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terça-feira, 11 de abril de 2023

A FARRA DA AVESTRUZ NO PARANÁ

 A FARRA DA AVESTRUZ NO PARANÁ


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A FARRA DA AVESTRUZ NO PARANÁ
No começo dos anos 2000, corria de norte a sul do Brasil a notícia que um novo nicho de investimentos havia sido descoberto, com lucros inigualáveis; era a criação de avestruzes.
Uma empresa de goiás, oferecia contratos de compra e venda de avestruzes com compromisso de recompra dos animais. Assim, quem investisse em uma ave com 18 meses de vida, ganharia um retorno mensal de 10% sobre a aplicação até o mês em que a avestruz fosse readquirida pela empresa. O lucro seria assegurado pela suposta exportação da carne. Mas o negócio propriamente dito jamais chegou a ir para frente: em sete anos de operação, nenhuma ave foi abatida. Na teoria, a empresa comercializou mais de 600 mil aves. Na prática, possuía só 38 mil.
Apostando antes na propaganda do que nas aves em si, o grupo conquistou 40.000 investidores no Brasil, 30.000 deles só no estado de Goiás. Para engordar a base da pirâmide, foram gastos R$ 4.000.000 em publicidade no lancamento da idéia e meses seguintes, e apenas R$ 100.000 reais em ração para as avestruzes. Quando a pirâmide ruiu em 2005, a empresa fechou as portas e seus sócios fugiram para o Paraguai.
No Paraná, rapidamente foi criada uma empresa, por um conhecidíssimo empresário paranaense, que aproveitando o trem da alegria que desfilava em outros estados com felizes investidores sonhando com altos lucros, também implantou uma pirâmide semelhante aqui, seguindo a mesma linha de raciocínio dos outros caloteiros.
Para exemplo, um certo investidor paranaense fechou contrato, em 2005, comprando uma avestruz por R$ 1.925,80. A empresa prometia recomprar a ave 22 meses depois por R$ 4.044,18. Ela ficava com a guarda e criação do filhote, durante este período, e se encarregaria de sua comercialização futura.
Não se sabe ao certo o número de vítimas paranaenses que caíram na arapuca. Processos correm na justiça, interpostos por muitos lesados, porém, com pouca chance de sucesso. O mesmo empresário deve alguns milhões de impostos ao governo e, recentemente foi preso por atividade ilícita de cassino, em Ponta Grossa.
Uma avestruz fornece, entre os 12 a 14 meses, sua idade de abate, de 35 a 40 quilos de carne. Além da carne, o couro é muito procurado pelas grandes grifes. Cada animal tem de 1,20 a 1,50 metro quadrado de couro e 1,200 kg de plumas, usadas para adornos e espanadores. O bico serve para fabricação de botões, os ossos para farinha, os cílios para pincéis ou cílios postiços. O óleo da gordura vem sendo indicado também para fins cosméticos e medicinais, como cicatrizante eficaz, nas queimaduras, artrites e artroses.
A carne dessa ave é vermelha e muito saborosa, semelhante à do boi, embora mais saudável. Como a criação ainda é pouco praticada no Brasil, a carne de avestruz é difícil de se encontrar e, por isso, muito cara, em torno de R$ 40 o quilo.
O produtor João Nilceu Ribeiro de Mello, de Apucarana (PR), foi um dos pioneiros na criação de avestruz no Paraná e hoje é um dos poucos que ainda resistem na atividade. Chegou a ter 800 animais e mantém apenas 120, que são criados por terceiros. O objetivo atual do produtor é a utilização do couro para a produção de botas e acessórios.
" 'Alguma coisa de carne ainda vendo para umas três ou quatro pessoas da região. Não passa de 25 a 30 quilos por mês. Mas já estou pensando em parar e trabalhar apenas com o couro", conta ele, que mantém produção e show-room de botas femininas naquele município. Uma bota de couro de avestruz custa entre R$ 350 e R$ 600, enquanto o quilo do filé é vendido por R$ 25.
Assim como muitos outros, Mello começou a criar avestruz em meados da década de 90, motivado pela divulgação de que era um bom negócio. "No final das contas, não cobre o custo", resume. "Teve época em que até ganhei dinheiro, mas depois perdi tudo. Teve mês em que cheguei a ter prejuízo de R$ 25 mil a R$ 30 mil ', lembra.".
(Fontes/Fotos: aviculturaindustrial.com.br, tribunapr.com, pinterest)
Paulo Grani