domingo, 30 de novembro de 2025

Cartão Postal de Curitiba, da primeira década de 1900, intitulado "Estrada da Graciosa - Paraná - Brasil".

 Cartão Postal de Curitiba, da primeira década de 1900, intitulado "Estrada da Graciosa - Paraná - Brasil".




Cartão Postal de Curitiba, da primeira década de 1900, intitulado "Estrada da Graciosa - Paraná - Brasil".

Datam do início do século 18 as primeiras notícias sobre a pioneira Trilha da Graciosa, que deu origem ao trajeto da Estrada da Graciosa. Sua construção iniciou-se logo após a criação da Província do Paraná, por ordem de seu primeiro presidente, Zacarias de Góis Vasconcelos, e concluídas em 1873.

Até a metade do século 20, permaneceu como única estrada pavimentada do Estado, sendo importante rota de escoamento da produção agrícola do Paraná, notadamente café, erva-mate e madeira, ao Porto de Paranaguá e ao Porto de Antonina.

O Trecho Original da Estrada da Graciosa inicia-se na antiga rotatória, no Bairro Atuba, em Curitiba, seguindo pelo bairro de mesmo nome em Pinhais, passando pelas cidades de Campina Grande do Sul e Quatro Barras, onde encontra a PR-410.

(Foto: Acervo Arquivo Público do Paraná)

Paulo Grani 



Cartão Postal de Curitiba, da primeira década de 1900, intitulado "Orphanato do Cajurú - Curytiba (Paraná - Brazil)"

 Cartão Postal de Curitiba, da primeira década de 1900, intitulado "Orphanato do Cajurú - Curytiba (Paraná - Brazil)"





Cartão Postal de Curitiba, da primeira década de 1900, intitulado "Orphanato do Cajurú - Curytiba (Paraná - Brazil)", contempla o
as primeiras instalações do Orfanato de São José fundado em 1907, mantido pelo Provincialado das Irmãs de José de Chambery.

O orfanato ficava no antigo caminho chamado Cahajurú, da língua tupi-guarani que significa "entrada da mata", mais tarde denominado Avenida Capanema, atual Presidente Afonso Camargo.

Em 1885, a Estrada de Ferro Paranaguá-Curitiba passou ao lado desse caminho, como se pode ver na foto, uma locomotiva a vapor flagrada na ocasião.

(Foto: Arquivo Público do Paraná)

Paulo Grani 


Candido Mäder e a Residência da Rua João Negrão: A Grandeza Arquitetônica de uma Família na Curitiba dos Anos 1920

 Eduardo Fernando Chaves:  Projetista

Denominação inicial: Projecto de residência para o Snr. Candido Mäder

Denominação atual:

Categoria (Uso): Residência
Subcategoria: Residência de Grande Porte

Endereço: Rua João Negrão, nº 96

Número de pavimentos: 2
Área do pavimento: 
Área Total: 

Técnica/Material Construtivo: Alvenaria de Tijolos

Data do Projeto Arquitetônico: 1926 - 1927

Alvará de Construção: 

Descrição: Fotografias da residência de Candido Mäder e planta do muro.

Situação em 2012: Demolido


Imagens

1 – Elevação do muro a ser construído.
2 – Fotografia da Residência de Nicolau Mäder na década de 1920.
3 – Detalhe da “rotunda” da residência ainda em construção (década de 1920).

Referências: 

1 – Microfilme digitalizado.
2 e 3 – Coleção Residência Candido Mäder.

Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba; Rosa M.M. de Pauli.

Candido Mäder e a Residência da Rua João Negrão: A Grandeza Arquitetônica de uma Família na Curitiba dos Anos 1920

Na Curitiba dos anos 1920 — uma cidade em plena efervescência urbana, entre trilhos de bondes, chácaras em loteamento e a ascensão de uma elite industrial e comercial — ergueu-se, na Rua João Negrão, nº 96, uma residência que marcava presença não apenas pelo tamanho, mas pela distinção arquitetônica: a casa de Candido Mäder, projetada por Eduardo Fernando Chaves, um dos principais projetistas da época.

Classificada como “Residência de Grande Porte”, essa obra destacava-se em meio à paisagem residencial curitibana por sua imponência, volumetria em dois pavimentos e refinamento construtivo em alvenaria de tijolos — materiais que denotavam estabilidade, prestígio e visão de futuro.


Uma Casa para uma Família de Projeção

O nome Mäder já era conhecido em Curitiba. Associado à indústria farmacêutica — por meio da Farmacêutica Mäder, fundada por Nicolau Mäder, provavelmente parente próximo de Candido — a família simbolizava o sucesso do empreendedorismo imigrante de origem alemã no Paraná. A residência na João Negrão não era apenas um lar; era uma declaração de status social, cultural e econômico.

Embora os registros não especifiquem a área exata da construção, o fato de ter dois pavimentos e conter elementos como uma “rotunda” (espaço circular ou abóbada arquitetônica, raro em residências comuns da época) indica um programa arquitetônico sofisticado: salões de recepção, escadaria nobre, jardins bem delineados e, possivelmente, dependências para empregados.

Um detalhe simbólico e raro: o projeto incluía elevação do muro perimetral, sugerindo preocupação não apenas com a privacidade, mas com a identidade visual do lote. O muro, muitas vezes negligenciado, era aqui parte integrante da composição arquitetônica — uma moldura para a casa.


Eduardo Fernando Chaves: Entre o Técnico e o Artístico

Mais uma vez, o nome de Eduardo Fernando Chaves surge como ponte entre o desejo do cliente e a realidade construtiva. Embora muitas vezes rotulado apenas como “projetista”, sua atuação na residência Mäder revela um domínio técnico-estético compatível com os cânones da arquitetura eclética da Primeira República.

Em um período em que a arquitetura curitibana oscilava entre o vernáculo e o academicismo europeu, Chaves demonstrou habilidade em equilibrar monumentalidade e habitabilidade. A “rotunda” mencionada nas fotografias — captada ainda em construção — sugere influência de estilos neoclássicos ou até renascentistas, adaptados com modéstia ao contexto local.

Sua parceria com famílias como os Mäder revela que, longe de atuar apenas em residências econômicas (como vimos em outros projetos), Chaves também era procurado por elites urbanas para obras de envergadura — o que amplia significativamente seu papel na história arquitetônica da cidade.


Imagens que Sobreviveram à Demolição

Embora a casa tenha sido demolida antes de 2012, felizmente seu legado visual foi parcialmente preservado. O Arquivo Público Municipal de Curitiba guarda:

  1. Elevação do muro — um raro documento de projeto de paisagismo urbano doméstico;
  2. Fotografia da residência de Nicolau Mäder na década de 1920 — possivelmente a mesma propriedade ou residência irmã, dada a proximidade familiar;
  3. Detalhe da “rotunda” em construção — imagem rara que mostra a estrutura em obra, permitindo compreender técnicas construtivas e ritmo de execução.

Esses registros, especialmente a fotografia da rotunda, são preciosos para a história da arquitetura residencial em Curitiba, pois ilustram soluções formais que quase não subsistem no tecido urbano atual.

A menção a Rosa M. M. de Pauli como detentora de parte do acervo também reforça a importância da memória privada na preservação da história urbana — muitas vezes, são famílias, fotógrafos amadores e colecionadores que salvam o que as instituições não conseguem registrar a tempo.


Um Símbolo Perdido, uma História Recuperada

A demolição da residência de Candido Mäder é mais um exemplo do apagamento acelerado do patrimônio arquitetônico residencial do século XX em Curitiba. Não era um palácio, mas era uma casa que contava uma história de integração, sucesso, gosto e identidade cultural.

Seu desaparecimento físico não anula seu valor. Pelo contrário: torna urgente o resgate documental de projetos como este — não apenas como curiosidade histórica, mas como referência para entender como Curitiba se viu, se construiu e se sonhou.


Legado

Candido Mäder, ao encomendar uma residência de grande porte a um projetista de reconhecido talento, investiu mais do que em tijolos e cal: investiu em uma visão de futuro, em pertencimento e em beleza.

Eduardo Fernando Chaves, por sua vez, provou que sua obra abarcava tanto o povo quanto a elite — e que, em ambos os casos, tratava a arquitetura com seriedade, dignidade e arte.

Hoje, ao olhar as fotografias em preto e branco da rotunda em construção, somos convidados a imaginar os passos que ecoavam naqueles corredores, as reuniões sob aquela cúpula, os jantares nas varandas.

A casa se foi. A história, não.

“Grandes cidades não se medem apenas por seus edifícios em pé, mas pelas vidas que abrigaram — mesmo que em ruínas ou memórias.”


Ficha Técnica da Obra

  • Proprietário: Candido Mäder
  • Projetista: Eduardo Fernando Chaves
  • Endereço: Rua João Negrão, nº 96 – Curitiba, PR
  • Período do Projeto: 1926–1927
  • Categoria: Residência de Grande Porte
  • Pavimentos: 2
  • Material: Alvenaria de tijolos
  • Elementos notáveis: Rotunda, muro perimetral projetado
  • Situação em 2012: Demolido
  • Documentação preservada:
    • Microfilme digitalizado (Arquivo Público Municipal de Curitiba)
    • Fotografias da residência e da rotunda em construção (Coleção Residência Candido Mäder / Acervo Rosa M. M. de Pauli)

Randolpho Pereira Gomes e seu Bungalow na Rua Clevelândia: Elegância Acessível em Curitiba nos Anos 1930

 Eduardo Fernando Chaves:  Arquiteto e Construtor

Denominação inicial: Projeto de Bungalow para o Snr. Randholfo Pereira Gomes

Denominação atual:

Categoria (Uso): Residência
Subcategoria: Residência de Pequeno Porte

Endereço: Rua Clevelândia

Número de pavimentos: 1
Área do pavimento: 164,00 m²
Área Total: 164,00 m²

Técnica/Material Construtivo: Alvenaria de Tijolos

Data do Projeto Arquitetônico: 25/06/1934

Alvará de Construção: Nº 636/1934

Descrição: Projeto Arquitetônico para construção de bangalô e Alvará de Construção.

Situação em 2012: Demolido


Imagens

1 - Projeto Arquitetônico.
2 - Alvará de Construção.

Referências: 

1 – CHAVES, Eduardo Fernandes. Projéto de Bungalow na Rua Clevelandia para o Snr. Randholfo Pereira Gomes. Plantas do pavimento térreo e implantação; corte, fachada frontal, projeto de fossa séptica e plano da cobertura apresentados em uma prancha. Microfilme digitalizado.
2 - Alvará n.º 636

Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba; Prefeitura Municipal de Curitiba.

Randolpho Pereira Gomes e seu Bungalow na Rua Clevelândia: Elegância Acessível em Curitiba nos Anos 1930

Em 25 de junho de 1934, em meio a uma Curitiba que se modernizava com bondes, novos bairros e aspirações urbanas, foi assinado um projeto arquitetônico que sintetizava o espírito de uma era: o bungalow de alvenaria de tijolos destinado ao senhor Randolpho Pereira Gomes, na Rua Clevelândia. A assinatura por trás do traço era a de Eduardo Fernando Chaves, arquiteto e construtor cuja atuação marcou profundamente a paisagem residencial da capital paranaense nas primeiras décadas do século XX.

Mais do que uma simples casa, esse bangalô de 164 m² — térreo único, sólido, funcional e estilizado — representava um modelo de moradia que conjugava sofisticação discreta e praticidade, em sintonia com as tendências internacionais adaptadas à realidade local.


O Bangalô: Entre a Tradição e a Modernidade

Popularizado a partir de modelos anglo-americanos e indianos, o bangalô tornou-se símbolo de conforto e bom gosto nas cidades brasileiras do início do século XX. Em Curitiba, sua versão local — muitas vezes em alvenaria de tijolos aparentes ou rebocados, com telhado inclinado, varandas generosas e proporções horizontais — era sinônimo de ascensão social.

O projeto para Randolpho Pereira Gomes não foge a essa regra. Com 164 metros quadrados bem distribuídos em um único pavimento, o bangalô incluía não apenas planta arquitetônica detalhada do pavimento térreo, mas também implantação no terreno, fachada frontal, corte, cobertura e até projeto de fossa séptica — um sinal claro do compromisso de Eduardo Fernando Chaves com a engenharia sanitária e a habitabilidade integral, ainda raras em projetos da época.

O uso de alvenaria de tijolos, em vez da madeira comum nas décadas anteriores, indica uma mudança técnica e simbólica: a casa não era apenas para morar, mas para durar. Era um investimento em estabilidade, em identidade familiar, em pertencimento ao bairro.


Randolpho Pereira Gomes: Um Cidadão da Nova Curitiba

Pouco se sabe sobre a vida pessoal de Randolpho Pereira Gomes — seu nome grafado de forma variada em documentos antigos ("Randholfo" nas pranchas originais) — mas sua escolha por um bangalô assinado por Chaves revela muito. Ele não era um mero ocupante de espaço urbano; era um cidadão engajado em construir seu lugar no mundo, com consciência estética e responsabilidade técnica.

O fato de seu nome constar diretamente no título do projeto — "Projéto de Bungalow na Rua Clevelandia para o Snr. Randholfo Pereira Gomes" — reforça seu papel ativo como cliente exigente e proprietário consciente, participando ativamente do processo construtivo em uma época em que muitos ainda delegavam tudo a empreiteiros sem formação técnica.


Eduardo Fernando Chaves: O Arquiteto das Casas que Contam Histórias

Chaves não era apenas um projetista; era arquiteto e construtor, uma figura híbrida comum na Curitiba pré-profissionalização plena da arquitetura. Sua firma, ativa nas décadas de 1920 e 1930, produziu dezenas de residências econômicas e de pequeno porte, sempre com atenção aos detalhes, à ventilação cruzada, à orientação solar e à integração com o terreno.

Seu traço, embora funcional, carregava toques de identidade: beirais expressivos, molduras discretas, varandas integradas à sala de estar — elementos que transformavam o cotidiano em experiência espacial. No projeto para Randolpho, essas qualidades certamente estavam presentes, mesmo que hoje só possamos imaginá-las através das linhas do microfilme preservado.


O Fim Físico, a Sobrevivência Documental

Infelizmente, assim como tantas outras construções do período, o bangalô de Randolpho Pereira Gomes foi demolido antes de 2012, cedendo lugar, talvez, a um edifício, um estacionamento ou ao simples esquecimento.

Mas sua memória arquitetônica resiste. Graças ao microfilme digitalizado guardado no Arquivo Público Municipal de Curitiba — que contém tanto o projeto quanto o Alvará de Construção nº 636/1934 —, é possível reconstituir, analisar e homenagear essa obra.

Esses documentos não são meros papéis técnicos. São testemunhos de uma cidade que se fez com casas, nomes, sonhos e tijolos.


Legado

Randolpho Pereira Gomes pode ter desaparecido dos registros cotidianos, mas sua casa — ainda que demolida — permanece como exemplo do ideal habitacional da classe média curitibana nos anos 1930. E Eduardo Fernando Chaves, por sua vez, consolida-se como um dos agentes silenciosos da identidade arquitetônica popular de Curitiba.

Juntos, eles representam um capítulo essencial da história urbana não monumental — aquela que não está nos cartões-postais, mas nas ruas, nos lotes e nos arquivos esquecidos que, quando resgatados, contam a verdadeira história de uma cidade.

“Nem toda arquitetura precisa ser preservada em pé. Às vezes, basta que seja lembrada com respeito.”


Ficha Técnica da Obra

  • Proprietário: Randolpho (ou Randholfo) Pereira Gomes
  • Arquiteto/Construtor: Eduardo Fernando Chaves
  • Endereço: Rua Clevelândia, Curitiba – PR
  • Data do Projeto: 25/06/1934
  • Alvará de Construção: nº 636/1934
  • Categoria: Residência de Pequeno Porte
  • Tipo: Bangalô
  • Material: Alvenaria de tijolos
  • Área Total: 164,00 m² (térreo único)
  • Situação em 2012: Demolido
  • Documentação preservada: Arquivo Público Municipal de Curitiba (Projeto e Alvará em microfilme digitalizado)