Curitiba em 1965: Entre Glórias do Futebol, Sombras das Favelas e o Grito de uma Imprensa que Não Calava
Curitiba em 1965: Entre Glórias do Futebol, Sombras das Favelas e o Grito de uma Imprensa que Não Calava
Este não é um jornal antigo. É um testemunho vivo da alma de Curitiba nos anos 60 — uma cidade dividida entre o brilho dos campos de futebol, o drama das favelas que cresceram nas encostas, e a voz incômoda de um jornalismo que se recusava a silenciar. Neste artigo, mergulhamos nas páginas do “Correio do Paraná”, de 1965, para revelar histórias que foram esquecidas, mas que ainda ecoam nas ruas, nos bairros e no coração da nossa gente. Prepare-se: você vai rir, chorar, se indignar e se orgulhar. Porque esta é a verdadeira história de Curitiba.
Página 1: A Grande Reserva Esquecida – Quando a Imprensa Falava Alto
A primeira página do Correio do Paraná abre com um título que soa como um grito: “A Grande Reserva Esquecida”. E logo abaixo, uma pergunta retórica que corta fundo: “Não há Democratas, Nem Marxistas, Nem Tucanos e Nem Desclassificados!”.
Esta edição, datada de 1965, captura um momento de tensão política no Brasil. O jornal, sob a direção de Fernando Falcão, não apenas informa — ele denuncia, questiona, desafia. Em meio à ditadura militar que se instalava, o Correio mantinha uma postura crítica, defendendo a democracia e a liberdade de imprensa.
O destaque para a “obra formidável de um educador” — provavelmente referindo-se a um professor ou intelectual local — mostra que, mesmo em tempos sombrios, a educação era vista como um farol de esperança. E a menção ao “comércio de seres humanos” e à “prostituição infantil” revela que o jornal já estava atento aos problemas sociais mais profundos da cidade.
E o que mais me emociona? A coragem. A coragem de publicar fotos de figuras políticas e intelectuais que eram alvo de perseguição. A coragem de usar o jornal como escudo contra a opressão. O Correio do Paraná não era apenas um veículo de notícias; era uma fortaleza da resistência.
Página 2: As Favelas que Cresciam nas Encostas – Um Alerta Ignorado
A segunda página traz um título que ainda hoje causa arrepios: “Favelas Proliferaram em Curitiba; Governo Não Resolve o Problema”.
As fotos mostram casas precárias, construídas em terrenos íngremes, sem saneamento básico, sem infraestrutura. São imagens que nos fazem lembrar que, enquanto a elite celebrava bailes e carnavais, milhares de pessoas viviam na marginalização.
O texto denuncia o crescimento acelerado das favelas, atribuindo a culpa ao “desvio de verbas públicas” e à “incompetência administrativa”. E a frase final — “O governo não resolve o problema” — é um grito de desespero, um apelo por justiça social.
E o que mais me comove? A menção às “meninas aliadas para prostituição”. É um retrato cru da exploração, da vulnerabilidade, da indiferença. O jornal não apenas registra o problema; ele o expõe, o denuncia, o transforma em pauta.
Curitiba em 1965 era uma cidade de contradições. Enquanto os ricos sonhavam com carros Simca e vestidos da Poletto, os pobres lutavam para sobreviver nas encostas da cidade. E o Correio foi um dos poucos veículos que ousou mostrar essa realidade.
Página 3: O Drama Silencioso – Mulheres, Crianças e a Luta pela Dignidade
A terceira página é um mosaico de dramas sociais. O título principal — “Alarmante o Número de Meninas Aliadas para a Prostituição” — é um soco no estômago. As fotos mostram rostos jovens, olhares vazios, corpos frágeis. São crianças que perderam a infância, vítimas de uma sociedade que as ignorou.
O texto descreve como essas meninas são “recrutadas” nas favelas, nas ruas, nos bairros pobres. E a menção à “polícia do Rio Atibaia” e aos “leilões paranaenses” revela que o problema era estrutural, sistêmico, nacional.
Mas o que realmente me emociona é a seção sobre “Enfermagem: Novas Perspectivas para a Vida das Profissionais”. Em meio ao caos, há um raio de esperança. As enfermeiras, antes vistas como meras assistentes, começavam a ganhar reconhecimento profissional. E a foto de duas enfermeiras, sorrindo, segurando livros, é um símbolo de resistência, de luta por dignidade.
E o que mais me comove? A frase final: “Esta festança boa!”. É uma ironia amarga. Enquanto a elite celebrava festas, as crianças eram vendidas. Enquanto os homens discutiam política, as mulheres lutavam por sobrevivência. O Correio não apenas registra a dor; ele a transforma em consciência.
Página 4: O Futebol que Unia a Cidade – Coritiba Não Fez Por Merecer Sua Vitória
A quarta página é um alívio. Depois de tanta dor, vem o futebol — o grande unificador, o sonho coletivo. O título “Coritiba Não Fez Por Merecer Sua Vitória” é uma provocação, uma crítica, mas também um elogio disfarçado.
As fotos mostram jogadores em ação, torcedores vibrando, goleiros em defesa desesperada. É um retrato da paixão, da emoção, da identidade curitibana. O Correio não apenas cobre o jogo; ele vive o jogo.
E o que mais me emociona? A menção ao “Massacre do Campeão, Vítima o Rio Branco”. É uma crônica de violência, de rivalidade, de ódio. Mas também é uma prova de que o futebol era mais do que um esporte; era uma guerra, uma religião, uma forma de expressão.
E o que mais me comove? A foto do “Júrião (Castilo de Cantor)”. É um nome que ecoa na memória dos curitibanos mais velhos. É um símbolo de que, mesmo em tempos difíceis, a cidade encontrava forças para sonhar, para lutar, para vencer.
Conclusão: Uma Lição de Coragem, Justiça e Paixão
Este jornal de 1965 é muito mais do que um documento histórico. É uma lição de vida. Ele nos ensina que, independentemente da época, as pessoas sempre sonharam, amaram, sofreram e celebraram. Ele nos mostra que a beleza está nas pequenas coisas, nos gestos simples, nas conexões humanas.
E, acima de tudo, ele nos lembra que, mesmo em meio às mudanças, o que realmente importa são os valores humanos: o amor, a esperança, a solidariedade, a beleza.
Então, pegue este jornal, leve-o para casa, mostre para seus filhos, seus netos. Deixe que eles sintam a emoção, a nostalgia, a magia deste tempo. Porque, no fundo, o que nos une, o que nos conecta, é a nossa humanidade.
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