Pirão de Bagre
Pirão de Bagre é muito bom! Dá uma fortidão...Mainga do céu! |
Facílimo | 40 minutos | Rende 6 porções
INGREDIENTES
1 kg e 1/2 de bagre
3 colheres (sopa) de óleo
4 dentes de alho amassados e picados
3 cebolas picadas
6 tomates, sem sementes, picados
Temperos verdes picados – salsinha, cebolinha, alfavaca, coentro de folha larga
Farinha de mandioca artesanal o quanto baste
Sal e aquela sua pimenta a gosto
Substituição: Eu gosto do bagre branco, é maior, carnudo e saboroso, mas você pode usar qualquer bagre do mar, do lagamar, do estuário ou do rio como o mandi, o bagre amarelo, sassari ou bagre bandeira. Também fica bom com qualquer outro peixe de carne firme como o robalo, a caranha, o sargo de beiço, garoupa, pescada amarela, miraguaia, mero, prejereva, xaréu e até sororoca, betara, corvina, vivóca(carapeba), tainha... por aí vai. Na verdade dá para fazer esse pirão com qualquer peixe que você goste ou tenha disponível hehehehehe... É uma alegria só! Não é mesmo?
Dica: Se você quer deixar o negócio bom de vez, acrescente alguns camarões sete barbas limpos e/ou alguns mariscos pequenos e/ou ostras e ou pegoavas, etc. Inventa aí que vai ficar bom! Certeza!
Você Vai Precisar
Uma panela grande que pode ser de barro.
PREPARO
“Conserte” (limpe) o bagre. Faça alguns cortes no lombo ou nas laterais do peixe e corte a cabeça ao meio para liberar todo seu sabor no caldo.
Dica: No caso do bagre, na hora de limpá-lo, tome muito cuidado com as esporas das barbatanas dorsais e peitorais. Elas podem espetar na sua pele. Dói prá caramba e pode infeccionar. Quebre-as e corte-as com um alicate.
Em uma panela grande aqueça o óleo e adicione o alho e a cebola, deixando refogar um pouco. Acrescente os tomates, metade dos temperos verdes picados, coloque um pouco de sal e deixe refogar mais um tanto.
Acrescente os bagres limpos e cubra-os com água. Deixe cozinhar por uns 20 minutos ou até o peixe estar bem cozinho. Desligue o fogo, retire os bagres e reserve. Mantenha a água temperada do cozimento na panela. Esse caldo é a base do pirão e nele estão todos os sabores que você quer.
Aguarde o peixe esfriar e com cuidado retire toda a carne deixando de lado todos os espinhos e o couro. Reserve os pedaços de carne.
Agora dê uma atenção especial ao caldo, ele é o cara! Sendo assim, ele deve estar com uma cor bonita e saborosão.
Volte o caldo para o fogo, acrescente o restante dos temperos verdes deixando-os soltar todo seu sabor. Experimente o caldo, corrija o sal e se achar necessário acrescente mais um pouco deste ou daquele tempero. Se quiser pique uma pimenta dedo de moça sem as sementes ou coloque aquela pimentinha que eu sei que você tem aí.
Coloque a carne do bagre que está reservada no caldo e misture com cuidado para não quebrar muito os pedaços ou esfarelar muito a carne. É legal ter alguns pedaços maiores de carne no pirão.
Dica: Se você, como eu, gosta de um pirão mais carnudo guarde alguns pedaços da carne do bagre para acrescentar quando você já estiver finalizando o pirão.
Vá adicionado a farinha de mandioca aos poucos e misturando bem para não empelotar. Continue até chegar a consistência de um pirão bem mole, úmido e translúcido. Experimente-o. Estando tudo certinho, sirva-o imediatamente.
Crédito da Foto: Diga Maria
Crédito da Foto: Diga Maria
Importantão: A farinha de mandioca continua absorvendo o líquido mesmo depois de você ter chegado a consistência ideal do pirão. Por este motivo, deixe o pirão bem mole e úmido. Na hora de comê-lo, com certeza ele estará um pouco mais consistente.
Esse pirão é para ser comido com colher em uma cumbuca, colocando aquela sua pimentinha e um bom azeite. Fica demais! Se você quiser dá para acompanhá-lo com um arrozinho básico e/ou com uma salada que também fica legal. Você é quem manda!
Crédito da Foto: Senhor Sabor
Crédito da Foto: Senhor Sabor
Delicie-se!!
PIRÕES, SAL, TEMPEROS E BAGRES
O pirão é um prato indígena preparado com o caldo de carnes, de pescados e até de vegetais. Até hoje o modo de preparo básico é o mesmo. Simplesmente o caldo é misturado a farinha de mandioca formando o pirão.
Originalmente existem duas formas de preparar o pirão: cozido ou escaldado. Na versão cozida, o caldo é misturado aos poucos com a farinha e mexido até ganhar a consistência adequada, no modo escaldado simplesmente mistura-se de uma só vez o caldo e a farinha, resultando em um pirão mais mole.
Os Tupis-Guaranis, Carijós, Tamoios, Tupiniquins, Caingangues, Nhandevas e Mbiás que habitavam o trecho entre o litoral do Rio de Janeiro e o litoral de Santa Catarina influenciando definitivamente a cultura caiçara, pescavam peixes, moluscos e crustáceos com arco e flecha e um arpão de duas pontas, sempre a pequenas distâncias. Não davam preferência a uma ou outra espécie, tudo era útil. A coisa era simples, os peixes maiores eram assados ou moqueados e os menores eram cozidos e seu caldo era utilizado para fazer o pirão.
Se havia fartura de pescados, como no caso da melhor época para um determinado peixe, eles secavam os peixes excedentes e armazenavam para comê-los outro dia ou socavam o peixe seco no pilão até obter uma farofa que durava um bom tempo e podia ser transportada durante viagens e caçadas.
A cozinha tradicional indígena não utilizava o sal como o conhecemos. O nosso sal (cloreto de sódio) foi sendo introduzido através do contato com os colonizadores. Isso não significa que eles não conheciam o sal. Algumas sociedades o fabricavam com técnicas demoradas e em quantidades pequenas. Por exemplo, eles conseguiam o sal de cinzas (cloreto de potássio) secando e queimando aguapês e até palmeiras, as cinzas eram colocadas em um coador de fibras vegetais, eram então adicionada a água, mais ou menos como fazemos nosso café. O caldo resultante era então fervido até ficar somente o sal.
Para temperar os alimentos eles usavam pimenta ou uma mistura de pimenta e sal de cinzas socados no pilão. Eles chamavam esta mistura de ionquet, inquitaia, juquitaia, ijuqui. Esse tempero era adicionado aos pratos após seu preparo, era comido junto com o alimento, ou eles colocavam uma porção de comida na boca e em seguida esse tempero.
Com relação ao bagre, não se “apoquente”! Existem bagres de água doce e de água salgada e é fácil encontrar um bom bagre praticamente em qualquer lugar. O Brasil tem bagre “à lhenca” (em grande quantidade) e de várias qualidades (tipos).
O bagre pode ser encontrado em águas da costa brasileira e em águas do interior do país, pode ser pescado em alto mar, na praia, em canais, lagamares, estuários e em rios. Devido a grande variedade ele é facilmente encontrado. Das 2.200 espécies conhecidas no mundo, cerca de 1.100 são nativas da América do Sul.