Quem era o homem da máscara de ferro?
O homem da máscara de ferro tem sido um enigma histórico desde o século XVIII. Nascido por volta de 1658, ele se tornou um prisioneiro que pulou pelas instalações mais apertadas da França durante toda a sua vida. Mas durante todo esse tempo, sua identidade permaneceu escondida atrás de uma máscara facial. Várias teorias sobre quem ele era foram lançadas e derrubadas ao longo dos séculos, e apenas algumas se mantiveram firmes até hoje.
O homem foi preso pela primeira vez em Pignerol em 1681. De lá, ele foi de uma prisão para outra, sempre sob alta segurança, até ser transferido para a Bastilha, onde encontrou a morte. Seu túmulo no cemitério de St. Paul continha o nome Marchioly e informava sua idade como "cerca de 45". Mas as especulações sobre seu nome real e origens começaram muito antes de sua morte. Os registros da Bastilha registraram o encarceramento do homem, que foram perseguidos por centenas de pessoas para descobrir a verdade sobre sua vida. Um fluxo constante de literatura derramou-se sobre o mistério do rosto oculto, embora nenhuma das duas obras concordasse com os detalhes essenciais. Mas por que sua identidade foi mantida em mistério e como ela foi mantida?
O Homem da Máscara de Ferro”. Impressão anônima de 1789.
Uma das primeiras menções ao homem da máscara de ferro apareceu em Memoires secrets pour servir a l'Histoire de Perse, de um autor anônimo. Ela supostamente revelou apenas fatos que não estavam disponíveis ao público comum até então, mas, no processo, desencadeou uma controvérsia que explodiu em chamas cujas brasas queimaram até os séculos modernos.
Luís XIV teve um filho legítimo chamado Louis e um filho ilegítimo chamado Gaifer (Louis de Bourbon, conde de Vermandois). De acordo com a história, o homem por trás da máscara era Gaifer. A inimizade entre os irmãos fez com que Gaifer batesse em Louis um dia — um crime que era punível com a morte em circunstâncias normais. No entanto, após muita consideração, o rei decidiu enviar seu filho para o exército, onde sua morte foi forjada pela peste. Gaifer foi transportado para Sainte-Marguerite para uma sentença de prisão perpétua com o máximo de sigilo enquanto o mundo estava de luto em sua lápide.
Para manter o segredo de sua identidade, Gaffer permaneceu velado na frente dos guardas da prisão, bem como do chef que trouxe sua comida. Seus cuidados foram entregues a um único comandante que sabia quem ele era e tinha ordens de matar qualquer um que descobrisse a realidade da situação. Qualquer um que descobrisse a verdade era eliminado, o segredo enviado para o túmulo com ele. Como o comandante foi promovido a governador da Bastilha, Gaffer foi transportado com ele também.
O encarceramento do Homem da Máscara de Ferro, conforme registrado no registro da prisão da Bastilha em 18 de setembro de 1698.
Esta história tinha muitas brechas, no entanto. Por exemplo, os eventos durante o reinado de Luís XIV coincidiram com os desenvolvimentos da história. Mas seu filho Luís nasceu em 1661, e a pista escrita para a prisão de Gaifer, que é uma carta, remonta a 1691. A carta foi escrita quando Gaifer já estava 20 anos na prisão, uma linha do tempo que não coincide com seu ano de nascimento.
No entanto, Voltaire se apresentou algum tempo depois e ilustrou uma rede de eventos que usavam essa mesma teoria como suas raízes. O prisioneiro originalmente usava apenas uma máscara de veludo preto. Foi Voltaire quem descreveu um fecho de ferro na máscara, um que permitia ao prisioneiro comer sem remover sua máscara. Uma coisa que era diferente em seu relato era a história da origem: o prisioneiro não era filho, mas irmão gêmeo de Luís XIV. Junto com grandes descrições físicas, Voltaire adicionou à história detalhes que obteve do médico da Bastilha. Este último havia atendido o prisioneiro muitas vezes, tendo apenas inspecionado sua língua e corpo, mas nunca seu rosto.
No entanto, Voltaire observa que, na época em que o prisioneiro foi enviado para Sainte-Marguerite, não havia notícias de que nenhuma pessoa de alto escalão de interesse tivesse desaparecido do cenário político.
O homem da máscara de ferro em sua cela, esculpindo seu nome em uma placa de estanho. Litografia de Georges René Villain (1854-1930)
Em 1745, uma nova teoria levantou a hipótese de que o homem era um nobre estrangeiro e pai de Luís XIV. Outro historiador, Lagrange-Chancel, relatou mais tarde que o prisioneiro era de fato o Duque de Beaufort, como ele havia aprendido durante seu próprio tempo nas Iles-Sainte-Marguerite. O Duque de Beaufort trouxe muitos desastres para a marinha real durante seu mandato sob Luís XIV, até que ele foi supostamente morto no campo de batalha em Candia. Seu corpo, no entanto, nunca foi recuperado — um fato que convenientemente se alinhava com a história de Lagrange.
O homem da máscara de ferro também se tornou popular nas obras de ficção elaboradas por Alexandre Dumas. Em seu The Vicomte of Bragelonne: Ten Years Later , escrito na década de 1840, o prisioneiro era apresentado como o irmão gêmeo ilegítimo de Luís XIV, assim como Voltaire havia descrito.
Ao longo dos anos, os teóricos modernos rejeitaram todas essas ideias pelas imensas complicações que elas apresentavam. Agora, o prisioneiro se tornou Eustache Dauger, que era um criado. De quem era o criado, ninguém sabe. De acordo com Paul Sonnino, ele era o criado do Cardeal Mazarin, o ministro da França que acumulou vasta riqueza ao arrancá-la astutamente da família real por gerações. No entanto, Eustache sabia de suas más ações e conseguiu dizê-las na hora errada, causando sua prisão.
Um conjunto de perguntas ainda permanece sem resposta, e ninguém sabe ao certo quem, se ele existiu, foi esse homem enigmático. É uma teia de peças políticas, mentiras coniventes e inimizade pessoal que envolve sua história, ou um mero carretel de fofoca social e curiosidade fictícia?
Referências:
# O Homem da Máscara de Ferro
# LiveScience
# The Current: UC Santa Barbara
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