quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

Desvendando sabores incríveis em pequenas portinhas das ruas de Curitiba.

 

Desvendando sabores incríveis em pequenas portinhas das ruas de Curitiba. 

São estruturas montadas em pequenos espaços e que oferecem produtos de qualidade que vão te surpreendem no sabor!

Fizemos uma listinha e trouxemos lugares que se destacaram pelo sabor e principalmente na recepção carinhosa que enche de alegria o seu dia.

Você vai adorar conhece-los, vamos lá ?!

Croissants

Nada melhor do que estar indo para trabalho e pegar um croissant quentinho que acabou de ser assado! A Prestinaria Petit é uma micro padaria, localizada no bairro do Juveve, um portinha que vai te conquistar com seus pães e croissant quentinhos.

Petit Pestinaria. Foto Facebook Pestinaria

PETIT PESTINARIA. FOTO FACEBOOK PESTINARIA

Impossível passar pela Rua Moyses e resistir a tentação de provar o croissant de amêndoas croissant crocante de amêndoas, preparado com uma massa levemente doce, aerada e dourada, para você desfrutar deste intenso sabor de alegria já na primeira mordida.

França é logo ali. Foto facebook Pestinaria

FRANÇA É LOGO ALI. FOTO FACEBOOK PESTINARIA

Endereço: Rua Moyses Marcondes, 430 | Prestinaria Petit.

Tortinhas

Esta pequena padaria express vai te surpreender! A Cake Door que fica bem na esquina entre a Alameda Dr. Carlos de Carvalho e a Rua Voluntários da Pátria, traz uma grande vitrine exposto para a calçada com doces variados e pães fresquinhos.

Tudo foi pensado para você pegar seu pedido e sair já comendo! Com atendimento super atencioso, e a variedade nos docinhos, você vai ficar até em dúvida do que escolher!

Lojinha Cake Door. Foto Facebook Cake Door

LOJINHA CAKE DOOR. FOTO FACEBOOK CAKE DOOR 

Comece pedindo pela Cake de Amora que vem com uma cobertura de brigadeiro branco e faz a combinação perfeita com o recheio de geleia de amora! Você vai amar o gosto docinho com geleia de amora e não deixe de provar a Torta de Pistache, que traz a cremosidade em uma composição única do pistache e massa super crocante da torta.  

Amora. Foto Facebook Cake Door

BOLINHO DE AMORA. FOTO FACEBOOK CAKE DOOR

Endereço: Al. Dr. Carlos de Carvalho, 74 | Cake Door.

Empanadas e Pastel de Nata

Bem ali, do outro lado da rua do Mercado Municipal, entre a loja de utensílios e o estacionamento, uma portinha meio tímida revela a lanchonete Al Paso, com seu corredor de 6 metros de azulejos brancos e um balcão direto para rua, que traz a felicidade em forma de sabor.

Sorriso que te abraça. Foto Instagram Alpaso

ATENDIMENTO É DIRETO NO BALCÃO. FOTO INSTAGRAM ALPASO

Na Argentina o nome “comida al paso” se dá para aquele lanche rápido que se faz numa barraquinha de rua ou num balcão de uma lanchonete. E é isso que você vai encontrar no Al Paso, uma seleção das melhores empanadas tucumanas, chipas e pastéis de nata da Argentina. E claro, um atendimento super caloroso da chef Karyne Iancóski.

As empanadas tucumanas, são recheada com carne de vaca cortada à mão em pequenos cubos e guisada com gordura de carne de vaca ou de porco, com vários condimentos e podem também levar azeitonas, passas de uva e ovo cozido.

Empanadas. Foto Divulgação

EMPANADAS. FOTO DIVULGAÇÃO

A nossa sugestão é experimentar a empanada Salteña que vem recheada de carne, ovos, azeitonas, batatas e uvas passas. Nada se compara a este sabor!

E o pastel de natal com frutas vermelhas! O Pastel é servido quentinho, e já na primeira mordida você vai se apaixonar pelo crocante da massa folhada com seu o recheio cremoso, levemente doce.

A diferença entre o tradicional o pastel de nata com o Pastel de nata com toque da Chef. é o sabor das frutas vermelhas nesta cremosidade. Você vai pedir bis!

Além disso, ainda é vendido cafés, sucos naturais e limonadas caseiras. E vale segui-los nas redes sociais, pois sempre tem alguma novidade!

Pastel de Nata. Foto Ilustrativa

PASTEL DE NATA. FOTO ILUSTRATIVA

Endereço: Rua General Carneiro, 1480 | Al Paso.

Bares históricos com fatos curiosos

 

Bares históricos com fatos curiosos

Tem bares que fazem parte da história da cidade, e que guardam histórias curiosas, passadas de geração em geração. Que tal explorar esses cantinhos clássicos da capital? Chama a galera e boa descoberta!

Alegria alemã

No Bar do Alemão, a primeira pessoa responsável pela cozinha foi uma alemã, que decidiu fazer um cardápio baseado na região de Schwarzwald, do sul do país. Assim nasceu o conceito do lugar. Logo na entrada, tem uma grade com vários canequinhos pendurados pelos clientes.

Ali o pessoal prende os canecos com cadeados, e, quando voltam ao bar, pegam de volta e levam para o garçom servir. Legal, né? Lá dentro, o ambiente te transporta até a Alemanha: o lugar é bem rústico, com bandeiras do país, paredes revestidas de madeira e mesas compridas para acolher toda a galera.

Submarino é a bebida sensação do Bar do Alemão Foto: Priscilla Fielder

SUBMARINO É A BEBIDA SENSAÇÃO DO BAR DO ALEMÃO FOTO: PRISCILLA FIELDER

Siga a tradição e garanta o seu canequinho! É só pedir um Submarino, a bebida que é marca registrada do bar. Você vai experimentar uma criação da década de 80, que surgiu por acidente. Em uma noite de inverno de 1983, um garço derrubou, sem querer, uma dose de steinhager em um copo de chope!

Assim nasceu o Submarino, de um acidente em meio a um brinde. Ele é uma grande caneca de chop, que vem com um canequinho de steinhager mergulhado dentro.

É como se fosse uma dose de gim no chop! E o mais legal: Quando for embora, você pode levar o canequinho para casa, como um souvenir.

Assim como o prato típico eisbein: um joelho de porco com salsicha vermelha, batata cozida, chucrute e salada. A carne vem com aquele sabor defumado e é super macia, daquela que desfia quando você corta.

É de dar água na boca! Reúna os amigos e visite esse pedacinho da Alemanha no Largo da Ordem.

Bar do Alemão é ambiente alegre, rústico e bem típico Foto: Priscilla Fielder

BAR DO ALEMÃO É AMBIENTE ALEGRE, RÚSTICO E BEM TÍPICO FOTO: PRISCILLA FIELDER

Endereço: Rua Doutor Claudino dos Santos, 63, São Francisco | Telefone: (41) 3223-2585 | Facebook do Bar do Alemão

Comes e bebes exóticos

O BarBaran surgiu da vontade do atual dono de abrir um bar temático. Como o estabelecimento já estava na Sociedade Ucraniana, ele uniu o útil ao agradável. Desde sempre, o lugar é um forte ponto de encontro entre jornalistas e advogados, mas tem um público variado: crianças, idosos, família e amigos.

O estilo do local é bem cervejeiro, e tem aquela bagunça boa: é bem movimentado e todos ficam super à vontade, conversando e dando risada. Têm elementos ucranianos para todo lado: cartões postais, trajes típicos, pôsteres de grupos folclóricos e quadros com pontos turísticos, tudo bem descontraído.

Mas para emergir de vez na história do BarBaran, é preciso provar o drink da casa: o traumatismo ucraniano. Brincando com o termo, o dono do bar escolheu esse nome curioso e divertido, devido à cor vermelha de uma das bebidas que compõe o drink: o campari.

Barbaran emerge você na cultura ucraniana Foto: Silmara Pawluzyk

BARBARAN EMERGE VOCÊ NA CULTURA UCRANIANA FOTO: SILMARA PAWLUZYK

Esse é misturado à vodka e limão, formando uma batida deliciosa que mistura sabores fortes a um gostinho adocicado. Depois, também foi criado traumatismo ucraniano 2, que leva vodka, pimenta e mel. A bebida tem um sabor bem exótico, caloroso mas adocicado, típico da Ucrânia.

A segunda versão da bebida, foi feita despretensiosamente por um amigo do dono do bar, que testou o drink em casa e então passou a receita para o BarBaran. O ponto forte do lugar é o preço justo. Então mergulhe nessa cultura, experimentando um dos pratos típicos ucranianos: A Borsch.

É uma sopa vermelha de beterraba, repolho, costelinha de porco defumada, carne bovina e endro, que adiciona frescor e um sabor marcante à esse prato exótico. É para você sentir o gostinho da Ucrânia do começo ao fim, então chame aquela galera que adora uma boa zona de boteco, e partiu!

Sopa Borsch é um dos pratos ucranianos que são sensação do bar Foto: Silmara Pawluzyk

SOPA BORSCH É UM DOS PRATOS UCRANIANOS QUE SÃO SENSAÇÃO DO BAR FOTO: SILMARA PAWLUZYK

Endereço: Alameda Augusto Stellfeld, 799, Centro | Telefone: (41) 3322-2912 | Facebook do BarBaran

Manekos Bar

O Manekos é um bar muito tradicional em Curitiba, tem um ambiente descontraído e estilo de boteco.

Uma boa pedida é aproveitar o prato do dia, e a parmegiana da casa é muito elogiada. Além dela, o cardápio também inclui outras opções bem saborosas, como mocotó, língua, costela de panela e carne de onça.

Manekos Bar. foto Facebook Manekos Bar

MANEKOS BAR. FOTO FACEBOOK MANEKOS BAR

Endereço: Alameda Cabral, 19, Centro.

Onde comer carne de onça

 

Onde comer carne de onça

Broa, carne crua e muito tempero. A carne de onça foi “inventada” em 1940, em Curitiba, no bar Toca do Tatu, pelo diretor do clube de futebol Britanio e dono do estabelecimento. Ela era servida aos jogadores e torcedores da época, uma verdadeira comida de boteco!

Com o tempo, ela ganhou o coração e as mesas curitibanas, dos bares aos restaurantes mais sofisticados. No ano passado, se tornou patrimônio cultural da cidade.

Carne de Onça

CARNE DE ONÇA. IMAGEM ILUSTRATIVA

Quer saber onde encontrá-lo? Anota aí:

Tradicional carne de onça

No Barbaran está uma das carnes de onça mais recomendadas da cidade. São 200 gramas de patinho, uma carne magra, servidos com azeite balsâmico e pimenta suave.

A carne vem acompanhada da tradicional broa, cebolinha verde, cebola branca, mostarda escura e azeite de oliva, por R$ 15. E o divertido é que você pode montar a quantia que desejar no pão e temperar a vontade colocando azeite de oliva, mostarda e ainda o Bar possui um segredinho especial a “raiz forte”  no qual você pode pedir a parte e saborear. Sabor único!

Endereço: Alameda Augusto Stellfeld, 799 – Centro | Telefone: (41) 3322-2912 | Face do Barbaran

O Charme da Mercearia

Com uma decoração simples e despojada, a Mercearia Fantinato, é todo decorado com figurinhas Zequinha, álbuns antigos e as paredes cheias de objetos antigos como: moedores de carne, bicicletas e etc. Ótimo lugar para se divertir com os amigos e realizar selfies.

No cardápio, além de boas cervejas, a Mercearia é um dos locais mais procurados pelos amantes da carne de onça. Pois o prato tem um ritual no qual é montado na sua frente, e leva uma porção de 300 gramas de carne temperado com cebola, alho, azeite, páprica doce, pimenta calabresa, um toque de conhaque e uma broa macia. Para pedir Bis!

Endereço: R. Mateus Leme, 2553 | Telefone: (41) 3023-1953 | Face da Mercearia Fantinato

Bar Quermesse

Possui duas receitas : A tradicional consiste em fatias de broa preta integral coberta por 500g de carne moída pura, preparada com especiarias e cheiro verde; acompanha cebola picada e mostarda amarela e escura. E a japonesa consiste em 500g de carne moída pura, preparada com especiarias e cheiro verde; é servida em fatias individuais para ser comida em uma mordida.

Endereço: Rua Carlos Pioli, 513 |Bom Retiro

Está esperando o que para provar o prato mais amado de Curitiba? Aproveite e conheça também as melhores feijoadas da capital!


A colônia Polonesa de Thomaz Coelho e a Represa do Passaúna

 A colônia Polonesa de Thomaz Coelho e a Represa do Passaúna

No início do século XIX, já instalados e adaptados à dinâmica econômica e cultural de Araucária, os imigrantes poloneses e seus descentes começavam a aquecer a economia da capital. A produção era comercializada principalmente em feiras nas regiões do Largo da Ordem, Água Verde e Portão, em Curitiba. Duas vezes por semana os colonos tomavam um gole de café, comiam um pedaço de broa com sperka (torresmo) e partiam ainda pela madrugada levando os produtos em carroças. Lá, encostavam 20 a 30 carroças, uma ao lado da outra, e vendiam tudo à granel: grãos, legumes, verduras, carne, embutidos, derivados de leite, de tudo um pouco. Na volta compravam nos armazéns aquilo que não era produzido em casa, como sal, querosene, café, capilé, uma pinguinha, às vezes alguma gasosa, e sempre uma rodela de salsichão.
A partir da década de 1960 essa dinâmica começava a mudar, Curitiba tornava-se uma metrópole, crescia e se industrializava. Na década de 1970 foram criadas a CIC (Cidade Industrial de Curitiba) e a CIAR (Cidade Industrial de Araucária), o que atraiu mão de obra das mais diversas regiões, aumentando consideravelmente a população. Ao mesmo passo, não havia água encanada suficiente para tamanha demanda, o que fez Curitiba passar por racionamentos. Foi escolhido, então, em 1974, como local para a construção de uma nova barragem de abastecimento a bacia do rio Passaúna, localizada bem no coração da Colônia Thomaz Coelho, tendo sido iniciadas as obras no ano de 1982.
No momento em que iniciaram as primeiras desapropriações, na década de 1980, o Brasil passava por uma grave crise econômica, e a inflação da época fazia despencar vertiginosamente os valores indenizatórios oferecidos em questão de dias. O assunto foi amplamente tratado pela mídia, os colonos organizaram protestos, mas o alagamento seguiu e acabou concluído no ano de 1990. A maioria dos moradores tiveram de sair às pressas, parte deles não teria condições de remontar as casas de troncos que pertenciam às suas famílias havia gerações e acabaram por doá-las para o próprio governo do Estado, que as instalou no Parque Estadual João Paulo II (o Bosque do Papa), em Curitiba.
Essas casas de tronco foram tombadas, mas ainda não havia lei de proteção ao patrimônio imaterial e cultural, cujo decreto 3551 só seria publicado no ano 2000, portanto, não havia nada que pudesse salvar os aspectos culturais de Thomaz Coelho das águas do Passaúna. Comércios, olarias e a associação de moradores Santo Izidoro foram demolidos e suas áreas inundadas. A maioria dos antigos moradores partiu e levou consigo o sotaque carregado, a culinária típica, os costumes e tradições, e áreas antes de plantio deram lugar à especulação imobiliária e a novos proprietários de origem urbana e seus chacareiros, alheios à cultura da região, que se diluiu.
Para resgatar a memória cultural de Thomaz Coelho, em 1995 a Prefeitura Municipal de Araucária fundou o Parque Romão Wachowicz e o Memorial da Imigração Polonesa, na região de São Miguel, contendo fotografias que contam a história, os costumes e o modo de vida na colônia desses imigrantes e seus descendentes. Também a equipe do Arquivo Histórico está constantemente se empenhando no resgate e valorização da história e da lembrança de quem tanto contribuiu para a miscigenação e formação cultural de Araucária.
(Texto escrito por Cristiane Perretto e Luciane Czelusniak Obrzut Ono - historiadoras)
(Legendas das fotografias:
1 - Igreja de São Miguel e moradores de Thomaz Coelho, sem data
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres
2 - Foto aérea da área da igreja de São Miguel e represa do Passaúna, 2003
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres
3 - Protesto de moradores de Thomaz Coelho, sem data, coleção da família Pirog
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres
4 - Obras para construção da represa do Passaúna, 1987.
Foto de João Urban em exposição no Memorial da Imigração Polonesa
5 - Início do alagamento da represa, fevereiro de 1987.
Foto do Jornal do Estado.
6 - Casa de colonos sendo mudada inteira, sem data, coleção da família Pirog
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres
7 - Vista da janela da casa da família Pirog, 2006
Foto de Luciane Czelusniak Obrzut Ono.)

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Igreja de São Miguel e moradores de Thomaz Coelho, sem data
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres

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Foto aérea da área da igreja de São Miguel e represa do Passaúna, 2003
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres

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Protesto de moradores de Thomaz Coelho, sem data, coleção da família Pirog
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres

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Obras para construção da represa do Passaúna, 1987.
Foto de João Urban em exposição no Memorial da Imigração Polonesa

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Início do alagamento da represa, fevereiro de 1987.
Foto do Jornal do Estado.

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Casa de colonos sendo mudada inteira, sem data, coleção da família Pirog
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres

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Vista da janela da casa da família Pirog, 2006
Foto de Luciane Czelusniak Obrzut Ono.

Nos límpidos tempos do rio Iguaçu

 Nos límpidos tempos do rio Iguaçu

O rio Iguaçu, formado pela junção do Iraí e do Atuba, nasce na divisa entre Curitiba, Pinhais e São José dos Pinhais, e corta boa parte do estado do Paraná. Ao chegar às cataratas do Iguaçu suas águas estão regeneradas, mas passando por Araucária quem olha para suas águas poluídas não imagina que há pouco mais de cinquenta anos atrás, antes da metropolização de Curitiba, suas águas eram limpas e cristalinas, representando um dos mais importantes pontos de lazer para os moradores do município.
Aos domingos, após a missa, era praxe para os jovens solteiros passearem na região das pontes metálicas, onde trocavam olhares e arranjavam paqueras. Nas partes mais baixas do rio formavam bancos de areia onde muitas pessoas iam se banhar. Os mais corajosos arriscavam pular de cima das pontes. Balsas levavam madeira até as madeireiras enquanto famílias faziam passeios de barco. E o que não faltava em suas margens eram pescadores. Aos finais de semana os trens que levavam passageiros ficavam repletos de pescadores com suas varinhas, e em Guajuvira havia até local para pouso, o Hotel do Pescador. O ferroviário aposentado Benjamin Sobota lembra que “Nos feriados o trem ia cheio de pescador, tudo pescava em General Lúcio, Balsa Nova, Guajuvira… tudo de trem, ia cheio de vara no trem”. Até a empresa de ônibus Araucária tinha um sistema de tickets para os pescadores, a cada 5 tickets rendia uma viagem de graça.
O senhor Oswaldo Raksa, em depoimento dado no ano de 1996 para o programa de rádio Boca da Saudade, lembrou como era abundante a pesca no rio Iguaçu. “No inverno, quando o sol esquentava assim elas ficavam... Nós chegamos a pegar sessenta, setenta traíras na fisga (…) porque elas saíam se aquecer no baixo do rio e pegava (…) Me lembro uma vez eu fui com meu tio, pegamos uns dez quilos só de bagre na vara, um de atrás do outro. E caçar rã, pois eu cheguei uma vez a pegar, eu com meu compadre (…) nós pegamos 450 rãs numa noite, rapaz (…) (Pra pegar a rã) É com a lanterna, na noite com a lanterna (…) (ia) muita gente! Às vezes estava mais iluminado na “vargem” do Iguaçu do que na praça de Araucária”.
(Texto escrito por Cristiane Perretto e Luciane Czelusniak Obrzut Ono - historiadoras)
(Legendas das fotografias:
1 - Família Nievola pescando no rio Iguaçu, 1976
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
2 - Dr Amur e jovens em barco sob uma das pontes metálicas, década 1940
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
3 - Pescaria de barco no rio Iguaçu, década 1950
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
4 - Moças passeando na beira do rio Iguaçu, 1947
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.)

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Família Nievola pescando no rio Iguaçu, 1976
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

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Dr Amur e jovens em barco sob uma das pontes metálicas, década 1940
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

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Pescaria de barco no rio Iguaçu, década 1950
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

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Moças passeando na beira do rio Iguaçu, 1947
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

Os encantos do cinema: os primeiros passos da sétima arte em Araucária

 Os encantos do cinema: os primeiros passos da sétima arte em
Araucária

Muita coisa mudou desde a primeira sessão pública de cinema promovida em 1895 na França pelos Irmãos Lumiére, e também depois da primeira sessão que teria ocorrido em Araucária em 1912. Aos poucos, a sétima arte assumiu seu papel na indústria cultural e hoje em dia a exibição de filmes nas modernas salas das grandes redes se traduz prioritariamente em um ato de consumo no contexto de convívio dos shoppings centers.
No Brasil os antigos empreendedores de cinemas de rua foram perdendo espaço na maioria das cidades. Poucos resistem ao tempo mantendo salas de cinema em prédios que nos dão alguma referência dos grandes e suntuosos cines-teatro das primeiras décadas do século 20.
Em Araucária, apesar de nos dias atuais a cidade não comportar nenhuma sala de cinema, as referências históricas dão conta que a partir da década de 1910 muitos cidadãos estiveram envolvidos na atividade cinematográfica. Nascido na então Freguesia do Iguaçu em 1887, o precursor de tudo teria sido o Sr. Carlos Hasselmann, primeiro proprietário do Cinema Smart Araucária, denominado posteriormente Cine Theatro Araucária.
Sobre o cinema do Sr. Carlos, dona Cecília Grabowski Voss, em entrevista, relatou que:
"Cinema era [do] seu Carlos Hasselmann. Pagava quinhentos réis de entrada. Era cinema mudo. Tinha a orquestra do Voss, (...) que tocava de tudo (...) Lotavam as sessões de cinema. (...) Tinha a galeria, tinha os camarotes." (Voss, Cecília Grabowski. Memória... In: Araucária, Prefeitura Municipal. Os espaços de lazer em Araucária : [s.n], 2ª edição. 2001.)
Entre 1912 e 1913 foi projetado e construído o charmoso prédio do Cine-Theatro Smart. Sua fachada ostentava a data de 1927, quando provavelmente tenha passado por reforma. A partir de 1922 passou a se chamar Cine Theatro Araucária. Em 1993, infelizmente, o prédio foi demolido para dar lugar à uma nova construção para desempenhar outra função. Até a data de hoje funciona no mesmo local do antigo cinema, em novo prédio, o Banco Bradesco, localizado atrás da Igreja Matriz Nossa Senhora dos Remédios.
Outro documento que também ajuda a revelar sobre como foram os primeiros passos da atividade cinematográfica em Araucária é o livro contábil da firma Zdaniak e Cia (1923-1927). Segundo suas páginas amareladas pelo tempo, contava a sociedade com a participação de Bruno Trauczynski, Pedro Schilnas, Bento Luiz de França e Elvira França Buschmann. O movimento de caixa durante esse tempo revela um negócio aparentemente lucrativo e que nos leva a imaginar um verdadeiro ritual que envolvia a projeção dos filmes. No livro encontramos a relação de pagamentos de muitos serviços como o de mestre de música, orquestra, operador, fornecimento de luz, fornecimento de fitas, condução das fitas (frete), fornecimento de foguetes, papel para os programas e cartazes, compra de livros e de selos para a coletoria estadual.
Dos relatos sobre o cinema, um dos aspectos que mais chama a atenção é a relação amistosa do público com essa nova forma de diversão e lazer. São relatos que reafirmam o sentimento de que a população de Araucária adentrava a modernidade nesse novo espaço de convivência e diversão que acolhia pessoas de todas as faixas etárias e classes sociais. Novos ídolos, novas realidades e um novo mundo de possibilidades estavam à disposição de quem se rendesse aos encantos da sétima arte.
"Todas as famílias iam. Levavam crianças, tudo. Aí o seu Carlos Hasselmann, cena que estavam passando ele ia lá em cima, que tinha galeria em volta, assim, então ele jogava punhados de bala (...), quando terminava aquela parte acendia a luz, era só gente a catar bala no meio das cadeiras. As crianças principalmente (...) . Naquele tempo tinha muito operário que trabalhava nas serrarias, então sábado à noite e domingo fazia matinê (...) [passava] muito faroeste e os filmes do Carlitos. Do faroeste eu me lembro do Tom Mix e do Buck Jones. Ah! Eu chorava para o papai me dar duzentos réis para eu ir à matinê ver meus ídolos (...)" PINTO, Reinaldo Alves. In : Araucária, Prefeitura Municipal. Os espaços de lazer em Araucária : [s.n], 2ª edição. 2001.
Nesse ritmo, o cinema foi crescendo e se adaptando à realidade local. Na década de 1940, quando o Sr. Otávio Galize assumiu o negócio, as sessões ocorriam tanto no prédio atrás da igreja como em outras localidades, para onde os filmes eram levados.
"No aparelho de 16 mm, o meu sogro o Seu Otávio Galize, ele exibia filme em Contenda, em Guajuvira e na então Coudelaria Tindiquera, que hoje é área da Petrobras. Então isso era uma vez por semana. Se locomovia com o carrinho dele. Ia lá, passava os filmes porque a máquina era portátil, 16 mm, podia exibir em qualquer lugar." (ABUD, Jorge. In : Entrevista concedida à TV Araucária, 2011).
No final da década de 1950, Otávio Galize construiu um prédio novo na área central em terreno comprado da Companhia São Patrício. As novas instalações eram modernas contando com cinemascope, tela panorâmica e aparelho importado de 35 mm. Para a época a iniciativa foi considerada arrojada, tendo o novo Cine Líder capacidade de público aumentada para 500 lugares. O primeiro filme exibido no novo prédio foi “Da Terra Nascem os Homens”, em dezembro de 1959. As sessões de início ocorriam aos sábados e domingos, sendo depois ampliadas para as quintas- feiras. Excepcionalmente aos sábados se passava filmes reservando o espaço para a colônia japonesa.
“A única solução que nós tínhamos era que nós tínhamos um trator, sabe? Então, para começar, nós juntávamos assim cinco, seis rapaziada e as moças também junto, inclusive, e nós íamos para a cidade assistir cinema.”(...) (NAMIKATA, Toshio. Entrevista concedida a Roseli Boschilia, 1990).
Nas sextas-feiras da Paixão também era de costume exibir o filme “Paixão de Cristo”. A propaganda do cinema era feita com cartazes, folhetos e também com carro de som.
Em 1978 Otávio Galize passou a direção para seu neto George,
que manteve o cinema funcionando até 12 de agosto de 1986, quando ocorreu a redução de público, principalmente devido ao aumento de acesso aos aparelhos de televisão nos lares.
(Texto escrito por Cristiane Perretto e Luciane Czelusniak Obrzut Ono - historiadoras)
(Legendas das fotografias:
1 - Família Hasselman. Pioneiros da atividade cinematográfica em Araucária, 1912.
Acervo: Arquivo Histórico Archelau de Almeida de Torres.
2 - Cartão de felicitações da Empresa Carlos Hasselman.
Acervo Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
3 - Planta assinada por engenheiro civil de nome João e sobrenome ilegível, sem data.
Acervo: Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
4 - Fachada do Cine Líder de Otávio Galize, 04.02.1974
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
5 - Prédio do antigo Cine-teatro, 1977.
Acervo: COMEC.)

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Família Hasselman. Pioneiros da atividade cinematográfica em Araucária, 1912.
Acervo: Arquivo Histórico Archelau de Almeida de Torres.

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Cartão de felicitações da Empresa Carlos Hasselman.
Acervo Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

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Planta assinada por engenheiro civil de nome João e sobrenome ilegível, sem data.
Acervo: Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

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Fachada do Cine Líder de Otávio Galize, 04.02.1974
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

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Prédio do antigo Cine-teatro, 1977.
Acervo: COMEC.

Araucária iluminada: do lampião ao poste

 Araucária iluminada: do lampião ao poste

Ainda na pré-história os seres humanos aprenderam as várias utilidades de se dominar o fogo, entre elas para a iluminação. A partir de então, as tochas de fogo passaram a ser usadas para iluminar caminhos e interiores de habitações, sendo aprimoradas com a invenção das lamparinas e lampiões, que mantinham o fogo aceso através de óleo de baleia e, mais tarde, de querosene. Mas foi a partir da descoberta da produção de energia por eletricidade (através de atrito) feita a partir de máquinas a vapor - que levou a Europa à Revolução Industrial no século XVIII - que Thomas Edison em 1879 conseguiu produzir iluminação através de corrente elétrica.
Antes dessa tecnologia chegar à Araucária a praça central da cidade era iluminada por lampiões a querosene instalados em postes. Havia até um funcionário da prefeitura cuja função era zelar por esses lampiões. Todos os dias ele andava com uma escada de poste em poste limpando a fuligem, enchendo os lampiões e acendendo-os.
Os lampiões foram substituídos pela luz elétrica quando a serraria de Emílio Voss, em contrato com a prefeitura, passou a fornecer energia produzida por máquina a vapor. Durante o dia a máquina funcionava para suprir as demandas da serraria e das 19h até as 22h ela movia um gerador de energia elétrica que iluminava as lâmpadas da praça Doutor Vicente Machado.
Depois disso, surgiram na cidade algumas usinas de energia que produziam eletricidade através da queima de lenha, a primeira delas, pertencente a Rodolfo Voss, localizava-se no terreno onde atualmente é a sede do Arquivo Histórico. Na década de 1920 ela foi vendida para Pedro Druszcz e depois passou para Ângelo Rigollino, que decidiu mudá-la para uma nova sede às margens do rio Iguaçu e da estrada para a Lapa, modernizando a produção de energia através de equipamento importado da Alemanha. Esse equipamento chegou de trem à estação de Araucária e, segundo depoimentos, precisou de uma carroça puxada por 15 cavalos para ser transportado até Usina Santa Carolina.
Na década de 1960 a eletricidade das usinas termo-elétricas foi
substituída pela energia hidroelétrica, fornecida pela empresa estatal Companhia Força e Luz (que posteriormente viria a se tornar a atual Copel). Os primeiros em Araucária a adquirí-la foram os japoneses que possuíam granjas na colônia Fazendinha, que financiaram sua instalação em dez anos. Após a inauguração da subestação de Araucária, em 1974, essa forma de energia passou a ser disponibilizada de forma geral, quando era transmitida através de fiação fixada em postes de madeira, posteriormente substituídos pelos atuais padrões em concreto.
(Texto escrito por Cristiane Perretto e Luciane Czelusniak Obrzut Ono - historiadoras)
(Legendas das fotografias:
1 - Angelo Rigolino e funcionários ao lado do gerador trazido da Alemanha para a Usina Santa Carolina, déc. 1960
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
2 - Usina elétrica São Sebastião, s/d.
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
3 - Usina elétrica de Rodolfo Voss, déc. 1930
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.)

Pode ser uma imagem de uma ou mais pessoas e pessoas em pé
Angelo Rigolino e funcionários ao lado do gerador trazido da Alemanha para a Usina Santa Carolina, déc. 1960
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres

Pode ser uma imagem de em pé e ao ar livre
Usina elétrica São Sebastião, s/d.
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.

Pode ser uma imagem de ao ar livre
Usina elétrica de Rodolfo Voss, déc. 1930
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.