terça-feira, 9 de maio de 2023

MAR DE CRENÇAS, REZAS E BENZEDURAS..

 

MAR DE CRENÇAS, REZAS E BENZEDURAS..



"Entre nossos valentes e audazes pescadores existem crenças bastante arraigas, naturalmente herança dos seus antepassados. Desde que põem o pé na praia com destino à pescaria, fazem o possível para não falarem em pena de aves, em cobra etc. Quando estão preparando seus apetrechos e aparelhos de pesca, evitam que senhoras grávidas os toquem, ou passem por cima dos aparelhos. Têm verdadeiro horror quando recebem encomendas de peixes e muito principalmente quando são feitas por mulheres. Se estiverem na praia preparando-se para irem ao mar realizar o trabalho de pesca e um dos camaradas por acaso falar dos elementos já citados e por eles considerados azarentos, chegam até a desistir e, se o fazem, conservam-se contrariados, prevendo sempre o mau êxito da pescaria na ocasião. Os mais fanáticos chegam a voltar do mar, quando já estão pescando, se, por esquecimento, um camarada falar num dos elementos que eles considerem azarados.

Costumam embarcar na canoa com o pé direito. Acreditam piamente que quebranto, mau-olhado e inveja. Alguns escondem os peixes que pescaram, quando voltam da pescaria, embaixo do paineiro da canoa, para que quando chegarem na praia os "olhos grandes" não os vejam. Se um pescador tem a felicidade da fazer uma pescaria farta, os que não conseguiram na mesma ocasião também fazê-la atribuem a causa do fracasso ao poder maléfico dos "olhos grandes". Para afastá-lo, consultam uma benzedeira experimentada e entregam seus aparelhos e apetrechos aos cuidados dela, na certeza de que ela, com o emprego das suas benzeduras de efeitos rápidos e poderosos, quebrará as forças maléficas e traiçoeiras dos "olhos grandes", anulando o seu efeito diabólico, colocando-os para sempre no fundo do mar sagrado "onde o galo preto não canta" conforme cita a reza.

Se os instrumentos estiverem muito impregnados pelas forças anuladoras do quebranto, a pobre benzedeira passa por grandes sofimentos físicos no momento de praticar o ato da benzedeura contra os poderes misteriosos do mal. Boceja, verte lágrimas, espreguiça-se, enfim, fica exausta. Depois de terminado o trabalho, a benzedeira respira fundo e se dirige ao dono dos instrumentos de pesca e faz o comentário dos elementos sobrenaturais que "viu com os olhos que a terra há de comer" e dos que ela sentiu maltratar-lhe o corpo "sem dó nem piedade".

"Credo! Cruz! Virge Maria! Sô Janjão!. "Puxa que passê um bucado mali". "Si não fosse os 'contra' que carrego comigo, pra mode me defendê, e não tivesse feito a benzedura com fôia de guiné e arruda, não sê não o que haverá acuntecido".
"Tive inté arripio no fio da espinhela". "O máu zóio que butaro em riba dos seus traste de pescaria é zóio de quemá inté pimenta braba". "Vôte bicho ruim! "Credo, mô Deus, esta gente dagora não pode vê os zôtro miorá de vida". "Dargum tempo não era ansim. Quás não havia essas coisa".

Então, "seu" Janjão, que havia escutado religiosamente a "sinhá" Chica benzedeira, concordou plenamente com o que ela o expusera, e respondeu-lhe: "É, sinhá Chica, prô mode destas e dôtras é que eu acostumo a incundê os pêxe que mato em baxo do pânero da canoa". "Sinhora, quando mato um bucadinho de pêxe má mió, essas gente fica quás doida pra riba da minha canoa". "Nesse dia não posso cume nem drumi dereito, pra mode de tanto abri e fachá a boca". Fico inté com o braço dereito cansado de tanto levá a mão na boca, pra mode fazê o sinali da cruz dentro dela; mas não arresove, é quebrante muito forte".

E voltando-se para a mulher: "Eu não te disse, Noca que quando vi a Dica cáquela barrigona muito grande em vorta da minha canoa, junta cá muié do finado Zé Antonho, a oiarem muito pro lado que tava a espinhela e os pêxe que não ia arresurtá coisa boa".


SUPERSTIÇÃO DOS NOSSOS AUDAZES 
PESCADORES DA ILHA DE SANTA CATARINA

(De " Crônicas de Cascaes" 
Primeiro volume Fundação FRANKLIN CASCAES - 1956
Acervo: Museu Universitário Oswaldo Rodrigues Cabral/UFSC, pesquisa de
José Luiz Sardá )

Fóssil revela tartaruga pré-histórica do tamanho de um carro que viveu na Amazônia

 Fóssil revela tartaruga pré-histórica do tamanho de um carro que viveu na Amazônia


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A espécie Stupendemys geographicus tinha aproximadamente o tamanho de um carro

Fóssil revela tartaruga pré-histórica do tamanho de um carro que viveu na Amazônia

Fósseis de uma tartaruga do tamanho de um carro foram descobertos no norte da América do Sul.
Acredita-se que a espécie Stupendemys geographicus tenha vivido na região entre 13 e 7 milhões de anos atrás.
Os fósseis foram encontrados no deserto de Tatacoa, na Colômbia, e na região de Urumaco, na Venezuela.
Os primeiros fósseis da espécie foram descobertos na década de 1970, mas desde então há muitas incógnitas sobre o animal de 4 metros de comprimento.
A tartaruga, que tinha o tamanho e o peso de um carro sedan, vivia em um imenso pântano no norte da América do Sul, antes da formação dos rios Amazonas e Orinoco.

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O fóssil mostra que a tartaruga era muito maior que os homens

O macho tinha chifres que apontavam para frente em ambos os lados do casco. E cicatrizes profundas encontradas nos fósseis indicam que estes chifres provavelmente eram usados ​​como lanças para combater adversários.
Os pesquisadores afirmam ter encontrado um casco de 3 metros de comprimento e um osso da mandíbula inferior, que deu a eles mais pistas sobre a alimentação do animal.

Eles acreditam que a tartaruga gigante vivia no fundo de lagos e rios ao lado de crocodilos gigantes — e adotava uma dieta diversificada, à base de pequenos animais, vegetação, frutas e sementes.

Segundo eles, o tamanho avantajado foi crucial para a Stupendemys se defender de outros predadores de grande porte. Um dos fósseis da espécie foi encontrado com um dente de crocodilo gigante cravado nele.


A INCRÍVEL HISTÓRIA DO BACALHAU

 

A INCRÍVEL HISTÓRIA DO BACALHAU


Ilustração: wikipedia.pt

Bacalhau, o peixe que mudou o mundo ( e acabou minguando…)

Bacalhau, o peixe está em perigo há pelo menos 650 anos. Veja o que diz a wikipedia: “a história da pesca do bacalhau pelos portugueses é pela primeira vez referenciada em 1353, quando D. Pedro I e Edward II de Inglaterra estabelecem um acordo de pesca para pescadores de Lisboa e do Porto poderem pescar o bacalhau nas costas da Inglaterra por 50 anos”.
1353: portugueses fazem acordo sobre pesca de bacalhau. Necessidade sugere sobrepesca desde sec. XIV

“A necessidade de estabelecer um acordo indica que esta atividade já se realizava em anos anteriores, e em tal quantidade, que justificava a necessidade de a enquadrar nas relações entre os dois reinos”

Se você achou 650 anos de pesca algo exagerado, espere até saber que…
Bacalhau: ‘o fim de uma farra de mil anos de pesca’

A frase ‘o fim de uma farra de mil anos de pesca’ está no delicioso livro ‘Bacalhau – A história do peixe que mudou o mundo”, de Mark Kurlansky, disponível no Brasil em edição da Nova Fronteira.
Bascos, vikings e bacalhau do Atlântico: o Gadus morhua

Agora diga: o que tem a ver os bascos, os vikings, e o bacalhau; o famoso bacalhau do Atlântico, o Gadus morhua?

Mark Kurlansky e sua extraordinária pesquisa: “os bascos são enigmáticos…vivem no extremo noroeste da Espanha e um pedacinho do sudoeste da França há mais tempo que o mais antigo registro histórico…eles criam ovelhas, cantam suas próprias músicas e escrevem suas próprias obras literárias em seu próprio idioma, o euraska é uma das quatro únicas línguas européias que não são da família indo- européia”.


E daí? Bom, o parágrafo é para situar onde, quem e como. Mas tem mais, segundo o autor, “…os bascos não são apenas pastores, são também navegadores famosos por seu sucesso no comércio”.
Bascos e a caça à baleia

“Durante a Idade Média, quando europeus consumiam grande quantidade de carne de baleia, os bascos viviam em águas distantes e desconhecidas para caça-las”.
Grandes cardumes de bacalhau

Na Idade Média, em águas distantes e desconhecidas, como assim? Mark Kurlanski: “eles podiam percorrer longas distâncias porque haviam encontrado grandes cardumes de bacalhau e salgado o produto da pesca, conseguindo um alimento que não estragava em longas viagens”.

E os vikings, o que têm com isso?
Vikings: navegavam para onde havia bacalhau…

“Os bascos não foram os primeiros a curar o bacalhau. Séculos antes, os vikings tinham viajado da Noruega para a Islândia, para a Groenlândia e para o Canadá, e não era mera coincidência o fato dessa ser a área onde o bacalhau do Atlântico era encontrado”.
Ilustração: Aurélio Magalhães – WordPress.com

“Como os vikings sobreviveram em uma Gorenlândia sem verde, e uma Terra de Pedra sem terra?”
Os grandes bancos de bacalhau. (Ilustração: wikipedia.pt)

“O que eles comeram nas cinco expedições para a América feitas entre 985 e 1011 que estão registradas nas sagas islandesas?”
Por que os bascos foram mais longe que os vikings? Bacalhau de novo…

“Porque eles já conheciam o sal; e como o peixe que era salgado antes de ser seco durava mais, puderam ir ainda mais longe”
.
Distribuição do bacalhau no mundo. Tudo a ver com os bascos e a descoberta da América. (Ilustração: pt.wikipedia.org)

E agora, o que você me diz? Não é uma tese plausível? É mais que isso…
Mais um povo navegador nesta história: os britânicos

Mark Kurlanski: “Os britânicos, que pescavam bacalhau em alto- mar nestas águas desde o tempo dos romanos, nunca cruzaram com pescadores bascos, nem mesmo no século XIV…os bretões, que tentaram seguir os bascos, começaram a falar em uma terra do outro lado do mar.”
Instituição envolvida com bacalhau: o catolicismo

Bascos, vikings, bretões. Agora a igreja católica? Mas o que isso tem a ver com o bacalhau? De novo ao Mark KMurlanski:” o catolicismo deu aos bascos sua grande oportunidade. A igreja medieval impunha dias de jejum nos quais era proibido manter relações sexuais e comer peixe, mas comidas ‘frias’ eram permitidas.Como o peixe vinha de água passou a ser considerado frio…No total a carne era proibida em quase metade dos dias do ano, e os dias de jejum acabavam por tornar-se dias de bacalhau salgado”
.
O jejum na Idade Média. (Ilustração: Padre Paulo Ricardo)

E conclui: “os bascos ficavam mais ricos a cada sexta- feira”.
Mas de onde vinha todo este bacalhau?

“Esse povo misterioso que nunca revelou sua própria origem, guardou também este segredo”.
Salto na história: 1475 e a descoberta da América

Lá vem você de novo. Igreja, vikings e bascos. Agora a descoberta da América? …A liga Hanseática, em 1475 proibiu comerciantes de Bristol de comprarem bacalhau da Islândia”…
A crença da ilha Hy- Brasil

“Thomas Croft, oficial da alfândega fez sociedade com John Jay, comerciante que compartilhava a da crença à época, que em algum lugar do Atlântico existia uma ilha chamada Hy- Brasil”.
Hy- Brasil, onde eles supunham estar a ilha. (Ilustração: Museu de Imagens)

“Em 1480 jay enviou seu primeiro navio em busca dessa ilha que ele esperava tornar-se uma nova base para a pesca do bacalhau. Em 1481, Jay e Croft enviaram mais dois navios. Ambos guardaram o mesmo silencio dos bascos”.
O mistério está chegando ao fim…

“Eles não anunciaram a descoberta de Hy- Brasil…”supõe-se que estavam comprando bacalhau em algum lugar”…”Croft foi processado”. “Declarando que havia obtido bacalhau em locais distantes do Atlântico, foi absolvido…”
Carta a Cristóvão Colombo

Só faltava esta! Cristovão Colombo… “Recentemente, para alegria da imprensa britânica, uma carta foi descoberta. Foi enviada a Colombo na época em que ele colhia os louros pela descoberta da América, uma década após o caso Croft em Bristol”.
Colombo. (Ilustração: Deutche Welle)

“A carta, enviada por comerciantes de Bristol, alegava que ele sabia muito bem que eles já haviam estado na América. Não se sabe se Colombo a respondeu”.
Conclusão: os bascos, atrás de bacalhau, descobriram a América

“Os pescadores guardavam seus segredos, enquanto os exploradores contavam suas descobertas”. “Colombo requisitou a posse do Novo Mundo para a Espanha”.
Giovanni Caboto dá a mão que faltava…

“Em 1497, cinco anos depois de Colombo ter topado com o Caribe em sua procura de uma rota para as especiarias da Ásia, Giovanni Caboto partiu de Bristol; não em busca do segredo da cidade, mas na esperança de encontrar a rota que Colombo não achara”. “Depois de 35 dias no mar Caboto encontrou terra embora não fosse a Ásia”.
Caboto. (Ilustração: exploration-and-piracy.org)
‘Perto de um mar onde pululavam bacalhaus…’

“Era uma vasta costa rochosa, ideal para secar e salgar peixe, perto de um mar onde pululavam bacalhaus”. “Era a Terra Nova, cuja posse requisitou para a Inglaterra”.
Jacques Cartier, navegador francês

“Trinta e sete anos depois, Cartier chegou, requisitou o crédito pela ‘descoberta’ da foz do São Lourenço, fincou uma crua na península Gaspé e requisitou a posse de todo o território para a França.”
Jacques Cartier. (Ilustração: Bio.com)
Cartier notou a presença de mil barcos pesqueiros bascos…

“Ele notou também a presença de mil barcos pesqueiros bascos”. “Mas os bascos, na intenção de preservar seu segredo, nunca haviam requisitado a posse da terra para ninguém…”
O declínio do bacalhau: ele pode estar extinto em 15 anos

2004, deutsche welle: ” um estudo feito pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF) da Noruega adverte que o peixe pode estar extinto já daqui a 15 anos”.
Depois dos trawlers, com arrasto, acabou o bacalhau. (Ilustração: O Direito à Vida – blogger)

“A autora do estudo, Maren Esmark, disse que nos últimos 30 anos desapareceu 70% da população mundial deste peixe”. “Se continuar assim, em 15 anos não haverá mais bacalhau no mercado”.
Bacalhau, responsável pela descoberta da América

Pudera…com a pesca contínua, desde mil anos atrás, não era pra menos. Mas o peixe famoso deixará sua história mesmo que seja extinto. Foi por causa dele que a América foi descoberta pelos bascos, um povo navegador…
Tradição dos bascos, um povo navegador e Juan Sebástian Elcano

Mas só isso é prova? Você nunca soube da tradição basca? Pois saiba que um dos maiores navegadores de todos os tempos, Sebastião Elcano, o homem que concluiu a primeira circunavegação do mundo, era basco.
Ilustração: wikipedia

Wikipedia: ” Juan Sebastián Elcano (Getaria, Guipúscoa, 1476 — Oceano Pacífico 4 de agosto de 1526) foi um navegador e explorador basco”. “Completou a primeira circum-navegação do mundo organizada por Fernão de Magalhães”.

“Elcano assumiu o comando após a morte de Magalhães em 1521 nas Filipinas e comandou a nau Victoria, o único navio a retornar a Espanha após dar a volta ao mundo”.
Não temos imagem dos bascos pescando bacalhau…

Afinal, naquele tempo não havia como registrar. Mas outro povo navegador, e pescador, os portugueses, sim. Deles temos registro.

Leitura sugerida:

‘Bacalhau- A história do peixe que mudou o mundo’ , Mark Kurlanski. Ed. Nova Fronteira.

‘Faina Maior – A Pesca do Bacalhau nos Mares da Terra Nova’, Francisco Marques e Ana Maria Lopes. Quetzal Editores, Lisboa, 1996.

‘A Campanha do Argus’, Alan Villiers. Ed. Cavalo de Ferro, setembro de 2005.


(Do https://marsemfim.com.br/)

Baleia e o mito do Unicórnio

 Baleia e o mito do Unicórnio


Foto: wikipedia
Baleia e o mito do Unicórnio

A baleia narval, na verdade o cetáceo narval, originou o mito do Unicórnio: desde a Idade Média. Em 1576, Martin Frobisher, marinheiro inglês, navegava pelo Atlântico Norte em busca de uma rota para o Pacífico. Ao chegar à costa do Canadá, viu um objeto incomum na beira da praia. O artefato era branco, comprido e torcido em espiral. Frobisher não titubeou: estava diante de um chifre de unicórnio.
Pouca gente sabe que a história nasceu com a descoberta do Narval, cetáceo da família Monodontidae, a mesma da baleia Beluga, ambas habitantes do Ártico. O Narval macho tem uma presa reta, helicoidal, saindo para fora da cabeça como uma lança. Imagine o susto de Frobisher ao topar com uma presa em plena Era das Trevas. O surgimento do mito do Unicórnio vem daí. E este não foi o único mito cuja certidão de nascimento deriva da forma de animais marinhos. Sereias, que desde o tempo dos gregos atormentam os marinheiros, foram inspiradas pelos simpáticos peixes-boi…

Narval, predador eficiente

O Narval é um eficiente predador, capaz de atingir até duas toneladas de peso, e mergulhar a profundidades de mais de mil metros atrás de suas presas. Seu habitat são as águas geladas do Ártico, próximas ao Canadá, Rússia, e Groenlândia. Raramente descem abaixo dos 65º de latitude Norte. Por mais de mil anos foram caçados pelos nativos da região, os Inuit, em razão da carne e do marfim. Ainda assim, e apesar do aquecimento global, continuam maravilhando o mundo com sua presa incomum.
foto: wikipedia
Cientistas descobrem a função da presa

Matéria do The Daily Catch informa que cientistas descobriram que o chifre do animal é um órgão sensor e não um ‘picador’ de gelo, ou arma para disputa, como se pensava. A presa é, na verdade, o dente canino esquerdo que ultrapassa a carapaça do mamífero marinho. Ao contrário de um dente normal, ele não tem esmalte, é poroso, e serve como espécie de antena que alimenta o cérebro. Com a presa os animais percebem as diferentes químicas da água, e ainda encontram alimento.
Foto:gettyimages.com

Características da baleia Narval

O Narval, interessante baleia do Ártico, atinge até seis metros de comprimento, sem contar a presa que alcança os outros cinco metros. Eles podem viver até 50 anos. Cerca de um em 500 machos pode ter até duas presas. Seus únicos predadores, além do homem, são os ursos polares, e grupos de orcas. A população mundial é estimada em cerca de 75.000 mil indivíduos e, de acordo com especialistas, o Narval é vulnerável ao aquecimento global.
Habitat
A caça e a proteção da baleia narval

Até hoje são caçados por populações tradicionais, com caiaques e arpões. Sua gordura, pele, e carne, são quase totalmente utilizadas. Para amenizar as perdas, a Comunidade Europeia estabeleceu uma proibição da importação de presas.
Espetáculo raro: 20 orcas caçam um grupo de narvais.


Holandeses, povo marítimo por excelência

 Holandeses, povo marítimo por excelência


Ilustração: you tube

Holandeses, povo marítimo por excelência

“Símbolo da exploração com naus a vela e das descobertas foi a revolucionária República Holandesa do século XVII. Tendo declarado sua independência do poderoso Império Espanhol, ela abraçou, mais completamente que qualquer outra nação desta época, o Iluminismo europeu.” Assim escreveu Carl Sagan, professor de astronomia e ciências espaciais da Universidade Cornell. Autor de dezenas de livros, entre os quais, “Cosmos” (ed. Cia das letras), Sagan, antes de tudo, era um humanista. Foi desta obra que tiramos a frase sobre os holandeses, povo marítimo por excelência.

Holandeses, povo marítimo, e a necessidade de navegar

Carl Sagan: “Era uma sociedade racional, ordenada, criativa. Mas os portos e navios espanhóis foram vedados à navegação holandesa. A sobrevivência da minúscula república dependia de sua capacidade para construir, tripular e acionar uma grande frota de navios comerciais.

Holandeses, povo marítimo: as naus

“A Companhia das Índias Orientais, empreendimento conjunto de governo e iniciativa privada, enviou navios para os cantos mais afastados do mundo para adquirir mercadorias raras e revendê-las com lucro na Europa.”
Saga marítima portuguesa: início e, sobretudo, o declínio que abre as portas para outros povos navegadores

Foi assim que começou a epopéia náutica holandesa. Ela foi favorecida pelo imenso império marítimo português, e a dificuldade dos lusos estarem em todos os lugares para defender suas posses. A saga lusa começou em 1415, e teve seu ‘grand finale’ em 1522, com a circunavegação de Fernão de Magalhães.
Os lusos não conseguem segurar seu império marítimo

Depois de dominarem os mares, os lusos criaram um império tão vasto que sua pequena população (na época avaliada em um milhão de pessoas) não deu cabo de segura-lo, abrindo espaço para outras nações. Os holandeses, povo marítimo por excelência, não perderam tempo.

Holandeses, povo marítimo, vencem os lusos em Cochin. Atlas van der Hagen

Do mar de Barents, no Ártico, à Tasmânia, na Austrália

Carl Sagan: “De uma hora para outra os holandeses estavam presentes em todo o planeta. Omar de Barents, e a Tasmânia, devem seus nomes a capitães do mar holandeses. Em um ano típico, muitos navios percorriam metade do mundo. Descendo pela costa oeste da África, contornando o litoral sul, passando pelo estreito de Madagascar e atravessando o que chamavam de mar da Etiópia, e depois a ponta meridional da Índia, eles navegavam em direção ao maior foco de seu interesse, as ilhas das Especiarias, atual Indonésia. Algumas expedições saíram dali para uma terra com o nome de Nova Holanda, hoje chamada Austrália.”

E conclui Sagan: “Nunca antes nem depois, a Holanda foi a potência mundial que era então.”
Holanda do século XVII, o lar de grandes filósofos

Em seu livro, diz Sagan sobre esse aspecto: “País pequeno, obrigado a recorrer à sua sagacidade e inventividade, praticava uma política exterior de forte cunho pacifista. Devido a sua tolerância para com opiniões heterodoxas, era porto seguro para intelectuais que se refugiavam da censura e controle de opinião.”

“A Holanda do século XVII tornou-se o lar do grande filósofo judeu Espinoza; que Eisntein admirava. De Descartes, figura axial da história da matemática e da filosofia; de John Locke, cientista político que influenciou um grupo de revolucionários de inclinação filosófica cujos nomes eram Paine, Adams, Franklin e Jefferson. Foi a época dos mestres da pintura de Rembrandt e Vermeer, e Frans Hals; de Leeuwenhoeck, inventor do microscópio; de Grotius, fundador do direito internacional; de Willebrord Snell, que descobriu a lei da refração da luz.”O estudo sistemático…Aula de anatomia, de Rembrandt

“O microscópio e o telescópio foram desenvolvidos na Holanda, no início do século XVII.”
A luz: tema predominante naquela época

Sagan diz que ” a luz era tema predominante na época. A simbólica iluminação da liberdade de pensamento e de religião, da descoberta geográfica. A luz que permeava as pinturas da época, em especial a primorosa obra de Vermeer; e a luz como objeto de de investigação científica…”

O astrônomo, de Veermeer

“Os interiores de Vermeer estão caracteristicamente cheios de artefatos náuticos e mapas de parede.”

“Oficial e moça sorridente” (1657-58), a notar, o mapa de parede

“Um problema cheve para a navegação na época era a determinação da longitude, que exigia uma medição precisa do tempo. Christian Huygens inventou o relógio de pêndulo que foi empregado, não com absoluto sucesso, para calcular posições no meio do oceano.”

Algumas descobertas holandesas
Eles colonizaram Java e, ao mesmo tempo, chegavam ao Nordeste do Brasil, denominado na época como Brasil neerlandês. O navegador Willem Janszoon, foi o primeiro europeu a avistar as terras australianas (1616) e Nova Zelândia (1642). No ano de 1615, Jacob Le Maire e Willem Schouten navegaram contornando o Cabo Horn para provar que a Tierra del Fuego não era uma ilha tão grande. Abel Tasman, executou viagem de circunavegação à chamada Nova Holanda. Em Junho de 1594, o cartógrafo holandês Willem Barents partiu numa frota de três navios para o mar de Kara (parte do oceano Ártico, ao norte da Sibéria), na esperança de encontrar a passagem do Nordeste acima da Sibéria. Atingiram a costa oeste da Nova Zembla (arquipélago russo no oceano Ártico), e seguiram para norte, antes de serem forçados a voltar face aos grandes icebergs.

“O império holandês incorporou regiões como a do Cabo, na África; o Ceilão, na Ásia; a Nova Amsterdã (atual Nova York); vários territórios no nordeste do Brasil e as ilhas Antilhas na América.”

“A Holanda tem uma ex-colônia no norte da América do Sul, no meio das duas Guianas: o Suriname. E nova York foi fundada pelos holandeses.

O final da era holandesa no mar

“No séc. XVII ocorreram três guerras anglo-holandesas: de 1652 a 1654; de 1665 a 1667; e de 1672 a 1674, ao final das quais ocorre a emergência da Inglaterra como potência mundial hegemônica.”

Por seus feitos no mar, a Holanda merece estar presente na ‘História Marítima”, do Mar Sem Fim. Carl Sagan encerra assim suas considerações sobre a o périplo náutico holandês: “as espaçonaves Voyager são descendentes lineares daquelas viagens de exploração dos veleiros, e da tradição científica especulativa de Christian Huygens. As Voaygers são caravelas direcionadas às estrelas, explorando no caminho esses mundos que Huygens conhecia e tanto amava.”

Fonte: Cosmos, de Carl Sagan, Ed. Cia das Letras.
Fontes da net: https://www.infoescola.com/historia/descobrimentos-e-navegacoes-holandesas/;https://alunosonline.uol.com.br/historia/navegacoes-holandesas.html; https://www.ducsamsterdam.net/curiosidades-historia-holanda/.