domingo, 19 de março de 2023

DOCUMENTO CURITIBANO REESCREVE A HISTÓRIA

 DOCUMENTO CURITIBANO REESCREVE A HISTÓRIA

"Uma Carta Tropeira, aprovada em audiência na Câmara de Curitiba, institui o dia 19 de setembro como o Dia da Memória Tropeira na capital. A Carta será encaminhada ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e à Unesco para que o tropeirismo se torne patrimônio cultural da humanidade.
Munidos de lupa e muita paciência, os pesquisadores Carlos Solera e Eleni Cássia Vieira descobriram uma preciosidade em meio a tantos documentos arquivados na Biblioteca da Câmara de Curitiba. Trata-se da cópia da ata que relata a autorização da abertura do primeiro caminho oficial das tropas no Brasil, em 1727.
O então governador da Província de São Paulo, Antônio da Silva Caldeira Pimentel, havia nomeado o capitão Francisco de Souza e Faria para “encaminhar e abrir um caminho de terra, da capitania de São Pedro aos campos de Curitiba, por onde pudessem passar gado e cavalgaduras”.
Solera relata que a aber­­tura do Caminho dos Con­­ventos, como ficou denominado, começou na região de Araranguá, Santa Catarina, em 28 de fevereiro de 1728, e só terminou em setembro de 1730, quando o trajeto desembocou no atual território de São Luiz do Purunã. “A comunicação à Câmara de Vereadores de Curitiba sobre o término dos trabalhos aconteceu no dia 19 de setembro daquele ano”, relata Solera. O trabalho foi realizado por 98 homens brancos, além de muitos escravos e índios.
“Foi o primeiro caminho terrestre utilizado pelas tropas de muares, ligando a região Sul ao restante do país”, afirma Eleni. A partir desse caminho, os tropeiros chegavam ao Paraná e depois rumavam para Sorocaba – por meio da incorporação de caminhos já existentes que ligavam Curitiba ao atual estado de São Paulo – e de lá podiam seguir para Minas. “Importante ressaltar que o Caminho dos Conventos foi o primeiro oficialmente construído para o transporte de muares”, ressalta a pesquisadora.
No rastro dos trabalhos de Souza Faria, o português Cristovão Pereira de Abreu não só tornou-se historicamente conhecido como o primeiro tropeiro do Brasil como encurtou o caminho traçado pelo seu antecessor. Em 1731, acompanhado de 60 homens na altura da serra catarinense, fez um desvio em sentido norte/nordeste e eliminou toda curvatura a leste, feita no trajeto inicial por Souza e Faria.
Após a mudança, em 1733 Cristovão reuniu 3 mil cabeças de muares e cavalos, agrupou 130 peões e refez o Caminho dos Conventos rumo à São Paulo e Minas Gerais, onde vendeu sua tropa a peso de ouro, após dois anos viajando. Ao retornar, ele desceu pelo Caminho dos Conventos até o Rio Grande do Sul, próximo à região de Viamão. O Registro de Viamão, uma espécie de pedágio da época, só foi instalado em 1737 onde hoje é a cidade de Santo Antônio da Patrulha.
Em 1738, Cristovão alterou profundamente a primeira rota tropeira oficialmente criada. Ele abandonou o trajeto pelo litoral e o cortou pela região serrana do Rio Grande do Sul, partindo de Santo Antônio da Patrulha. No Paraná, o trecho passava por Rio Negro, Campo do Tenente, Lapa, Palmeira, Ponta Grossa, Castro, Piraí do Sul, Jaguariaíva, Sengés, Itararé até alcançar Sorocaba. Este trajeto ficou conhecido como Estrada Real ou Caminho Real do Viamão, que foi o mais utilizado pelo movimento tropeiro."
(Extraído de: gazetadopovo.com.br).
Paulo Grani.

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O INÍCIO DA LITOGRAFIA EM CURITIBA

 O INÍCIO DA LITOGRAFIA EM CURITIBA

"Na Curitiba de 1880, o desejo de ser moderno passava pela revigoração dos meios gráficos locais, o que fez com que o carioca Luis Coelho, proprietário da primeira livraria da cidade e freqüentador de rodas literárias, colocasse para funcionar o primeiro prelo mecânico, gerando mudanças técnicas que implicaram diretamente na melhoria da qualidade e na ampliação das possibilidades de impressão do que se publicava no Paraná.
Não obstante, informado sobre os recursos disponíveis em centros como o Rio de Janeiro, Coelho aspirava por uma oficina litográfica para o seu projeto de modernização, e isso só se tornaria possível em 1884, com a chegada em Curitiba do artista, ilustrador e litógrafo catalão Narciso Figueiras. Bacharel em belas artes, Figueiras nasceu em Gerona, na Espanha, tendo residido em Cuba antes de vir ao Brasil, vindo a atuar como ilustrador de importantes revistas do Rio de Janeiro como Entre’acto, Bohemio e a Comédia.
Atraído pelas possibilidades de aplicar a técnica de impressão de imagens nos impressos locais, o artista logo percebeu a necessidade de melhorar a qualidade gráfica do material produzido nas tipografias, o que o motivou a abrir, em 1885, a Litografia do Comércio, na rua Trajano Reis, “em cujas dependências montou um ateliê de iconografias, onde se formaram os primeiros litógrafos do estado”.
Como ilustrador em vários periódicos, foi também responsável pelo surgimento de toda uma geração de caricaturistas e ilustradores. Atuando na formação de profissionais em seu próprio estabelecimento, orientou jovens artistas como o escritor e jornalista Silveira Netto (1872-1942), os quais aprendiam o ofício na prática, no cotidiano da oficina.
Em anúncio publicado na Revista do Paraná em 23/10/1887, as oficinas da "Litografia do Comércio" eram descritas como "montadas a capricho, possuindo todos os melhoramentos modernos admittidos na arte litographica, dispondo de excellentes machinas para todos os trabalhos de impressão, gravura, corte e perfuração e papeis, variadíssimo sortimento de papeis, tintas, cartões e um pessoal habilitado a desempenhar qualquer obra." Realizava tambem "ilustrações de jornaes, dezenhos, mapas e todo e qualquer trabalho concernente a esta arte".
No contexto do Paraná oitocentista, a oficina de Figueiras ofereceu as condições necessárias para que o educador e jornalista paranaense Nivaldo Braga (1852-1924) fundasse a Revista do Paraná, considerada a primeira revista ilustrada da Província. Curitiba era assim inserida em um período de educação do olhar e de redefinições de valores estéticos, em que já havia acontecido o boom de cartões postais ilustrados e afins, nos quais estão incluídos a litografia e as revistas ilustradas - que circulavam como poderosos aliados na difusão da imagem fotográfica impressa em seu momento de massificação.
O primeiro número da Revista do Paraná saiu em 23/10/1887, fato que levou Figueiras a ser considerado o precursor da litografia no cenário paranaense. Mesmo tendo sido acolhido com entusiasmo pela sociedade e pelos intelectuais paranaenses, o periódico teve existência curta, tendo apenas sete números publicados.
Sensível ao momento cultural vivido por Curitiba, movimentada pelo aumento do fluxo migratório e com a resultante fundação de grêmios artísticos, oficinas artesanais, associações recreativas, entidades assistenciais de toda sorte, Nivaldo Braga idealizou uma publicação com forte acento regional, nela atuando como redator-proprietário. A ele cabia a seleção dos textos e das ilustrações locais. Além dos textos sem assinatura, assumidos como sendo do editor da revista, outros eram escritos por Braga sob os pseudônimos de “Jacaná”, “Yta-uba”, “Tong-tong”, “Frege-moscas”, “Bentevi” ou “Ita-cyuna” aos quais por vezes acrescentava: “repórter da revista”.
Cabia a Narciso Figueiras a gravação das imagens em litografia, todas elas impressas em página inteira em sua oficina, e as partes contendo texto eram enviadas para serem impressas na tipografia de Luís Coelho.
Com formato de 27,5 X 38 cm e periodicidade semanal, a publicação manteve durante todos os números a mesma diagramação, apresentando o texto em três colunas e as imagens inseridas sempre às páginas 1, 4 e 5. O número de páginas variava entre 8 e 9, sendo uma delas dedicada a anúncios da Litografia do Comércio, da Tipografia da Revista do Paraná, então em processo de instalação, e da Tipografia de Luís Coelho.
Os originais das páginas da revista pertencem ao Instituto Neo-pitagórico, cujas ilustrações foram impressas em tons sépia, verde-claro e cinza, uma possível tentativa, por parte da editoria, de tornar os exemplares atraentes ao público leitor.
Em texto de abertura da revista, Nivaldo Braga ressaltou a importância da imprensa, por ele definida como um “terceiro Poder do Estado”:
"Ella age sobre o animo da massa popular, dirigindo-lhe a opinião, acerca dos acontecimentos côetanos, cuja contemporaneidade estiver sob a acção do dominio publico, do mesmo modo que Neptuno, no Paganismo, actuára outr’hora sobre as ondas oceânicas, incitando ou acalmando as tempestades athmosphericas. (REVISTA DO PARANÁ, Curitiba, 23/10/1887).
Continuando, o editor afirmou que a revista manter-se-ia “neutra na lucta política dos partidos militantes”, o que não significava abrir mão de criticar, “sem nunca descer a offensas pessoaes, e somente em thése, os seus erros e desmandos, ou applaudir, ecarecer e encomiar as suas acções meritórias”.
Com relação aos assuntos tratados, Braga declarou que a revista seria consagrada aos interesses gerais e locais da Província, ao clero paranaense, às ciências, letras, artes e indústrias, e às publicações “ineditoriaes, tais como annuncios, avisos, etc.”. Esses assuntos eram abordados em seções como a “Galeria Paranaense”, dedicada a biografias de paranaenses e assuntos regionais, “Alviçaras”, responsável pelas notícias da cidade, “Seção religiosa”, que contemplava biografias de eminências do clero e monumentos religiosos; e os “Ineditoriais”, com conteúdos mais críticos e satíricos em relação à sociedade paranaense.
Da mesma forma que outros periódicos da época, como a Revista Illustrada, do Rio de Janeiro, ou a Galeria Illustrada, de Curitiba, ambas em circulação em 1888, a Revista do Paraná se fazia identificar por meio de um frontispício, o qual apresenta, além do título, composto com uma grafia livre e irregular, também uma imagem repleta de conotações simbólicas. Em destaque, se vê as imagens de duas mulheres. A da esquerda, portando uma coroa, poderia estar representando a monarquia, hipótese reforçada pela presença de detalhe do brasão imperial do Brasil do segundo reinado, localizado no centro inferior da composição. Esse detalhe iconográfico contradiz, de certa forma, a neutralidade política afirmada por Braga. Já a figura da direita contém semelhanças com Minerva, deusa grega da sabedoria, a qual está ligada aos elementos que representam campos do conhecimento: a engrenagem (engenharia), o caduceu (medicina), o globo (geografia) e a bigorna (metalurgia).
A presença deste elemento denota a intenção inicial, não totalmente concretizada ao longo dos fascículos, de abordar assuntos relacionados a conhecimentos de caráter mais universal. Ao fundo do frontispício, podemos ver representadas paisagens litorâneas e montanhosas, relacionadas à topografia paranaense. A imagem contém o monograma com as letras “NF”, iniciais de Narciso Figueiras, e a inscrição “Lith do Commercio Coritiba”, identificando a oficina e a cidade de procedência da imagem."
(Adaptado de: anpap.org.br)
Paulo Grani

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Funcionários da firma de Alexandre Schroeder, produziam litografias em geral.

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Interior da Impressora Paranaense, década de 1920.

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Interior da Impressora Paranaense, década de 1920.

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Sede da Impressora Paranaense, inaugurada em 1888, na esquina da rua Riachuelo com Presidente Carlos Cavalcanti, em foto de 1905.
Foto: Acervo Casa da Memória

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Litografia de Narciso Figueras, reproduzindo gravura de Curitiba em 1855, publicada na Revista do Paraná, de 30/10/1887.

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Litografia reproduzindo desenho do episódio da batalha entre o navio inglês Cormorant e a Fortaleza de Paranaguá, publicada na Revista do Paraná, de 15/11/1887.

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A 1ª EXPOSIÇÃO REGIONAL DE SÃO JOSÉ DOS PINHAIS, EM 1916

 A 1ª EXPOSIÇÃO REGIONAL DE SÃO JOSÉ DOS PINHAIS, EM 1916

"A inauguração da exposição teve a presença do Presidente do Estado, Affonso Alves de Camargo que compareceu ao evento acompanhado de sua esposa Etelvina e de sua filha Emy, além de seu ajudante de ordens o Tenente Euclides do Valle. Várias outras personalidades seguiram de Curitiba para o município vizinho a fim de prestigiar o evento, entre as quais destacamos a presença de: Caetano Munhoz da Rocha (secretário da Fazenda, Agricultura e Obras Públicas), Lindolpho Pessoa (chefe de polícia), Coronel João Antonio Xavier (prefeito de Curitiba), Coronel Santerre Guimarães (administrador dos Correios), Desembargador Bem-vindo do Amaral, Doutor Moreira Garcez (diretor da Obras Públicas), Romualdo Baraúma, Jayme Bayllão (representante do Congresso do Estado) [...].
No dia 1o de abril de 1916, às 13 horas o Presidente do Estado Affonso Camargo chegou na casa do Prefeito Francisco Killian onde ocorreu um almoço. Os nomes destacados acima, e outros mais, tomaram lugar à mesa. Num brinde com champanhe feito por Affonso Camargo foi considerada aberta a exposição e às 14 horas os convidados seguiram para o prédio da Câmara Municipal onde os produtos estavam expostos.
Na chegada foram recebidos por crianças das escolas públicas que cantavam o hino nacional e cobriam de flores o presidente do estado. As crianças foram regidas pelos professores Rosalina Soffiatti Camargo, Amelia Doin e Jorge Mansos do Nascimento Teixeira. Uma orquestra sob a regência do maestro Henrique Radwski executou durante todo o tempo em que o presidente do Estado Affonso Camargo esteve no local da exposição várias peças de seu repertório.
Adentrando o recinto, Pamphilo d’Assumpção, cercado pela comissão organizadora, composta por Francisco Killian, José Cezar de Mello Sampaio, Zdenek Gayer, Witold de Bialynia Koreski e Carlos Dominike fez uso da palavra saudando o presidente do Estado, Affonso Camargo em nome do município e convidando-o, juntamente com o prefeito Francisco Killian para descerrarem as cortinas que vedavam a entrada da Câmara Municipal abrindo oficialmente a exposição. Affonso Camargo adentrou o recinto, acompanhado de numerosas pessoas que subscreveram a ata da inauguração da 1a Exposição Regional de São José dos Pinhais.
OS PRODUTOS DA EXPOSIÇÃO
A exposição foi montada em quatro compartimentos. Mesas e prateleiras serviram de mostruários. Estavam cheias de produtos de todo tipo. Um dos compartimentos estava integralmente ocupado por produtos do campo de experiências “Gayerovo” do agrônomo Zdenek Gayer.
Haviam os mais variados produtos expostos: agrícolas, pecuários e industrializados. Foram expostos: milho, cevada, centeio, trigo de diversas qualidades, batatas, ervilhas, alfafa, abóboras, morangas, mandioca aipim, nabos, beterrabas, batata-doce, melancias, pepinos, repolhos, cenouras, mel de abelha, mel pau, broa de centeio, cerveja, queijo, compotas de butiá, de ameixas do Japão, de marmelo, de pêssego, de goiaba, geleia de uva, de frutas (peras, maçãs, marmelo do Japão), vinhos de diversas qualidades, flores, plantas de ornamentos, além de outros produtos da lavoura, da indústria e do comércio.
O jornal Diário da Tarde alertava que não deveria ser cobrado o pedágio na barreira do Banhado, que durante os oito dias de exposição essa passagem deveria ser franca e manda um “lembrete” para o secretário Caetano Munhoz para liberar de isenção de pagamento os automóveis e carros dos visitantes que passariam por essa barreira para irem visitar a exposição de São José.
Não temos um registro oficial do número de visitantes que teriam passado pela Exposição Regional nesses 8 dias de duração, mas o livro ouro consta com 671 assinaturas desde a ata de inauguração até o termo de encerramento.
O ENCERRAMENTO
Foi grande o número de pessoas presentes no encerramento da 1a Exposição Regional de São José dos Pinhais que contou com o Batalhão de Tiro Rio Branco que executou seu tema de combate simulado que era o ataque e a defesa da cidade de São José que acabou às 9 horas. Depois foram para o largo da Matriz com as armas e a rapaziada espalhou-se pelas ruas da cidade. Às 13 horas ocorreu o encerramento oficial da exposição. Tomou assento o prefeito Francisco Killian, que convidou Julio Pernetta (inspetor agrícola) para sentar-se à sua direita. Fez uso da palavra o Coronel João de Abreu (orador oficial). Em seguida foi feita a entrega dos prêmios, lendo Witold de Bialynia a lista dos expositores que foram premiados. Feita a distribuição, foram entregues os diplomas de menção honrosa, num total de 35. Ainda falaram Julio Pernetta, Witold de Bialynia e Gregorio Rosendo Passos. Essa solenidade foi acompanhada por uma orquestra e pela banda do Tiro Rio Branco. O evento encerrou com um almoço ofertado pelo prefeito Francisco Killian aos visitantes.
O incentivo à produção agrícola foi reforçado pelo governo municipal com a organização dessa exposição regional de produtos genuinamente paranaenses, onde os expositores que se destacaram receberam ferramentas agrícolas como prêmios, principalmente arados. No dia da inauguração o prefeito Francisco Killian convidou as pessoas designadas em cartões previamente preparados e os colocarem nos objetos agrícolas expostos, escolhendo cada um o objeto que preferia ligar o seu nome. [...] ".
Compilação de: revistasufpr.br - Dissertação de Ana Crhistina Vanali)
(Foto: Museu Atilio Rocco)
Paulo Grani.

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foto: Inauguração da exposição regional de São José dos Pinhais. Foto tirada em frente ao local da exposição – Câmara Municipal. Ladeado por várias autoridades está, à esquerda, o Prefeito Francisco Killian. Entre outros compareceram ao ato inaugural: Caetano Munhoz da Rocha, Affonso Camargo, Correia de Freitas, Pamphilo d' Assunção. Marins Camargo, Major César Sampaio, Júlio Pernetta, Moreira Garcês, Zdenek Gayer, Alcídio Sprenger Vianna e Padre Carlos Dworaczk.

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sábado, 18 de março de 2023

CATIRA, A PROFESSORA DO ERMELINO MATARAZZO

 CATIRA, A PROFESSORA DO ERMELINO MATARAZZO


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CATIRA, A PROFESSORA DO ERMELINO MATARAZZO

•••

1938.
A escola Ermelino Matarazzo, em Antonina, era uma instituição de ensino administrada pela família Matarazzo.

Catira Ferreira era uma jovem professora de Língua Portuguesa. Ela lecionava especialmente a jovens e a adultos que trabalhavam nas indústrias Matarazzo. As aulas eram diariamente, das 19:00 às 22:30.

Era uma sexta-feira.

Bate o sino:
– Blem, blem! blem, blem! bléimmmm!

Os alunos são dispensados.

Agora, Catira está sozinha na escola.
Ela vai para a sala dos professores preparar a aula do dia posterior, pois naquela época, aos sábados havia aulas de reforço.

23:15
A docente está muito cansada.
Quando se debruça sobre a mesa, ela é totalmente vencida pelo sono, e então se ouve um barulho. Era o som de uma motosserra ligada.
– Rouuuc ruuc ruuuu feeennn fenn runnn.

A moça sai da sala dos professores e vai caminhando pelo extenso corredor, olhando para trás. De repente, as luzes começam a piscar intermitentemente. As portas das salas de aula se movimentam, fazendo o som típico proporcionado pela dobradiça deslubrificada.
– ruuuuiaaaaaaa aaaaaa...

Enquanto isso, lá fora da escola, um cachorro começa a latir.
– Raouu raouu raouu...

Naquela noite, o vento uivava, os grilos cricrilavam alto e os transeuntes assoviavam como doidos em dia de lua cheia.

No corredor da escola, Catira está parada, sem saber o que fazer. A senhorita então leva as mãos ao rosto, ajoelha-se e começa a chorar, esperando pelo pior.

O barulho dentro da escola é intensificado quando cadeiras e mesas são arrastadas e parecem ser arremessadas nas paredes.
– Riauuu hoc hec... Paá paá!

A rapariga está totalmente aterrorizada, chorando muito e gritando por socorro:
– Socorro! Socorro! Alguém me ajude, por favor!

De repente, tudo se acalma... Ela tira as mãos do rosto, levanta-se e vai caminhando lentamente em direção à porta.

Mas o pior ainda não tinha acontecido.

Caminhando, agora, em meio ao silêncio, Catira olha para trás... O barulho torna a ser ouvido e ela vê quando no final do corredor, duas pessoas, sem as cabeças, parecem estar brigando. Era o que faltava para a moça criar forças e sair correndo.

E foi o que ela fez...
– Vuc vuc vuc...

Catira sai correndo...
A porta que dá acesso ao pátio da escola está emperrada... mas ela força o bastante e consegue abri-la. Chega até os portões de acesso à rua, mas estão trancados com cadeados.

Diante da situação, o que lhe restava era esperar aquela coisa e lutar contra ela... ou então, entregar-se, sem saber o que poderia acontecer. Mas Catira, criando força, tenta subir pela grade... Ela olha para trás e uma das pessoas sem cabeça está vindo ao seu encontro.

Ela está tentando subir.

A pessoa decapitada está a 10 metros...

Ela está quase conseguindo passar para outro lado.

O ser sem cabeça está a 5 metros...

E finalmente ela consegue passar para outro lado.

Agora, estando do outro lado do portão, Catira olha em direção à escola e vê que não há ninguém, e ainda percebe que os portões estão escancarados, totalmente abertos.

Uma mulher que passava pela rua, pergunta:
– Está tudo bem com você, moça?

Catira responde:
– Não estou bem, não! Você viu uma pessoa sem cabeça vindo em minha direção?

Ao que, a senhora diz:
– É! Você não está bem mesmo!

Já era madrugada... e lá dentro da escola finalmente Catira acorda.

•••

— Por Jhonny Arconi