CURITIBA TEVE O PRIMEIRO PAPAI NOEL NEGRO DO BRASIL
CURITIBA TEVE O PRIMEIRO PAPAI NOEL NEGRO DO BRASIL
Na noite de Natal, na espera da Missa do Galo da Catedral, que tinha início religiosamente á meia-noite, acontecia a Marujada. Era uma festa popular, onde os participantes, vestidos de marinheiro, dançavam ao som de rabeca, viola e tambores. Não havia cantos na Marujada.
Apesar de não se ter registro é possível que, nas festas de Natal em Curitiba, entrasse também a Folia de Reis começava na véspera do Natal, com os músicos levando uma bandeira de casa em casa e pedindo dinheiro para a festa.
Na Catedral, como em outras igrejas, montavam-se Presépios. O hábito se popularizou, os presépios entraram nas casas, a principio nas mais ricas, depois mesmo nas mais modestas, graças a industrialização e sua feitura em menor tamanho. Já neste século, presépios mecanizados eram montados nas vésperas do Natal. Para vê-los pagava-se entrada.
Os imigrantes troxeram São Nicolau e seu Clone, o Papai Noel, e mais os hábitos de enviar cartões de Boas Festas, de montar a árvore e de dar presentes, principalmente para as crianças. Nada disso existia no Natal brasileiro. Não se faziam brinquedos em Curitiba.
Teriam sido os italianos de Santa Felicidade que iniciaram a feitura de carrinhos de boneca em vime, os primeiros brinquedos aqui produzidos. A Metalúrgica Müller fabricava pés metálicos para sustentar as árvores de Natal que, antigamente, eram mais robustas que as de hoje. Os brinquedos e enfeites das árvores de Natal eram importados. A casa Amhoff, de imigrantes alemães, na Rua S. Francisco, tinha a maior variedade e até a década dos 70, exibia, no mês de dezembro, aquele célebre Papai
Noel mecanizado, a bater com sua varinha na vitrine.
Papai Noel não custou muito a se popularizar, apesar de que no começo assustava as crianças com suas reprimendas e exigências de boas notas na escola antes de entregar os presentes. Com sua popularização, o Papai Noel passou a presentear também os adultos, o que agradou ao comércio, iniciando a multiplicação de Papais Noel de porta de loja para ajudar as vendas.
O famoso propagandista de rua, "Bataclã", ao que se saiba, foi o primeiro Papai Noel negro da história do Brasil.
Antes os Papais Noel caseiros eram feitos por titios complacentes. Atualmente, na falta deles, os Irmãos Queirolo fornecem Papais Noel à granel, a domicílio.
Com a comercialização do Natal, as lojas começaram a caprichar na decoração natalina, transformando a cidade num presépio de luzes. O comerciante Hermes Macedo decorava o grande jardim de sua casa no Batel e toda Curitiba ia ver.
Hoje, o Natal curitibano é quase igual ao europeu, ou americano. Só falta neve.
Mas do jeito que o tempo anda, a neve pode cair ainda hoje. Aí fica igual. "
( Texto do escritor Valêncio Xavier, publicado em Histórias de Curitiba / Foto ilustrativa: g1.globo.com)
Paulo Grani
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