terça-feira, 21 de outubro de 2025

CURITIBA EM 1938: A PRAÇA TIRADENTES REINVENTADA — QUANDO A CIDADE SE URBANIZOU E A CATEDRAL SE TORNOU O CENTRO DO MUNDO

 

CURITIBA EM 1938: A PRAÇA TIRADENTES REINVENTADA — QUANDO A CIDADE SE URBANIZOU E A CATEDRAL SE TORNOU O CENTRO DO MUNDO

CURITIBA EM 1938: A PRAÇA TIRADENTES REINVENTADA — QUANDO A CIDADE SE URBANIZOU E A CATEDRAL SE TORNOU O CENTRO DO MUNDO


Em uma fotografia em preto e branco, capturada entre 1938 e 1940, a Praça Tiradentes de Curitiba se revela como um espaço transformado. Não é mais apenas um cruzamento de ruas ou um ponto de encontro casual — é uma praça urbanizada, planejada e simbólica, com gramados, árvores, bancos e calçadas largas. Ao fundo, a majestosa Catedral Metropolitana de Curitiba domina o cenário, com suas torres góticas apontando para o céu, enquanto no primeiro plano, dois automóveis antigos estacionados sugerem a modernidade que chegava à cidade.

Esta imagem não é apenas um retrato de uma praça. É um documento histórico vivo, que nos permite entender como Curitiba se reinventou na virada da década de 1930 — quando a urbanização, o transporte público e a arquitetura religiosa se uniram para criar um novo centro urbano.

Vamos mergulhar fundo nessa fotografia, analisando cada detalhe — desde os modelos dos carros até os cabos do bonde elétrico, passando pelas árvores plantadas e pela fachada da Catedral — para reconstruir a atmosfera de uma Curitiba que, mesmo em 1938, já olhava para o futuro com confiança.


IMAGEM 1: “VISTA DO LADO LESTE DA PRAÇA TIRADENTES” — O NASCIMENTO DE UM NOVO CENTRO URBANO

📸 DESCRIÇÃO VISUAL DETALHADA

A fotografia é tirada do lado leste da praça, oferecendo uma visão frontal da Catedral Metropolitana. A praça está totalmente urbanizada — com gramados bem cuidados, árvores jovens plantadas em fileiras, bancos de concreto e calçadas largas pavimentadas com pedras irregulares.

No primeiro plano, dois automóveis antigos estão estacionados na rua que circunda a praça. Ambos são modelos de luxo da época — possivelmente Ford Modelo A ou Chevrolet Master — com capôs longos, rodas de aro alto e faróis redondos.

Ao fundo, defronte à Catedral, vê-se um grupo de lotações — pequenos ônibus de madeira e metal que serviam como transporte coletivo na época. Eles estão estacionados em frente à igreja, indicando que a Praça Tiradentes era um ponto de parada obrigatório para os transportes públicos.

No alto da imagem, os cabos do bonde elétrico cruzam o céu, conectando a praça ao resto da cidade. Os postes de iluminação pública estão posicionados estrategicamente ao longo das calçadas, sugerindo que a praça também era iluminada à noite.

Na parte inferior esquerda da foto, há uma legenda manuscrita:

“PRAÇA TIRADENTES — CURITIBA”

Isso confirma que a imagem foi catalogada como um registro oficial ou turístico da cidade — algo comum na década de 1930, quando as prefeituras começavam a documentar seus espaços públicos.


🏛️ ANÁLISE DA CATEDRAL METROPOLITANA

A Catedral Metropolitana de Curitiba, projetada pelo arquiteto alemão Ernesto Heilborn e construída entre 1896 e 1921, é o verdadeiro centro simbólico da imagem. Suas duas torres góticas, com pináculos pontiagudos, dominam o horizonte, enquanto a fachada principal, ricamente ornamentada, exibe vitrais coloridos e esculturas religiosas.

O estilo gótico da catedral — raro no Brasil — reflete a forte influência da imigração europeia, especialmente alemã, na arquitetura paranaense. A igreja não era apenas um local de culto — era um marco identitário da cidade, representando a fé, a tradição e a modernidade.

Mais abaixo, na entrada principal, vê-se um pequeno grupo de pessoas entrando ou saindo da igreja — sugerindo que a catedral ainda era um espaço ativo de vida religiosa.


🚗 ANÁLISE DOS AUTOMÓVEIS

Os dois automóveis estacionados no primeiro plano são modelos de luxo da década de 1930:

1. Automóvel à esquerda

  • Modelo: Ford Modelo A (produzido entre 1927 e 1931)
  • Características: Capô longo, rodas de aro alto, faróis redondos e carroceria de madeira.
  • Detalhe: O motorista está sentado no banco da frente, com o volante à direita — típico dos carros importados da época.

2. Automóvel à direita

  • Modelo: Chevrolet Master (produzido entre 1933 e 1936)
  • Características: Linhas mais arredondadas, faróis integrados e grade frontal pronunciada.
  • Detalhe: O carro está estacionado de forma perfeita, sugerindo que o proprietário era alguém de status social.

Esses carros eram símbolos de status — apenas as famílias mais abastadas podiam affordar um automóvel na época. Sua presença na praça indica que a urbanização da Praça Tiradentes também atraiu a elite econômica da cidade.


🚌 ANÁLISE DAS LOTAÇÕES

Defronte à Catedral, vê-se um grupo de lotações — pequenos ônibus de madeira e metal que serviam como transporte coletivo na época. Eles estavam estacionados em frente à igreja, indicando que a Praça Tiradentes era um ponto de parada obrigatório para os transportes públicos.

As lotações eram veículos simples, com assentos de madeira e teto de lona — mas eram essenciais para conectar os bairros da cidade. Sua presença na praça mostra que a urbanização não foi apenas estética — foi também funcional, pensada para atender às necessidades da população.


🌳 ANÁLISE DA URBANIZAÇÃO DA PRAÇA

A Praça Tiradentes, urbanizada no final da década de 1930, foi um projeto ambicioso da prefeitura de Curitiba. Seu design incluía:

  • Gramados bem cuidados: Criados para proporcionar um espaço de lazer e descanso.
  • Árvores jovens plantadas em fileiras: Escolhidas por sua resistência e beleza — como ipês e flamboyants.
  • Bancos de concreto: Dispostos estrategicamente para que os transeuntes pudessem descansar e observar o movimento da praça.
  • Calçadas largas pavimentadas: Com pedras irregulares, típicas das ruas brasileiras da época.

Esse projeto de urbanização foi inspirado nos modelos europeus de praças públicas — como as de Paris e Viena — e refletia a ambição da cidade de se tornar um centro moderno e civilizado.


ANÁLISE DOS CABOS DO BONDE ELÉTRICO

No alto da imagem, os cabos do bonde elétrico cruzam o céu, conectando a praça ao resto da cidade. Os bondes eram o principal meio de transporte público da época — e sua presença na praça mostra que ela era um nó de mobilidade urbana.

Os postes de iluminação pública, posicionados ao longo das calçadas, sugerem que a praça também era iluminada à noite — um sinal de modernidade e segurança.


CONTEXTO HISTÓRICO: CURITIBA EM 1938

Em 1938, Curitiba tinha cerca de 150 mil habitantes — uma cidade em rápido crescimento, impulsionada pela imigração europeia, pelo comércio e pela industrialização. A Praça Tiradentes, recém-urbanizada, era o novo centro administrativo e comercial da cidade, cercada por prédios públicos, lojas e escritórios.

O governo estadual, liderado pelo presidente Getúlio Vargas, estava implementando políticas de modernização urbana — como a construção de ruas pavimentadas, a instalação de iluminação pública e a expansão do transporte coletivo.

A presença da Catedral Metropolitana, das lotações e dos automóveis na praça mostra que a cidade estava se transformando — e que a urbanização não era apenas estética, mas também funcional, pensada para atender às necessidades da população.


CONCLUSÃO: UMA PRAÇA, MIL HISTÓRIAS — O LEGADO DE CURITIBA EM 1938

Essa fotografia da Praça Tiradentes não é apenas um retrato de uma praça. É um documento histórico vivo, que revela como Curitiba se construiu nos anos 30: através de urbanização, transporte, arquitetura e vida cotidiana.

  • A Catedral Metropolitana mostra que a cidade já tinha um centro simbólico e religioso.
  • Os automóveis revelam que a elite econômica estava presente na praça.
  • As lotações confirmam que o transporte público era essencial para a vida da cidade.
  • A urbanização mostra que a prefeitura estava investindo em espaços públicos de qualidade.
  • Os cabos do bonde elétrico revelam que a mobilidade urbana estava em expansão.

Cada detalhe dessa foto — desde os modelos dos carros até os cabos do bonde — conta uma história. E juntos, eles formam o mosaico de uma Curitiba que, mesmo em 1938, já olhava para o futuro com confiança, estilo e determinação.


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