos escravos. O município contava, inclusive, com uma senzala no centro da cidade, coisa incomum, já que a maioria das senzalas nesse período ficava localizada dentro de engenhos ou fazendas. A senzala citada existe até hoje e encontra-se na Rua Duca Lacerda, próximo ao Panteon dos Heroes.
Ainda no século XIX a Lapa recebeu também outra contribuição valorosa para sua identidade: a vinda dos imigrantes europeus. Pessoas de países como Rússia, Alemanha, Itália e Polônia chegaram à cidade causando um grande choque cultural na época. Foram centenas de estrangeiros, que trouxeram costumes e uma linguagem totalmente diferente do que existia aqui. Esse “choque” ajudou sem dúvidas a enriquecer a história e a cultura da cidade. Os estrangeiros fixaram moradia na Lapa e seus descendentes, lapeanos de nascença, vivem até hoje nas colônias Mariental, Johannesdorf, São Carlos, entre outras.
Os avanços culturais, colocavam a Lapa em posição de destaque dentro do Estado. O município já contava com um dos maiores teatros do Paraná para a apresentação de peças e outras manifestações culturais: o Theatro São João. A Associação Literária da Lapa foi fundada no século XIX, e ao contrário de outras cidades, a Lapa já tinha clubes sociais e escolas naquele período.
Conta a história que tudo isso chegou a impressionar o Imperador do Brasil, Dom Pedro II, durante sua passagem pelo município em 1880.
Economicamente também não podemos deixar de destacar a importância da comercialização da erva-mate. A Lapa foi um dos maiores pólos de exploração e exportação desse produto, que foi essencial para o crescimento da cidade e para a emancipação e desenvolvimento do Paraná. Em 1891 foi inaugurada a estação ferroviária na Lapa, o que trouxe para o município uma grande sensação de avanço e modernidade para a época.
Mas, então chegamos ao ano de 1894, em que acontece o famoso Cerco da Lapa. A batalha de 26 dias marcou para sempre a Lapa na história, provocou muitas mortes e perdas que demoraram tempo para ser reparadas.
Depois do Cerco, a Lapa ficou devastada. Muitos moradores fugiram e foram embora da cidade durante a guerra. Economicamente o município perdeu muito e os investimentos se tornaram escassos. A guerra cobrou um preço alto da cidade.
>Porém, a Lapa se reergueu. No século XX a cidade viveu o auge da indústria da madeira, conheceu o potencial turístico e nunca deixou de lado a agricultura.
A cidade também foi terra natal para muitos filhos ilustres em diversas áreas. Como, por exemplo, o lapeano Victor Ferreira do Amaral, que no ano de 1912 foi um dos fundadores e o 1° Reitor da Universidade Federal do Paraná.
Na política destacaram-se, mais recentemente, Ney Braga e Luiz Carlos Borges da Silveira. O primeiro foi Governador do Estado por duas vezes e um dos mais importantes políticos do Paraná. Já Luiz Carlos Borges da Silveira foi ministro da Saúde no Governo de José Sarney em 1987 e entre outras campanhas criou o famoso Zé Gotinha, sucesso nacional entre as crianças até hoje.
No esporte mais popular do Brasil a Lapa também fez história. O lapeano Barcímio Sicupira Junior, jogador de futebol das décadas de 1960 e 1970 é o maior artilheiro da história do Clube Atlético Paranaense. São apenas alguns exemplos, entre outros tantos lapeanos de sucesso que a cidade viu se destacar.
Atualmente, como um dos maiores municípios do Estado em extensão territorial, a Lapa tem muito mais a crescer e a história da cidade continua sendo escrita a cada dia.
Imagem: Foto antiga – autoria desconhecida. Foto atual – Raphael Sampaio
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