GUERRA DO CONTESTADO. TERCEIRO MONGE. A fotografia apresenta o Monge José Maria, conhecido como o terceiro monge João Maria, ladeado pelas três virgens que o assessoravam,
GUERRA DO CONTESTADO. TERCEIRO MONGE. A fotografia apresenta o Monge José Maria, conhecido como o terceiro monge João Maria, ladeado pelas três virgens que o assessoravam, cujo nome verdadeiro seria Miguel Lucena de Boaventura, e que estava envolvido com a Guerra do Contestado, tendo morrido em 22 de outubro de 1912, em Irani. (Acervo do Museu do Contestado, em Caçador (SC). Apesar de os monges com tal nome nessa região terem sido três, o povo, por meio de lendas e folclore, uniu-os em um, que ficou conhecido como São João Maria, considerado na época o “monge dos excluídos”. Historicamente unidos de tal forma que muitas vezes é difícil separar seus feitos e suas vidas, tiveram em comum o fato de viver em épocas de grandes mudanças sociais, quando a assistência médica e a educação tinham pouca penetração no interior do país, e o aconselhamento embasado na religião, a cura por ervas, água e milagres eram os únicos recursos acessíveis da população carente e pouco assistida. Os humildes encontraram neles apoio para enfrentar a penúria e a desesperança. Histórico dos Três Monges: O primeiro deles, o monge GIOVANNI “JOÃO” MARIA D’AGOSTINI, era imigrante italiano e residiu em Sorocaba (São Paulo), mudando-se em seguida para o Rio Grande do Sul, onde viveu entre os anos de 1844 e 1848 nas cidades de Candelária, no morro do Botucaraí, e Santa Maria, no Campestre. Introduziu nessa região o culto a Santo Antão, que é considerado o “pai de todos os monges”, cuja festa continua até os dias atuais, comemorada em 17 de janeiro. A região do Campestre passou a ser chamada, desde então, de Campestre de Santo Antão. Sua prisão foi decretada em 1848, pelo General Francisco José d’Andréa (Barão de Caçapava), mediante o temor de levantes e concentrações populares que começavam a ser comuns naquela região, ficando o monge proibido de voltar ao Rio Grande do Sul. Refugiou-se na Ilha do Arvoredo (SC), depois em Lapa (PR), na serra do Monge, e em Lages (SC), desaparecendo misteriosamente em seguida. Os historiadores defendem que o monge João Maria morreu em Sorocaba, em 1870. No entanto, informações presentes em dois livros publicados recentemente apresentam o roteiro de João Maria de Agostini após deixar o Brasil em 1852: depois de viajar pela Argentina, Chile, Bolívia, Peru, México e Canadá (amalgamando vida eremítica com missão religiosa), ele percorreu o meio-oeste americano até se instalar no estado do Novo México, aonde foi assassinado em abril de 1869. Seu corpo está enterrado na cidade de Mesilla, fronteira com o México. O segundo monge, JOÃO MARIA DE JESUS, surgiu também misteriosamente, no Paraná e Santa Catarina, tendo vivido entre os anos de 1886 e 1908, havendo, na ocasião, uma identificação com o primeiro, de quem utilizava os mesmos métodos, com curas por ervas, conselhos e água de fontes. Acredita-se que seu verdadeiro nome era Atanás Marcaf. Em 1897, diria: "Eu nasci no mar, criei-me em Buenos Aires e faz onze anos que tive um sonho, percebendo nele claramente que devia caminhar pelo mundo durante quatorze anos, sem comer carne nas quartas-feiras, sextas-feiras e sábados, sem pousar na casa de outros. Vi-o claramente". Há controvérsias sobre seu desaparecimento, segundo alguns historiadores, ocorrido por volta de 1900, e segundo outros por volta de 1907 ou 1908. A semelhança entre os dois primeiros monges é tão grande que o povo os considerava um só. Num dos seus retratos da época há a legenda “João Maria de Jesus, profeta com 188 anos”. O terceiro monge, JOSÉ MARIA, surgiu em 1911 no município de Campos Novos (SC) e foi, segundo alguns historiadores, um ex-militar. De acordo com um laudo da polícia de Vila de Palmas, no Paraná, seu verdadeiro nome era Miguel Lucena de Boaventura, um soldado desertor condenado por estupro. Dizia ser irmão do primeiro monge e adotou o nome de José Maria de Santo Agostinho. Utilizava, também, os mesmos métodos de cura dos anteriores, mas, ao contrário do isolamento, organizava agrupamentos, fundando os “Quadros Santos”, acampamentos com vida própria, e os “Pares de França”, uma guarda especial formada por 24 homens que o acompanhavam. A região onde atuava era palco de disputas por limites e, sob a alegação de que o monge queria a volta da monarquia, foi pedida a intervenção do Governo Estadual de Santa Catarina, o que foi entendido como uma afronta pelo Governo do Paraná, que enviou uma força militar para a região. A força militar chefiada pelo coronel João Gualberto Gomes de Sá invadiu o “Quadro Santo” de Irani (SC), quando morreram em combate, em 1912, o monge João Maria e o coronel, o que determinou o fim do ciclo dos monges e a eclosão franca da Guerra do Contestado. Há diversas lendas sobre seu desaparecimento. Conta uma delas que ele terminou sua missão no morro do Taió (SC), outra que morreu de velhice em Araraquara (SP), ou que foi encontrado agonizante próximo aos trilhos da estrada de ferro perto de Ponta Grossa. A crença mais difundida é, no entanto, que não teria morrido. Após jejuar por 48 horas no morro do Taió, o monge teria sido levado por dois anjos para o céu. Em outra hipótese, seu corpo teria se envolvido em luz tão forte que o fez desaparecer, deixando uma marca vermelha no chão, que os incrédulos confundiam com sangue. (Fonte:wikipedia; AURAS, Marli. Guerra do Contestado - A organização da irmandade cabocla. [S.l.: s.n.], 2001. ISBN 4. ed.; FACHEL, José Fraga. Monge João Maria, Recusa dos Excluídos. [S.l.: s.n.], 1997. ISBN In “Ô Catarina!”, nº 21, pp. 12-13; CARNEIRO JR, Renato.. O Monge da Lapa: um estudo da religiosidade popular no Paraná. [S.l.: s.n.], 1996. ISBN In: página da SEEC - Paraná da Gente, caderno 3; compilação e texto de Sônia Wendt Nabarro)
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