sábado, 8 de abril de 2023

Curitiba abrigava aves carnívoras gigantes e ancestrais dos tatus, revela estudo da UFPR veiculado em revista científica

 

Curitiba abrigava aves carnívoras gigantes e ancestrais dos tatus, revela estudo da UFPR veiculado em revista científica


Reconstituição da Ave do Terror, cercada por marsupiais. Imagem: Renata Cunha e Fernando Sedor/UFPR.

A UFPR voltou a ser destaque em publicações científicas internacionais, desta vez na área da Evolução dos Mamíferos. O Journal of Mammalian Evolution, uma das mais conceituadas revistas internacionais sobre o tema, veiculou artigo escrito por professores-pesquisadores da UFPR – em coautoria com especialistas de outras instituições – que aborda a existência de fósseis de uma fauna extinta entre 42 e 39 milhões de anos. Estes fósseis foram encontrados em rochas da formação geológica Guabirotuba, situada nos arredores de Curitiba e de Araucária.

Trata-se de uma das mais importantes descobertas para o conhecimento do Paleógeno brasileiro por esclarecer aspectos sobre a origem e diversificação dos mamíferos sul-americanos. Por este motivo, os pesquisadores estão debatendo com a Prefeitura de Curitiba a forma mais adequada de preservação deste sítio, para que seja garantida a continuidade e a qualidade das pesquisas.

Os fósseis

Dentre os marsupiais (parentes dos atuais gambás, cuícas e cangurus) achados pelos pesquisadores, estão fósseis de três gêneros extintos (sparassodontes), que eram predadores carnívoros, dotados de molares cortantes e grandes dentes caninos; alguns atingiram o porte de uma onça. Foram encontrados ainda marsupiais pequenos, que não ultrapassavam o tamanho de um camundongo, e fósseis de aves gigantes predadoras conhecidas como “aves do terror” (Phorusrhacidae), que possivelmente são as mais antigas registradas para a América do Sul. Elas não voavam, eram dotadas de cabeça grande e alguns de seus parentes atingiram dois metros de altura.

Dentre os vertebrados, foram encontrados fósseis de peixes, anfíbios, tartarugas e parentes dos crocodilomorfos, que atingiram mais de três metros de comprimento e eram formas terrestres predadoras. Também foram encontrados alguns invertebrados. Outros animais eram completamente desconhecidos, como uma nova espécie extinta de tatu primitivo, o Proeocoleophorus carlinii, descrita no artigo. Este tatu provavelmente atingiu o tamanho de um tatu canastra, o maior tatu vivente.

Os autores

Da esquerda para a direita: os professores Davi Silva, Eliseu Dias e Fernando Sedor. Imagem: Fernando Sedor/UFPR.

O artigo foi escrito pelos pesquisadores da UFPR Fernando A. Sedor (do Museu de Ciências Naturais/Setor de Ciências Biológicas), Luiz Fernandes e Renata Cunha (do Departamento de Geologia) e ainda por docentes de outras instituições: Edison Oliveira (Departamento de Geologia da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE), David Silva (Programa de Pós-graduação em Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS), Ana Ribeiro (da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul – FZRS) e Eliseu Dias (Universidade do Centro Oeste do Paraná – Unioeste).

Fernando Sedor e Eliseu Vieira Dias coordenaram a equipe que fez os estudos sobre estes fósseis – uma fauna formada por invertebrados, peixes, anfíbios, répteis e mamíferos. A área onde eles foram encontrados é conhecida há mais de duas décadas e tem sido usada para aulas de geologia, mas somente em 2010 foi encontrado o primeiro fóssil de vertebrado – um dente de crocodilomorfo (parente dos jacarés e crocodilos atuais).

Mais tarde, no mesmo local, os pesquisadores localizaram uma grande variedade de fósseis. Isto levou-os a desenvolver um projeto financiado pelo CNPq com a colaboração dos especialistas em marsupiais e xenartros Edison Vicente de Oliveira (da UFPE) e em ungulados David Dias da Silva (da UFGRS) e Ana Maria Ribeiro (FZBRS). Além deles,  participaram o geólogo Luiz Fernandes e sua aluna e ilustradora Renata Cunha.

Pesquisa relevante

Fragmento de mandíbula de marsupial encontrado no Guabirotuba. Imagem: Fernando Sedor/UFPR.

Sedor explica que o estudo é importante porque no Brasil, até então, só haviam sido encontrados fósseis mamíferos continentais do Paleógeno em Itaboraí (RJ) e em Taubaté (SP). Os fósseis de mamíferos encontrados em Curitiba, na Formação Guabirotuba, apresentam semelhanças com outros encontrados na região patagônica argentina (Gran Barranca), que também viveram no Paleógeno, entre 42- 39 milhões de anos – idade chamada Barrancano. É o caso de um tatu primitivo chamado Utaetus e de alguns marsupiais sparassodontes.

Quando a América do Sul se separou da África e da Antartida, ficou isolada como um “continente-ilha” por quase 60 milhões de anos. Isto propiciou o surgimento de uma fauna peculiar, produto dos invasores que haviam chegado antes do isolamento e da evolução de novas formas “nativas” (endêmicas) da América do Sul. De acordo com ele, provavelmente o clima de Curitiba naquela época já tinha predomínio de condições úmidas, porém com alternância de períodos secos. A presença das tartarugas aquáticas indica condições mais úmidas do que o proposto anteriormente por outros autores para esta época.

A idade da Formação Guabirotuba tem sido historicamente um tema controverso devido à falta de dados cronológicos precisos. Assim, ao longo do tempo, já foram atribuídas idades do Oligoceno (56 milhões de anos) ao Pleistoceno (último milhão de anos) para esta formação. Os resultados desta pesquisa permitiram uma datação mais refinada, estabelecendo a idade entre 42 a 39 milhões de anos (Eoceno). Em termos cronológicos, os fósseis de Curitiba representam um intervalo de idade que até então não era registrada para o Brasil.

***Macadamização da Rua Fagundes Varela, bairro Hugo Lange/Jardim Social, nos anos 1950. Provavelmente a uma quadra acima do Bosque Portugal, final da Rua México. *** *Foto: Arthur Wischral *

 ***Macadamização da Rua Fagundes Varela, bairro Hugo Lange/Jardim Social, nos anos 1950. Provavelmente a uma quadra acima do Bosque Portugal, final da Rua México. ***
*Foto: Arthur Wischral *


Pode ser uma imagem de 1 pessoa

Terceira sede do Clube Curitibano, na Barão do Rio Branco esquina com Rua XV de Novembro. O Clube mudou-se para este prédio em 1922, tendo entrado em processo de descaracterização no final dos anos 40 e início dos anos 50, se adaptando a um novo conceito arquitetônico.

 Terceira sede do Clube Curitibano, na Barão do Rio Branco esquina com Rua XV de Novembro. O Clube mudou-se para este prédio em 1922, tendo entrado em processo de descaracterização no final dos anos 40 e início dos anos 50, se adaptando a um novo conceito arquitetônico.


Pode ser uma imagem de 1 pessoa

Linda vista da Praça Ouvidor Pardinho, nesta foto de Arthur Wischral de 1941.

 Linda vista da Praça Ouvidor Pardinho, nesta foto de Arthur Wischral de 1941.


Pode ser uma imagem de texto que diz "PRAÇA OUVIDOR PARDINHO 31 DE DEZEMBRO 1941"

A Confeitaria Cometa, de Curitiba, também conhecida como Bar Cometa, funcionava na rua XV de Novembro, desde 1902.

 A Confeitaria Cometa, de Curitiba, também conhecida como Bar Cometa, funcionava na rua XV de Novembro, desde 1902.

CONFEITARIA COMETA
A Confeitaria Cometa, de Curitiba, também conhecida como Bar Cometa, funcionava na rua XV de Novembro, desde 1902. Nos anos 1930, tinha como chefe de pastelaria Carlos Koeler, fundador da Confeitaria Colombo do Rio.
Nos anos 1950, a Cometa passou para o sr. Ewaldo Gastão Mehl que a dirigiu até a sua morte. Após, a Confeitaria Cometa continuou funcionado sob administração do filho Herley Mehl, e do seu irmão Ary Mathias, porém, devido à carreira profissional diversa, de ambos, a família vendeu-a a um empresário. Pouco tempo depois, ele recebeu uma oferta de compra por parte do Gerente Mário em sociedade com os garçons Bepe e Adelino.
A Confeitaria Cometa ficou famosa por servir empadinhas de massa podre, massa tão fina que esfarelava, e o conhecido Especial, um sanduíche dividido em quatro partes, recheado com pernil bem condimentado.
Conforme a jornalista Malu Maranhão, a Confeitaria Cometa "era freqüentada por jornalistas e intelectuais, e tinha seus horários de maior freqüência na hora do almoço e no final da tarde. Os fregueses costumavam comer a empadinha e o Especial acompanhados de chope, para depois terminar com uma coalhada na Confeitaria Schaffer."
Para o publicitário João José Werzbitzki: "O Cometa era um super bar. Era grande e vivia cheio. Todos os dias meu pai (o conhecido Onha, proprietário do Restaurante Onha) saía da copiadora às 17h30, 18 horas e passava ali. Pedia uma empadinha, tomava uma cerveja, comia um sanduíche de pernil com queijo derretido e picles, com pão de forma torradinho ...".
O jornalista Luís Alfredo Malucelli escreveu: "E tinha as Confeitarias que a gente freqüentava muito como radialista e jornalista. Depois que a gente saía do trabalho, freqüentava muito a Cometa. Lá se comia um espetinho de minhom com bacon que era uma delícia!".
Para o jornalista Vinícius Coelho: "O Bar Cometa foi um dos mais famosos da época. Depois, quando o Mehl vendeu a Cometa para três de seus garçons - Bepe, Adelino e Mário - passou a ser mais restaurante.
Paulo Roberto Marins, em suas recordações sobre a noite de Curitiba, entre 1956 e 1992, teceu algumas considerações sobre o Bar Cometa, relativas a duas épocas: "Presunto, queijo, picles, pernil, verde, pão de forma. Ao forno. Está pronto o sanduíche. Mister Sandwich, mais uma solução para o Brasil. O garçom Jorge Marlle lépido, dança, literalmente dança entre as mesas, entre um pedido e outro. O bar está cheio. Mais um gole de retórica, mais um chute do Demétrio Shetalla, cerveja, chope, bebida para todos os gostos, nas entranhas da rua XV, mais de 50 mesas, o grande balcão do lado esquerdo e ao fundo, no espaço mais amplo, os sanitários e a cozinha (Marins, Bar Cometa, rua XV, 1962)."
Ainda, segundo Marins, "O Bar Cometa, é dirigido agora pelos seus ex-garçons Bepe e Adelino, e Mário, o gerente. Ainda serve cerveja. Também é ponto de encontro de jornalistas, fotógrafos, artistas, estudantes. Cabeças que, mesmo com rumos diferentes, se encontram aqui. As vezes, não há lugar para sentar naquela imensidão de bar. Uma noite, com todo o movimento, o bar foi assaltado por profissionais e a freguesia também sofreu as conseqüências. Nessa noite ninguém pagou a conta [...] Não se sabe por que, em seguida, o bar passou a não servir mais cerveja. Só chope. O movimento caiu e nunca mais foi o mesmo (Marins, Bar Cometa, 1977)".
Em oito de novembro de 1991, depois de mais de meio século de atividade, a Confeitaria Cometa cerrou suas portas, deixando o lugar para instalação de uma loja de sapatos.
Paulo Grani

Nenhuma descrição de foto disponível.
A Confeitaria Cometa, em foto de 1974, em meio à movimentadíssima rua XV de Novembro.
(Foto: Arquivo Gazeta do Povo)

Nenhuma descrição de foto disponível.
A Confeitaria em foto de 1966.
Foto: Acervo César Strapasson

Nenhuma descrição de foto disponível.
Publicidade veiculada no Almanach Laemmertz, de 1902.

ORIGEM DO NOME DO BAIRRO BATEL

 ORIGEM DO NOME DO BAIRRO BATEL

Segundo o historiador Francisco Negrão, a origem do nome do bairro Batel, de Curitiba, está no fato ocorrido em 1854, quando o alfaiate Torquato Paulino, resolveu montar uma pequena embarcação para participar das tradicionais "cheganças", na histórica festa do Espírito Santo, que era realizada em São José dos Pinhais.
A chegada do barco de Torquato a São José foi triunfal, querendo todo o povo contemplá-lo e saborear as galinhas recheadas, os leitões assados, os pastéis, os croquetes e os refrescos vendidos por ele na festa.
Regressando a Curitiba, pela então Estrada do Mato Grosso, o barco, instalado sobre um carro de boi, se acidenta num desnível, ficando abandonado no local durante muito tempo. O fato chamou a atenção dos curitibanos que por lá passavam e que passaram a chamar o local de Batel.
Existem, ainda, outra versão para a origem do nome: homenagem a um antigo morador da região, que teria se chamado Bathé, nome proveniente do latim battelum, que significa pequeno barco ou canoa.
(Foto ilustrativa, origem pinterest)
Paulo Grani

Nenhuma descrição de foto disponível.

"LÁ NO PASQUALE". ANTES, DURANTE E DEPOIS

 "LÁ NO PASQUALE". ANTES, DURANTE E DEPOIS

Houve um tempo em Curitiba, desde a década de 1940, que a chegada do domingo, principalmente nas manhãs de sol, significava um dia de festa e confraternização no Passeio Público. Uma manhã no Passeio Público era uma tradição sistemática e natural, envolvendo gerações de curitibanos.
Lá havia um pavilhão de madeira onde funcionava um bar que cumpria a tarefa de servir lanches, cafés, refrigerantes e bebidas ao público, além de disponibilizar um local de descanso aos frequentadores, que podiam apreciar a desenvoltura das atividades do Passeio Público e curtir os usuários dos pedalinhos que desfilavam no lago.
Em 1947, durante o governo Lupion, o pavilhão foi transformado em sua estrutura e passou a abrigar o Restaurante do Estudante, tendo abrigado uma geração de estudantes curitibanos por quase uma década. Em 1956, o local foi parcialmente destruído devido a um incêndio.
Após uma restauração, em março de 1957, o espaço foi alugado por João de Pasquale que criou o restaurante "Lá no Pasquale", um espaço para as pessoas se encontrarem e degustarem algumas especiarias.
"Jornalistas e radialistas encarregavam-se de divulgar os eventos culturais promovidos pela Fundação Cultural de Curitiba no espaço do Pasquale, nos finais de tarde e nos sábados pela manhã. Pronto! A notoriedade do Pasquale estava garantida! Era, sem dúvida, um bar-restaurante da moda! João de Pasquale, uma figura muito bem relacionada em Curitiba, sempre soube administrar o seu lado carismático no trato com as pessoas, e junto com sua esposa, Dona Isaura, incansável na cozinha, e seus filhos, que sempre participaram de tudo, fizeram do Pasquale um local aconchegante. [...]
O cardápio do Pasquale era bastante variado, indo dos acepipes como a linguiça calabresa servida no palito, aos pratos mais elaborados como o barreado, a feijoada, o churrasco de grelha, os peixes e camarões e frangos feitos das mais diferentes maneiras. Alguns aperitivos inventados por Dona Isaura marcaram, como é o caso do mini pastel, o pastel à milanesa, a casquinha de siri com leite de coco, o bolinho de arroz” (*1)
Seu sucesso maior foi no final dos anos sessenta e decorrer dos setenta.
No final dos anos 1990, o estabelecimento passou a chamar-se Restaurante do Passeio, porém, os frequentadores haviam migrado para outros parques criados no entorno da cidade, ocasionando total declínio.
Em 2018, a Prefeitura iniciou sua demolição justificando "Agora, em mais uma etapa da revitalização do Passeio Público, a ideia é tornar o espaço em uma área comum de convivência. “Trata-se, agora, da implantação da Praça do Passeio, uma área comum de convivência, que visa resgatar a identidade e o valor histórico do local, inaugurado em 1886”, informa a administração municipal.
Um antigo frequentador daquele espaço expressou-se em rede social: “Quem conheceu o Restaurante do Pasquale, conheceu. Quem não conheceu, não vai conhecer mais. Bons tempos de juventude que a gente vinha andar de pedalinho e tomar uma ‘béra’. Saudades que vão ficar”,
(*1 - Extraído de: tribunapr.com.br / Fotos: Arquivo Gazeta do Povo, curitiba.pr.gov.br, tribunapr.com.br)
Paulo Grani

Nenhuma descrição de foto disponível.

Nenhuma descrição de foto disponível.Nenhuma descrição de foto disponível.

Nenhuma descrição de foto disponível.
Nenhuma descrição de foto disponível.

Nenhuma descrição de foto disponível.
Nenhuma descrição de foto disponível.

Nenhuma descrição de foto disponível.
Nenhuma descrição de foto disponível.

Nenhuma descrição de foto disponível.
Nenhuma descrição de foto disponível.

ORIGEM DA EXPRESSÃO "VESTIR A CARAPUÇA"

 ORIGEM DA EXPRESSÃO "VESTIR A CARAPUÇA"


Nenhuma descrição de foto disponível.

Comumente ouvimos alguém dizer “fulano vestiu a carapuça”, ao assumir a culpa de algo errado que fez.
A expressão “vestir a carapuça” tem como origem uma prática do tempo da Inquisição quando a Igreja Católica tinha um tribunal eclesiástico que julgava e punia os hereges. Ao se apresentarem diante do tribunal, os acusados eram vestidos com um chapéu em forma de cone, sobre a cabeça, o qual era chamado "carapazza" = "carapuça", como forma de humilhação e culpabilidade.
Em determinadas situações o acusado, além da "carapuça", também era obrigado a vestir trajes ridículos ou uma túnica, com alguma alegoria relativa a acusação.
Atualmente, quase não se vê alguém vestindo "carapuça" por seus erros. Vemos as pessoas "limpando dedos nas costas dos outros", e dizendo: Não é meu, é de um amigo meu".
Paulo Grani