Benedicta Leocádia Nascimento Nascida em 1878 - Curitiba, Paraná, Brasil Falecida a 7 de outubro de 1921 (sexta-feira) - Curitiba, Paraná, Brasil, com a idade de 43 anos
Benedicta Leocádia Nascimento: A Mãe de Cinco Almas em Tempos de Luto e Luta em Curitiba
Nasceu em 1878, em meio às colinas suaves e ruas de terra batida de Curitiba, capital ainda sonolenta de um Paraná em construção. Benedicta Leocádia Nascimento — mais tarde conhecida como Benedicta Leocádia do Nascimento Labanca — veio ao mundo filha de João Alves e Maria Eliza Alves, casal que, como tantos outros da época, buscava prosperidade e dignidade nas margens do século XIX que se encerrava com as marcas da escravidão e da imigração europeia.
Sua infância transcorreu em um Brasil em transformação — entre tradições rurais e os primeiros sinais da modernidade urbana. Aos seus olhos, Curitiba crescia: a estrada de ferro avançava, as igrejas ganhavam novos sinos, e as famílias tradicionais se entrelaçavam por laços matrimoniais, negócios e devoção. Benedicta, no entanto, não nasceu para os holofotes. Sua grandeza residia em outro lugar: na maternidade, na resistência silenciosa e no sacrifício cotidiano.
Aos 32 anos, em 1910, ela contraiu matrimônio com Natal (Natale) La Banca, homem de origem provavelmente italiana — comum entre os imigrantes que chegavam ao sul do Brasil naquele período — e que, segundo os documentos, era natural do próprio Paraná. O casamento, celebrado em Curitiba, marcou o início de uma das fases mais intensas de sua vida: a formação de uma família numerosa em tempos de incerteza.
Nos onze anos seguintes, Benedicta deu à luz cinco filhos, cada nascimento um ato de coragem diante das precariedades da medicina e da vida doméstica na primeira década do século XX:
- José Maurício La Banca, nascido em 1911 — embora o registro de óbito de 1921 indique que ele teria 15 anos, o que o situaria como nascido em 1906, sugestão de que poderia ser filho de um relacionamento anterior ou haja discrepância nos registros. De qualquer forma, foi criado como filho legítimo por Benedicta, o que revela sua vocação materna além dos laços biológicos.
- João Leocádio La Banca, nascido em 1914 — que mais tarde viveria até os 73 anos, falecendo em 1987.
- Jovito Labanca, nascida em 1915 — cujo nome, incomum para uma menina na época, carregava talvez uma homenagem familiar ou um gesto de singularidade em meio à tradição.
- Maria Labanca Dotti, nascida em 1917, que desafiaria o tempo e viveria até 2007, tornando-se uma das guardiãs vivas da memória da mãe.
- Walfrida Labanca Bayer, nascida em 1919, com apenas dois anos de idade quando perdeu a mãe.
Cuidar de cinco crianças em uma casa da Curitiba dos anos 1910 exigia força sobre-humana. Sem geladeiras, antibióticos ou redes de apoio modernas, Benedicta enfrentava o dia a dia com as mãos calejadas pelo trabalho doméstico, o coração apertado pelas noites sem sono e os olhos sempre atentos ao bem-estar de cada um. Ainda assim — e apesar de constar que o casal se divorciou (fato raro e socialmente delicado na época, especialmente para mulheres católicas) — ela seguiu adiante, criando os filhos com dignidade.
Mas o destino lhe foi cruel.
Em 7 de outubro de 1921, uma sexta-feira, Benedicta Leocádia faleceu em sua residência na Rua 13 de Maio, nº 188, em Curitiba. Tinha apenas 43 anos. Segundo o atestado médico do Dr. Vermond de Lima, a causa provável foi úlcera de estômago — doença que, na ausência de tratamentos eficazes da época, podia evoluir rapidamente para hemorragias fatais, especialmente em corpos desgastados por gestações sucessivas e estresse contínuo.
Seu óbito foi registrado no Livro de Óbitos de Curitiba (julho de 1921 a fevereiro de 1922), folha 85, termo nº 29.439, por Annibal Pires, que declarou perante o cartório:
“[…] faleceu provavelmente de úlcera de estomago Benedicta Leocádia do Nascimento Labanca com quarenta e três anos de idade, natural deste Estado, residente nesta cidade; que era casada com Natale Labanca natural deste Estado; que não deixou testamento e deixou cinco filhos legítimos.”
Nenhum testamento — porque sua herança não estava em bens materiais, mas nas vidas que gerou.
Seus filhos tinham, naquele outono de 1921:
- José, cerca de 15 anos;
- João, 10 anos;
- Maria, 8 anos;
- Jovito, 6 anos;
- Walfrida, apenas 4 anos.
Imaginar o impacto da perda de uma mãe tão jovem, em plena flor da vida, é mergulhar na dor de uma geração órfã de afeto materno num tempo em que as mulheres eram o centro gravitacional dos lares. Benedicta não viu seus filhos casarem, não embalou netos nos braços, não celebrou aniversários ou festas juninas futuras. Mas seu sangue, seu nome e sua força persistiram.
João Leocádio viveria até 1987, tornando-se coluna de outra família.
José Maurício, até 1977, carregando o peso do primogênito.
Maria Labanca Dotti, a mais longeva, chegaria ao século XXI — testemunha viva do legado de uma mãe que partiu cedo demais.
Walfrida e Jovito, embora com destinos menos documentados, também contribuíram para a teia genealógica que hoje se estende por Curitiba e além.
Benedicta Leocádia Nascimento Labanca não foi heroína de livros, mas de lares.
Não teve estátuas, mas descendentes.
Não deixou cartas, mas exemplos.
Sua vida foi breve, mas intensa — como um raio de sol que atravessa uma nuvem escura por apenas um instante, mas o suficiente para iluminar o caminho dos que vêm depois.
Hoje, ao resgatar sua história, não apenas honramos uma mulher do povo curitibano, mas reconhecemos o valor silencioso de todas as mães que construíram o Brasil com o suor do corpo e o sangue do coração.
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- Nascida em 1878 - Curitiba, Paraná, Brasil
- Falecida a 7 de outubro de 1921 (sexta-feira) - Curitiba, Paraná, Brasil, com a idade de 43 anos
Casamento(s) e filho(s)
- Casada em 1910, Curitiba, Paraná, com Natal (Natale) La Banca 1881-1955 , divorciados tiveram
José Maurício La Banca 1911-1977- João Leocádio La Banca 1914-1987
Jovito Labanca 1915- Maria Labanca Dotti 1917-2007
- Walfrida Labanca Bayer 1919
Notas
Notas individuais
Benedicta Leocádia do Nascimento Labanca, óbito em 7 de outubro de 1921, livro de óbitos de Curitiba de Julho de 1921 a fevereiro de 1922, Folha 85, óbito 29.439, imagem 96 no seguinte inteiro teor:
Número vinte e nove mil, quatrocentos e trinta e nove. Aos oito dias do mês de outubro do ano de mil novecentos e vinte e um, em meu cartório compareceu o Senhor Annibal Pires, que exibindo atestado médico do Dr. Vermond de Lima, declarou que ontem de dia, na rua 13 de maio número 188, faleceu provavelmente de úlcera de estomago Benedicta Leocádia do Nascimento Labanca com quarenta e três anos de idade, natural deste Estado, residente nesta cidade; que era casada com Natale Labanca natural deste Estado; que não deixou testamento e deixou cinco filhos legítimos, seguintes: José com quinze anos de idade, João com dez anos de idade, Maria com oito anos de idade, Jovito com seis anos de idade e Alfrida com quatro anos de idade; que era filha legítima de João Alves e de Maria Eliza Alves; que o corpo vai ser sepultado no Cemitério Municipal. Do que para constar mandei lavrar este termo que lido e achado conforme subscrevo e assino com o declarante.
Pelo óbito, José era de 1906, João de 1911, Maria de 1913, Jovito de 1915 e Alfrida de 1917.
É filha de João Alves e Maria Eliza Alves.
Nascimento
Casamento
Nascimento de um filho
Nascimento de um filho
Nascimento de uma filha
Nascimento de uma filha
Nascimento de uma filha
Morte
Descendentes de Benedicta Leocádia Nascimento
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