VIAJANDO DE VAPOR COM TAUNAY PELO IGUAÇU
São Mateus do Sul, em 1909.
Foto: pasma.com.br
Porto Vitória, em 1920.
Foto: jws.com.br
Capa do livro de Taunay, Paisagens Brasileiras.
VIAJANDO DE VAPOR COM TAUNAY PELO IGUAÇU
Ao pesquisar sobre os vapores do rio Iguaçu deparei-me com um texto escrito pelo Visconde Taunay sob o título "Excursão ao Rio Iguaçu", integrante do livro Paisagens Brasileiras, onde ele relata em detalhes a sua façanha ao percorrer todo o trecho navegável do rio Iguaçu no vapor "Cruzeiro", em companhia de Ermelino de Leão, Amazonas Marcondes e Inacio Carneiro. Leitura imperdível para quem ama a história do Paraná, conforme a seguir:
"Mui rápida e penosa, mas interessantíssima, foi a excursão que fiz, como presidente da província do Paraná, até ao porto da União da Vitória, no rio iguaçu, e mais além na estrada de Palmas umas duas léguas, completando em menos de sete dias quase l50 léguas de ida e volta, embora estorvado em meu regresso por violentos aguaceiros, que obrigaram em Campo Largo a uma parada, fora do programa por mim delineado.
Darei agora os pormenores dessa digressão, que tomou visos de verdadeira viagem, pondo em ordem ligeiros apontamentos e apelando para a memória, que sem dúvida por vezes me faltará. Uma coisa decerto ser-me-á de todo o ponto impossível: transmitir ao leitor as múltiplas impressões que me salteavam o espírito, quando, aos olhos embelezados ante mim se desdobravam as formosas perspectivas do iguaçu, tão várias quanto novas, umas risonhas e amenas, outras grandiosas e solenes, já no seguimento da sua simples corrente, já depois da junção de grandes afluentes, como o Negrinho, Negro, Potinga, Timbó, tomando então largura de mais de 600 braças e espelhando em sua serena superfície o azul dos céus e a frondosa vegetação das margens. Para tanto é insuficiente a pena. Fora necessário o pincel de inspirado artista, que só nos enlevos da arte e na compreensão entusiástica do belo pode conseguir fixar em preciosa tela as seduções e os esplendores da grande obra da Criação. e aqui no Brasil, mais do que em outra qualquer parte do globo, se ostentam elas inexcedíveis até a qualquer reprodução ideal, por mais esforços que faça o pintor em retratar os primores de tão extraordinária natureza.
Às 5 horas da manhã de 3 de março de 1886, parti de Curitiba, levando por companheiros os srs. Dr. Ermelino de Leão, Inácio Carneiro e Amazonas Marcondes, a quem couberam as honras de organizar tão bela e agitada digressão.
Sem novidade, chegamos às 8h30 da manhã à cidade de Campo Largo, onde o distinto sr. João Ribeiro de Macedo nos esperava com o cavalheirismo e hospitalidade de que sabem dar contínuas provas os membros daquela família, tão respeitados em qualquer parte do Paraná, em que se achem estabelecidos.
assim o sr. José Ribeiro de Macedo, estabelecido serra abaixo na vila do Porto de Cima, ali goza de legítima influência, e o Coronel Antônio Ribeiro de Macedo, morador em Campo Largo, membro do instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, tem concorrido para a Revista Trimensal com interessantes trabalhos da sua lavra.
Às 10 horas da manhã, após almoço, em que nada faltou para ser legítimo banquete, recomeçamos a viajar, parando uns minutos em casa do sr. Natel, no Itaqui, a uma légua mais ou menos de Campo Largo.
À 1h15 da tarde, cheguei a São Luís, indo logo visitar a escola pública do sexo masculino, cuja freqüência me agradou, pois encontrei 87 alunos, a alguns dos quais examinei distribuindo-lhes, quando saíam da aula, confeitos e doces, que aceitaram alegres e pressurosos.
São Luís é o primeiro povoado dos Campos Gerais. Há ali um hotelzinho bem regular e asseado mantido pelo alemão Butin, um dos construtores da bonita ponte no rio dos Papagaios. ao sr. Butin tenho de agradecer a franca hospedagem, que por vezes graciosamente me dispensou.
Às 2h15, parti de São Luís, e fui, com bastante descontentamento, notando de visu o estado em que se achava grande parte da estrada dos Campos Gerais, sobretudo nas aproximações da ponte dos Papagaios.16 Com efeito, esses trechos são péssimos, cheios de pedras destacadas, grandes buracos e elevados ressaltos, de maneira que os solavancos se multiplicam causando contínuo incômodo a quem viaja de carro.
O que mais me aborrecia como administrador era verificar o nenhum vestígio de trabalho, o mais leve sinal de serviço naquele lanço de estrada, quando, entretanto, a província estipulara não pequena quantia, para que essa via de comunicação estivesse em melhores condições. No Paraná há ainda péssimos hábitos, que lembram os tempos passados em que no Brasil a subida e descida de situações políticas representavam o começo dos abusos de uns e a cessação dos abusos dos outros, tudo acompanhado dos clamores fingidamente indignados e das retaliações da imprensa partidária.
Transpostos aqueles buracões e alcançados os Campos Gerais, fui observando, durante léguas e léguas, as célebres terras vendidas para a colonização russa, dolorosa prova da verdade do que fica dito, prova de tamanhas proporções e tais conseqüências, que repercutiu em toda a europa e nos trouxe inúmeros desgostos e vexames.
Vencidos assim 80,5 quilômetros até à Restinga Seca, deixou o carro a estrada geral e tomou, à esquerda, direção do caminho que leva à fazendola do sr. Conrado Buhres, a 1⁄4 de légua do Porto Amazonas, no rio iguaçu. estende-se essa propriedade ao lado das terras da infeliz empresa Kitto, cujos desastres são tão conhecidos, terras na verdade ubertosas e que podem produzir excelente trigo, mas cuja colocação distante, ainda mais outrora do que hoje, dos centros de civilização e de consumo devia levar ao desespero os infelizes imigrantes. Também, dessa gente só restam três ingleses, que ainda não puderam ter existência sequer remediada e que vivem vida quase miserável em prédios arruinados do governo.
Quantas somas de dinheiro tem o Brasil perdido, quantas decepções sofrido e quantos males proporcionado a inúmeros entes, com o péssimo e anticientífico sistema de atirar levas de imigrantes em pontos ínvios, longe de todos os recursos e fora de quaisquer relações sociais! a grande razão há sido a fertilidade do solo, quando, entretanto, esta é mais uma causa de desespero e furor para o europeu, que vê os frutos do seu trabalho inutilizados e inaproveitáveis.
Para quem tem de viver do trabalho diário, muito mais vale um lote de terreno ruim e acanhado junto a uma cidade, do que opulentíssimas terras a cem léguas de qualquer centro de incitamento e socorro, porquanto os esforços do colono e lavrador têm de ser compensados sem demora, atuando o ganho sobre o seu moral.
Os nossos sertões e desertos só podem, só devem ser povoados – e o hão de ser – por imigração européia, que mui espontaneamente e por si caminhe da periferia para o centro, reflua do litoral e suas imediações para a zona interior. Os males, as peripécias e canseiras, que acometem o imigrante são tantos, tão diversos, tão grandes, que é necessário que ele não tenha, em terríveis momentos de desalento, que acusar a ninguém, e não possa atirar a responsabilidade de tudo quanto lhe suceda e de todas as esperanças falhadas, senão sobre si mesmo. Com toda a razão diz o escritor Daireaux: “Por mais belo e hospitaleiro que seja o país a que se acolha o imigrante, tantas são as decepções e dificuldades que aí o esperam, que emigrar, isto é, sair da sua pátria para ir localizar-se em outras terras, constitui a mais penosa e arriscada empresa, a que se pode atirar o homem.
Justíssimas palavras, que, a cada momento, encontram confirmação no Brasil. Não há país algum no mundo que ofereça condições de atração como o nosso; e, entretanto, os primeiros momentos de estabelecimento são dificílimos, acabrunhadores e duros. enquanto o governo não acoroçoar por todos os modos a organização de sociedades de imigração em quase todas as cidades, isto é, enquanto não confiar à iniciativa particular e à meiguice natural do gênio brasileiro o cuidado de bem-acolher o imigrante, e ajudá-lo em sua localização pronta e imediata, os recém-chegados muito e muito terão de sofrer. Que fim levaram todas as sociedades de imigração que criei na província do Paraná, algumas das quais prestaram serviços da maior relevância, como as do Paranaguá e Morretes, economizando ao estado dezenas, senão centenas de contos de réis? Desapareceram, extinguiram-se à falta de qualquer prova de consideração e apreço do governo central. Quanta imprevidência e que ausência da compreensão de tão grave problema!
Foi, aliás, o Paraná testemunha de não poucos desastres em colonização por causa do péssimo sistema de isolar os imigrantes em ínvias regiões. Para prova, o açungui, que se tornou teatro de verdadeira calamidade. anteriormente se dera a malograda tentativa do ilustre Dr. Faivre, o qual levara habitantes dos arredores de Paris ao fundo dos sertões, para localizá-los na colônia Teresa, perto do rio ivaí! O desespero em que se viu aquela pobre gente foi tal, que alguns recorreram ao suicídio, outros se dispersaram e morreram na miséria. alguns que perseveraram e souberam vencer os primeiros anos de angústia e desalento deram afinal, mas muito tempo depois, razão às idéias e esperanças de Faivre, porquanto se tornaram mais ou menos endinheirados.
em Guarapuava, encontrei curioso resto desse infeliz ensaio de povoamento do sertão paranaense; uma tal mme. Dubois, de idade de mais de 80 anos, que me contou todas as desgraças daquela experiência e as resumiu do seguinte e engraçado modo: “enfim, senhor, para lhe dar idéia completa do que sofremos, basta dizer-lhe que não comi pão de trigo (du pain blanc) durante 22 anos!”
Em casa do sr. Conrado Buhres, estive combinando com esse ativo e inteligente cidadão as bases de um contrato para o plantio do trigo naquele local, chamado Portão, onde em épocas passadas tal cereal deu otimamente – uma das causas, aliás, das desgraçadas especulações de Kitto. O bom êxito seria, sem dúvida, de grande benefício a toda a província.
Partindo na manhã de 4, às 5h45, do Portão, 20 minutos depois, chegamos ao Porto Amazonas, que consta, por enquanto, de duas ou três casas, no fim de um campo ondulado. Depois, com declives fortes, começa a barranca, do alto da qual se avista, já bastante grosso em águas, o rio iguaçu.
Aí estavam parados uns soldados doentes e presos, acompanhados por praças, mulheres e crianças, vindos da colônia do Chapecó e da comissão da estrada de Palmas, mandando eu contratar por 25$, a condução em carreta dos enfermos e menores. a essa pobre gente liberalizou o sr. Amazonas a carne de quase toda uma novilha, que foi então morta, sendo transportados para o vapor os pedaços mais escolhidos.
Às 8h30 da manhã, entrei no vaporzinho atracado à margem direita do rio e ainda ali atendi a várias pessoas que me foram procurar, presenteando-me o sr. Amazonas com uma bonita bandeira nacional, que pela primeira vez flutuou naquelas solidões, arvorada como foi à proa da embarcação, no meio de foguetes e vivas dos que se achavam presentes.
Chama-se o vapor Cruzeiro, nome de uma das fazendas da mãe do sr. Amazonas; mede 80 palmos de comprido e 26 de boca; tem a força de 18 cavalos e cala 18 polegadas inglesas. Traz em seu maquinismo a data de 1878, e foi comprado em 1882 no Rio de janeiro. Pode carregar 800 arrobas e costuma rebocar uma grande lancha e cinco canoas.
A 17 de dezembro de 1882, foi lançado à água, e fez a sua primeira viagem a 27 daquele mês e ano. É servido por cinco homens embarcados, ficando uns dois ou três em terra.
Gasta, nas três viagens por mês, 66 metros cúbicos de lenha, de cada vez, ou 36$, a 600 réis o metro cúbico, levando dois dias para descer as 55,5 léguas do porto amazonas ao da União da Vitória e quatro para subir contra a corrente. a madeira mais empregada como combustível é o branquilho, abundantíssimo naquelas paragens.
O contrato, que tinha a empresa e pelo qual recebia l2:000$ anuais de subvenção, começou a vigorar a 1° de julho de 1883, tendo o presidente de então, Carvalho, feito, em fevereiro daquele ano, uma viagem fluvial da vila do Rio Negro ao porto da União, e daí ao do Amazonas, subindo as águas do iguaçu. já foi reformado o contrato, tendo terminado ultimamente. O interessado pediu renovação, que pende ainda de resolução do governo geral.
O estado de solidez e conservação do vapor Cruzeiro é visivelmente bom. Tem um toldo de madeira corrido e grandes panos alcatroados, de modo que verifiquei com meus próprios olhos a inexatidão do que se afirmava sobre as condições de absoluta falta de abrigo para os passageiros.
De toda a necessidade é, contudo, fazerem-se algumas obras, aliás facílimas, para melhor acomodação dos viajantes, sobretudo senhoras e crianças, e proceder-se a uma limpeza geral, pois a embarcação está bastante suja.
Em todo o caso, é de louvar-se, e muito, a coragem e pertinácia com que o sr. Amazonas Marcondes não só se abalançou aquele cometimento, como mantém semelhante empresa, que deu e dá progresso e vida social a muitíssimos pontos anteriormente desertos e inóspitos dos nossos sertões, em que vagueiam ainda temidos e indômitos bugres.
Por vezes, fiz justiça àquele espírito ativo e empreendedor, que apresenta um resultado real e palpável dos seus esforços, trabalho e boa vontade nessa luta incessante entre as aspirações da civilização e a natureza bruta e selvática, ante a qual recuariam decerto muitos homens de iniciativa e não pequeno valor.
Às 9 horas da manhã, depois de se lançarem n’água duas bombas de dinamite, que não mataram senão alguns lambaris21 e taiabucus, os mais freqüentes peixes dessa corrente, soltou-se das amarras o vapor Cruzeiro que, desfraldando a bandeira nacional àquelas agrestes brisas, começou a sulcar águas abaixo o rio iguaçu.
Desde logo, são lindíssimas as paisagens que se desenrolam nas apertadas curvas do rio, por enquanto ainda estreito.
Nas margens, alteia-se copada vegetação, em que predominam, bem como por quase todo o percurso do rio, inúmeros branquilhos, elegantíssimos cambuís e outras mirtáceas, angicos e várias acácias, os tarumãs, de cerne quase indestrutível, mas formas tortuosas, e cujos frutos adocicados são tão apreciados dos pássaros, árvores, ali, menos que medianas, mas em mato Grosso possantíssimos madeiros, os cedros, tão conhecidos na flora brasileira, de vez em quando muitas palmeiras jerivás e quase sempre pinheiros, ora destacados, ora em grupos, ora formando verdadeiras florestas, já no campo, já no alto e nas encostas das eminências, quase sempre um tanto distantes das bordas da água corrente.
Combinem-se agora em densa cortina todas as folhagens dessas e de outras muitas plantas, com um verde, que cambia da cor quase branca ao verde glauco e negro, passando por todos os matizes desde o gaio e verde-paris até ao verde-cré e às mais apertadas tintas; sobre aquele majestoso manto atirem-se a flux festões de malpighiáceas, cujos samarídeos vermelho-escarlates fingem rosários e fitas de flores; imaginem-se de permeio bambus, taquaras, taquaríssimas, poçaúnas e caraás a tremularem em graciosas curvas, mal aponta qualquer aragem; cubram-se aqueles troncos e galhos de barbas-de-velho, umas cinzento-roxeadas, soltas como finos cabelos, outras miúdas, e compactas, pardacentas ou esbranquiçadas; contrastem-se as flexuosas folhas das palmeiras com a coma inteiriçada dos pinheiros; faça-se ressaltar de escuras sombras a coloração alegre, risonha, verde-amarela de infindos salgueiros24 e de longe, de mui longe, terá o leitor pálida idéia das paisagens que, a cada momento, se descortinavam aos nossos olhos.
O primeiro ponto em que o vapor toma lenha é no lugar chamado Cerrito, fazendola à margem esquerda do rio, pertencente ao major Coelho, cuja casa de morada um tanto espaçosa domina a barranca.
Provida a máquina de combustível, operação em que habitualmente se gastam quase 10 minutos, continuou-se a viagem em meio das belezas da natureza vegetativa de que procuramos dar imperfeita e descorada noção, enfrentando, a meia légua de distância do porto amazonas, com uma bifurcação do iguaçu, que aí forma dois largos canais, e uma grande e pitoresca ilha, a que dei o nome de Lamenha Lins em honra ao benemérito presidente, que de 8 de maio de 1875 a julho de 1877 administrou a província.
Às 10h10, fronteava-se a barra do rio Palmeiras, e cinco minutos depois, vencia-se a apertadíssima volta do Castelhano, que mostra quão difícil seria aí a navegação por vapor de maiores dimensões.
Sinuoso o rio, e sempre com curvas mais ou menos acentuadas, navega-se, atendendo-se a esses acidentes, até um ponto, em que as suas águas fazem abrupta mudança de direção. eram 10h45, e ao local sumamente característico e interessante, aformoseado por inúmeros pés de jerivá, deu-se o nome de Volta do Dr. Ermelino, em homenagem não só ao distinto magistrado, tão popular em toda província, como também ao jovial e espirituoso companheiro de viagem, cuja alacridade e entusiasmo mal eram diminuídos e sopitados por forte bronquite, apanhada de véspera.
Às 11 horas, passávamos defronte da barra do rio Viramachado, em cuja boca, à margem esquerda, há um porto com sinais de freqüente passagem e canoas atracadas.
Defronte, à direita, empinam-se grandes paredões de grés em visível decomposição; e suas formas várias, mas um tanto regulares, a imitarem torreões e baluartes, grandes saliências e reentrâncias, panos como que ameaçados de próxima queda, tudo isso ocorreu para que lhes désse- mos o nome de Muralhas de Jericó.
Em largo trecho, reaparecem esses muros; depois tornam-se mais raros e sobretudo muito mais baixos. surgem então e com freqüência, do lado esquerdo, sendo aí a rocha impregnada de substâncias betuminosas, o que fez com que alguns exploradores se abalançassem a tentar a extração de petróleo e outros produtos carburetados, que se encontram nessas pe- dreiras, cuja forma é pronunciadamente xistosa.
Para tal fim se estabeleceram dois alemães no lugar chamado são mateus. até agora, porém, não produziu a tentativa resultado valioso e provavelmente abortará, transformando-se os industriais e pesquisadores extrativos em meros agricultores – o que, entre parênteses, vale muitíssimo mais.
À 1h30 da tarde, outro grande paredão à margem direita, com muitas casas de vespas; construçõezinhas curiosas e alvas, que dão mais graça ao aspecto geral das rochas, de cujo fundo escuro avermelhado ressaltam como manchas brancas.
Chama-se esse lugar Corvo, ficando perto a embocadura do rio da Areia, que outrora servia de porto.
Nublara-se, porém, o céu e começou a trovejar e a chover grosso, denunciando o toldo do vapor algumas goteiras um tanto fortes.
Às 2 horas, já sob copiosa chuva, passávamos por diante da lagoa Dourada, à margem esquerda, ficando outro grande paredão em frente, com a sua ornamentação de vespeiras. Desse ponto em diante, desaparecem esses muros avermelhados de grés, mostrando-se a rocha disposta toda em camadas mais ou menos altas e paralelas, infiltrada de matérias hidrocarbonadas e negras.
Meia hora depois, às 2h30, atracava o vapor junto à barra do rio do Pato, para abastecer-se novamente de lenha, sendo esse local já ocupado por quatro casinhas. Dali parte uma estrada, que leva à cidade da Lapa.
Depois de uma parada de meia hora, sempre com tempo brusco, continuou-se a descer, e já então os viajantes, abrigados pelos panos de estibordo e bombordo, mais se ocupavam em palestrar animadamente, do que em observar o que ia por fora, tendo, contudo, deixado ao homem do leme ordem expressa para que fosse apontando, em voz alta, aquilo que lhe parecesse mais digno de nota e menção.
Às 5h15, indicava-nos ele a boca do rio Passadous. já aí se desanuviara o tempo. Cessado o forte aguaceiro, caiu uma tarde bela, serena e límpida, de pronto transmudada em noite escura e cerrada, cujas sombras eram agravadas pelos compactos maciços da vegetação, que por todos os la- dos nos cercavam. assim mesmo continuou o vapor a descer e, às 9 horas, chegou à barranca de s. mateus, encostando à margem para tomar lenha e ali passar o resto da noite.
É quase meio de toda a viagem, entre os portos Amazonas e União da Vitória.
Às 3h30 da madrugada de 4 de março, já estava o vapor pronto para seguir viagem e, desprendendo-se das amarras que o retinham à barranca de São Mateus, cortou logo o rio águas abaixo.
Vinha o dia nascendo claro, puro e fresco; e os primeiros clarões da madrugada acordavam os pássaros e aves próprias daquelas paragens, patos,28 garças, socós, biguás,29 martim-pescadores, e outros de hábitos aquáticos.
Cumpre, entretanto, observar que, em todo o trecho do rio percorrido de véspera, pouca animação notamos; bem raros animais de mais vulto e caça grossa. só vimos em mamíferos, algumas capivaras (hidro-choerus capibara),30 que se conservavam quase impassíveis a olhar para o vapor, sujeitas embora aos nossos tiros de inábeis caçadores. Como as águas haviam crescido e inundado as lagoas, conservavam-se os bandos longe das margens, não precisando, para se dessedentarem, sair dos lugares de pastagem. Foi pelo menos a explicação dada pelo sr. amazonas, prático de todas essas particularidades.
Três horas depois da partida, já com dia claro, às 6h30 da manhã, fronteava o vapor a importante barra do rio Negrinho, que deságua à margem esquerda, passando depois por defronte da grande ilha de mais de meia légua de extensão e em extremo frondosa, que separa aquela embocadura da do rio Negro, ilha a que o sr. Dr. Ermelino deu o nome de Taunay, em honra ao presidente da província, soltando-se por ocasião do batismo uma girândola de foguetes.
Às 7 horas enfrentava-se com a boca do rio Negro, cujo considerável volume d’água traz tão notável contingente ao iguaçu, que a largura deste quase dobra aí. Pouco adiante, outro grande rio, Potinga, entrega do lado direito as suas águas ao majestoso afluente, e é de ver-se o sítio pela muita beleza e solenidade.
Na barranca desse lado direito e por sobre a vegetação compacta da margem, ergue-se uma grande linha de palmeiras jerivás, que se destacam como atiradores no fundo de extensíssimo e alteroso pinhal, a figurar de temeroso e sombrio exército.
eram 7 horas da manhã.
Meia hora depois, entrava o vapor em uma volta do rio muito desdobrada e longa de vencer-se, qual se gastam 45 minutos, o que quer dizer que, às 7h45 contemplávamos do lado de lá uma alterosa palmeira e um madeiro seco, que, no topo de uma eminência, servem de baliza aos navegantes.
A essa volta, que obriga quase constantemente à direção e, quando se deve sempre caminhar para O e que constitui, portanto, um dos fatos mais importantes e característicos da navegação do iguaçu, deu o nome de Volta do Visconde de Guarapuava, em honra ao benemérito paranaense.
Enquanto a percorríamos, notamos a ilha do matos com bonito herval pertencente ao cidadão Cordeiro, e um ponto pejado de pedras e bastante perigoso, chamado Anta Gorda.
Às 8 horas e 10 minutos, tornávamos a tomar rumo de O, passando, um quarto depois, por corredeira pouco sensível, aliás, chamada Ligeiro Grande.
as 8h45, à direita, a barra do Rio Claro; às 9, a do Paciência.
Hora e meia depois, às 10h15, parou o vapor junto a um porto, no lugar denominado Chapéu de Sol, para tomar lenha, desembarcando todos nós e acolhidos com muita alegria pelos moradores de duas casinholas próximas, que ofereceram galinhas, ovos, leite, melancias, recebendo em retribuição dinheiro, doces e biscoitos.
Mora ali essa pobre gente em um recanto da zona de vagabundagem e correrias de indômitos bugres, a cujos assaltos estão sujeitos. O pai de uma rapariguinha e o marido de uma mulher, que ainda lá habitam, haviam sido, no ano passado, mortos a flechadas, quando trabalhavam nas roças; e suas sepulturas, amparadas por grandes cruzes feitas de fresco, dão melancólica majestade à solitária barranca.
Um quarto de légua adiante vive laborioso e enérgico brasileiro, um tal Valões, que parece prosperar bastante. Trabalha armado, sempre apercebido para qualquer investida, servindo, sem dúvida, e muito, a sua reputação de intrepidez de antemural a qualquer tentativa de agressão por parte desses índios, cujos hábitos de traição só são excedidos pelo receio de serem repelidos e acossados em regra.
E ali passam a existência, como imaginava Alencar em sua obra-prima O Guarani, duas singelas belezas, filhas de Valões, uma delas de formosura até notável, outra meiga e simpática, lembrando as heroínas do célebre e inspirado romancista brasileiro.
A esse ponto e porto a que o vapor tem obrigatoriamente de parar na ida e na volta, pois o sr. Valões conseguiu isso da empresa fornecendo-lhe uns tantos metros cúbicos de lenha gratuitamente, deu o senhor Líbero Braga, que conosco vinha desde a véspera, o nome de Barão de Taunay, em homenagem a meu pai, eminente pensador e artista, que ao Brasil consagrou longa e laboriosa vida é à natureza americana amor e admiração inexcedíveis.
A 1h30 da tarde costeávamos a formosa Ilha dos Amores, cujas praias alvíssimas e cheias de seixinhos rolados estavam então cobertas pelas águas.
Aproximava-se a boca do majestoso Timbó e apareceu entre nós a idéia, logo aceita, de fazê-lo sulcar pelo vapor, pois até então fora sua corrente virgem de qualquer embarcação, ainda canoas, pelo terror que inspiram as margens, infestadas de índios bravios.
Assim, às 2 horas e 10 minutos, deixamos o iguaçu e entramos no Timbó, subindo ao ar por essa ocasião muitos foguetes, disparando-se as armas e soltando-se prolongados apitos, que acordavam estranhos ecos naquelas ínvias solidões. se por perto andavam índios, deveriam ter-se posto em marcha acelerada, a procurarem mais seguro refúgio em recônditas brenhas.
E o vapor sulcou sereno e por dia esplêndido aquelas águas, por entre margens impolutas do machado, fazendo a cada momento voar, aí sim, muita caça e aves aquáticas, rodeado enfim de todos os sinais de que jamais havia sido essa região explorada.
Ao primeiro porto natural, ou enseada, dei o nome de Beaure-paire-Rohan, em honra ao sábio e ao viajante, que tanto estudou e conhece a província do Paraná.
Por delicada lembrança, que sem dúvida agradará àquele espírito elevado e filosófico, impus à grande volta, que aí começa, a denominação de Sertanejo Lopes, ficando assim ligada na formosa natureza a recordação de dois nomes que lembram um o descendente da nobreza européia, outro o rude filho do deserto, que, só pela sua intrepidez, soube nessa mesma natureza abrir lugar histórico para si.
Mais adiante outra grande volta que ficou se chamando do Barão de Antonina, pelo muito que também fez este brasileiro a bem do descobrimento de terras centrais, até o seu tempo ainda não devassadas.
Uma légua, pelo menos, fora vencida rio acima sem incidente.
Chegado o vapor a um porto, assinalado por gigantesca imbuia, no começo da extensa reta formada pelo Timbó, porto que recebeu o nome de Presidente Taunay, para indicar o ponto último a que chegava essa primeira exploração, decidimos voltar, entrando novamente no rio iguaçu às 3h15 da tarde.
Forma ali a confluência dos dois rios um espraiado, aliás, de grande profundidade, de umas 600 braças de extensão, constituindo verdadeiro e larguíssimo lago, em que se refletem todas as mutações e cores da atmosfera e se espelham vivos o azul do céu e os contornos das nuvens.
O espetáculo era então da maior beleza, tinto o horizonte de cintilantes rubores, que punham chispas de fogo na fronde da mataria e na superfície lisa das águas.
A esse formoso ponto dei o nome de Largo Basílio da Gama, em homenagem ao épico brasileiro o imortal cantor do Uraguai, o criador de Lindóia.
Além, um quarto de légua após a embocadura do Várzea Grande, outro espraiado que recebeu a denominação de Largo Santa Rita Durão, o autor do poema brasileiro Caramuru.
Às 3 horas e 45 minutos, o porto de Manuel Estácio; cinco minutos depois, a barra do rio macuco.
Às 4 horas, o ponto chamado Pinheiro Branco; meia hora além, a boca do rio do Pintado.
Afinal, às 5h15 chegávamos, com aguaceiro violento, embora houvesse sol, à barranca do porto da União da Vitória, onde, no meio de inúmeros foguetes, fomos recebidos com muitas provas de alegria pela população e pelos membros da comissão militar encarregada da estrada de Palmas.
A nascente povoação do porto União da Vitória está sendo edificada à margem esquerda do iguaçu, em duas colinas bastante irregulares e ligadas por uma baixada, que infelizmente é, como todas as circunvizinhanças, inundada por ocasião das grandes cheias. a vista que se desfruta do alto desses outeiros, extensa e bastante interessante, domina várias curvas elegantes do rio e, do outro lado, bela perspectiva de pinheiral e mataria. Provém o seu nome do encontro, ou combinado ou ocasional e fortuito, de duas comissões de engenheiros e sertanistas que exploraram, há uns trinta e tantos anos, aquela região em procura de comunicação e caminho para a povoação e os campos de Palmas. Parece, contudo, que o ponto exato em que se fez essa junção fica abaixo, pois algumas voltas além demora o porto denominado Vitória, de maneira que não haverá incon- veniente em crismar-se com denominação mais característica e concisa a povoação, quando tiver proporções para ser elevada a vila.
Passei o restante do dia 5 de março a visitar a localidade. Fui ao abarracamento do contingente do batalhão de engenheiros, encarregado da abertura da estrada de Palmas, e não achei boa a sua colocação em local muito empantanado e úmido, mostrando haver pouco cuidado na conservação da limpeza geral com prejuízo da ordem e disciplina.
Em seguida, percorri a pé os poucos centos de metros abertos no contorneamento da povoação e com a largura com que deve ficar a estrada, e na volta examinei o perfil e mais trabalhos técnicos.
Hospedamo-nos em casa do sr. Amazonas Marcondes, que assim continuava em terra a hospitalidade dada no vapor Cruzeiro, sobre as águas do iguaçu.
No dia 6, às 6h30 da manhã, estávamos quase todos a cavalo para o exame das picadas feitas a bem do traçado definitivo da estrada. Depois de experimentadas três direções pela comissão, determinou ela seguir mais ou menos a estrada existente, melhorando declives, contornando banhados e divergindo só nas morrarias e ásperas subidas, como acontece, logo a duas léguas do porto, na serra da areia.
Fomos até as primeiras e já abruptas encostas desta serra, tendo feito mais de duas léguas e atravessado o bairro dos Tocos, o riacho Passo Fundo e o rio da areia.
O comandante da comissão militar, o sr. Capitão Belarmino, queixou-se não só da morosidade que qualquer transferência de oficiais e praças e outros fatos de caráter militar imprimem aos trabalhos, como do diminuto pessoal empregado nas obras de construção e sobretudo da falta de um médico, que de pronto acudisse aos enfermos. Prometi, apenas chegado a Curitiba, sanar essa falta tão sensível àquele destacamento já bastante numeroso, pois conta mais de 50 praças, e também à população civil, tanto mais quanto o estado sanitário nesses últimos tempos não havia sido muito bom.
Examinados ainda e com mais vagar os desenhos e instrumentos da comissão, voltamos à casa do sr. amazonas, donde saímos às 11 e 45 minutos, acompanhados de muitas pessoas, com destino ao porto, onde estava postada uma guarda de honra, despedindo-nos de todos os presentes, que nos saudavam com aclamações e vivas, enquanto o vapor descrevia as primeiras voltas para cortar águas acima o majestoso rio.
Eram então 12 horas e 20 minutos do dia 6 de março.
A viagem rio iguaçu acima durou 44 horas e 50 minutos, porquanto, partindo nós da União da Vitória às 12 horas e 20 minutos do dia 6 de março, chegamos ao porto Amazonas às 11 horas e 10 minutos de 8. Também para isso foi necessário viajar dia e noite, parando só a navegação algum tempo, a 6, por causa de espessa escuridão e, a 7, em razão de fortíssima trovoada. Descontadas estas duas horas perdidas, pode-se calcular que com luar claro, na marcha que trouxemos ou pouco mais acelerada pelas circunstâncias favoráveis, far-se-á o trajeto de 43 a 46 horas.
A distância entre os dois pontos extremos é de 55,5 léguas, segundo os irmãos Keller, os primeiros que por ordem do Presidente Conselheiro Fleury exploraram o rio, e esta apreciação foi aceita pela comissão encarregada de estudar os limites entre as províncias do Paraná e Santa Catarina.
Os engenheiros militares da estrada de Palmas, acostumados a transitar por ali, calculam a distância em 53 a 54 léguas, ao passo que outros profissionais a julgam não superior a 52.
Como pelo número de horas pode-se fazer idéia das distâncias percorridas, daremos ainda notícia de algumas indicações colhidas no regresso e que completam as notas anteriormente tomadas.
Assim deixamos de apontar a barra do rio do soldado, que deságua à margem esquerda e com cuja embocadura enfrentamos a 1/ hora.
Corta terras do sr. Amazonas, e logo após se vê a boca do rio do Bueno. Às 3h30, outro rio que ficara em esquecimento, o do Macuco. Às 5 horas, passávamos pela barra do rio Timbó. assim, pois, leváramos duas horas para dali chegar ao porto da União e gastáramos 4 horas e 40 minutos a fim de lá voltarmos.
Pouco antes havíamos ainda uma vez admirado a placidez e solenidade do Largo Basílio da Gama, evocando esse nome no meio daquela esplêndida natureza vivas reminiscências do seu belo poema, do qual se destaca pura e poética a imagem de Lindóia. Também tais eram os encantos e formosura que nas suas faces se transfigurava até a morte, inspirando ao poeta a sublime exclamação:
“Tanto era bela, no seu rosto, a morte.”
Para nós vinha a tarde descendo suave, fresca, serena, melancólica e ainda com restos do dia parou, às 7 horas, o vapor a fim de tomar lenha, no lugar denominado Escada.
Descemos então a terra.
De repente, bem distintamente ecoou prolongado, embora longinquo, som de uma buzina dentro da mata virgem, respondido logo à maior distância por outro. eram avisos e sinais dos bugres; e, de descuidados que estávamos, tornamo-nos de pronto atentos, não que houvesse perigo real, mas pela novidade das impressões que recebíamos ali perto, em contato quase com a selvageria e indomável pertinácia do gentio, cujo rancor e ferocidade tinham tristonho atestado nas cruzes erguidas à beira do rio.
Às 7h30 recomeçou a viagem, que se prolongou apesar da escura noite, quase sem interrupção, até a madrugada de 7. Passamos, nesse dia, às 6h30 da manhã, em frente à barra do Potinga, do lado esquerdo, e notamos que desse ponto é que começam a aparecer os elegantes salgueiros, cuja folhagem tênue, ramos pendentes e cor verde-cré, dão tamanho realce e beleza às paisagens que se formam ao derredor do iguaçu.
Às 7 horas, a boca do rio Negro, e o começo da importante ilha Taunay, que tem mais de meia légua de extensão, e em cuja ponta ocidental se agrupam lindíssimos salgueiros. Às 7h15, terminação da ilha e embocadura do rio Negrinho.
Foi a 1 hora da tarde que chegamos a São Mateus, onde se estabeleceram em terras cedidas pelo estado alguns alemães, no intuito de explorarem petróleo e substância hidrocarburetadas dos xistos betuminosos, tão abundantes em todos esses pontos. Contudo, os srs. Thiem e Rodolpho Wolf já se mostram desanimados da empresa, e parecem dispostos a se dedicar à agricultura. Com eles estive ali conversando algum tempo, ouvindo depois várias pessoas, que apresentaram pretensões e requerimentos.
Às 2h15, continuou-se a viagem sem novidade alguma, parando só às 7h30 da noite para receber combustível em um porto, que chamamos do Auxílio, por terem os srs. Dr. Ermelino e Carneiro se prestado engraçadamente a ajudarem o embarque da lenha.
Viajando toda a noite com interrupção de uma hora, apreciamos, já de pé, a madrugada de 8 de março, clara e límpida, e chegamos, às 11 horas e 10 minutos, ao porto Amazonas, concluindo assim com felicidade aquela rápida excursão.
Nesse mesmo dia poderíamos ter alcançado, às 11 horas da noite, Curitiba, caso não caísse, quando descíamos a serrinha, violento temporal. isto fez com que fôssemos obrigados a parar em Campo Largo, onde novamente nos acolhemos à hospitaleira vivenda do distinto sr. João Ribeiro de Macedo e ali passamos a noite.
Às 10 horas da manhã seguinte de 9 de março chegamos todos à capital do Paraná, e no espírito de quantos haviam feito aquele rápido, mas longo passeio, decerto ficaram motivos para duradouras e agradáveis recordações."
Paulo Grani.
Nenhum comentário:
Postar um comentário