domingo, 1 de janeiro de 2023

AS VIDAS DE UMA CASA - FINAL

 

AS VIDAS DE UMA CASA - FINAL









Os anos se passavam, e o Sr. Guilherme ainda gozava de muita lucidez e boa saúde. No final da década de 80, juntamente com uma dupla de pintores, repintou meticulosamente a casa, utilizando tinta a óleo, além de trocar as antigas calhas metálicas de chuva pelo modelo mais atual em plástico. 

Na década de 90 houve a chegada da segunda geração dos bisnetos: Rafael (91), Juliana (93), Jéssica (95), Betina (95), Vinícius (96) e Lucas (97). O novo século ainda trouxe o Bruno (2000), a Beatriz (2003), o Augusto (2010) e a Melissa (2014), além do trineto Josué (2010). Todos estes tiveram a oportunidade de se divertir na casa da Família Rudolph, mas infelizmente o Sr. Guilherme e D. Anna não puderam conhecer a todos.

Em 1993 o Sr. Guilherme teve diagnosticado um câncer, que aos poucos foi trazendo outras complicações, lhe tirando a mobilidade e mais ao fim, a lucidez. Foram alguns anos de dedicação das filhas para cuidar do pai adoentado, até que em 1996, aos 94 anos de idade, o Sr. Guilherme faleceu em casa, assim como tinha pedido. Praticamente 1 ano depois, em 1997, aos 88 anos de idade, D. Anna não resistiu à complicações de saúde e também faleceu em casa. Assim, o cotidiano se tornou história!

Restou o legado destes imigrantes: nenhum luxo, pouco conforto, muito trabalho duro, muita dignidade, retidão e honradez, além de uma gratidão imensa à cidade de Curitiba que os acolheu e permitiu, assim como à milhares de famílias advindas de diversos países, fazer crescer seus descendentes!

Quanto à Casa por Detrás da Moita, permanece na família enquanto possível! E se um dia perder a guerra para o concreto, terá cumprido seu papel de ser um porto seguro para os que nela nasceram, habitaram e morreram, e se tornará uma saudosa lembrança nas vidas de muitas pessoas.

AS VIDAS DE UMA CASA - PARTE 1

 

AS VIDAS DE UMA CASA - PARTE 1






Nesses próximos cinco dias farei algo inédito nesse blog. Vou contar a história de uma casa e das pessoas que nela viveram e vivem até hoje.

Um dia um jornal referiu-se à essa bela casa de madeira, que da rua se vê apenas parcialmente, como “a casa atrás da moita”. Mas de trás dessa moita encontramos uma casa que foi construída com muito esforço por imigrantes alemães e que é ocupada desde a páscoa do longínquo ano de 1948, numa época em que o local, rua Almirante Tamandaré quase esquina com Augusto Stresser, era um campo aberto quase sem casas.

Creio que com essas postagens, feitas a partir de um texto enviado por Ingo Dittmar (neto de Guilherme Rudolph), não apenas a história de uma família e de sua casa serão contadas, mas um pedacinho de todas as histórias de todas as famílias que encontraram em Curitiba um lugar ideal para fincar raízes e construir a história das suas famílias.

Acompanhando o texto do Ingo, ao longo desses dias postarei algumas fotos que fiz da casa e a cada dia uma linda foto do acervo da família (a de hoje mostra a casa em 1948).

Bem vindo à história da família Rudolph e da “casa atrás da moita”!

Era o ano de 1924 quando o imigrante alemão Guilherme Rudolph (Wilhelm Paul Ernst Rudolph) resolveu deixar sua terra natal, assolada por uma grande recessão para tentar a vida no Brasil. O jovem de 22 anos veio acompanhado de seus pais, o Sr. Carl (Karl Friedrich Ernst Rudolph) e a D. Emma (Auguste Pauline Emma Adler Rudolph), já que era filho único e a família deveria ficar unida.

Já no Brasil, instalaram-se numa colônia de alemães no município de Cândido de Abreu – PR. Guilherme era técnico mecânico, com cursos extras de serralheiro e ótimas recomendações de seus professores e de empregadores, ainda na Alemanha. Entretanto, na colônia, tornou-se agricultor.
Ainda em Cândido de Abreu, conheceu a jovem Anna Lange  (cuja família (os pais , 5 irmãs e 2 irmãos) imigrou para o Brasil em 1925. Casaram-se em 1929. Agora, com novas responsabilidades, era hora de fazer valer sua formação técnica e buscar um emprego na capital, Curitiba. Foi acompanhado de sua esposa e de seus pais. 

Moraram de aluguel em vários endereços, incluindo o bairro Atuba e mais ao “centro”, na Av. Cândido de Abreu, próximo à fundição Muller (atual Shopping). Trabalhou em diversas oficinas mecânicas (num sentido mais amplo, não somente automóveis) e pequenas indústrias. Sempre que possível, fazia pequenos “bicos” para complementar a renda. A família Rudolph foi aumentando: em 1931 nasceu Agnes (Agnes Emma Rudolph Dittmar), em 1932 Adelaide (Adelaide Rudolph) e em 1935 Rosinha (Rosinha Rudolph Kuhn). 

No final dos anos 30, a família Rudolph se mudou para uma casa alugada na Rua Bom Jesus, no Juvevê. Nessa época, os patriarcas Lange (August Lange e Agnes Koll Lange) resolvem retornar à Alemanha, e com eles seguiu o filho Augusto e a filha Anna. Ela precisava se tratamento de saúde e a recomendação médica de acompanhar os pais para buscar um melhor atendimento na terra natal foi atendida. A intenção era se recuperar e retornar ao Brasil para o convívio com o marido, Guilherme, e as três filhas. Por ironia do destino, não puderam escolher pior momento para embarcar para a Alemanha: era o ano de 1939, e em setembro desse ano, eclodiu a II Guerra Mundial!

A situação na Alemanha era a pior possível: os patriarcas Lange morreram de frio no inverno de 1941, o filho Augusto (que mancava em uma das pernas) foi visto pela última vez tentando alcançar o último trem que deixava uma das cidades antes de ser bombardeada... A filha Anna perambulou em atendimentos nos hospitais, fugindo de bombardeios e de toda a sorte de dificuldades que uma mulher sozinha se depara durante uma guerra...

AS VIDAS DE UMA CASA - PARTE 4

 

AS VIDAS DE UMA CASA - PARTE 4








Em Julho de 1982, aos 80 anos, o Sr. Guilherme, acompanhado de sua filha Adelaide, faz uma viagem à sua terra natal. Desde a imigração, em 1924, nunca havia voltado. Foi incrível: visitaram a cidade na qual os Rudolph moraram (a casa ainda existia), e também a escola na qual o Sr. Guilherme estudou! Inclusive com direito à conversa com o diretor, que disse: “- Este momento merece um brinde com um bom vinho!”. 

Enquanto isso, em Curitiba, eram férias escolares e o neto Ingo faz companhia à sua avó, D. Anna. A rotina consistia em acender e manter o fogão à lenha (construído pelo próprio Sr. Guilherme, utilizando chapas de aço rebitadas, devidamente revestidas com tijolos refratários), além de acompanhar o processo de defumação de toucinho num forno improvisado com tijolos junto ao muro no quintal; dar comida aos cachorros, e milho às galinhas. Lembrando que esse ambiente todo fica praticamente no centro de Curitiba! 

Durante a década de 80, houve a chegada da primeira geração dos bisnetos: Conrado (81), Camila (83), Caroline (85), Natália (85), Anna Luisa (85) e Celina (87). Sempre que possível, a criançada se divertia correndo pelo imenso quintal, se escondendo nos diversos recantos do imóvel, além de alegrar o Sr. Guilherme e D. Anna. 

Nos aniversários, nas Páscoas, nos Natais, nos almoços de 1° de Janeiro, a família sempre buscava se reunir na casa dos Rudolph. Aos homens era permitido degustar cerveja Antarctica, já as mulheres preferiam a Malzbier. As garrafas eram armazenadas no porão do paiol, o que segundo o Sr. Guilherme era o suficiente para refrescar as bebidas. Quando o tempo permitia, e a quantidade de convidados exigia, os almoços e cafés da tarde eram servidos no pátio externo!

O neto mais novo, Ingo, sempre era requisitado nas férias para auxiliar no corte de grama, no debulhar do feijão cujas vagens (bainhas) eram secas na calçada de paralelepípedos, no corte de lenha, etc. Esses momentos preciosos eram perfeitos para absorver as histórias de vida da família Rudolph, além de aprender diversos macetes: como direcionar um cortador de grama, como abrir uma bainha de feijão sem desperdiçar os grãos, como manusear uma serra traçadeira (aquela de lâmina longa com uma pessoa puxando em cada ponta), como pregar corretamente sem entortar o prego, enfim, ensinamentos que um alemão metódico poderia passar ao neto.

AS VIDAS DE UMA CASA - PARTE 3

 

AS VIDAS DE UMA CASA - PARTE 3







Em 1949, sua filha mais velha, Agnes, começou a namorar Ernesto Dittmar, também filho de imigrantes alemães. 

Em 1951, o patriarca dos Rudolph, Sr. Carl, que ainda morava com o filho Guilherme, faleceu em decorrência de problemas de saúde. 

Em 1952 Ernesto e Agnes se casam, e como um casal de jovens iniciando sua vida praticamente sem recursos, permanecem morando na casa dos Rudolph. Ao final deste ano, o Sr. Guilherme, aconselhado por seus patrões e sua família, deixou de lado a motocicleta BMW e comprou um automóvel Opel Olympia modelo 1952, zero km. Novamente, a amizade com seus patrões facilitou essa aquisição, com o “financiamento” do carro e o pagamento em suaves prestações a perder de vista. O automóvel requeria um abrigo. Assim surgiu mais uma construção na propriedade: uma garagem com um fosso, o que permitia a autossuficiência na manutenção do veículo.

Com o passar dos anos, os netos do Sr. Guilherme foram chegando: em 55 Paulo, em 58 Edgar, em 59 as gêmeas Alice e Berta (nascidas na casa) e em 61 Irmgard (também nascida na casa).

Aqui cabe um parênteses: a filha do Sr. Guilherme, Adelaide, começou uma carreira de professora, e no final do ano de 58 rumou para um intercâmbio na Alemanha. Lá, enquanto fazia seus cursos e se aprimorava na língua alemã, iniciou uma busca por sua mãe, D. Anna. Com a ajuda de conhecidos e de desconhecidos, descobriu que ela estava do lado oriental, como uma interna de um sanatório, já que não tinha para onde ir. O acesso da Alemanha Ocidental para a Alemanha Oriental era permitido, mas o inverso não. Em suas horas de folga, Adelaide buscava fazer contato com sua mãe, até que conseguiu uns dias a mais e cruzou a fronteira ao encontro de D. Anna. Finalmente, em 1960, após 21 anos, reencontrou sua mãe! Entretanto, este foi somente o primeiro encontro, sendo necessário conseguir que D. Anna cruzasse a fronteira. Meses depois, com um enredo típico de filmes de refugiados, inclusive auxiliadas por um padre que sequer conheciam, D. Anna já estava do lado ocidental. Ainda permaneceram um tempo na Alemanha, até que o período do intercâmbio terminasse. Em 1961 retornaram ao Brasil. Aquela jovem mulher de 30 anos, que em 1939 rumou para a Alemanha, deixando para trás seu marido e suas 3 filhas pequenas, retornou para o lar, agora com 52 anos, encontrando uma filha casada e com 4 filhos (a neta mais nova de D. Anna estava para nascer no final do mês), além de sua filha caçula já noiva!

Enfim agora, o Sr. Guilherme estava com a família completa! 

Em 1961 a filha Rosinha se casa com Erwin Kuhnl e se muda para a casa dos sogros. Mais tarde fixou residência no bairro Capão da Imbuia. Os filhos Ronaldo e Lília vieram respectivamente em 66 e 69. 

Em 1964 o casal Ernesto e Agnes constrói sua casa na Vila Guaíra. 

A filha do meio, Adelaide, dedica sua vida à lecionar, sendo inclusive diretora do Colégio Martinus, além de cursar a faculdade de letras (alemão) na UFPR. Mais tarde, lecionou durante décadas no Instituto Goethe até se aposentar.

Dando um salto no tempo desta história, o Sr. Guilherme, mesmo aposentado, continua a trabalhar na Móveis Ritzmann (na serraria), o que era sempre uma viagem, partindo do Juvevê até além do final da João Bettega, região esta que na época era chamada de Barigui (devido ao rio) e que hoje faz parte da Cidade Industrial de Curitiba. 

Em 74, nasce seu último neto, Ingo, filho do casal Agnes e Ernesto.

Em 1981, aos 79 anos parou de trabalhar na serraria dos Ritzmann e passa a se dedicar à manutenção da casa, ao cultivo de sua horta e a criar peças, ferramentas, equipamentos, tudo o que sua formação na área mecânica permitia. Considerando o tamanho do terreno, plantava milho em conjunto com feijão, além de cultivar um belo parreiral que ladeava o caminho central de acesso à casa.

AS VIDAS DE UMA CASA - PARTE 2

 

AS VIDAS DE UMA CASA - PARTE 2

http://www.circulandoporcuritiba.com.br/2016/04/as-vidas-de-uma-casa-parte-2_5.html




No Brasil, a família Rudolph teve que enfrentar o falecimento da matriarca Emma em 1940. 

Guilherme Rudolph se desesperou: como conseguiria criar 3 filhas pequenas e ao mesmo tempo trabalhar para garantir o sustento da família? Tentou, em vão, que suas cunhadas solteiras, irmãs de D. Anna, que permaneceram na colônia de Carambeí – PR, pudessem criar suas filhas. Diante da negativa, não restou alternativa a não ser dividir com seu pai, Carl, a criação das filhas.

Nessa época, Guilherme Rudolph já trabalhava na Móveis Ritzmann, na Av. Getúlio Vargas (hoje ocupada pela Faculdade OPET). Anos depois se tornou encarregado na serraria, esta localizada um pouco adiante do final da rua João Bettega, junto ao rio Barigui. 

Sempre foi perfeccionista e correto no que fazia, e isso era visto com muitos bons olhos por seus patrões, os irmãos Ritzmann, firmando um vínculo de amizade. Isso permitiu que Guilherme comprasse madeiras por preço de custo, para poder construir sua casa própria, num terreno na Rua Almirante Tamandaré. A primeira construção neste lote foi um pequeno paiol, que servia de dormitório para o patriarca Carl Rudolph cuidar das madeiras que eram estocadas na propriedade e que estavam se tornando a moradia dos Rudolph.

Na Páscoa de 1948 a casa estava “pronta” (houveram complementos ao longo dos anos) e Guilherme Rudolph, com seu pai e suas 3 filhas deixaram a casa alugada na Rua Bom Jesus e foram morar na Rua Almirante Tamandaré. 

Simultaneamente com a casa, foi construído um “paiol”, no qual Guilherme fazia a manutenção de sua motocicleta BMW, além de seus “bicos”, construindo diversos dispositivos mecânicos conforme necessidades de seus clientes, inclusive fabricando peças em série: fornecia para seu amigo, o Sr. Guilherme Knauer, da fábrica de selins de bicicleta Knauer, as ferragens para um selim infantil, o qual era montado no tubo superior das bicicletas masculinas, para transportar crianças. E nessa tarefa, nem as filhas ficavam de fora: entre as atividades domésticas, eram responsáveis por fazer a pintura preta destas ferragens, além de montar os componentes.

O terreno da casa era muito grande, e foi cultivado com diversas pereiras, macieiras, pessegueiros, parreiras, além de hortaliças, tudo aproveitado para o preparo de compotas, sucos e doces. Aquela primeira construção do terreno, o paiol de vigilância das madeiras, foi convertida em galinheiro. Enfim, o Sr. Guilherme sempre buscou autossuficiência em tudo o que possível, para não depender de terceiros, somente de seu trabalho e de sua família.

Quem foi: Max Wolff Filho

 

Quem foi: Max Wolff Filho

Foi condecorado com medalhas como a Campanha de Sangue e Cruz de Combate

Max Wolff Filho (1911-1945), natural de Rio Negro e filho de pai austríaco, iniciou sua vida militar aos 18 anos após ingressar no extinto 15º Batalhão de Caçadores, atual 20º Batalhão de Infantaria Blindado Sargento Max Wolff Filho (20º BIB), localizado em Curitiba. Anos depois, o paranaense muda-se com sua família para o Rio de Janeiro e na então capital do país dá início a sua carreira na Polícia Militar. Após cerca de 10 anos no exercício, Max Wolff Filho alista-se de forma voluntária a Força Expedicionária Brasileira (FEB). Na oportunidade, integrou a 1ª Companhia do 11º Regimento de Infantaria (11º RI), em São João del-Rei (MG).

Quem foi: Max Wolff Filho - Curitiba Space

No contexto da Segunda Guerra Mundial, a companhia em questão foi designada para reconhecer as regiões de Monte Forte, em São Tomé e Príncipe, e Biscaia, na Espanha.  Max Wolff Filho, o comandante do total de 19 militares que se destacaram pela bravura em combates anteriores, acabou sendo fatalmente atingido na altura do peito. O paranaense foi condecorado com medalhas como a Campanha de Sangue e Cruz de Combate, do Brasil. Outra importante homenagem foi a criação da Medalha Sargento Max Wolff Filho pelo Decreto nº 7118, que é destinada subtenentes e sargentos do Exército Brasileiro com atitudes de dedicação.

Quem foi: Max Wolff Filho - Curitiba Space

Em Curitiba, Max Wolff Filho é lembrado através de um busto, localizado dentro do Museu do Expedicionário. A homenagem traz um relato que demonstra a bravura do combatente paranaense. Segue:

Após a conquista de Monte Castelo em 21 de fevereiro de 1945, a tropa brasileira avança, sempre combatendo até chegar nas alturas do Vale do Rio Panaro, onde o Alto Comando determinou uma parada para reajustar o dispositivo, tendo em vista a ofensiva da Primavera que deveria resultar na completa destruição das forças inimigas na Itália.

No início de abril, o I Batalhão do 11º Regimento de Infantaria sob o comando do Major Manoel Rodrigues Lisboa, ultimava preparativos para conquistar Montese, localidade situada em uma elevação de terreno.

Exercia, eu, como Capitão de Artilharia do efetivo do 1º Grupo de Artilharia, as funções de oficial de ligação com a missão  de preparar os planos de fogos de Artilharia em apoio ao Batalhão.

Preparávamos o plano de ataque quando chegou uma mensagem do Alto Comando informando que havia indícios de grande movimentação das forças inimigas. Para verificar se esses movimentos eram de retraimento ou de articulação de dispositivos  de tropas, deveriam os brasileiros lançarem, com urgência, agressivas patrulhas de reconhecimento.

O Major Lisboa determinou incontinente que o Pelotão do Sargento Max Wolff Filho se apresentasse ao Posto de Comando do Batalhão.

O Sargento Max Wolff Filho durante a campanha revela grande coragem e capacidade de comando. Primeiro no mapa e depois no terreno foi determinado itinerário e objetivo, este um grupo de casas no ponto 747. Como artilheiro elaborei o plano de fogos da Artilharia no sentido de proteger o pelotão. Dando cumprimento a missão o pelotão iniciou seu avanço tendo o Sargento Max Wolff Filho a frente, o qual era perfeitamente identificável, apesar da distância, por usar um equipamento novo e diferente dos seus soldados. Os demais seguiam em fila indiana.

Quando se encontrava, calculamos, a cerca de 100 metros do objetivo, o comandante fez um sinal e seus soldados se dividiram em duas partes, uma para cada lado e se abrigaram.

O Sargento Comandante avança sozinho em direção ao objetivo. Momentos depois ouvimos uma rajada de metralhadora alemã. Max Wolff Filho arqueou-se e deitou, indicava que se abrigara. Em seguida observamos um soldado rastejando se aproximando do Sargento. Nova rajada também o atingiu, pois rolou e de braços abertos ficou imóvel. Identificado estava que o inimigo ainda ocupava as posições e que o líder tombara.

Desencadeamos forte barragem de Artilharia para a tropa retroceder. A missão fora cumprida.

No Posto de Comando, os remanescentes chorando, informaram o ocorrido. Por instantes ficamos em silêncio revelador do nosso profundo pesar.

O mais valente, o herói consagrado fatalmente atingido, entregara: “Sua alma a Deus; Seu sangue à Itália; e seu coração ao Brasil.”

Relato do General Ítalo Conti.

Museu do Expedicionário - Curitiba Space

Ainda no Museu, mas em frente ao prédio, uma placa presta outra homenagem a Max Wolff Filho, apresentando o nome de todos os veteranos mortos em combate na Itália. A placa, assim como o Museu, fica na Praça do Expedicionário.

Referências:
IPPUC. Nome de Rua. Disponível em <http://ippucweb.ippuc.org.br>.
Muzzillo, Camila. 1001 ruas de Curitiba. Organizado por Camila Muzzillo. Curitiba. Artes & Textos. 2011. 240p.

Quem foi: Augusto Stresser

 

Quem foi: Augusto Stresser

Stresser era filho de imigrante alemão e fez carreira como compositor e jornalista

Nascido em CuritibaAugusto Stresser (1871-1918) foi o compositor da primeira ópera paranaense (batizada de Sidéria em homenagem a sua filha), jornalista, ilustrador, artista plástico, escritor e funcionário público.

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O futuro compositor nasceu em uma residência localizada na Rua da Carioca, que mais tarde seria renomeada como Rua Riachuelo. Seu pai, alemão de Walferdingen, migrou para o Brasil no começo do século XIX, e sua mãe era brasileira, mas com descendência direta do país germânico. Augusto Stresser era o caçula de sete irmãos, e sofreu com frequentes doenças durante sua infância. Após aprender a ler e a escrever com a mãe, entrou para o ginásio, onde teve como colega Affonso Camargo, outro nome que ficaria famoso na cidade. Ainda jovem, conseguiu um emprego no Estado, ramo que exerceu por toda a vida, sendo inclusive Delegado Fiscal o Paraná.

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No campo da arte, Stresser começou seus primeiros passos na música estudando flauta e contrabaixo. Logo no começo da carreira, participou da fundação do Grêmio Musical Carlos Gomes, em 28 de maio de 1893, junto com: Alberto Monteiro, Antenor Monteiro, Álvaro Barbosa, Alberto Leschaud, Athanázio Leal, Annibal Requião, Bellarmino Vieira, Frederico Lange, Gabriel Monteiro e Gabriel Ribeiro. Em seguida, participou da orquestra da Catedral Metropolitana de Curitiba, tocando flauta, flautim, contrabaixo e piano. Paralelamente a música e ao trabalho no Estado, exercia alguns hobbies, como desenhar, pintar, escrever poesias, fotografar e exercer outro trabalho, o de jornalista. Junto com Silveira Neto, participou do jornal ilustrado “O Guarany”, e com Leite Junior publicou o jornal “A Fanfarra”Stresser colaborou também com os jornais “Diário da Tarde”, de Curitiba; e “O Itiberê”, de Paranaguá. A estreia de Sidéria – ópera pioneira no Paraná – aconteceu em 3 de maio de 1912 no Theatro Guayra. A composição contou com a participação do primo Jayme Ballão.

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Augusto Stresser faleceu relativamente jovem, aos 47 anos, vítima da devastadora gripe espanhola. É bisavô da atriz Guta Stresser e do produtor Ronald Sanson Stresser Jr. Em Curitiba, uma longa via, cercada por comércios, leva o nome do curitibano. A Rua Agusto Stresser passa pelo bairros Juvevê, Alto da Glória e Hugo Lange.

Referências:
IPPUC. Nome de Rua. Disponível em <http://ippucweb.ippuc.org.br>.
GAZETA DO POVO. Músicos Curitibanos. Disponível em <http://www.gazetadopovo.com.br>.
Muzzillo, Camila. 1001 ruas de Curitiba. Organizado por Camila Muzzillo. Curitiba. Artes & Textos. 2011. 240p.