DEBS DE 1963: ENTRE ALTAR, SALÃO E SOCIEDADE — UM RETRATO DA CURITIBA ELITE DOS ANOS 60
DEBS DE 1963: ENTRE ALTAR, SALÃO E SOCIEDADE — UM RETRATO DA CURITIBA ELITE DOS ANOS 60
Página 1: Acontecimento Social — Um Casamento de Altar e Alma
A primeira página deste fascinante documento de 1963 nos transporta para o coração da vida social curitibana: o casamento religioso entre Plá de Andrade e Riccardella. Mais do que um simples registro matrimonial, este “Acontecimento Social” é um retrato vívido da elite local, onde tradição, fé e cerimônia se fundem em um ritual de grande simbolismo.
O Casamento Religioso
A cerimônia, realizada na igreja, foi descrita como “muito bonita e linda partida”, com a presença de jovens noivos e convidados vestidos com requinte. As fotos capturam momentos íntimos e solenes: o casal caminhando pelo corredor da igreja, cercado por familiares e amigos; a noiva em seu vestido branco impecável, segurando um buquê de flores; o noivo, em terno escuro, com expressão serena e comprometida. A atmosfera era de celebração, mas também de respeito — típica dos eventos sociais da época, onde cada gesto tinha seu lugar e significado.
Detalhes da Cerimônia
O texto menciona a presença de figuras importantes, como o Sr. José Vieira de Andrade e sua esposa, além de outros membros da família e amigos próximos. A descrição do altar, adornado com flores e velas, reforça a importância do ato religioso como fundamento da união. O casamento não era apenas um contrato civil, mas um sacramento sagrado, celebrado diante de Deus e da comunidade.
Significado Social
Este casamento representa mais do que um matrimônio individual — é um evento social que consolida laços familiares, fortalece redes de amizade e reafirma a posição da família na sociedade. Em 1963, Curitiba ainda mantinha fortes tradições católicas e aristocráticas, e um casamento como este era visto como um marco na vida de uma família, merecedor de registro e celebração pública.
Página 2: Nosso Lar... Nossa Vida — A Senhora Algacyr Guimarães
A segunda página apresenta uma homenagem à Senhora Algacyr Guimarães, uma figura emblemática da sociedade curitibana. O texto, intitulado “Nosso Lar... Nossa Vida”, é uma ode à sua personalidade, dedicação familiar e contribuição para a vida pública.
Biografia e Características
Algacyr Guimarães, nascida Alvira Cunha, era conhecida por sua “simpatia e jovialidade”, traços que marcaram sua vida pessoal e profissional. Casada com Eduardo Guimarães, teve quatro filhos: Yara, Vilma, Marcos e Algacyr Junior. Sua história é de superação e amor incondicional — ela dedicou-se à educação dos filhos e ao cuidado do lar, mas também manteve uma atuação política-administrativa, demonstrando que a mulher da época podia equilibrar papéis múltiplos com graça e eficiência.
Contribuição Social
Além de mãe e esposa, Algacyr era uma mulher engajada em causas sociais. Ela participava ativamente de eventos beneficentes e era reconhecida por sua generosidade e espírito de liderança. O texto destaca sua capacidade de “harmonizar as atividades do lar com as responsabilidades públicas”, um feito notável em uma época em que as mulheres eram frequentemente confinadas ao espaço doméstico.
Retrato Fotográfico
A foto da senhora Algacyr, vestida com um traje elegante e um sorriso sereno, transmite sua força interior e sua dignidade. Seu olhar direto para a câmera sugere confiança e segurança — características de uma mulher que soube navegar nas águas da sociedade com sabedoria e carisma.
Página 3: Nosso Lar... Nossa Vida — A Senhora Erlei Volpi
A terceira página continua a série de homenagens com a Senhora Erlei Volpi, outra figura destacada da elite curitibana. Como na página anterior, o título “Nosso Lar... Nossa Vida” enfatiza o papel central da mulher no lar e na sociedade.
Biografia e Trajetória
Erlei Volpi, nascida Zelma Ponce Salomão, era casada com Edeir Volpi e mãe de três filhos: Maria Lúcia, Maria Helena e Maria Tereza. Sua vida foi marcada por uma combinação de elegância, cultura e dedicação familiar. Ela era conhecida por sua inteligência e sensibilidade, qualidades que a tornaram uma anfitriã admirada e uma mãe exemplar.
Atuação Cultural e Social
Erlei era uma mulher culta, com interesse em literatura, música e arte. Participava ativamente de eventos culturais e era frequentemente convidada para palestras e discussões sobre temas sociais. Sua casa era um centro de encontros intelectuais, onde se discutiam ideias e se cultivavam amizades duradouras.
Retrato Fotográfico
A foto da senhora Erlei, vestida com um traje clássico e um colar de pérolas, reflete sua sofisticação e bom gosto. Seu sorriso discreto e seu olhar calmo transmitem uma aura de tranquilidade e sabedoria — características de uma mulher que soube equilibrar a vida privada com a vida pública com graça e dignidade.
Página 4: Lista de Debutantes — Os Clubes e suas Sociedades
A quarta página apresenta uma lista completa das debutantes de 1963, organizadas por clubes e sociedades. Esta lista é um verdadeiro mapa social da elite curitibana, revelando as redes de poder, influência e prestígio que moldavam a vida da cidade na época.
Clubes e Sociedades
As debutantes estão agrupadas por instituições, como:
- Clube Curitibano: O clube mais tradicional e prestigiado, onde se reuniam as famílias mais antigas e influentes da cidade.
- Concórdia: Um clube de caráter mais moderno, com foco em atividades culturais e sociais.
- Graciosa Country: Um clube de campo, associado à elite rural e à vida de lazer e esportes.
- Sociedade Thalia: Uma sociedade de teatro e artes, que promovia eventos culturais e espetáculos.
Cada clube representava um segmento específico da sociedade, com suas próprias tradições, valores e expectativas. A participação de uma jovem em um desses clubes era um sinal de status e pertencimento.
Lista Completa das Debutantes — Por Clube
CLUBE CURITIBANO
Alice Garcia, Vilma Regina Ramos de Rezende, Ana Maria Carmenzati Velho, Ana Luiza Almeida Marques, Alice Fontana Alves, Berenice Helena Herrigo Araujo, Carmen Lucia Pereira da Costa, Carmen Silvia Ramos D’Oliveira, Clemente Leopoldo de Amaral, Clarice Derivche Barbosa, Silvia Maria Guimarães de Oliveira, Elizabeth de Nascimento, Gisela Maria de Sousa Caron, Inês Maria Albuquerque Lealg, Irmã Regina Rocha Lealda, Ina Maria Leprevost Bay, Ione de Abreu Pierin, Kátia de Sá Holzmann, Lacey Sara Pinto, Lucia Helena Toscano Oliveira, Leonice Pinto e Marchiori, Leda Malheiros Pinto, Lucélia Xavier Borba, Luzia Sara Santos, Luisa Helena Senff, Lutília Montagner, Marisa Raquel Silveira da Mota Pericia, Maria Lucia Navarro Osternack, Marlisa Helena Braga Capelline, Maria Helena Veloso de Souza, Maria Lúcia Vieira de Araújo, Maria Aparecida Ramos Favro, Maria Inês Sherer dos Santos, Maria Helena Rocha Artigas, Maria Lúcia Toledo Soares, Maria Lúcia Brito Valente, Maria Alcantara, Isa Maria Bolon de Carvalho, Sandra Maria Pereira Kobylansky, Tania Maria Bragato Maia, Teresa Maria Faria Peixoto, Ana Lucia Barbosa.
CONCÓRDIA
Alice Fontana Alves, Carmen Lucia de Bari, Cleane de Loyola e Silva, Ilana Stender, Ila Susana Pugley, Liane Meister, Larle Rocha Blume, Lucia Helena Pimenta, Luisa Helena Senff, Marcia Vilma Artigas, Maria Celina Rocha Wrobel, Maria Elisa Maurer, Maria Helena Osternack, Maria Helena Rocha Artigas, Maria Inês Sherer dos Santos, Maria Ströbele, Nancy Maria Riegel, Regina Coutin, Regina Pinto, Regina Wallbach, Rosa Maria Fontana Peguero, Ruth Lúcia Lopes, Sandra Maria Werther Rocha, Solange Trigo Bonagião, Therese Elizabeth Branco Bettiga, Zélia Belo Ferreira.
Página 5: Lista de Debutantes — Graciosa Country e Sociedade Thalia
A quinta e última página completa o quadro social, apresentando as debutantes dos clubes Graciosa Country e Sociedade Thalia, dois espaços distintos que refletem diferentes facetas da elite curitibana: a rural e a cultural.
GRACIOSA COUNTRY
Carmen Lucia de Mari, Carmen Lucia Pereira da Costa, Eliane de Loyola e Silva, Gloria Maria Caron, Ina Maria Carmenzati Velho, Ligia Guerreiro da Fonseca, Luiza Helena Senff, Maria Helena Veloso de Souza, Maria Inês Sherer dos Santos, Maria Selia de Quadros Ribas, Maria Consuelo Macedo, Maria Helena Rocha Artigas, Maria Raquel Mota Pericia, Nancy Maria Riegel, Regina Maria Peguero, Regina Wallbach, Sandra Maria Werther Rocha, Sonia Regina Mouray de Miranda Pinto, Susana Essendfelder Ebel, Vera Maria Luhm, Vera Maria França, Zélia Belo Ferreira.
SOCIEDADE THALIA
Alba Maria Patriani, Ana Maria Cicy, Ana Maria Fosti Zulfi, Ana Silvia Haddad, Clarice Pinto Kummer, Denise Corrêa Araújo, Edilma Superski, Edna Waldner Bassetti, Elvira Pineda Lopes, Helena Zenilda de Queiroz, Iara Maria Simião, Irene Maria Leprevost Bay, Isa Maria Belon de Carvalho, Janete Gracinski, Karla Gavião dos Santos, Laine Meister, Lia Susana Pugley, Larle Rocha Blume, Ligia Regina Tavezes Las, Maria Cristina Valente, Maria Elisa Maurer, Maria da Glória Corrêa Bittencourt, Maria Lucia Toledo Soares, Maria Haydee Nascimento, Marcia Vilma Artigas, Marina Miranda Creabante, Miriam Soler de Los Gianello, Neide Neiva Passos, Norvelia Zenilda Hassel, Nilza Knechel, Regina Célia Lopes Rocha, Regina Helena Pereira Alonso, Regina Maria Espinosa Guimarães, Regina Rosa Brito, Regina de Paula, Regina Helena Brasile, Roseli Souza Glisch, Sônia Maria Gomes, Suani Leprevost, Sônia Regina Baranski, Sônia Regina Veras, Solange Rodrigues, Therese Aparecida Maciel, Vera Lucia Lopes Balster, Vera Lia B. Coutin, Virginia Maria Kuss, Virginia do Rocio Monastier, Yara Regina Zaruch, Zoeli Maria Leal.
Conclusão
As páginas deste documento de 1963 são muito mais do que registros de eventos sociais — são janelas abertas para uma época em que tradição, elegância e hierarquia social definiam a vida cotidiana da elite curitibana. Os casamentos, as homenagens às mulheres e as listas de debutantes revelam uma sociedade estratificada, mas vibrante, onde cada gesto, cada palavra e cada nome tinham seu peso e significado.
Ao resgatar essas histórias, honramos não apenas a memória individual, mas também o espírito coletivo de uma geração que soube equilibrar tradição e modernidade, fé e razão, lar e sociedade. Este documento é um tesouro histórico, que nos convida a refletir sobre as raízes da nossa identidade cultural e social.
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