sábado, 11 de março de 2023

O Brejo Que Canta (A Casa Afundada) Uma lenda parnanguara

 

O Brejo Que Canta (A Casa Afundada) Uma lenda parnanguara




Lenda foi retratada em filme de Ciro Matoso 


“Cheguei a conhecer, já octogenário, o João Bonzinho, que tinha um sítio lá para as bandas do Porto dos Padres, assim chamado o lugar onde tiveram os Jesuítas uma fazenda de criação, na foz do Emboguaçu. Neste sítio o velho cultivava algodão e foi ele quem me contou a história do "brejo que canta". (Vicente Nascimento Junior: História, Crônicas e Lendas)
Com efeito, existe a meio caminho da cidade para a embocadura daquele rio um terreno vasto e alagadiço, onde o lírio do brejo cresce viçoso. Com as chuvas o lugar se transforma num lago e com bom tempo prolongado continua a ser temível atoleiro do qual o gado por instinto se afasta receoso de desaparecer no sumidouro.
E assim falava na sua pitoresca linguagem, o João Bonzinho:
—O brejo canta sim sinhô, mas só uma vez no ano, à meia-noite justa de quinta pra sexta feira santa e nessa hora quem por ali passa, ouve muito bem o batido dum fandango ao som de duas violas e da cantiga dos violeiros. 10 que Deus permite que saiam as suas almas do Purgatório na noite da Paixão pra correrem o fado em castigo da ofensa ao "Sinhô Morto”.
—Almas de quem?—perguntei.
—Dos violeiros e dos dançadores, os excomungados que cantavam e fandangueavam na noite em que Nosso Sinhô morreu... Escuite mecê: No lugar do brejo era um terreno enxuto, bom, de terra branca e firme e nele morava em casa de pedra e cal um tal de Roberto Inglês, ruivo e herege como o diabo, não gostando de Deus nem dos Santos. Decerto esse mardito era criminoso e até diziam que fora pirata. O meu avô que o conheceu de vista, sempre que o encontrava fazia o sinal da Cruz e com ele nunca quis parceria, receioso do castigo do Céu... Ora, numa quinta feira maior estava a vila entregue aos ofícios da Semana Santa, enlutados os moradores e até o Capitão Mór dera ordem à milícia que fizesse a guarda com a boca dos arcabuzes voltada para o chão e não permitissem cantorias nem folguedos até a hora da Aleluia sob pena de cadeia, quando o danado, em conluio com o "coisa ruim", resolveu uma folgança pra essa noite. Andava por aqui nesse tempo o coronel Afonso Botelho, que assistiu a missa devotamente com um laço de crepe no copo da espada, e a Câmara, com o estandarte do Rei, de luto, que o vereador mais moço conduzia, foi incorporada à Matriz fazer guarda ao Sinhô Morto.
Tudo era respeito ao dia, mas no caminho do Porto dos Padres o inglês, zombando das coisas santas, procurou e achou uns infelizes que aceitaram o convite: uns dez soldados da tropa acampada no porto de pai Berê, no Rocio Grande, e que se destinava a ir depois da Páscoa em canoas pelo Cubatão dos Morretes até o Porto de Cima e subir a Serra em descoberta dos campos e sertões, e as mulheres perdidas que enxameavam naquele tempo na rua da passagem pra o arsenal, depois Rua das Mortes(*) A meia noite estrondeava o fandango, longe da vila e por isso despercebido da autoridade. A cachaça corria aos copázios. Manéco Eduvirges e Domingos Pedrão, violeiros e já embriagados, cantavam quadrinhas blasfemas, desafiando a majestade divina, com aprovação do diabo ruivo e quando cantavam esta:
Si Deus morreu porque “quiz”
Não é caso pra "chorá"
Bate firme, minha gente
Bate forte, até "suá"...
a casa moveu se e todos sentiram que afundava, mas antes do alarme ainda ouviu se o Pedro e o Eduvirges cantarem mais esta barbaridade:
Si morreu pra nos "salvá"
O "fio" do Padre Eterno,
Ele que vá "buscá nois"
Lá nas "profunda" do Inferno!
O movimento acentuou se e o pânico se manifestou naquelas almas entenebrecidas pelo vício e pela impiedade, despertada nelas a compreensão do desastre e morte inevitável. O primeiro impulso foi de fuga, mas quando tentaram evadirem-se já as portas e janelas estavam entaipadas pelo lodo mole que invadia o interior. Apagaram se as luzes Nas trevas e começando a respirar dificultosamente, aqueles desgraçados se debatiam. Não havia salvação possível! O fim pela asfixia era fatal. Não tardou a agonia. O terreiro há pouco ainda sólido, laranjeiras e cajueiros, dum para outro momento se fizera brejo a engolir a casa do blasfemo. Consumando a tragédia, a habitação desapareceu no abismo e com ela quantos estavam no fandango sacrílego e fatal. No dia seguinte os sitiantes vizinhos, que iam para a vila assistir a missa da sexta-feira santa, viram com espanto um brejo no local onde de véspera se erguia a moradia do inglês e isto sem que tivesse chovido. E brejo ficou o lugar maldito e, como na noite de quinta feira santa do ano seguinte, alguém por ali passando, noite alta, ouvisse claramente o batido dum fandango ao toque das violas e o cantar dos violeiros, correu espavorido a contar na vila o prodígio que a tradição trouxe, de geração em geração até o presente, enchendo de terror a gente supersticiosa que a tudo se arriscará neste mundo, menos transitar pela estrada que margeia o trágico alagadiço, na noite da Paixão de Jesus.
(*) Rua das Mortes, trecho da atual Rua Faria Sobrinho entre as ruas Marechal Alberto de Abreu e Presciliano Corrêa, assim chamada em virtude do assassinato, ali, num botequim, do mestre Vilas da corveta de guerra Santa Cruz e de outros marujos, num conflito em 1819.

A CASA DE PAU-A-PIQUE DA RUA VIEIRA DOS SANTOS. Uma residência importante dentro da formação de Paranaguá no século XVIII,

 A CASA DE PAU-A-PIQUE DA RUA VIEIRA DOS SANTOS.
Uma residência importante dentro da formação de Paranaguá no século XVIII,


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Uma residência importante dentro da formação de Paranaguá no século XVIII, é o único exemplar de construção em pau-a-pique encontrado na cidade, possivelmente contemporânea à vinda do Ouvidor Pardinho em 1720, que constatou o grande número de construções deste tipo na pequena vila.
Esta residência está localizada na esquina das ruas Vieira dos Santos com a Coronel Antonio Bitencourt e traz em sua estrutura características daquele período, como suas janelas em verga de canga feitas em madeira e o antigo telhado em capa e canal, ainda sobrevivendo às intempéries. Hoje, esta propriedade particular se encontra em estado de abandono. Apesar de estar um pouco alterada, carrega parte de suas características originais.
Jabur, Rodrigo Satori - AS TRANSFORMAÇÕES ARQUITETÔNICAS E URBANAS NOS SÉCULOS XVIII E XIX NA CIDADE DE PARANAGUÁ, PARANÁ , São Carlos, 2010
Foto: Acervo do autor, registrada em 2009
Pesquisa: AlmirSS #IHGP

06/03/1914 - VAI SER INSTALADA LUZ ELÉTRICA NA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA.

 06/03/1914 - VAI SER INSTALADA LUZ ELÉTRICA NA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA.


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As nossas constantes reclamações sobre a instalação de luz elétrica no edifício da Estação da Estrada de Ferro desta cidade, encontraram, felizmente, eco, na alta administração da Estrada.
Nesse sentido foi transmitido, ontem, ordem ao sr. agente, aqui, para ser providenciado sobre aquele melhoramento, que se fazia sentir há muito tempo.
De fato, com a estação convenientemente iluminada, o aspecto será outro e o movimento aumentará, à chegada do trem.
Como estava, sobre a luz morrediça de candeeiros, era um atentado ao nosso progresso, uma vergonha, enfim, para a nossa terra.
Damos os nossos parabéns ao digno superintendente da Estrada pelo melhoramento que vai por em pratica e que concorre para benefício da cidade.
Muito bem!

(grafia atualizada)
Texto: Diário do Commércio, edição de 06 de março de 1914.
Foto de 1903: Acervo Digital IHGP
Pesquisado por AlmirSS 2022 - #IHGP

***— Vista da Antiga Sociedade Operário, (Sociedade Beneficente Protetora dos Operários), que existia no Centro Histórico de Curitiba. *** Ano 1986

 ***— Vista da Antiga Sociedade Operário, (Sociedade Beneficente Protetora dos Operários), que existia no Centro Histórico de Curitiba. ***
Ano 1986


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— Vista de um desfile de 7 de Setembro na Rua XV de Novembro, em 1965 —

 — Vista de um desfile de 7 de Setembro na Rua XV de Novembro, em 1965  —


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***— Vista da Praça João Cândido, a partir do Belvedere, destacando-se os passeios decorados em Peti-pavet, com desenhos indígenas e Paranistas. Ao fundo, o Prédio da Sociedade Beneficente Protetora dos Operários, fundada em 1883. *** Foto de Agosto de 1950. Fonte - Turistória.

 ***— Vista da Praça João Cândido, a partir do Belvedere, destacando-se os passeios decorados em Peti-pavet, com desenhos indígenas e Paranistas. Ao fundo, o Prédio da Sociedade Beneficente Protetora dos Operários, fundada em 1883. ***
Foto de Agosto de 1950. Fonte - Turistória.


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A Estradinha de Santa Felicidade, atual Avenida Manoel Ribas em 1910, provavelmente em um domingo, pois não se vê uma única carroça das Colonas Italianas.

 A Estradinha de Santa Felicidade, atual Avenida Manoel Ribas em 1910, provavelmente em um domingo, pois não se vê uma única carroça das Colonas Italianas.


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OBonde espera os passageiros no ponto do Asilo em um domingo do inicio da década de 1940

 OBonde espera os passageiros no ponto do Asilo em um domingo do inicio da década de 1940


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DIZIMADAS TRÊS MILHÕES DE ARAUCÁRIAS

 DIZIMADAS TRÊS MILHÕES DE ARAUCÁRIAS

"A historia das araucárias é um caso clássico e melancólico da possível extinção em menos de um século de uma espécie de grande porte. Há 84 Anos instalou-se no município de Três Barras, em Santa Catarina, um projeto de colonização da empresa inglesa Southem Brazil Lumber Colonization Company, em nome de objetivos que continuam a vigorar quase um século depois: a ocupação territorial.
Em 40 anos de atividades, o projeto Southern Brazil dizimou mais de 3 milhões de pinheiros centenários, e para cada árvore derrubada nem sequer uma roseira foi plantada. A floresta de araucária - nome dado à floresta ombrófila mista - é caracterizada pela presença da Araucária angustifolia. Esta dominância na paisagem paranaense foi tão marcante que a espécie recebeu o nome de pinheiro-do-paraná, fazendo parte da cultura do estado.
No inicio da década de 50, o Paraná possuía cerca de 7,3 milhões de hectares de formações florestais de araucária, que representavam aproximadamente 40% da área dos pinhais do país. O restante se dividia entre Santa Catarina (31%), Rio Grande do Sul (25%) e São Paulo (3%).
Desses milhões de hectares restam hoje pouco mais de 85 mil, ou 1,2% da cobertura vegetal original. A construção das ferrovias viabilizou num prazo de cem anos, o escoamento e o rápido esgotamento das árvores que dominavam a paisagem do Paraná desde a última glaciação, há cerca de 20 mil anos.
A Fundação SOS Mata Atlântica detectou recentemente um total de 144 mil hectares desmatados no Paraná, entre 1985 e 1990, a maior parte dos quais nas áreas principais de ocorrência de floresta de araucária. Atualmente, somente 40.774 hectares com Mata Araucária encontram-se protegidos em 17 unidades de conservação, perfazendo um total de 0,22% da população original. Não faltam leis ou instrumentos jurídicos para a conservação dos remanescentes florestais de araucárias, mas ações determinadas, apoiadas na firme vontade de agir, se fazem necessárias.
A inexistência de uma política ambiental efetiva também contribui para a eliminação destes remanescentes descontínuos e fragmentados. Até o momento, os procedimentos aplicados e a fiscalização sobre os "Planos de Manejo Sustentado", exigidos pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), têm sido insuficientes para a conservação da araucária. É bom lembrar que nenhum país latino-americano considera o valor da árvore em pé. E a madeira da araucária ainda consta da pauta de exportações brasileiras. Muitos problemas têm sido evidenciados, acarretando uma pressão cada vez maior sobre os remanescentes. O setor produtivo carece de informações técnicas sobre manejo florestal, bem como sobre a viabilidade econômica a médio e longo prazo.
Onde ficam as políticas extensionistas e de assistência técnica dentro da atual política ambiental? Desconhecem-se os benefícios indiretos das florestas de araucária, faltam unidades de conservação e incentivos á prática conservacionista. A tributação é inadequada e o pouco conhecimento da legislação convive com a falta de maior rigor nos ações fiscalizadoras e punitivas.
Uma política séria para a conservação da floresta de araucária, que vise a sua perenização e á obtenção de benefícios econômicos e sociais, precisa contemplar instrumentos como o manejo sustentado, o uso múltiplo da floresta e a preservação restrita.
Esse conjunto de procedimentos deve ser conduzido com o objetivo de se evitar que a araucária subsista apenas na lembrança da atual geração, nos parques, nas fotografias ou em símbolos e pinturas. Não haverá uma segunda chance para a perda deste patrimônio genético e ecológico".
(Texto de Antônio Claret Karas/engenheiro florestal da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Araucária –Pr.).
Paulo Grani

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A extração descontrolada da Araucária, feita pela Brazil Railway Company, na época.
Foto: Claro Johnson. / Fonte: fragmentosdotempo.

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Apólice de cem dólares, emitida em 1910 pela empresa Brasil Railway Company.
foto: fragmentosdotempo.blogspot.com

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A extração descontrolada da Araucária, feita pela Brazil Railway Company, na época.
Foto: Claro Johnson. Fonte: fragmentosdotempo.blogspot.com

Aquarela de João Pedro, cognome "O Mulato", apresenta as fardas usadas em 1806 e 1807 pelos oficiais do "Regimento de Cavalaria de Coritiba, anno de 1807". (Foto extraída do livro "O Paraná e a Caricatura", de Newton Carneiro) Paulo Grani.

 Aquarela de João Pedro, cognome "O Mulato", apresenta as fardas usadas em 1806 e 1807 pelos oficiais do "Regimento de Cavalaria de Coritiba, anno de 1807".
(Foto extraída do livro "O Paraná e a Caricatura", de Newton Carneiro)
Paulo Grani.


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