Em 1920 era comum em Araucária a presença de moinhos, onde se podia triturar os grãos produzidos na agricultura tais como milho, trigo e centeio.
Do grão ao pão
O pão como um alimento dos mais tradicionais e conhecidos de todos os tempos, passa por inúmeras variações na sua feitura e se apresenta como uma forma das mais conhecidas de manutenção de uma tradição alimentar. Em Araucária, ao menos desde o século XIX, sempre foi forte a tradição de fazer e comer broa ou o pão caseiro.
Trabalho artesanal, o ato de fazer o pão pode envolver tanto o
trabalho familiar como o trabalho de artífices padeiros.
Em 1920 era comum em Araucária a presença de moinhos, onde se podia triturar os grãos produzidos na agricultura tais como milho, trigo e centeio. Em seguida, tanto se utilizando do trigo como do centeio, o processo tinha continuidade com o trabalho familiar de produção caseira das chamadas broas, que envolvia amassar, aguardar o crescimento, sovar e finalmente assar em forno à lenha. Conhecimento transmitido de geração para geração, ainda nos dias atuais, encontramos na região quem dedique um dia todo da semana para a produção artesanal de broas para consumo familiar.
Já da forma mais modernizada, de produção semi-artesanal, também algumas famílias produzem broas para vender e neste quesito são muitas as modificações no processo de produção, o que no entanto não compromete a tradição e contribui para a preservação do costume de comer broa entre famílias que por morar hoje em dia na região de Araucária, foram aos poucos incorporando este hábito alimentar.
O popularmente chamado “pão de padeiro“, vendido nas padarias, também é muito apreciado pela população, especialmente urbana, desde meados da década de 1930. As primeiras padarias as quais encontramos registros em documentos preservados no Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres, foram de propriedade de Henrique Cantador (1936) e Ludovico Kaminski (1937), ambas no Bairro Centro.
Em biografia publicada em novembro de 1994, na Coluna do Jornal Folha de Araucária – Personagens de Araucária em Gente que fez, Gente que faz, assinada por Cezar Trauczynski, o senhor Alceu Cantador conta que:
“Na sua infância estudava e ajudava o seu pai Henrique nos serviços de padaria, que se localizava na Praça Dr. Vicente Machado, (...). Lembra(...) a entrega de pães que fazia pela madrugada aos comerciantes da época Jorge Mansur, Miguel Zdaniak, João Cichon, Michel Saliba, Luiz Karas e outros.
Conta que a entrega era feita diariamente em carrocinha puxada por um cavalo e ainda ia até a estação ferroviária despachar pães, para os seus tios Sílvio Brunatto, de Guajuvira de Baixo e Paulo Cantador, de Balsa Nova.
Essas remessas eram feitas regularmente, não podia falhar, para não prejudicar a freguesia dos seus tios, das vizinhas localidades, que aguardavam diariamente a chegada do trem para comprarem pães fresquinhos e tomarem café.(...)“
(Texto escrito por Cristiane Perretto e Luciane Czelusniak Obrzut Ono - historiadoras)
(Legendas das fotografias:
1 - Antigo Moinho de Salomão Jorge, Colônia Ipiranga, déc.1940
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
2 - Padeiros na Padaria Rosália, de João Kaminski, 1963
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
3 - Irene Baideski amassando broa, 2011
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.)
Antigo Moinho de Salomão Jorge, Colônia Ipiranga, déc.1940
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
Padeiros na Padaria Rosália, de João Kaminski, 1963
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
Irene Baideski amassando broa, 2011
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.