segunda-feira, 1 de maio de 2023

Processo do Movimento Republicano no Paraná e a Maçonaria no Século XIX. parte-01

 

Processo do Movimento Republicano no Paraná e a Maçonaria no Século XIX. parte-01

A crise do regime monárquico brasileiro veio acompanhada do surgimento e da expansão do movimento republicano, no final do século XIX. No período, a imprensa não somente colocou-se como palco dos debates institucionais, como também teve papel de poder informal, vinculado ao governo e à organização partidária. Tratava-se de uma imprensa de opinião, que tinha como um de seus eixos os comentários partidários.
As colunas dos jornais eram usadas para escrever anonimamente o que não podia ser dito publicamente na Assembléia, Senado ou Câmara, constituindo um fórum de discussão alternativo à tribuna. Este artigo busca recuperar os modelos de República que circularam nesses periódicos paranaenses, relacionando-os com as configurações nas quais estavam inseridos e com a posição que ocupavam no campo do poder local e nacional. Todavia, vale lembrar que os ideários republicanos dominantes não foram disseminados sem resistência no Paraná; ao contrário, foram detectados e combatidos localmente, porém sem força política suficiente. Parte-se da perspectiva bourdiesiana de que os discursos não são unicamente signos destinados a serem compreendidos e decifrados, mas também indicativos de status, que se propõem a ser valorados e apreciados, e de autoridade, a serem cridos e obedecidos, por constituírem um objeto da luta simbólica pelo poder. A análise dos discursos republicanos mostra que a política paranaense do final do século XIX era mais um resultado de alianças e desavenças entre grupos do que fruto de posicionamentos ideológicos. Os discursos serviam, majoritariamente, como armas retóricas utilizadas para orientar o enfrentamento intra-elites, movido pelo desejo de participação, o que fez com que tivesse um caráter genérico, alicerçado na concepção do fim dos privilégios, embora sem a ampliação da cidadania.

Tentamos aqui fazer a correlação entre a Maçonaria que era podemos dizer a “Elite Intelectual e política”à época e os movimentos republicanos.

Com relação as demais Províncias, podemos considerar que o Movimento Republicano no Paraná foi de um ponto de vista até fraco, entretanto ele existiu às custas de alguns idealistas predominantemente maçons. Segundo SPOLADORE

No dia 2 de Junho de 1870, fundou-se em Paranaguá pelo Maçom Barros Junior o jornal “Operário da Liberdade” , o qual  enfrentava o problema da “escravidão” e da “República”. O jornal inclusive publicou o “Manifesto Republicano” em uma de suas edições.

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A primeira voz paranaense a se levantar fora da Província foi a do Republicano Histórico, Ubaldino do Amaral Fontoura, maçom iniciado na Loja “Constância”, em Sorocaba, em 2 de Agosto de 1869.

Aderiu ao Partido Republicano após pronunciar brilhante discurso, em 8 de Julho de 1871, numa reunião do Partido Radical, pronunciou inúmeras palestras doutrinárias em São Paulo e Minas Gerais.

Em 1881 os maçons paranagüenses lideravam em toda a Província a propaganda Republicana. Publicaram neste ano, a “Declaração Republicana Paranaense”, assinada por Fernando Simas, Mauricio Sinke, Guilherme Leite, Manoel Correia de Freitas, entre outros republicanos que, segundo Chaves estavam aglutinados em torno na loja maçônica  “União Paranaguense”, que depois passou a chamar-se “Perseverança”. É interessante observar que, num meio cultural rarefeito e sob a dominação políticas das oligarquias familiares, a rede de indivíduos que se engajou na propaganda republicana foi essencialmente a mesma.

Mas foi o Livre Paraná , dos maçons Fernando Simas e Guilherme Leite , fundado em Paranaguá em 1883, no qual contribuíam também os maçons Nestor Victor, Correia de Freitas e Albino Silva, a primeira folha semanal republicana de fôlego, tendo durado cerca de cinco anos. Inspirados no Manifesto de 1870 , o jornal convocava seus correligionários do estado a organizar núcleos republicanos locais, a fim de fundarem o Partido Republicano do Paraná. Nas suas colunas figuravam, além de críticas ao Império,ataques ao comando político local, que se concentrava na figura do Visconde de Nácar, velhas crônicas acusavam o Visconde de perseguir os republicanos, como ocorreu no caso da transferência do Professor Cleto, que propugnava lições republicanas aos seus alunos, e com o próprio Fernando Simas.Este não possuía capital simbólico e político suficiente para desenvolver embates com figuras de peso do campo político paranaense, o que resultou no seu afastamento da direção do jornal e na sua mudança para o Rio de Janeiro.Os confrontos com os políticos locais ficam evidentes quando Simas comenta os motivos da sua partida:

“Desde o 1° numero de sua vida tormentosa, pela deficiência mental de nosso meio social,o LIVRE PARANA foi forçado a transgredir, quem sabe, as regras de conduta que se havia traçado, tendo de empenhar-se em devezais ingratos, defendendo princípios que não eram propriamente o que constituía a sua tendência política, nem o seu escopo jornalístico, nem o seu objetivo particular.Dessa luta sái cançado aquele que, na brecha, teve a responsabilidade moral e legal de suas opiniões, de suas más apreciações, ora demasiado severas, ora, quiçá, injustas e mal pensadas. Todos esses desvios devem ser levados à conta pessoal do fraco combatente e não à idéia Republicana sempre mantida abaixo de sua imponência imaculada, pela incompetência do lutador.”

Grafia da época como se reproduz

No Jornal Livre Paraná, havia em cada edição deste periódico estampada em letra maior na capa a máxima de Leon Gambetta, grande republicano e maçom Frances , “Povo tu pareces pequeno, porque estais de joelho Levanta-te“.

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Fernando Simas mantinha uma coluna no Jornal chamada “Echo Republicano”, onde atacava especialmente o chefe do partido Conservador Paranaense, o Visconde de Nacar, maçom, escravocrata e conhecido perseguidor de republicanos.

A situação do jornal tornou-se tão ruim que o próprio Fernando Simas foi obrigado a transferir sua residência para Petrópolis RJ, em 1888, por causa de tais perseguições.

Em 15 de Março de 1886, foi fundado em Curitiba o primeiro jornal totalmente republicano, “A República“, por Eduardo Mendes Gonçalves e Joaquim Antonio da Silva.

Inicialmente, sua circulação era semanal, porém, a partir do inicio de 1889, passou a ser diária.

O jornalista Chichorro Junior era também um dos articulistas deste jornal.

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Em 1886, apenas um republicano conseguiu eleger-se a um cargo em toda a Província, foi o maçom Fernando Machado Simas como vereador em Paranaguá. Em 1887, os republicanos não conseguiram nenhuma vaga sequer, concorrendo às eleições provinciais. Apesar de existir o Movimento ainda que crescente, na província, este movimento era politicamente insignificante.

Em 2 de Dezembro de 1888, em plena sessão da Assembleia Provincial, o Deputado Federal e maçom, Vicente Machado da Silva Lima, faz sua adesão pública ao republicanismo, fundando o Partido Republicano Paranaense, tornando-se desde então a principal figura republicana no Paraná.

O fato e a maneira sensacionalista como Vicente Machado o fez, causou grande polemica nos meios políticos locais. Em seguida ele realizou uma conferência no Teatro São Theodoro, que lotou totalmente o local.

Neste mesmo ano o maçom Manoel Correia de Freitas grande e eloquente orador, realizou conferências  doutrinárias nas Províncias de São Paulo, Santa Catarina e Rio de Janeiro.

Em 7 de Abril de 1889, foi fundado em Paranaguá o jornal “Pátria-Livre” pelo maçom Albino Silva, que haveria de combater com firmeza os últimos meses da monarquia, com propriedade e energia.

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O republicanismo apesar de ter iniciado suas atividades com muito arrojo e ideal, ele não era abertamente aceito pela população. Entretanto, um número muito limitado de idealismo ousava propaga-lo como se fosse uma religião.

A propaganda não era realizada só por maçons. Inúmeros cidadãos paranaenses de idéias republicanas participaram com o mesmo entusiasmo do movimento.

Continua…………….

Hamilton F. Sampaio Junior.’.

Biografia

SPOLADORE – História da Maçonaria Paranaense no Século XIX

HIRAN LUIZ ZOCCOLI – Museu Maçônico Paranaense

https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/26993/D%20-%20PEREIRA,%20LUIS%20FERNANDO%20LOPES.pdf?sequence=1

BNDigital

Processo do Movimento Republicano no Paraná e a Maçonaria no Século XIX. parte-02

 

Processo do Movimento Republicano no Paraná e a Maçonaria no Século XIX. parte-02

A crise do regime monárquico brasileiro veio acompanhada do surgimento e da expansão do movimento republicano, no final do século XIX. No período, a imprensa não somente colocou-se como palco dos debates institucionais, como também teve papel de poder informal, vinculado ao governo e à organização partidária. Tratava-se de uma imprensa de opinião, que tinha como um de seus eixos os comentários partidários.
As colunas dos jornais eram usadas para escrever anonimamente o que não podia ser dito publicamente na Assembléia, Senado ou Câmara, constituindo um fórum de discussão alternativo à tribuna. Este artigo busca recuperar os modelos de República que circularam nesses periódicos paranaenses, relacionando-os com as configurações nas quais estavam inseridos e com a posição que ocupavam no campo do poder local e nacional. Todavia, vale lembrar que os ideários republicanos dominantes não foram disseminados sem resistência no Paraná; ao contrário, foram detectados e combatidos localmente, porém sem força política suficiente. Parte-se da perspectiva bourdiesiana de que os discursos não são unicamente signos destinados a serem compreendidos e decifrados, mas também indicativos de status, que se propõem a ser valorados e apreciados, e de autoridade, a serem cridos e obedecidos, por constituírem um objeto da luta simbólica pelo poder. A análise dos discursos republicanos mostra que a política paranaense do final do século XIX era mais um resultado de alianças e desavenças entre grupos do que fruto de posicionamentos ideológicos. Os discursos serviam, majoritariamente, como armas retóricas utilizadas para orientar o enfrentamento intra-elites, movido pelo desejo de participação, o que fez com que tivesse um caráter genérico, alicerçado na concepção do fim dos privilégios, embora sem a ampliação da cidadania.
Tentamos aqui fazer a correlação entre a Maçonaria que era podemos dizer a “Elite Intelectual e política” à época e os movimentos republicanos.

CLUBES REPUBLICANOS NO PARANÁ.

No Brasil, foram fundados duzentos e sessenta e quatro Clubes Republicanos.

No Paraná, foram fundados os seguintes clubes:

curitiba-1885-DEZENOVE-DE-DEZEMBRO-22-11-1885

                                                                   Jornal Dezenove de Dezembro dia 22 de Nov de 1885

Clube Republicano de Curitiba, fundado no dia 22 de Novembro de 1885, quando um grupo de mais ou menos trinta pessoas a maioria maçons reuniram-se no Grand Hotel, em um dos seus salões, sendo a reunião presidida pelo Engenheiro Eduardo Mendes Gonçalves. Entre os presentes encontravam-se alguns maçons, a saber, José Correia de Freitas, Francisco de Almeida Torres, Brasilino Moura, Arthur Borges de Macedo, Urbano da Silva Carrão, Demóstenes Thimóteo de Simas, Francisco Thimóteo de Simas, além de outros e ainda vários cidadãos não maçons se fizeram presentes.

1886-CONFERENCIA-DEZENOVE-DE-DEZEMBRO-27-12-1886

1889-DEZENOVE-DE-DEZEMBRO

O Clube realizava suas reuniões no Salão Trivoli, à Rua São Francisco. Ali foram palestrantes, Manoel Correia de Freitas, Nestor Victor dos Santos, Otavio do Amaral, Albino José Silva, Sebastião Paraná, Eduardo Mendes Gonçalves, Francisco Carvalho de Oliveira, José Correia de Freitas, Jorge Demarais, Joaquim Monteiro de Carvalho e tantos outros.

1870-DEZENOVE-DE-DEZEMBRO-ANOMALIA-NAS-DATAS-21-12-1870

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Ligação com a expansão dos jornais e periódicos na época

Tratando, portanto, do ideário republicano, ainda no momento de utopia anterior à Proclamação, o principal jornal analisado foi A República, órgão do Clube Republicano de Curitiba, que começa a ser publicado em 1886. Uma contribuição menor veio d’O Povo, de Rocha Pombo (Morretes, 1857 – Rio de Janeiro, 1933), do qual apenas dois exemplares foram encontrados, e do Livre Paraná, que circulava no litoral e do qual
também só restam poucos indícios. Com a Proclamação, outras folhas republicanas
surgiram na cidade. Dentre elas destaca-se o Diário do Paraná, órgão da União Republicana que disputou o controle do novo regime com o grupo ligado ao A República; embora a coleção encontrada corresponda a um período relativamente curto (cerca de seis meses), ela foi qualitativamente significativa para a compreensão das disputas políticas entre os grupos. Dos periódicos analisados, o único que apresentou uma perspectiva crítica em relação à República foi o Sete de Março, que acabou vinculando-se ao movimento operário e que, somado às perspectivas anarquistas de Rocha Pombo, constituíram um foco tímido, mas vigoroso, de um ideário político alternativo ao conservadorismo das elites locais.

CLUB-REPUBLICANO-JORNAL-A-REPUBLICA.jpgO Clube Republicano de Curitiba surge em 15 de março de 1886 e é extinto em 1930,

completando 44 anos de existência. Os exemplares microfilmados disponíveis na Biblioteca Pública do Paraná (BPP) vão de janeiro de 1888 a 1930. Contudo, existem
várias lacunas nos exemplares até 1893, período abrangido por essa pesquisa.

 

Clube Republicano de Paranaguá

Fundado em 21 de Agosto de 1887. A sua primeira diretoria foi constituida somente por maçons, bem como, os demais associados do clube, todos membros da Loja “Perseverança“. Consta da primeira ATA o seguinte:

1887-paranagua-17-de-setembro-O-COMERCIAL-INSTALAÇÃO

                                    1887 Jornal o Comercial data de 08 de Outubro de 1887

1887-PARANAGUA-8-DE-OUTUBRO-JORNAL-COMERCIAL

“Presentes as oito horas e um quarto da tarde, diversos cidadãos que se haviam reunido com o fim de instalar o Clube Republicano foi aclamado para presidir a reunião o cidadão Fernando Simas que aceitou e convidou o cidadão Nestor Victor para servir de secretário.

Abrindo a sessão, disse o cidadão presidente que  ao proceder a leitura da declaração seguinte seria assinada por todos que e achassem resolvidos a cumprir com os deveres de que se obrigarão todos aqueles que assinarem.

Presentes os cidadãos abaixo assinados, declaram aderir francamente ao Manifesto Republicano de 03 de Dezembro de 1870, desligando-se completamente de qualquer compromisso que tenham até hoje mantido com os partidos monárquicos constitucionais, fazendo esta declaração espontaneamente e abaixo da palavra de honra”. 

Continua *1 Após a declaração

Manifesto Republicano.jpg

O Manifesto Republicano

Manifesto Republicano declaração publicada pelos membros dissidentes do Partido Liberal  liderados por Quintino Bocaiúva e por Joaquim Saldanha Marinho. Publicado no jornal A República, do Rio de Janeiro, em 3 de dezembro de 1870.  Trechos do Manifesto:

“É a voz de um partido que se alça para falar ao país. E esse partido não carece demonstrar a sua legitimidade. Desde que a reforma, alteração ou revogação da carta outorgada de 1824, está por ela mesma revista e autorizada, é legítima a aspiração que hoje se manifesta para buscar em melhor origem o fundamento dos inauferíveis direitos da nação. (…) Não reconhecendo nós outra soberania mais do que a soberania do povo, para ela apelamos. (…)

 Neste país, que se presume constitucional, e onde só deverão ter ação poderes delegados, responsáveis, acontece por defeito do sistema que só há um poder ativo, onímodo, onipotente, perpétuo, superior à lei e à opinião, e esse é justamente o poder sagrado, inviolável e irresponsável. (…) E a própria guerra exterior que tivemos de manter por espaço de seis anos deixou ver, com a ocupação de Mato Grosso e a invasão do Rio Grande do Sul, quanto é impotente e desastroso o regime da centralização para salvaguardar a honra e a integridade nacional. A autonomia das províncias é, pois, para nós mais do que um interesse imposto pela solidariedade dos direitos e das relações provinciais, é um princípio cardeal e solene que inscrevemos na nossa bandeira. O regime da federação baseado, portanto, na independência recíproca das províncias, elevando-as à categoria de Estados próprios, (…) é aquele que adotamos no nosso programa, como sendo o único capaz de manter a comunhão da família brasileira (…) Se houver, pois, sinceridade ao proclamar a soberania nacional, cumprirá reconhecer sem reservas que tudo quanto ainda hoje pretende revestir-se de caráter permanente e hereditário no poder está eivado do vício da caducidade, e que o elemento monárquico não tem coexistência possível com o elemento democrático. É assim que o princípio dinástico e a vitaliciedade do Senado são duas violações flagrantes da soberania nacional (…)

Fortalecidos, pois, pelo nosso direito e pela nossa consciência, apresentamo-nos perante os nossos concidadãos, arvorando resolutamente a bandeira do partido republicano federativo.

 (…) A nossa forma de governo é, em sua essência e em sua prática, antinômica e hostil ao direito e aos interesses dos Estados americanos. (…) Perante a Europa passamos por ser uma democracia monárquica, que não inspira simpatia nem provoca adesões. Perante a América passamos por ser uma democracia monarquizada, onde o instinto e a força do povo não podem preponderar ante o arbítrio e a onipotência do soberano. Em tais condições pode o Brasil, considerar-se um país isolado, não só no seio da América, mas no seio do mundo. O nosso esforço dirige-se a suprimir este estado de coisas, pondo-nos em contato fraternal com todos os povos e em solidariedade democrática com o continente de que fazemos parte.”

____________________________________________________________________________________________

*1 Continuação do anterior à declaração

Assinaram este documento os seguintes maçons, Fernando Simas, Nestor Victor dos Santos, Guilherme José Leite, Julio César Peixoto Fernandes, José Ferreira Campos, Benedito Antonio Guilherme, Francisco José de Souza, José Gonçalves Lobo, Teobaldo Dacheaux, Cezalpino Luiz Pereira, Germano Augusto Pirah,  Manoel Figueira Neto, Manoel Lucas Evangelista, Luiz Mariano de Oliveira, Geraldo Devisé, e Joaquim  Guilherme da Silva.

Fernando Simas foi o fundador do “Livre Paraná” jornal que circulou na cidade e que era francamente republicano entre outros

Em seguida foi lido o manifesto de 1870, para que todos tomassem ciencia de seu conteúdo, sendo eleito o primeiro presidente o maçom Guilherme José Leite, e foi nomeada uma comissão para elaborar os estatutos, composta dele próprio, além de Francisco José de Souza e Nestor Victor dos Santos, o qual foi eleito secretário do clube.

O Presidente do Clube recebeu telegramas de congratulações de Silva Jardim, Quintino Bocaiuva, Ubaldino do Amaral Fontoura e Prudente de Morais.

O Clube Republicano de Paranaguá promovia abertamente a campanha na cidade e este fato causava algumas dificuldades, aborrecimentos e perseguições a seus associados.

No dia 14 de Julho de 1888, em comemoração a Tomada da Bastilha, o Clube promoveu uma marcha luminosa na cidade e uma sessão cívica aonde Manoel Correia de Freitas, grande divulgador de idéias republicanas brindou o grande público presente com um belo discurso. Foi saudado pelo maçom, escritor e crítico literário Nestor Victor dos Santos.

O grupo e reunia num sobrado que teve o numero 37, na antiga Rua do Imperador, hoje XV de Novembro, onde insignes conferencistas proferiram palestras. São citados entre tantos os nomes de Demétrio Ribeiro, Emiliano Pernetta, João Tibiriça, Menezes Dória, Joaquim Soares Gomes e Vicente Machado.

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Clube Republicano da Lapa, Apesar de no dia 30 de Novembro de 1871, cinco membros da importante família Santos Lima terem declarado sua conversão ao republicanismo, somente em 1888 foi fundado o Clube Republicano desta cidade.

Outro Personagem o qual encontramos grande participação no movimento republicano no Paraná foi,  Manoel Correia Defreitas (Maçom da Loja Perseverança) nasceu junto com a Província do Paraná em 1851 num sítio em Paranaguá. Aos sete anos foi para a escola primária e depois disso nada consta sobre o seu processo de educação formal. Foi essencialmente um autoditada.
Filho do Capitão Domingos Correia de Freitas, natural de São Francisco e de Dona
Josephina Leite Bastos Freitas, de família tradicional parnanguara. Maiores indicações
sobre a ocupação dos pais não foram encontradas, mas a caracterização do pai como
‘homem do mar’ e a notícia da libertação dos escravos de sua família na mesma ocasião
de Vicente Machado permitem posicioná-lo ao menos entre os setores médios em
ascensão. Seu capital de relações familiares foi determinante para a boa inserção que
teve no campo político catarinense, pois tanto seu pai quanto seu irmão José Correia de
Freitas (que também foi um político de importância no período) nasceram em Santa
Catarina. Publicou artigos em Joinville e Desterro e participou da fundação do Partido
Republicano de Santa Catarina. A historiografia destaca que aos 15 anos de idade já empreendia campanha abolicionista e republicana. Em 1872 participou da fundação do Clube Literário de Paranaguá e em 1881 fundou em Curitiba, junto com o amigo Rocha Pombo, um periódico republicano intitulado A Verdade. Mais tarde colaborou no Livre Paraná de Fernando Simas, periódico também abolicionista e republicano. Não pertenceu a nenhum dos partidos monárquicos e participou da fundação do Clube Republicano de Paranaguá em 1887 na Loja Perseverança. Correia Defreitas também era maçom. Em 1877, participou da inauguração da Loja Concórdia do Oriente de Curitiba e, vinte anos depois, na companhia de Cardoso Junior, colaborou para a fundação da Loja
Fraternidade Paranaense. Segundo Barata, para serem admitidos como membros numa
loja, os cidadãos deveriam preencher alguns requisitos mínimos: ter 21 anos de idade,
instrução primária, reputação de bons costumes e de cumprir deveres sociais, ter
ocupação decente, meios de subsistência, estar isento de crime e não possuir nenhum
defeito físico. Ou seja, apesar de variações existentes, o caráter elitista desse tipo de
associação social é evidente. Nesse sentido, ser maçom era sinônimo de ser cidadão,
pois os requisitos reproduziam os critérios para o exercício da cidadania no Império e na
República: renda e alfabetização, respectivamente.

No final dos anos 1880 Correia Defreitas iniciou sua ‘peregrinação’, viajando por
todo o país para difundir a doutrina republicana, participando de meetings, fazendo
conferências e representando o Paraná e (ou) Santa Catarina em congressos
republicanos no Rio de Janeiro e em São Paulo. Envolveu-se, pois, com todos os tipos
de ações políticas e culturais existentes para deslegitimar o regime monárquico e
propagar o ideário republicano. No Rio de Janeiro, onde o movimento teve um caráter
mais urbano, esteve envolvido com republicanos mais ‘radicais’; colaborou no popular
Correio do Povo, dirigido por Sampaio Ferraz, no qual dividiu colunas ao lado de
Aristides Lobo.

Clube Republicano de São José da Boa Vista, fundado em 3 de Novembro de 1888, pelos seguintes cidadãos desta cidade, Gustavo Vilhena, Manoel Ferreira Lobo, José Gonçalves Carvalho Braga, João Camara, José Calzans Ribeiro, Francisco Januário O. de Mello, Francisco de Andrade Pereira e outros.

Fala-se também de um Clube Republicano de Tibagi, mas não existem registros a respeito.

SPOLADORE História da Maçonaria Paranaense no Século XIX

HIRAN LUIZ ZOCCOLI – Museu Maçônico Paranaense

https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3817523/mod_resource/content/2/manifesto%20republicano%201870.pdf