Curitiba nos Anos 1960: Arquitetura, Entretenimento e Status Social — Um Retrato Através da Gazeta do Povo
Curitiba nos Anos 1960: Arquitetura, Entretenimento e Status Social — Um Retrato Através da Gazeta do Povo
Introdução: A Cidade que Se Construía com Estilo
A década de 1960 foi um marco na história de Curitiba. Enquanto o Brasil vivia os primeiros anos do governo Juscelino Kubitschek — com seu lema “50 anos em 5” —, a capital paranaense consolidava sua identidade como uma cidade moderna, organizada e refinada, onde a elite local mantinha fortes laços com tradições europeias e valores conservadores. A Gazeta do Povo, um dos principais veículos de comunicação da cidade, refletia essa realidade em suas páginas: entre notícias políticas, crônicas sociais e anúncios publicitários, surgia um retrato vívido da vida cotidiana da classe alta curitibana.
Este artigo analisa, página por página, edições do jornal de 1960, destacando como a arquitetura residencial, a vida noturna, os eventos sociais e os produtos de luxo eram usados como símbolos de status, identidade e pertencimento. Mais do que um registro histórico, essas páginas revelam um mundo em que a elegância, a sofisticação e o bom gosto eram não apenas desejáveis, mas necessários para se integrar à sociedade estabelecida.
Página 1: As Mais Belas Casas de Curitiba — A Fisionomia Arquitetônica da Cidade
A primeira página abre com um título grandioso: “As mais belas casas residenciais de Curitiba”, seguido pela subtitulação: “A reportagem fotográfica de ‘GRAN-FINA’ em torno da fisionomia arquitetônica da cidade”. O texto inicia com uma pergunta retórica: “Se os parques, os jardins, as avenidas, dão o senso estético de uma cidade — e as suas casas residenciais atestam o grau de civilidade e bom gosto de seus proprietários.”
A imagem central mostra a Residência do Sr. Otávio Coelho, situada à Rua Buenos Aires. A casa é descrita como “curiosa, atualmente surpreendente no que a visão, com o aspecto moderno de luminosas casas residenciais”. O texto destaca a beleza do jardim, a qualidade da construção e o conforto oferecido aos moradores. A escolha do arquiteto — Dr. Pedro Antônio Wernick — é mencionada como um diferencial, indicando que a escolha do profissional era tão importante quanto a escolha do local.
O texto final, “BEBER, LOGO SE ADVINHA… SOMENTE BRAHMA RAINHA”, reforça a presença da cerveja Brahma Rainha como um símbolo de consumo e prazer, associado à vida social e ao lazer.
Página 2: Melodias e Gambiarras — A Vida Noturna e o Entretenimento
A segunda página traz uma matéria intitulada “Melodias e Gambiarras — O que se ouve e o que se vê no Casino”, escrita por Victor Sportelli. A peça é uma crônica sobre a vida noturna em Curitiba, com foco no Casino Ahu, localizado na Rua Marechal Floriano, 124 — um endereço central e prestigiado.
O texto descreve o ambiente do casino como “uma mistura de melodia e gambiarra”, onde os frequentadores podiam ouvir músicas de artistas locais e nacionais, como Anita Otéro, Vitoria Sportelli e Maria Tamyao. O autor elogia a qualidade das apresentações, destacando a beleza e a simpatia das cantoras.
Ao lado, um anúncio da Empreza Cinematográfica H. Oliva promove o filme “Explorando o Crime”, estrelado por Humphrey Bogart, e o “Perdida”, com Maria Tamyao. O cinema era uma forma popular de entretenimento, e a escolha dos filmes refletia os gostos da época: aventura, romance e suspense.
O anúncio da Atlantica — “Toda cerveja é boa... se troxer no rótulo a ancora encarnada da Atlantica” — é um exemplo perfeito da linguagem publicitária da época, que associava o consumo de produtos a sentimentos e experiências emocionais.
Página 3: As Modernas Pequenas Residências — O Sonho da Casa Própria
A terceira página traz uma matéria intitulada “As modernas pequenas residências de Curitiba”, com fotos de três casas de estilo moderno. A primeira, chamada “Gran-Fina”, é descrita como “uma casa de jardim, ou melhor, um grande parque arborizado de lindas residências”. O texto destaca a beleza do jardim, a qualidade da construção e o conforto oferecido aos moradores.
A segunda residência, “Residência do Dr. Elias Marques dos Santos”, é apresentada como uma casa de estilo moderno, com amplas janelas e varandas. O texto menciona que a casa foi projetada pelo arquiteto Dr. Pedro Antônio Wernick, indicando que a escolha do profissional era tão importante quanto a escolha do local.
A terceira residência, “Residência do Sr. José Carlos de Oliveira”, é descrita como uma casa de estilo colonial, com telhado de barro e varandas largas. O texto destaca a beleza do jardim e a qualidade da construção, indicando que a casa era um símbolo de status e riqueza.
Na coluna social, a matéria sobre “Ad Immortalitatem” mostra dois homens em trajes formais — D. Alberto Gonçalves e Dr. Dionísio Paiment — em um momento de celebração. O texto menciona que eles são “dois homens de letras, e o Dr. Dionísio Paiment, que se notabilizou em nosso meio intelectual como emérito panfletário e publicista de rara dose de inteligência e de erudição”.
Página 4: Gente de Palmo e Meio — A Marcha Carnavalesca Atlantica
A quarta página traz uma matéria intitulada “Gente de Palmo e Meio — Marcha carnavalesca ATLANTICA”, escrita por Octavio Secundino. A peça é uma crônica sobre o carnaval em Curitiba, com foco na Marcha Carnavalesca Atlantica, que era uma das mais populares da época.
O texto descreve a marcha como “uma mistura de melodia e gambiarra”, onde os frequentadores podiam ouvir músicas de artistas locais e nacionais, como Anita Otéro, Vitoria Sportelli e Maria Tamyao. O autor elogia a qualidade das apresentações, destacando a beleza e a simpatia das cantoras.
Ao lado, um anúncio da Bar Americano promove bebidas finas, sanduíches e refrigerantes, sugerindo que o bar era um espaço de encontro social e de lazer. O texto destaca que o bar está localizado na Rua Marechal Floriano, 124 — um endereço central e prestigiado.
O anúncio da Atlantica — “Toda cerveja é boa... se troxer no rótulo a ancora encarnada da Atlantica” — é um exemplo perfeito da linguagem publicitária da época, que associava o consumo de produtos a sentimentos e experiências emocionais.
Página 5: Isolde Hering Max do Amaral — Um Casamento Condilhão
A quinta e última página traz uma matéria intitulada “Isolde Hering Max do Amaral — Seu casamento condilhão um acontecimento de larga repercussão na Sociedade de Blumenau”. A peça é uma crônica sobre o casamento de Isolde Hering Max do Amaral, que foi um evento de grande importância social.
O texto descreve o casamento como “um acontecimento de larga repercussão na Sociedade de Blumenau”, indicando que a união foi celebrada com grande pompa e circunstância. A escolha do local — Parque de Indústria de Blumenau — é mencionada como um diferencial, indicando que o evento foi realizado em um espaço exclusivo e prestigiado.
Na coluna social, a matéria sobre “Instantâneos de ‘Gran-Fina’” mostra três casas de estilo moderno, com fotos de interiores e exteriores. O texto destaca a beleza dos jardins, a qualidade da construção e o conforto oferecido aos moradores.
O anúncio da Brahma Rainha — “BEBER, LOGO SE ADVINHA… SOMENTE BRAHMA RAINHA” — reforça a presença da cerveja Brahma Rainha como um símbolo de consumo e prazer, associado à vida social e ao lazer.
Conclusão: Curitiba nos Anos 1960 — Uma Sociedade em Transição
As páginas analisadas oferecem um retrato vívido e detalhado da sociedade curitibana dos anos 1960, revelando os valores, as hierarquias e as expectativas sociais da época. A arquitetura residencial, a vida noturna, os eventos sociais e os produtos de luxo eram usados como símbolos de status, identidade e pertencimento.
O baile de debutantes, o Graciosa Country Club, as residências de luxo e os anúncios de perfumes e rádios Philips eram todos elementos de um mundo em que a elegância, a sofisticação e o bom gosto eram não apenas desejáveis, mas necessários para se integrar à sociedade estabelecida.
Hoje, embora muitos desses símbolos tenham desaparecido, eles ainda são lembrados como momentos de grande esplendor e emoção, que refletem a história e a cultura de uma época. A Curitiba dos anos 1960 era uma cidade em transição, que buscava equilibrar a tradição com a modernidade, e que, através de seus jornais, deixou um legado rico e fascinante para as futuras gerações.
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