O ACENDEDOR DE LAMPIÕES
O ACENDEDOR DE LAMPIÕES
Os "Acendedores de Lampiões" entravam em cena no finzinho da tarde, em um tempo quando ainda não havia a eletricidade e a escuridão das noites somente eram aplacadas com o lúmen dos lampiões instalados em poste nas ruas ou fachadas.
Esses trabalhadores saiam pelas ruas com vasilhas de querosene ou óleo e suas varas dotadas de uma esponja na ponta, cumprindo esta rotina, até a última chama ser acesa.
Ao amanhecer, retornavam para apagá-las, limpar os vidros e reabastecer a candeia, quando necessário.
Mais tarde eles foram substituídos por lampiões a gás de carbureto e, por último, à eletricidade.
O poeta Jorge de Lima fez um apreciável registro da figura do acendedor de lampiões, com este poema:
"O ACENDEDOR DE LAMPIÕES
Lá vem o acendedor de lampiões de rua!
Este mesmo que vem, infatigavelmente,
Parodiar o Sol e associar-se à lua
Quando a sombra da noite enegrece o poente.
Um, dois, três lampiões, acende e continua
Outros mais a acender imperturbavelmente,
À medida que a noite, aos poucos, se acentua
E a palidez da lua apenas se pressente.
Triste ironia atroz que o senso humano irrita:
Ele, que doira a noite e ilumina a cidade,
Talvez não tenha luz na choupana em que habita.
Tanta gente também nos outros insinua
Crenças, religiões, amor, felicidade
Como este acendedor de lampiões de rua!"
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Paulo Grani.
Tela de Debret, retratando um acendedor de lampiões, no Brasil, século 19.