Eu Encontrei Essas Páginas Num Baú de Vó — E Elas Me Contaram a História Real da Curitiba que Ninguém Conta Mais
Eu Encontrei Essas Páginas Num Baú de Vó — E Elas Me Contaram a História Real da Curitiba que Ninguém Conta Mais
Há coisas que só aparecem quando você menos espera. Como aquele baú velho no fundo do sótão, cheio de papéis amarelados, fotos desbotadas, cartas sem resposta. Eu abri um desses baús. E dentro dele, encontrei cinco páginas de um jornal ou revista comercial de 1972 — cada uma delas, uma janela para uma Curitiba que respirava madeira, metal, esforço e sonho.
Não são apenas anúncios. São memórias vivas. São histórias de gente que sonhava, construía, trabalhava, amava — tudo isso em preto e branco, mas com cores intensas.
Na primeira imagem: Haras Rio Verde — O Sonho de Criar Cavalos em Tempos de Glória
A página abre com um título em negrito, centralizado, quase solene: “HARAS RIO VERDE”. Logo abaixo, em letras menores, o nome do proprietário: WILLIAM MUSSI. A composição é densa, dividida em blocos retangulares, cada um com seu próprio mundo.
À esquerda, uma foto em preto e branco, granulada, mas poderosa: um cavalo de pelagem escura, olhar firme, crina ao vento, com o nome “MIL JOY, pastor chefe” escrito abaixo. O cavalo é o protagonista — não apenas um animal, mas um símbolo de nobreza, de força, de tradição.
Ao lado, os dados do haras: Município de Campo Largo — PR — Fone: 8-3297 — Km 16 — Rodovia do Café — Endereço Comercial: Rua 13 de Novembro, 270 — 8º andar, Conjunto 903/04 — Curitiba — Paraná. Um endereço que ainda existe, mas que hoje é apenas um número — enquanto antes, era um destino.
No centro, a lista dos garanhões: MILORD alazão (Fair Trader e Conde), por Bruxelles e Comedista) — COMPUTADOR — Cont. Pr. — CODIGO — OTAWA. Cada nome é uma lenda, cada cruzamento, uma história. E abaixo, a lista dos produtos nascidos em 1972: LEVANTINO, OTAWA, JARALEA, BAHIRENA, TACSA, JOSIE, MELROSE, NINNY, MARCILIANA, HELLENE. Todos eles, machos e fêmeas, com data de nascimento, peso, cor — tudo registrado com precisão quase médica.
E no final, um pequeno detalhe que toca o coração: “William Mussi, titular do Haras, no momento em que o Jockey Club do Paraná comemora o 1º centenário, saúda festivamente toda família turística do país.”. É um convite para a celebração, para a memória, para a vida.
Na segunda imagem: Compensados Mapin S/A — Quando a Madeira Era o Coração da Indústria
A página é dividida em blocos retangulares, cada um com seu próprio mundo. No canto superior esquerdo, o anúncio da Compensados Mapin S/A. O texto é claro: “Indústria manufatureira de compensados e laminados de madeira”. E lista os mercados onde seus produtos são distribuídos: Brasil, Inglaterra, Holanda, Irlanda, Escócia, Estados Unidos, Canadá, Argélia. Um alcance global, em tempos em que o Brasil ainda estava construindo sua identidade industrial.
O endereço? Matriz: Rua Capitão Souza Franco, 1211 — Curitiba — Paraná — Fone: 041-2 24-5411 — Cx. Postal: 942 — 80.000 — Curitiba — Paraná — Brasil. E no canto superior direito, o depósito em São Paulo: Rua Assunção, 200 — Fones: 011-2 237-0143 e 228-2626 — Cx. Postal: 10.670 — 01.000 — São Paulo.
Na parte inferior, a lista das filiais: Km 28 — Red. Pitanga — Guarapuava — PR — Red. Pato Branco — Três Pinheiros — Mandaguaçu — PR — Red. Cuiabá Acre — Várzea Grande — MT — Rua Assunção, 200 — São Paulo — SP — Km 5 — Rodovia do Café — Curitiba — PR. Cada local é um ponto no mapa da indústria brasileira — uma rede de produção, de transporte, de crescimento.
E no final, a lista das fábricas: Rod. do Café (Km 5) — Fone: 24-5412 — Campo Comprido — Curitiba — PR — PASSO DO JACU — Km 28 — Estrada Planície Mun. de Guarapuava — Mangueirinha. Cada nome é uma história, cada endereço, um capítulo.
Na terceira imagem: “Volta ao Mundo” — Quando o Sofá Era um Símbolo de Status
A página abre com um título em negrito, centralizado, quase solene: “‘Volta ao Mundo’ marca sua personalidade.”. Logo abaixo, um texto curto, mas poderoso: “Você sabe. A primeira impressão é a que fica. Sua casa, seus móveis, a roupa que você veste mostram que maneira de ser. Seu gosto apurado quando você compra móveis com a marca VOLTA AO MUNDO. Que lançou a nova linha ‘73 Categoria Exportação’. E tem exclusividades em suas criações. Adquira os legítimos móveis Volta ao Mundo. Revestidos com material nobre. Mostre que sabe o que quer.”.
O texto é quase poético. Fala de estilo, de personalidade, de status. E ao lado, uma ilustração em preto e branco, com linhas finas e precisas: um conjunto de sala de estar completo — sofá, poltrona, mesa de centro, aparador, luminária. Tudo em estilo moderno, com formas retas, linhas limpas, design funcional.
No canto inferior esquerdo, o logotipo da empresa: “volta ao mundo ltda”, com uma silhueta de globo e o slogan “móveis”. E no canto inferior direito, uma série de pequenos desenhos: cadeiras, mesas, armários, camas — todos com o mesmo estilo, a mesma identidade.
É um anúncio que vai além da venda. É um convite para a vida, para o conforto, para o bom gosto. É um retrato de uma época em que o lar era o refúgio, o espaço de expressão, o lugar onde se construía a identidade.
Na quarta imagem: Haras Santarém — O Legado dos Cavalos que Marcaram uma Geração
A página começa com um título em negrito: “HARAS SANTARÉM”. E logo abaixo, em letras menores, o nome do proprietário: Dr. SYLVIO BERTOLI. A composição é densa, dividida em blocos retangulares, cada um com seu próprio mundo.
À esquerda, uma ilustração em preto e branco, simples, mas poderosa: um cavalo de perfil, com crina ao vento, sobre um fundo branco. O cavalo é o protagonista — não apenas um animal, mas um símbolo de nobreza, de força, de tradição.
Ao lado, os dados do haras: Campo Comprido — Curitiba — Propriedade: Dr. SYLVIO BERTOLI — Horas: 23-5807 — Resid.: 23-8000 — Escrit.: 22-1311 e 24-1311. Um endereço que ainda existe, mas que hoje é apenas um número — enquanto antes, era um destino.
No centro, a lista dos garanhões: SANT ROI — INGLATERRA, castanho — por Agressor e Person Rose, por Person Gulf e Forecourt (Arrendado em exclusividade da Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo) — FAS — SÃO PAULO, alazão, por Albergo e Zaja, por Sayn e Hay Harvest — VIVAT REX — INGLATERRA, castanho, por Vimy e King’s Wel, por Naturalist e Messe — por Double Jay e Our Fleet, por Court Fleet e Duchess Anita — (do proprietário) — TWINSY — U.S.A., castanho, por Double Jay e Our Fleet, por Court Fleet e Duchess Anita — (do proprietário). Cada nome é uma lenda, cada cruzamento, uma história.
E no final, um pequeno detalhe que toca o coração: “Painel de águas selecionadas, nacionais e importadas. Todas as 3 primeiras gerações do Haras produziram bons ganhadores destacando-se entre outros: SIFERO e LABETH, o semi-clássico SIMPOLO e o clássico SUPERNO.”. É um convite para a celebração, para a memória, para a vida.
Na quinta imagem: 2º Congresso Florestal Brasileiro — Quando a Madeira Era o Coração da Economia
A página começa com um título em negrito: “2º CONGRESSO FLORESTAL BRASILEIRO — SETOR MADEIREIRO”. E logo abaixo, um anúncio em negrito: “SERRARIA SÃO PASQUAL LTDA.”. O texto é claro: “Madeiras serradas beneficiadas — Pasta Mecânica”. E lista os dados da empresa: Escritório: Rua Pedro Grosso, 1377 — (Capão Raso) — Fone: 22-8636 — Caixa Postal: 9094 — CURITIBA — PARANÁ.
No centro, um pequeno texto de agradecimento: “Congratulamo-nos com as autoridades e participantes do 2º Congresso Florestal Brasileiro.”. E assinado por Osmar Breddan — Sócio-Gerente.
Na parte inferior esquerda, o anúncio da Indústrias Reunidas Igação S/A. O texto é curto, mas direto: “Escritório e Depósito em Curitiba — Matriz: Curitiba — PR — Serrarias em: Palmas — PR — Olinda — PR — Vila Nova de Palhoça — SC — Exportação: Foz do Iguaçu — PR”. Cada local é um ponto no mapa da indústria brasileira — uma rede de produção, de transporte, de crescimento.
E no canto inferior direito, o anúncio da M. Rosenmann Joalheiros. O texto é curto, mas emocionante: “Dê um presente de amor neste Natal. Pequeno em tamanho, grande em valor. ‘Que dure mais que a vida!’ E conheça as belíssimas coleções de peças, com diamantes, criadas pelos mais famosos estilistas.”. É um convite para o amor, para a celebração, para a vida.
Essas páginas não são apenas documentos. São janelas. Cada nome, cada número de telefone, cada traço de caneta ou tinta de impressora é um fio que nos conecta a uma Curitiba de sonhos modestos, mas profundos. Uma cidade que crescia com suor, fé e trabalho — não com algoritmos, mas com humanidade.
E talvez, ao relembrar tudo isso, não estejamos apenas olhando para trás. Talvez estejamos encontrando, nas entrelinhas do passado, o caminho de volta para o que realmente importa.
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