José Américo Reis Vieira, 75 anos, é o “Encantador de Garças de Curitiba”. Conhecido por trabalhar em sua loja de itens para bicicletas, Américo, virou nos últimos seis meses, amigão da Magali – a garça que costuma aparecer de duas a três por dia, na bicicletaria que fica no bairro São Lourenço, na capital paranaense. Segundo o comerciante, a garça era vista anteriormente no Rio Belém, próximo ao Parque São Lourenço. Nesse pequeno riacho, pescadores davam peixes para a ave, mas eles sumiram. A partir da ausência das pessoas, a garça subiu a rua, chegando à bicicletaria de Américo.
Uma garagem no Santa Quitéria, quase divisa com a Vila Izabel, em Curitiba, guarda um carro antigo que desperta a curiosidade só de bater o olho. A caranga é um Ford Fairlane Wagon 1959, modelo que adesivado imita o Ecto-1, carro do filme “Os Caça-Fantasmas” (em inglês Ghostbusters), sucesso de bilheteria em 1984.
O dono é o Rassan Issa Andrade, 50 anos, que comprou o veículo em 2001, com direito a giroflex e tudo. Profissional autônomo, ele não é colecionador, mas se encantou com o modelo logo que o viu. Até hoje, quando sai na rua, não há quem não acene ou queira tirar uma foto para guardar como recordação. O Ecto-1 original do filme era um Cadillac Miller-Meteor 1959.
Foto: Alex Silveira / Tribuna do Paraná.Andrade conta que viu e gosta dos filmes dos Caça-Fantasmas, mas não foi por isso que comprou o carro. Na época, ele deu um Ford Scort conversível e mais uma diferença no negócio. “Foi meio na loucura, não sou fã dos Caça-Fantasmas a ponto de ter um carro desse. Meu sonho era um Fusca Alemão ou um Passat 1978. Só que, um dia, vi o carro passando na rua e achei muito bacana. Outro dia, numa festa rave que aconteceu na Praça Afonso Botelho, vi o carro de novo e fui falar com o dono. Quer vender?”, perguntou.
O primeiro proprietário era um morador do Batel, na capital, que segundo a história trouxe o carro importado em um navio até o Porto de Santos, em São Paulo, mas o veículo veio para Curitiba e não cabia na garagem. “‘Eu preciso vender esse carro porque na minha garagem não tem espaço’, o cara me disse. Então, batemos o rolo”, conta Andrade, que é fã de carros antigos. “Corre ferrugem nas minhas veias”, brinca.
Além do carro temático, Andrade tem um Opala Diplomata 1986 e uma caminhonete Ford F100 1977. É com a caminhonete que ele trabalha vendendo cerveja nos arredores do estádio Major Antônio Couto Pereira, campo do Coritiba, time do coração. “O Opala era do meu pai. A caminhonete os torcedores já reconhecem de longe. Quando estou parado com ela, eles me procuram para comprar cerveja. Eu vendo cerveja em dia de jogo desde 1993”, conta.
Ele também já chegou a ter um bar perto do Couto. “Mas fechei. Nunca perdi dinheiro com o bar. Só que era temático de futebol, então dependia muito desse movimento de torcida. Hoje em dia, eu até penso em abrir outro bar, mas eu faria outro tema. A gente vai aprendendo”, explica. Atualmente, além da venda de cervejas, o autônomo faz vários serviços pela vizinhança, como jardinagem, passeios com cachorros, demolição de casas, lavagem de veículos e por aí vai.
Foto: Alex Silveira / Tribuna do Paraná.
Propostas de venda?
Na garagem da casa da família, na Vila Izabel, o Fairlane Wagon fica encaixado direitinho em um espaço que parece ter sido feito só para ele. Propostas concretas para a compra do carro, até agora, só apareceram duas. “Foi no começo. Um amigo tinha uma casa em Jaraguá do Sul (SC), no valor de R$ 80 mil na época. Mas eu tinha 30 anos de idade, não pensava muito nessas coisas de imóvel. Não aceitei”, revela.
Também houve um pedido de troca por um carro que depois ficou conhecido em Curitiba como o carro do Batman. “Esse foi antes de customizarem como carro do Batman. Mas eu vou te falar que pode vir Porsche, pode vir Mitsubishi que para chamar a atenção igual a esse carro eu não conheço. Minha irmã que brinca que, quando a gente anda, parece que estamos pelados lá dentro”, diz. Se pintar uma proposta agora, Andrade diz que até vende, mas precisa ser boa. “Ah, tem que ser mais de R$ 200 mil”, brinca ele.
E os curiosos param mesmo para ver a caranga. Na tarde do domingo das eleições do primeiro turno deste ano, os filhos de um vizinho de bairro se divertiram feito os Caça-Fantasmas. “Eu estava com ele estacionado aqui na frente, vendo o movimento da rua. As crianças, uma menina e um menino, pediram para tirar foto. Eles estavam vestidos com a roupa dos Caça Fantasmas. Foi um barato. Nem eu tenho essa roupa”, conta Andrade.
O carro fica sempre na garagem, mas, de vez em quando, ele diz que sai para passear. “Antes, até cheguei a fazer uma ou outra aparição em festa de aniversário. Agora, saio pouco. De vez em quando, paro com ele aí na frente e sempre passa gente acenando, buzinando, querendo ver”, revela o dono.
Trato fino no Caça-Fantasmas
Sobre a manutenção, Andrade explica que a mecânica é parecida com a do Ford Galaxie. Mas a parte de lataria levaria um bom dinheiro para ficar perfeita. O tanque de combustível e o radiador já precisam de reparos. “Por enquanto, nem tenho planos para reformar. Quem sabe um dia eu ajeite. Seria caro. A mecânica é mais tranquila e simples. Mas, por exemplo, o parabrisa e o vidro traseiro são abaulados. Nem quero pensar, se um dia tiver que trocar”, explica Andrade.
Para a Tribuna, ele disse que se alguém, por um acaso, passar pela rua e der de cara com o carro do Caça Fantasmas, pode ficar a vontade para tirar uma foto e bater um bom papo.
Nesta sexta-feira, 18 de novembro, comemora-se o Dia do Colecionador. Dos antigos papéis de carta das gurias às tampinhas de refrigerante dos piás, até relógios, carros antigos e obras de arte. O colecionismo fascina gerações há séculos. Para homenagear a todos eles, hoje vamos contar a história de um empresário de Curitiba que tinha o sonho de ter um botequim dentro da própria casa.Ao som de clássicos da bossa nova, como João Gilberto, Vinícius de Moraes e Tom Jobim, Dilson Luiz Barcellos Barra, 66 anos, construiu dentro da sua casa, no bairro Jardim Botânico, em Curitiba, um bar particular com mais de 900 copos e outras relíquias que fazem o visitante voltar ao passado ou melhor, a uma boa mesa de boteco.Dilson é dono da Premier Banheiras, em Curitiba, mas é formado em Engenharia Civil. Desde a adolescência, no entanto, ficava encantado ao observar, mesmo que de longe, letreiros, painéis e luminosos que estampavam a marca de produtos pelos lugares que passava. E veio da boêmia noite do Rio de Janeiro o carinho especial pelo universo dos botecos e botequins. Na movimentada noite carioca, o ainda pequeno Dilson se apaixonou por pratos com desenhos e logomarcas, letreiros coloridos, copos, porta-copos (as famosas bolachas) e até cinzeiros personalizados.
Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná.
“Acredito que essa paixão começou aos 12 anos, quando consegui um cinzeiro com a marca do hotel em que ficava hospedado. Tudo que tinha propaganda eu conseguia e colocava num guarda-roupas que eu tinha. Ainda bem que mamãe não dava bola”, brincou Dilson.
O empresário carregou centenas de itens junto consigo em caixas de papelão por anos, juntando tudo que podia. Quando comprou a casa em que mora atualmente, no bairro Jardim Botânico, veio a ideia de construir um ambiente para acomodar todos os itens reunidos ao longo deste tempo. Nada mais óbvio que construir um bar, como uma homenagem a este fascinante universo de boas histórias e amizades.“Eu sempre tive essa vontade de ter esse espaço. Antes da reforma, era um quarto menor, que até tinha uma ‘cara’ de bar, mas os copos ficavam escondidos, meio empilhados. Era muito pequeno”, lembrou. Quando decidiu reformar a casa, não teve jeito. “Eu ia fazer no espaço onde fica a churrasqueira, que já bem maior, mas achei pequeno (brinca). Aí fiz na lateral da casa, em cima da garagem”, completou.
É de se imaginar que a decisão de construir um bar dentro de casa possa disparar uma guerra com a patroa e as três filhas, mas não foi isso que aconteceu. “Sempre tive o apoio de todos aqui em casa, pois elas sabiam que era meu sonho. Quando comecei a fazer, me ajudaram trazendo um ou outro item”, orgulha-se.
Dentro do espaço o empresário é o único que tem liberdade para fazer mudanças e a limpeza no ambiente. Tudo é acomodado cuidadosamente em estantes e cristaleiras. Existem os copos, móveis antigos de familiares, garrafas de refrigerantes, rádios, canecas, peças de decoração, letreiros, mexedores de bebidas, bolachas e abridores.
Coleção tem copos, móveis antigos de familiares, garrafas de refrigerantes, rádios e muito mais. Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná.
Além da coleção com 900 copos de vários cantos do mundo, de várias marcas diferentes de uísque, cerveja ou mesmo de refrigerante, o “clima” do ambiente leva o visitante a um verdadeiro pub (ou botequim, depende do espírito do “freguês”). “A ideia é essa, a pessoa viajar para outro lugar e deixar o estresse lá fora. O som foi instalado no teto, o papel de parede lembra os bares da Inglaterra e o telefone foi comprado em Buenos Aires. O vendedor disse que é da década de 1910, e tem linha exclusiva aqui em casa. Tudo funciona”, orgulha-se Dilson.
A Coleção
Viagens, presentes de amigos e uma boa conversa com os garçons ajudaram a aumentar a coleção. O valor da coleção está em olhar para um objeto de uma forma diferente. Para muitos é apenas um copo, mas para Dilson pode ser uma relíquia.
“Essa coleção da Pepsi com copos da China, Rússia, Arábia Saudita e Japão foi trocada uma vez por copos comuns. O colecionador espera o bom momento para conseguir o desejo, e na maioria das vezes, não compro de primeira. Nos bares, mostro ao garçom a foto da coleção e peço para levar para casa um novo copo. Isso (pedir) ajuda, pois ele sabe que levarei de qualquer jeito”, brincou Dilson.
Coleção da Pepsi com copos da China, Rússia, Arábia Saudita e Japão foi trocada uma vez por copos comuns. Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná.
Uma curiosidade é que o colecionador não gosta de realizar compras pela internet, mesmo sabendo que pode encontrar algo raro em qualquer lugar do mundo. “Todas as minhas coisas têm um lado afetivo. Gosto de ficar aqui nas quintas e nas sextas, tomando alguma coisa e me lembrando da história de como eu adquiri a peça. Aqui tem móveis dos meus antepassados ou mesmo outros produtos que foram conquistados na base da conversa ou mesmo com a ajuda de outra pessoa. A internet a gente compra, chega em casa e coloca na prateleira. Não tem graça”, comentou Dilson, o verdadeiro dono do bar.E a mania tá contagiando outras pessoas. “Tem um amigo que começou a fazer coleção depois que conheceu o bar e já tá guardando tudo que encontra pelo caminho. Até minha dentista esses dias disse que tomou duas bebidas em determinado bar pra poder levar um copo pra coleção dela”, concluiu.
O colecionismo
Mais do que um hobby. Colecionar é quase uma arte para quem resolve mergulhar neste curioso universo. Segundo Gerando de Andrade Ribeiro Jr, em seu artigo “Porque Colecionar”, publicado pela Associação Brasileira de Filatelia Temática, “além da ideia básica de entretenimento, é uma arte e uma ciência e desenvolve o aprendizado, sendo uma atividade cultural por excelência”.
A história relata, em diversas etapas do desenvolvimento humano, uma série de pessoas, em diferentes locais, preocupadas em guardar, armazenar objetos, de modo a preservá-los. “Se isto não tivesse ocorrido, não teríamos, hoje, o conhecimento que temos de nosso passado. Os grandes acervos, em todo o mundo, quer particulares, quer de museus, arquivos, etc., iniciaram-se, em sua maioria, por pequenas coleções particulares”, diz o autor.Ao contrário do que se imagina, colecionar não é algo elitista, voltado para quem tem dinheiro (logo pensa-se em coleções de carros antigos, relógios, moedas raras, quadros de artistas famosos. Num passado não muito distante, colecionava-se selos, papéis de carta, latinhas de refrigerante/cervejas, tampinhas. Ainda é comum a coleção de figurinhas, por exemplo.
* Por Francine Lopes, especial para a Tribuna do Paraná
Tenente-Coronel da 5ª Divisão de Exército, Luciana Paiva, 56 anos, é a única mulher do Estado-Maior da corporação, que sai de Curitiba junto com militares do Paraná e de Santa Catarina, nesta quinta-feira (1º), para participar da Operação Acolhida em Roraima e no Amazonas, na região Norte do Brasil.Moradora de Curitiba há sete anos, Luciana é carioca e está no Exército desde 1997. Ela foi a única brasileira em missão no Sudão – país do centro-norte do continente africano – entre 2018 e 2019, e vai agora para sua segunda Operação Acolhida. Formada em telecomunicações e pós-graduada em análise de sistemas, a TC Paiva traz o seu olhar feminino dentro do Exército Brasileiro.
Foto: Arquivo pessoal
“A mulher tem demonstrado ao longo do tempo, que é capaz de ter funções similares (aos homens), a gente é mais crítica, a gente tem um olhar mais detalhista, então isso permite que a gente assuma funções mais sensíveis. E a mulher tem demonstrado que pode desempenhar diferentes funções independente do local e do que vai fazer”, diz.
Operação Acolhida
A Operação Acolhida “dá suporte para venezuelanos, que chegam ao Brasil, com apoio para comunicação com os familiares, acesso à saúde com exames básicos e atualização de vacinas e, principalmente documentos, além de ajudar com qualificação para procura de emprego”, conta a Tenente Coronel. Além do Exército, segundo a TC algumas ONGs também ajudam no trabalho e nelas a presença feminina é significativa.“Uma das principais coisas que acontecem quando chegam ao Brasil é dar assistência de saúde, com verificação de vacinas, fazem exames, tiram os documentos. é um trabalho muito grande, envolve vários setores e neles tem muitas mulheres envolvidas”.
Foto: Arquivo pessoal
Única no Sudão
Mãe de um casal de filhos, hoje com 20 e 35 anos, Paiva foi a única brasileira a participar de uma missão no Sudão entre 2018 e 2019, onde era gerente da área de banco de dados, e conta sobre os desafios da maternidade na realidade de quem serve ao Exército.“ O que tem que estar bem posto nisso é a família. Muitas vezes a família não está preparada frente à distância. Uma das coisas que fiz quando fui, principalmente para o exterior, foi preparar minha família para eu estar longe. Se acontecer algo, até chegar de volta vai levar tempo”.
A missão Unamid foi na Região de Darfur, no Sudão, na cidade de El Fasher e tinha como objetivo apaziguar guerras civis de grupo da região e enviar relatórios para a ONU. No período em que estava lá, Paiva se programou para tirar folga e vir para o Brasil no casamento do filho, mas quase não pôde chegar.
Foto: Arquivo pessoal
“No dia que ia pegar o voo para sair do Sudão estourou um conflito e o espaço aéreo ficou fechado, esperei quatro dias sem saber se conseguiria seguir viagem”, lembra Luciana que chegou a tempo para a cerimônia.
Luciana começou a carreira na Polícia Militar do Rio de Janeiro, depois passou pela Marinha Brasileira e há 25 anos entrou para o Exército. Ao longo dos anos, viu a evolução da presença feminina na corporação.“Daqui a pouco tem mulheres chegando a General do Exército, isso a gente não perde mais, são as conquistas que fizemos ao longo do tempo. A mudança de cultura é muito difícil, mas a gente conquista aos poucos, e o respeito pelo nosso trabalho e resultados”.
Foto: Arquivo pessoal
Missão no Norte
Militares dos estados do Paraná e Santa Catarina embarcam do aeroporto Afonso Pena, para a região norte do país. Eles integram o 15º Contingente da Operação Acolhida – a primeira missão de ajuda humanitária das Forças Armadas em território nacional.
São 78 militares oriundos de quartéis do Paraná e 196 de Santa Catarina que vão atuar em Manaus (Amazonas) e nas cidades de Pacaraima e Boa Vista (Roraima) de dezembro de 2022 a maio de 2023. Mais de 90% do efetivo é composto por profissionais oriundos da região Sul, totalizando 357 militares em atuação na força-tarefa humanitária no 15º Contingente.
Uma empresa curitibana especializada em restauração de lustres, luminárias e abajures está salvando relíquias familiares e preservando a história da cidade. A Alves &Nicoletti Iluminação e Decoração já realizou serviço no Palácio Iguaçu, sede do Governo do Paraná, em Igrejas Católicas da capital paranaense, utilizando métodos artesanais para conservar e levar a chamada “cereja do bolo” aos ambientes.
A trajetória desta empresa localizada no bairro Pilarzinho começou com uma demissão. José Roberto Alves, 67 anos, depois de trabalhar por 33 anos em uma firma, recebeu o cartão vermelho. Momento de tensão para a família que abraçou a ideia de apostar no ramo de luminárias, lustres e abajures. “Estava próximo da aposentadoria e fui demitido. Fiquei perdido e decidi restaurar, consertar luminárias e abajures. Foi passando o tempo e fui contratando mais funcionários. Em 2008, a gente iniciou a Alves & Nicoletti”, relembrou José.
José abraçou a ideia de apostar no ramo de luminárias, lustres e abajures após uma demissão. Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná.Ao acompanhar o dia a dia na Alves&Nicoletti é impossível não voltar no tempo ou mesmo viajar por países europeus, asiáticos e africanos. Em uma pequena sala, é fácil notar a boa quantidade de vasos que podem ser acoplados em abajures. Sabe aquele antigo da casa da vó que se quebrasse daria um grande problema? Com os chamadosCaçadores de Relíquia, a chance de não ser repreendido pela família existe.
“Muitos chegam aqui desanimados ao relatar que houve a quebra de uma peça antiga. Corremos atrás, investigamos para ver se tem outra semelhante. Temos contato com os chamados Caçadores de relíquia, são pessoas que procuram peças para a gente e nos oferecem. No último caso, fazemos uma adaptação com outro vidro, uma pintura, um metal ou a reconstituição dela completamente. Não deixamos sem resposta”, orgulha-se José.
Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná.
Lustre italiano da Matriz de Santa Felicidade
Para encarar o trabalho na Alves&Nicoletti, o funcionário tem plena noção que uma peça pode valer uma grana alta. Um lustre mal colocado pode causar transtorno sem precedentes na casa de alguém. E se for dentro de uma igreja? A comunidade de Santa Felicidade aguarda desde 2017 o fim da obra da Paróquia de São José e Santa Felicidade para ter novamente um lustre que veio da Itália em 1954.
O trabalho na peça foi realizado faz tempo e aguarda a conclusão da obra na Matriz para voltar para casa. Vale reforçar que um lustre é sempre o último a ser colocado na obra.“Tiramos ele da Igreja com andaime e várias pessoas concentradas. Demorou 60 dias para ficar pronto. Foi feito o polimento, envelhecimento, revisão na parte elétrica, uma restauração total para uma peça que pesa 100 quilos. Ele é avaliado entre R$ 400 a 500 mil reais. Desejo ver a reação da comunidade quando o lustre for instalado. Vai ser um impacto”, garantiu José que prestou serviços para igrejas de bairros como Mercês e Butiatuvinha.
Restauração no Palácio Iguaçu
Outro trabalho que dá orgulho na Alves&Nicoletti foi realizado no Palácio Iguaçu, sede do Governo do Paraná. Dentro do Palácio, existem inúmeros lustres antigos e que mostram a suntuosidade de um local histórico. “Fizemos a restauração dos lustres da parte interna no Palácio Iguaçu. Foram três peças com dois metros de altura em latão polido em forma de cilindro, todos com vidros curvados para o salão principal. Tiveram ainda outros dois lustres grandes em modelo europeu com folha de ouro. Foi restaurado, fizemos a parte elétrica e para fazer esse trabalho na folha foi enviado para São Paulo para um artista”, comentou José.
Outro ponto com vários modelos é o Cemitério Vertical de Curitiba, que costuma fazer a limpeza anualmente de 30 lustres. “Temos um prazo de uma semana para realizar o trabalho. Nós retiramos e trazemos para o barracão, onde fazemos higienização e toda revisão”, disse o proprietário.
Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná.
Alce, cigarro e ketchup
Nem sempre os clientes mais tradicionais aparecem. Já teve freguês levando chifre de alce para fazer lustre, ketchup sendo usado para limpar e mulher fumante não acreditando que o produto era dela após limpeza.Quem garante as histórias é o simpático Edson Cavalheiro, 48 anos, uma espécie de coringa na empresa. Ele retira o lustre na casa do cliente, traz para a empresa, faz a desmontagem, mexe com os cristais e ainda faz a instalação.
Edson retira o lustre na casa do cliente, traz para a empresa, faz a desmontagem, mexe com os cristais e ainda faz a instalação. Ele tem cada história…Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná.
“Aqui não tem uma função especifica, mas pintura não é o meu forte. Tenho meu celular cheio de imagens do trabalho e lembro do causo da mulher fumante. Retiramos um lustre tradicional cheio de correntes e já estava amarelo. Fizemos uma boa limpeza, restauração e fomos instalar. Quando ela viu, ela ficou braba falando que não era dela. Ela tinha o lustre há mais de trinta anos e nunca havia limpado. Explicamos o trabalho, e ela confessou que fumava debaixo do lustre, e a fumaça ia direto. Quando limpamos saiu toda a sujeira. Ela ficou impressionada”, ironiza Edson.Aliás, Edson trabalhou em um lustre que estava corroído por dentro. Motivo: ketchup. “As pessoas olham na internet e usam coisas absurdas. Esqueça sprays milagrosos, pois o produto vai limpar por uma semana, mas depois vai corroer. Uma pessoa leu que ketchup limpa, mas não sabia que na verdade o molho corrói. Fizemos a restauração, mas o barato sai caro”, alertou o faz-tudo da Alves@Nicoletti.