quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

Tutti buona gente - a importância dos italianos para a formação de Araucária

 Tutti buona gente - a importância dos italianos para a formação de Araucária

A partir do século XIX, com o andamento do processo de abolição da escravidão avançando no Brasil, muitos produtores paulistas de café iniciaram a substituição de mão de obra escrava africana pela assalariada europeia, especialmente a italiana. Fugindo das más condições de vida na Europa, famílias inteiras chegavam ao Brasil atraídas pela possibilidade de uma vida melhor, ainda que com baixos salários e precárias condições de vida.
Em seguida, ainda durante o império, iniciou-se uma política imigratória por parte do governo brasileiro, que buscava atrair europeus de variadas etnias para serem assentados em colônias ao longo da região sul, visando ocupar áreas devolutas e aquecer a produção agrícola familiar, a fim de abastecer o consumo das cidades que cresciam. A maioria das famílias italianas foram direcionadas para o Rio Grande do Sul, mas muitas chegaram à região de Curitiba.
Dessa forma, em Araucária inicialmente os italianos se estabeleceram na colônia Barão de Taunay, criada em 1886, mista com poloneses, mas não tardou para que se espalhassem por diversas áreas de Araucária. Inclusive, algumas famílias de origem italiana se juntaram e formaram até uma colônia não oficial, que ficou conhecida como a “colônia dos italianos”, na região da Bela Vista. De riso fácil e muito falantes, não tardou para que se integrassem a outros grupos nas áreas rurais e urbanas.
Os italianos trouxeram para Araucária muitos hábitos que integram a cultura do município, como o costume de fazer e consumir a polenta, o macarrão e o vinho - feito em casa mesmo com uvas plantadas em seus quintais. A produção costumava ser engarrafada e armazenada para que, ao longo do ano, pudesse regar os almoços de família, sempre muito animados.
Entre as famílias italianas que escolheram Araucária para viver e seguir construindo sua história podemos citar as famílias Pilatto, Perretto, Pizzatto, Brunatto, Cantelle, Bonetto, Tramontim, Valentini, Negrelle, Senegaglia, Tagliaferro, entre outras. Ao longo do tempo, dedicaram-se a diversas atividades, como agricultura, serraria, moinho, marcenaria, entre outras.
A família Perretto se dedicava à ferraria, e fabricou muitos utensílios agrícolas utilizados nas colônias de imigrantes de Araucária. Também foi um italiano, o Avelino Bonetto, o responsável por introduzir o processamento mecanizado do milho para o fabrico do bijú em Araucária, muito apreciado pelos seus habitantes. Empreendedores, o primeiro automóvel a percorrer as ruas de Araucária pertencia ao italiano João Sperandio, proprietário de uma serraria no Campo Redondo. Também foi a família Franceschi que estabeleceu em Araucária a primeira empresa de ônibus de transporte coletivo, a Empresa Araucária, que em 1934 inaugurou a linha Araucária-Curitiba.
E é assim que se reconhece nas feições, na fala, nos sobrenomes e no sorriso de muitos habitantes de Araucária o traço dos seus ascendentes que vieram da Itália e trouxeram para essas terras, junto com suas poucas bagagens, a alegria e esperança da luta diária que nunca pode se perder.
(Texto escrito por Luciane Czelusniak Obrzut Ono - historiadora)
(Legendas das fotografias:
1 - Casal Bernardo e Judith Valentini com filhos, final do século XIX, coleção Cezar Trauczynski
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
2 - Casal Julio e Teresa Sperandio com filhos, 1910, coleção de Cezar Trauczynski
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
3 - Casal Mansueto e Pierina Tagliaferro com filhos, 1933, coleção de Mansueto Tagliaferro
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
4 - Casal Antonio e Ana Pizatto com filho Bertolino, 1934, coleção Ana Pilatto
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
5 - Sebastião Pilatto e Francisa Pizzatto, 1968, coleção Ana Pilatto
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
6 - Grupo de moradores junto ao primeiro automóvel de Araucária, pertencente a João Sperandio, sd
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
7 - Luiz Franceschi e meninas em frente ao ônibus da Empresa Araucária, 1941
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
8 - Machado produzido pela ferraria dos Perretto, ainda em uso e de propriedade de João Obrzut
Foto de Tereza Czelusniak Obrzut.
9 - Produção artesanal de vinho da família Tagliaferro, 2004
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.)

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Casal Bernardo e Judith Valentini com filhos, final do século XIX, coleção Cezar Trauczynski
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

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Casal Julio e Teresa Sperandio com filhos, 1910, coleção de Cezar Trauczynski
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres

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Casal Mansueto e Pierina Tagliaferro com filhos, 1933, coleção de Mansueto Tagliaferro
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

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Casal Antonio e Ana Pizatto com filho Bertolino, 1934, coleção Ana Pilatto
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

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Sebastião Pilatto e Francisa Pizzatto, 1968, coleção Ana Pilatto
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

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Grupo de moradores junto ao primeiro automóvel de Araucária, pertencente a João Sperandio, sd
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

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Luiz Franceschi e meninas em frente ao ônibus da Empresa Araucária, 1941
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

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Machado produzido pela ferraria dos Perretto, ainda em uso e de propriedade de João Obrzut
Foto de Tereza Czelusniak Obrzut.

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Produção artesanal de vinho da família Tagliaferro, 2004
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

O ano é 1921, estamos na área rural de Araucária. A paisagem é formada por colinas, rios, florestas e pequenas plantações (só o que for possível cultivar com enxadas e implementos puxados pelos cavalos).

 O ano é 1921, estamos na área rural de Araucária. A paisagem é formada por colinas, rios, florestas e pequenas plantações (só o que for possível cultivar com enxadas e implementos puxados pelos cavalos).

Dos tempos do pixirum
O ano é 1921, estamos na área rural de Araucária. A paisagem é formada por colinas, rios, florestas e pequenas plantações (só o que for possível cultivar com enxadas e implementos puxados pelos cavalos). O canto dos pássaros anuncia a aurora, e também se pode ouvir o mugido das vacas no pasto e o som da água movendo o pilão para socar o bijú. A chaleira sobre o fogão de lenha já está quente e é hora de preparar o café e fritar alguns ovos que foram juntados nos ninhos.
Ao longe, o ferreiro bate o ferro dentro de algum galpão de madeira, como se fosse o som de uma araponga vindo de longe. No campo, pisando descalço sobre a terra fofa, o homem comanda o cavalo arando a terra – "ôôôu". No forno de fora, o cheiro das broas quentes se espalha pelo ar, e a mulher logo vai tirá-las com a pá de madeira. As crianças, que saíram cedo para assistir às aulas na escola rural, voltam para o almoço, correndo descalças e passando pela pequena ponte de madeira sobre o riacho, onde mais tarde o vovô vai passar de carroça para levar os sacos de trigo, colhidos semanas antes, para o moinho de algum velho conhecido, movido à roda d'água, e trazer para casa no final da tarde a farinha. Ao cair da noite, somente as estrelas espiam o curioso barulho dos grilos, cujo compasso por vezes é quebrado pelo pio da coruja, sentada no palanque da cerca. Os lampiões serão apagados, e todos irão dormir em suas camas de colchão de palha, sonhando sobre como germinará a lavoura e rezando para que logo venha a chuva. E quando cantar o galo será o começo de mais um dia na colônia.
A principal marca da vida rural há cem anos atrás era a simplicidade - no modo de falar, de agir, de se alimentar, e até no jeitinho de sentar no caixote à beira do fogão de lenha para contar histórias. Com simplicidade, os agricultores de Araucária construíram suas primeiras casas - com madeira serrada das matas de araucárias -, as primeiras sociedades, as primeiras escolas e as primeiras igrejinhas. Algumas vezes por ano eram realizadas festas nas comunidades, com missa, almoço e matinê. Quem animava as festas eram músicos agricultores, que ganhavam a vida na roça e nas horas de folga tocavam a sanfona. Aliás, dessa mesma forma se davam outras atividades, o artífice e o ferreiro também eram agricultores, assim como o marceneiro, o poceiro e o carpinteiro, que fazia as casas e também os caixões.
Quando chegava a época da colheita era preciso ser rápido, então contava-se com a ajuda mútua dos vizinhos em "pixirum", espécie de mutirão. O colono deixava a sua lavoura para ajudar o vizinho, e depois o vizinho ajudava na sua colheita. Faziam panelões de comida, e não raro dançavam e tomavam umas pinguinhas. Entre uma safra e outra costumava sair algum casamento, e os vizinhos e parentes passavam a semana toda ajudando na organização – arrumando o paiól, fazendo a cerveja caseira, depenando as galinhas, fazendo cuque e confeccionando flores de papel colorido.
Com o passar dos tempos o trabalho no campo foi se transformando, o cavalo foi substituído pelo trator, o pixirum pela colheitadeira, e quanto mais tempo as máquinas poupam, estranhamente, mais ele escorre pelos dedos e falta tempo para as visitas de outrora, para papear “pitando um paieiro", ou tomando um café com broa e torresmo.
Mesmo com essa escassez de tempo, ainda há quem separe algum para contar histórias de tempos passados, através das lembranças guardadas pelos olhos de quem viu de perto as transformações que chegaram ao campo. Nas casas mais simples, geralmente feitas em madeira, guardam-se as mais ricas memórias. Nos olhos de expressão cansada se reflete a lembrança dos dias vividos, das emoções sentidas, daquilo que não volta mais. Nas mãos enrugadas, nas unhas com resquícios de terra, a prova de uma vida inteira dedicada ao cultivo dos campos, que alimentaram gerações de araucarienses.
(Texto escrito por Luciane Czelusniak Obrzut Ono - historiadora)
(Legendas das imagens:
1 - Malhação de arroz com máquina de Miguel Dybas, 1965, coleção de Casemiro Wilczek
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
2 - Malhação de arroz com máquina de Miguel Dybas em terreno de Leonardo Rossul, s/d.
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
3 - Alunos do professor José Wachowcz, na escola Taquarova, década de 1930 - detalhe para os pés descalços
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
4 - Malhação mecanizada de centeio no Instituto São Vicente de Paulo, 1935, coleção de Estefano Jablonski
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.)

Nenhuma descrição de foto disponível. Malhação de arroz com máquina de Miguel Dybas, 1965, coleção de Casemiro Wilczek
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

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Malhação de arroz com máquina de Miguel Dybas em terreno de Leonardo Rossul, s/d.
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

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Alunos do professor José Wachowcz, na escola Taquarova, década de 1930 - detalhe para os pés descalços
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

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Malhação mecanizada de centeio no Instituto São Vicente de Paulo, 1935, coleção de Estefano Jablonski
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

BOM JESUS DO SUL P.R. História

 BOM JESUS DO SUL P.R. História

São antigas as movimentações na região de Bom Jesus do Sul, as primeiras foram por conta da extração da erva-mate, quando caudilhos argentinos e paraguaios obrigavam os caboclos brasileiros a trabalharem por míseros vinténs. Era o tempo dos mensus e dos obrageros, tão bem descritos pelo professor Ruy Christovam Wachowicz em seus relatos sobre o sudoeste e oeste paranaense.
Antigamente denominada Bom Jesus do Barracão, por sua proximidade com o município de Barracão, a localidade conheceu todos os reveses de lutas pela posse da terra e fronteiriças, tanto no período do Contestado, quanto na fatídica Revolta dos Colonos, em 1957, ocasião em que foram registradas inúmeras mortes de colonos que queriam cultivar um pedaço de terra.
O primeiro professor da comunidade foi Natalício Rodrigues e muitas foram as famílias que ajudaram a fazer a história local, dentre as quais destacam-se as de sobrenome: Mazzocatto, Maran, Farias, Colla, Fortes, Leal, Deola, da Rosa, Ferrari, Simão, Ribeiro Paz, Panassolo dos Santos, Rodrigues de Jesus (Balo), Marques da Silva, Antunes Barbosa, Gomes, Dias Wilialba, Welter, Dill, Manhabosco, Santim, Gradaski, Siqueira Gomes, Costa, Lourenço Pôncio, Piran, Brandão Chaves, dos Santos, Lima da Luz, Puton, Pavani, Quidão, José Zetilino, Lourenço Mafalda (Negrão), Gosman, Nito, Pedroso, Malaquias, Demarqui, Strapasson e outros.
A localidade ganhou este nome a partir da vinda da primeira imagem do Bom Jesus, por volta de 1936, trazida por padres missionários, sendo responsáveis por esta ação as famílias Mazzocatto, Fermino Leal, Maran, além de outras. Formação Administrativa
O município foi criado pela Lei Estadual n.º 11.260, de 21 de dezembro de 1995, com território desmembrado de Barracão.)

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História de São Jorge D’oeste

 História de São Jorge D’oeste

São Jorge d’ Oeste teve início nos anos 50, com o fundador José Rupp, o qual instituiu a Fazenda São Jorge. A história atravessa os estados, morando ainda em Joaçaba (1920) o Coronel Rupp tinha uma equipe de trabalho que fornecia material (dormentes) e mão-de-obra para a Companhia Estrada de Ferro São Paulo – Rio Grande, no entanto não receberam pagamentos pelos serviços prestados.
José Rupp e sua mulher Emerita Bueno Rupp moveram ação ordinária de cobrança contra a Companhia Estrada de Ferro São Paulo – Rio Grande para haverem da mesma o pagamento a que julgavam com direito. A decisão passou em julgado e resultou o pagamento devido, com juros a partir de 1938, perfazendo o total de Cr$ 8.320.000,00 (oito milhões trezentos e vinte mil cruzeiros).
Com a sentença ganha, mas sem conhecimentos de tramitação judicial, José Rupp e sua esposa por escritura pública lavrada no Cartório do Sexto Ofício de Notas do Distrito Federal cederam e transferiram seus direitos a Clevelândia, Industrial e Territorial Limitada(CITLA).
As experiências adquiridas nos sertões catarinenses, contribuíram com o espírito de desbravador do Coronel José Rupp. Ele via na imensa área de florestas e terras férteis no sudoeste, um futuro de desenvolvimento promissor. Buscou auxílio em leis, através do advogado Dr. Antonio Paranhos no Rio de Janeiro, capital do país. Sem condições de pagar ao advogado pelo trabalho prestado, Jose Rupp ofereceu parte das terras as quais lhe eram devidas. Em março de 1953 a primeira expedição ocupou a gleba, composta pelos Srº José Henrique Rupp(filho de José), Ary Francisco Rupp(sobrinho de José) e vários peões.
A primeira etapa da viagem em busca das novas terras terminava nas Águas do Verê. Deste lugar em diante, foi necessário atravessar o Rio Chopim a caico até atingir a outra margem do rio. Depois abrindo picadas na mata virgem, chegaram até a entrada da Fazenda, (nas proximidades de onde hoje é o trevo) Tempos depois, a expedição atingiu as margens de um rio denominado por eles de Fachina, assim denominado, pois , servia de auxílio para suas higienes pessoais e limpeza das caças e pescas. Com terreno propício, o primeiro acampamento foi instalado, (nas proximidades das terras de Francisco Batistella), denominado Fazenda Velha. Objetivando centralizar-se na grande Fazenda em meio a matas, os colonizadores atingiram outro pequeno rio , o qual denominaram de Rio Fachininha. Neste local um novo acampamento foi levantado, iniciando-se a história da Fazenda São Jorge. Assim denominada por ser o Coronel José Rupp devoto ao Santo São Jorge No ano de 1957 algumas famílias chegaram até a Fazenda. No entanto, no ano de 1959, começou a grande imigração. Eram na maioria alemães, italianos provenientes de Santa Catarina e Rio Grande do Sul que chegavam com objetivos de conhecer e colonizar o sertão.
Os corretores Adelarte Umiltro Debortoli, Armenegildo Ariotti e Angelo Baldi mostravam os terrenos em meio a picadas, baseando-se num pequeno mapeamento, em que continha chácaras ao redor do centro (1 a 6 alqueires ) e colônias afastadas (10 alqueires).
Em 1959 foi aprovada a planta da cidade. Em 1962 foi elevada à característica de Distrito Administrativo, pertencendo ao Município de São João. Em 24 de junho de 1963 foi elevada à categoria de Município. Assumiu como primeiro prefeito em 23 de novembro de 1963 o Sr. Ari Francisco Rupp.b)


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***— Praça Tiradentes em 1910, ao fundo a Rua do Rosário — ***

***— Praça Tiradentes em 1910, ao fundo a Rua do Rosário — ***


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O MERCADO DOS QUARTINHOS, ANTIGAMENTE EM CURITIBA

 O MERCADO DOS QUARTINHOS, ANTIGAMENTE EM CURITIBA

Durante algum tempo debati-me perguntando em qual casa funcionou o "Mercado dos Quartinhos" na atual Praça Zacarias, visto não encontrar-se qualquer registro fotográfico desse Mercado.
A praça em si, conforme cada momento de sua existência já foi chamada de muitas maneiras: Largo da Entrada, Largo da Ponte, Largo do Ivo, Largo do Chafariz, Largo da Cadeia, Largo Zacarias e, estranhamente, Largo dos Quartinhos, quando lá funcionou o Mercado Municipal de Curitiba.
Segundo registros existentes no museu da Polícia Militar do Paraná, em 1855 foi alugada uma casa no Largo da Ponte para instalação do Quartel da Companhia de Força Policial da Província do Paraná, tendo como endereço a Rua do Comércio, atual Marechal Deodoro. Essa casa pertencia ao cidadão Mariano de Almeida Torres.
Esses registros informam, também, que essa Companhia funcionou lá até 1861, quando desocupou o imóvel para que fossem possíveis a reforma dela e instalação do Mercado. Com a mudança, o antigo Largo da Ponte passou a ser conhecido como Largo do Mercado e, posteriormente, quando foi instalado o chafariz, a população chamou-o Largo do Chafariz.
Em 1863, no relatório da presidência da Província consta: "Atendendo a necessidade urgente de uma praça de mercado nesta capital, e a impossibilidade de ser levada de pronto a efeito a obra da começada em vastas proporções, resolvi comprar, pelo baixo preço de 3:500$000, com a condição de ser esta importância paga no prazo de dois anos, ficando a província obrigada ao pagamento de dez por cento ao ano, uma casa pertencente a Mariano de Almeida Torres, sita no Largo da Ponte, a qual cedi provisoriamente para este mister à câmara municipal da capital. Dei esse passo convicto que acertava, porque quando se possa concluir a obra da praça do mercado ficará aquele próprio provincial destinado para o quartel da companhia policial, ou para acomodação de alguma repartição pública.” (Paraná, 1863, p. 101).
Em 1864, finalmente, surge o novo mercado funcionando dentro de uma construção, ao lado do Rio do Ivo, no Largo da Ponte, hoje Praça Zacarias.
A aludida edificação era dividida em pequenos espaços, originando o nome de "Mercado dos Quartinhos", e funcionou por cinco anos, até ser desativada. Durante esse tempo, a praça era popularmente chamada de "Mercado dos Quartinhos", "Largo dos Quartinhos" ou, ainda, "Largo do Mercado".
Com a desativação do Mercado, o imóvel foi reformado e abrigou o Museu Paranaense, que ali teve a sua primeira sede.
Segundo o jornal Correio de Notícias, em sua edição 1812, esse imóvel onde funcionou o "Mercado dos Quartinhos" foi demolido e, no local, foi construído o Templo Maçônico ‘Fraternidade Paranaense’ e hoje ocupado pelo edifício ‘Acácia’.”
Em 1874, o primeiro Mercado Municipal de Curitiba foi inaugurado em um prédio adequado, com frente para a atual Praça Generoso Marques, sendo então aquele largo conhecido como a Praça do Mercado, funcionando até 1912, quando foi demolido para dar espaço ao Paço Municipal.
Daí em diante, o Mercado Municipal foi mudado mais duas vezes de endereço até ser instalado onde está até hoje.
As fotos mais antigas da praça Zacarias dão uma idéia do burburinho que aquele local já foi, na Curitiba antigamente.
Paulo Grani

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Nesta foto de 1937, no outro lado da praça vê-se a Loja Maçônica construída no local do "Mercado dos Quartinhos".
(Foto: Curitiba.pr.gov.br)

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Templo Maçônico ‘Fraternidade Paranaense’ e hoje ocupado pelo edifício ‘Acácia’, em foto de 1963.
(Foto: Arquivo Gazeta do Povo)

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Inauguração do busto do Conselheiro Zacarias, quando o Largo passou a ser chamado "Praça Zacarias".
(Foto: Arquivo Gazeta do Povo)

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O edifício Acácia foiconstruído no terreno onde funcionou o Mercado dos Quartinhos.
(Foto: internet)

Serraria Labor, em Araucária, em 1902. De Junqueira, Netto & Cia., integrante da Cooperativa Florestal Paranaense. (Foto: novomilenio.inf.br). Paulo Grani.

 Serraria Labor, em Araucária, em 1902. De Junqueira, Netto & Cia., integrante da Cooperativa Florestal Paranaense.
(Foto: novomilenio.inf.br).
Paulo Grani.


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Praça Tiradentes, Curitiba, em 1936. (Foto: Acervo Paulo José Costa) Paulo Grani

 Praça Tiradentes, Curitiba, em 1936.
(Foto: Acervo Paulo José Costa)
Paulo Grani


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O CLUBE ATLÉTICO FERROVIÁRIO

 O CLUBE ATLÉTICO FERROVIÁRIO

O futebol brasileiro deu seus primeiros passos ao lado das ferrovias. Em cada estação [de trem] tinha um campo de futebol, que era praticado pelos operários das ferrovias.
As ferrovias tinham uma importância social gigantesca. Por meio delas, o desenvolvimento chegava ao interior do Brasil e, de carona, o futebol ia se expandido junto com as linhas férreas. Brasileiros que eram contratados pelas companhias europeias começaram a se interessar pelo esporte. Com a expansão do futebol, incontáveis clubes eram formados a partir dos jogos disputados pelos ferroviários.
O mais antigo deles surgiu em 1900 – cinco anos depois de Charles Miller rolar a pelota no país. O Sport Club Rio Grande conseguiu seu primeiro estádio graças a um empréstimo da companhia ferroviária Compagnie Auxiliare de Chemins de Fer du Brésil. Inúmeros clubes tiveram como berço as ferrovias e os ferroviários. Afloraram times com o nome “Ferroviário” em quase todos os estados.
No Paraná, dos times mais representativos surgidos a partir do trilho férreo, merece destaque o Clube Atlético Ferroviário, fundado em Curitiba, em 12 de janeiro de 1930, na residência do ferroviário Ludovico Brandalise, após a cisão ocorrida no Britânia Sport Club.
Num primeiro momento, o Ferroviário surgiu para congregar os funcionários e os operários da Rede, disputando apenas campeonatos amadores. Ao levar para as suas fileiras os principais jogadores do Britânia, o Clube Atlético Ferroviário começou a decolar como time competitivo e, sobretudo, como força popular do futebol da capital paranaense.
Tornou-se oito vezes campeão de profissionais. Nos anos 40, o Ferroviário construiu o mais moderno estádio de futebol do Paraná, o Durival Britto e Silva, considerado à época o melhor estádio do país depois de Maracanã e Pacaembu, tanto que sediou duas partidas da Copa do Mundo de 1950 – Estados Unidos x Espanha e Suécia x Paraguai. Além disso, o clube foi o primeiro representante paranaense no Torneio Roberto Gomes Pedrosa, em 1967, competição que reunia os grandes times de Rio de Janeiro e São Paulo e que foi embrião do atual Campeonato Brasileiro.
Atualmente, o Ferroviário se chama Paraná Clube devido a sua fusão com o Britânia S.C. e com o Palestra Itália F.C. que, em 29 de junho de 1971, se fundiram formando o Colorado Esporte Clube. Em 1989 o Colorado uniu-se com o Esporte Clube Pinheiros, e dessa fusão surgiu o Paraná Clube.
No interior do Paraná, teve "Ferroviário" na Lapa, em Londrina e teve um em Antonina. Além destes, destacam-se o Clube Atlético Ferroviário, de Morretes, o Ferroviário Esporte Clube, de Wenceslau Braz, e o Esporte Clube Recreativo Ferroviário, de Jaguariaíva, além do Ferroviário Esporte Clube, de União da Vitória. Em Ponta Grossa, surgiu Operário Ferroviário que mantém-se na ativa e disputa a 1.ª divisão do certame estadual.
Paulo Grani.

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Quando foi inaugurado, em 1947, o estádio Durival Britto era o terceiro maior do país. Seu nome homenageia o superintendente da Rede responsável por sua construção. (Foto: coleção Cid Destefani)

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Brasão do Clube Atlético Ferroviário.

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Curitiba recebeu alguns dos jogos da Copa do Mundo de 1950. Na foto a seleção da Suécia no estádio Durival Britto. (Foto: coleção Cid Destefani)

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Hoje o Durival Britto pertence ao Paraná Clube que tem suas origens no extinto Clube Atlético Ferroviário. (Foto: livro "Pelos Trilhos")
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quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

Armazém Oriente

 

Armazém Oriente


Antigo Armazém Oriente


Este predinho na esquina da Rua Riachuelo com a Rua São Francisco atualmente é ocupado por um brechó e um bar e restaurante.
Foi construído no início do século XX por uma família de imigrantes italianos, que deixou o Brasil e nomeou como procurador Nicolau Petrelli, que passou a morar com a família no andar superior. A entrada para a residência era pela Rua São Francisco.
Entre 1909 e 1916 funcionou no térreo o armazém de secos e molhados Palladino e Filhos.
Depois o ponto passou a ser ocupado pelo Armazém Oriente, de propriedade de Miguel Jorge Aisse. O armazém vendia tâmaras, damascos, lentilhas, temperos e ingredientes da cozinha árabe. Quando o Sr. Miguel faleceu o seu filho Antônio tocou o negócio, que mais tarde foi tocado pela sua viúva, Marta Mansur Aisse até 1965, quando encerrou as atividades. Os Aisse também, residiram no local.
Junto com o armazém o prédio foi ocupado também por Assib Zacarias com a Casa Sul América, loja de artigos masculinos e depois pela Casa Tóquio.
Repare no chanfro no prédio na esquina. Durante algum tempo isso foi exigido pelo código de construções da cidade. O prédio é uma Unidade de Interesse de Preservação.

Referência: