Londrina – Estação Rodoviária
A Estação Rodoviária, em Londrina-PR, foi tombada por sua importância cultural.
CPC – Coordenação do Patrimônio Cultural
Nome Atribuído: Estação Rodoviária de Londrina – Praça Rocha Pombo
Localização: Praça Rocha Pombo – Londrina-PR
Número do Processo: 53/74
Livro do Tombo: Inscr. Nº 52-II
Uso Atual: Museu de Arte de Londrina
Descrição: No início da década de 1920 o norte do Paraná era ainda região agreste, quase inacessível, de florestas exuberantes e onde poucos pioneiros da colonização se haviam estabelecido. Em 1924, o fato marcante para o desenvolvimento de toda aquela região situada no setentrião paranaense foi, sem dúvida, a visita de Lord Lovat, técnico em agricultura e florestamento que integrava a missão inglesa chefiada por Lord Montagu. Os ingleses estavam interessados em investir no Brasil, principalmente em terras para cultivo de algodão. Entusiasmados com a fertilidade do solo e as possibilidades de desenvolvimento da região, acertaram a constituição de uma sociedade com capital inglês, fundando-se, assim, a Companhia de Terras Norte do Paraná, em 24 de dezembro de 1925, sendo adquiridos cerca de 500 mil alqueires de terras, diretamente do governo do Estado.
Em 1928, a companhia, cujo objetivo inicial era o cultivo do algodão, voltou-se para a colonização das terras adquiridas na margem esquerda do Paranapanema, entre os rios Ivaí e Tibagi. A compra das ações da Companhia Ferroviária São Paulo-Paraná constituiu-se no ponto de partida para o prolongamento dos trilhos para além de Cambará, no Paraná, os que vinham de Ourinhos (São Paulo), trecho que havia sido construído pelos próprios fazendeiros da região, entre 1924 e 1927. Em 21 de agosto de 1929 foi estabelecido o primeiro marco que assinalaria a futura fundação de Londrina, então conhecida como Patrimônio Três Bocas, num projeto ambicioso de colonização elaborado por empresa privada. Em dezembro daquele mesmo ano chegou a primeira caravana de compradores de terras pertencentes à companhia, todos eles japoneses.
Quando os trilhos da São Paulo-Paraná atingiram as barrancas do Tibagi, já existiam mais de 130 quilômetros de boas estradas de rodagem em Londrina, cuja verdadeira data de fundação remonta ao ano de 1931. Desde o ano anterior, entretanto, já se encontravam na região colonos alemães e japoneses procedentes de São Paulo e os primeiros compradores de terras. Em pouco tempo, formaram a população inicial de Londrina, cujo município foi criado por decreto estadual de 3 de dezembro de 1934. Sua instalação oficial se deu no dia 10 do mesmo mês e ano.
O nome Londrina dado à nova cidade surgiu em uma reunião dos fundadores da Companhia de Terras Norte do Paraná, realizada em 1929, com o fim de se escolher um nome sugestivo para a cidade em projeto. Em virtude da ligação existente entre nova povoação e Londres, de onde tinham vindo os fundadores e o capital para o seu desenvolvimento, opinou-se pela denominação “Londrina” , sugestão aceita por unanimidade de votos dos presentes.
Na divisão territorial feita no curso dos anos 1944-1948, o município foi desmembrado, perdendo área de 20.690 quilômetros quadrados, que hoje constitui os territórios dos municípios de Rolândia, Arapongas, Apucarana, Mandaguari, Marialva, Jandaia do Sul, Maringá, Nova Esperança, Paranavaí, Araruva, Mandaguaçu, Astorga, Alto Paraná e outros. Localizada a 576m de altitude em pleno setentrião paranaense, Londrina possui clima quente e úmido e atualmente compreende área de cerca de 2 mil km. Considerada poeticamente “cidade menina”, natural seria que Londrina, expressão pujante do grande desenvolvimento por que passou a região, buscasse, à medida que crescia, soluções novas para velhos problemas e que as traduzisse em modernas formas de arquitetura.
Durante a gestão do prefeito Hugo Cabral (1947-1950), convidou-se o conceituado arquiteto João Batista de Vilanova Artigas para projetar a edificação da Estação Rodoviária da cidade, cujas obras foram concluídas na administração seguinte, a do prefeito Milton Ribeiro de Menezes, sendo inaugurada em 12 de dezembro de 1952. Por suas características, expressão de novos conceitos de arquitetura no que concerne o projeto, construção e utilização de obra pública, foi tombada pelo Patrimônio do Estado em 1975, o mesmo ocorrendo com a praça Rocha Pombo, à qual está paisagisticamente integrada (Processo nº 54, Inscrição nº 53, Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico).
Pelo Decreto nº 32, de 5 de fevereiro de 1985, do prefeito Wilson Moreira, acolhendo sugestão do deputado Márcio de Almeida, a Estação Rodoviária de Londrina passou a denominar-se “João Batista Vilanova Artigas”, homenagem a uma das maiores expressões da moderna arquitetura no Brasil, que em 1948 a projetou, sendo autor, também dos projetos do Fórum do Cine Ouro Verde e do Edifício Autolon. É intenção das autoridades municipais transformá-la futuramente em um Centro Cultural – Museu do Café e Museu de Artes de Londrina -, quando estiverem concluídas as obras da nova Estação Rodoferroviária da Cidade.
É um marco arquitetônico, símbolo da renovação urbana iniciada no final dos anos 40 e intensificada nas décadas seguintes, e com a expansão e verticalização da cidade, em virtude, principalmente, da riqueza que o café e, posteriormente, a soja lhe proporcionaram. Com a modernização, Londrina ganhou feições cosmopolitas, dando-se ênfase à criação de áreas de lazer, praças e jardins. Na Praça Rocha Pombo a nova rodoviária – marco pioneiro da arquitetura moderna no Paraná – substituiu a antiga edificação de madeira, que já funcionava em condições bastantes precárias, no local onde hoje se ergue a Concha Acústica. Possuindo área útil de 4.410m quadrados, e distribuída em planta retangular, a rodoviária se constitui, ainda, em cartão de visita da cidade, pelas linhas arrojadas de sua arquitetura. São, na realidade, três corpos distintos interligados. Um, constituído por abobadilhas de concreto armado sustentadas por pilares que servem de abrigo à plataforma de desembarque dos passageiros e, dois outros, nos quais se situam os serviços e a administração. Esses blocos, contrastados, se harmonizam através da cobertura em laje inclinada que se liga em sua cota mais baixa ao conjunto de abobadilhas, cuja modulação oferece à composição massas bem equilibradas.
Rampas e escadas interligam esses espaços. A fachada norte é vedada com brise-soleils horizontais; e a sul, com vidro. Os aspectos mais notáveis desse projeto estão no contraponto obtido pelo contraste entre as coberturas de concreto armado e na perfeita utilização do concreto e dos panos de vidro das fachadas trapezoidais, fatores que não só dão ao conjunto funcionalidade como, também, leveza plástica. A Praça Rocha Pombo, pelo seu traçado, pela harmonia entre as áreas gramadas, árvores, palmeiras, pinheiros, e o espelho-d’água circular, se integra de maneira expressiva à edificação, ambientando-a, motivo pelo qual foi inscrita no Livro do Tombo como medida complementar à preservação da estação. Em 1993 foi restaurado e adaptado para utilização como centro de exposições de artes plásticas segundo projeto do arquiteto Antonio Carlos Zani.
Fonte: CPC.
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