sábado, 31 de março de 2018

Rua São Francisco

Rua do Fogo, atual São Francisco, surge com o crescimento da vila de Curitiba para o norte. Inicialmente, estabelece ligação entre a antiga capela do Terço, atual Igreja da Ordem Terceira de São Francisco das Chagas, e a capela da Irmandade dos Pretos, onde hoje se encontra a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos de São Benedito. Prolonga-se, mais tarde, colina abaixo até a Rua Garibaldi, hoje Presidente Faria.
No final do século XIX, a Rua São Francisco recebe, juntamente com boa parte das vias e praças centrais, calçamento "a paralelepípedos". Neste período, o logradouro já apresenta vários estabelecimentos comerciais e de prestação de serviço. O "Almanach do Paraná" de 1900 relaciona o funcionamento, nas quatro quadras da São Francisco, de um escritório de advocacia, dois bilhares, um botequim, duas barbearias, quatro armarinhos, uma funilaria, dois armazéns, dois hotéis, duas relojoarias, uma fábrica, um escritório comercial de erva-mate, uma camisaria e loja de calçados, uma serralheria e duas selarias link (3) anúncios.
Ao longo do século XX, outros estabelecimentos passam a atender na tradicional rua, como a Papelaria João Haupt link (4) anúncio e a Casa de Saúde São Francisco link (5) anúncios. Ali também surgem várias pensões para receber os estudantes da Universidade do Paraná.
Atualmente, percorrer a Rua São Francisco é passar pela história de Curitiba. A estreita rua, ainda do período colonial, mantém o paralelepípedo colocado no final do século XIX e alguns sobrados da passagem para o XX. Mas também estão ali edificações de referência déco, arranha-céus modernistas e construções contemporâneas.
Além do testemunho histórico, urbanístico e arquitetônico, a São Francisco mostra que é possível conviver com o tempo, sem ter seu espaço deteriorado e abandonado. Ela é uma rua viva, múltipla, que abriga atividades culturais, comerciais, de serviços e de lazer. Recentemente, foi revitalizada: o casario antigo foi pintado, a fiação aérea retirada, o calçamento do passeio refeito e colocadas novas e elegantes luminárias. As ações valorizam o patrimônio edificado e a paisagem urbana da São Francisco, reconhecendo sua importância na história de Curitiba.
Em 2014, foi inaugurada a Praça do Bolso do Ciclista em um terreno abandonado na esquina da Rua Presidente Faria, onde começa a São Francisco, parada obrigatória para os adeptos das pedaladas. Na última quadra desta rua, no coração do Setor Histórico, encontram-se três edificações importantes na história da cidade: a Casa da Memória, a Casa Romário Martins e a Igreja da Ordem link (6) fotos.

Rua XV de Novembro

Em 1857, a então Rua das Flores possuía apenas três quadras, entre as atuais ruas Dr. Muricy e Barão do Rio Branco. Era estreita, sem pavimentação e iluminada apenas por dois lampiões, localizados próximos ao Palácio do Governo Provincial. Ali também estavam instalados dois armazéns de secos e molhados, duas lojas de alfaiates, uma casa de bilhar, uma casa que alugava cavalos e, no número 13, a redação do Jornal Dezenove de Dezembro.
No início da década de 1870, com a construção da Estrada do Mato Grosso, a rua das Flores é estendida até a atual Praça Osório e, no final do século XIX, chega à Praça Santos Andrade. Para que o prolongamento se efetivasse, foi necessário aterrar os terrenos pantanosos que a cercavam. A partir deste momento, a Rua das Flores passa a receber melhoramentos contínuos: nivelamentos, macadamização, iluminação e trilhos para a circulação dos bondes puxados à mula. Na medida em que a cidade cresce, aumentam também as atividades comerciais e os serviços localizados na agora Rua XX de Novembro. Ali acontecem, desde o início do século XX, manifestações políticas, festividades, desfiles de autoridades e eventos. A importância da rua é reconhecida e, desde 1905, juntamente com a Praça Tiradentes e a Rua da Liberdade (atual Barão do Rio Branco), ela é submetida a uma legislação especial que impõe um padrão construtivo mais elaborado se comparado às demais regiões da cidade. Em 1912, Nestor Vitor a compara com a Rua do Ouvidor, coração da capital da República.
É a primeira rua asfaltada da cidade, pavimentação inaugurada com grande festa em 19 de dezembro de 1926. O asfalto é aclamado na época como uma conquista do progresso e da civilização. Simultaneamente, ocorre o alargamento e o alinhamento do trecho entre a Dr. Muricy e a Luiz Xavier.
Ao longo dos anos, a Rua XV de Novembro consolida-se como ponto de encontro da população, que ali trabalha, mora e passeia. É o local dos cinemas, dos bancos, da Casa Louvre, do Café Trocadero, do Restaurante Paraná, da Livraria Ghignone, das confeitarias Shaffer e das Famílias.
Na esteira da implementação do Plano Diretor de 1966, algumas ações fundamentais são empreendidas no centro da cidade. Uma das principais é a implantação do calçadão da Rua das Flores, espaço pioneiro no Brasil destinado à circulação exclusiva de pedestres, em 20 de maio de 1972. Em seguida, no ano de 1974, ocorre o tombamento pelo Patrimônio Estadual da paisagem urbana do trecho da Praça Osório, Avenida Luís Xavier, Rua XV de Novembro e Praça Santos Andrade.
A Rua XV de Novembro permanece sendo um dos pontos turísticos e culturais mais importantes de Curitiba.

Complexo Cultural Solar do Barão

O complexo cultural Solar do Barão reúne unidades da Fundação Cultural de Curitiba relacionadas às artes gráficas: o Museu da Fotografia, o Museu da Gravura, o Museu do Cartaz e a Gibiteca, além de salas de exposições, utilizadas para mostras de artistas nacionais e internacionais. Também estão disponíveis ateliês de gravura, a Loja da Gravura, o Centro de Documentação e Pesquisa Guido Viaro e a Sala Scabi.
O conjunto arquitetônico é formado pelo Solar do Barão, o Solar da Baronesa e anexos. O primeiro edifício foi construído entre 1880 e 1884 para a família de Ildefonso Pereira Correia, o Barão do Serro Azul. O projeto arquitetônico é de autoria de Ângelo Vendramin e Batista Casagrande. Em 1894, após o fuzilamento do Barão durante a Revolução Federalista, foi construída, ao lado do Solar, uma residência para a Baronesa e seus filhos, respeitando os princípios formais da primeira edificação. O Exército Nacional ocupou o imóvel de 1912 a 1975, quando foi adquirido pela Prefeitura Municipal de Curitiba interessada em sua preservação. Neste ano, o arquiteto Cyro Correia de Oliveira Lyra coordenou a reciclagem do conjunto arquitetônico para abrigar o complexo cultural Solar do Barão, que foi inaugurado em novembro de 1980 para promover a criação, a experimentação, a preservação e o exercício da arte. O espaço foi tombado pelo Patrimônio Estadual em 1978 e é uma Unidade de Interesse de Preservação de Curitiba.

Espaço Cultural BRDE - Palacete dos Leões

O Palacete dos Leões foi construído em 1902 para abrigar o casal Agostinho Ermelino de Leão Junior e Maria Clara de Abreu Leão e seus filhos. O projeto é do engenheiro Candido Ferreira de Abreu, cunhado de Leão Junior.
Após a instalação do Passeio Público, em 1886, o Boulevard 2 de Julho (depois Avenida Joao Gualberto) torna-se, paulatinamente, endereço elegante. O Palacete dos Leões, no início do século XX, passa a compor uma paisagem com suntuosas residências, como a Mansão das Rosas e a Casa das Ferraduras. Por sua imponência e suntuosidade, a edificação, de orientação neoclássica, é escolhida para hospedar o Presidente da República, Afonso Augusto Moreira Pena, durante a sua visita a Curitiba, em 1906.
Em 1984, o Palacete dos Leões, que até então permanecia como moradia da família, é adquirido pelo IBM do Brasil. Em parte do terreno de 9.308.670 m² é construído o edifício-sede da empresa. O antigo casarão é restaurado e transforma-se em um espaço cultural.
Atualmente, o conjunto arquitetônico pertence ao BRDE – Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul, que em 2005 reabriu o Palacete dos Leões, mantendo sua finalidade cultural. O espaço é tombado pelo Patrimônio Estadual em 2003 e é uma Unidade de Interesse de Preservação de Curitiba.

Casa Romário Martins

A história da Casa Romário Martins está estreitamente ligada à da sua sede, uma das últimas construções do século XVIII existentes em Curitiba, situada no coração do Setor Especial Histórico de Curitiba.
A edificação é utilizada como moradia até o início do século passado, quando passa a abrigar o armazém de secos e molhados de propriedade de Guilherme Etzel e, a partir de 1930, o armazém do Roque. Mantém atividades comerciais até sua desapropriação, em 1970, pela Prefeitura Municipal de Curitiba. É incorporada ao patrimônio da cidade, em 18 de setembro de 1972, restaurada e inaugurada em 14 de dezembro de 1973. Neste momento, a Casa Romário Martins passa a sediar o primeiro núcleo voltado à preservação dos suportes da memória de Curitiba.
A edificação e sua instituição tornam-se símbolos da política de preservação do patrimônio edificado da cidade, cujas ações são iniciadas na década de 1970. A partir da criação da Casa da Memória, em 12 de maio de 1981, passa a ser um espaço de exposições ligadas à história e à cultura curitibana. É uma Unidade de Interesse de Preservação de Curitiba.

sexta-feira, 30 de março de 2018

Teatro do Paiol

Em 31 de outubro de 1907 é concluído o segundo Depósito de Inflamáveis em Curitiba, localizado nas imediações do Prado de Corridas e da linha férrea. O primeiro, de 1874, estava situado na região do "Água Verde".
O Paiol de Pólvoras, como era conhecido, mantém sua finalidade inicial até 1917, momento em que passa a servir como depósito de material inservível e de arquivos da prefeitura. Na década de 1960, ali é instalada a Usina de Asfalto.
A ideia de aproveitar o antigo paiol de pólvora para nele construir um teatro de arena partiu da própria classe artística, liderada pelo diretor teatral Oraci Gemba. A proposta, apresentada à Prefeitura, é viabilizada no início dos anos de 1970, na esteira das intervenções urbanísticas e de preservação do patrimônio edificado orientadas pelo Plano Diretor de 1966. O projeto de reciclagem do antigo edifício é do arquiteto Abrão Anis Assad.
O Teatro do Paiol teve duas inaugurações: a primeira, em 27 de dezembro de 1971, na estreia do show Encontro, com Vinícius de Moraes, Toquinho, Marília Medalha e do Trio Mocotó. Neste momento, foi apresentada a canção inédita “Paiol de Pólvora”, que acabou definindo o nome a ser dado ao teatro. A segunda inauguração ocorre em cerimônia oficial no dia 29 de março de 1972, com a presença do então Ministro da Educação e Cultura, Jarbas Passarinho.
O Teatro do Paiol é um dos marcos arquitetônicos e culturais de Curitiba e uma Unidade de Interesse de Preservação de Curitiba.