RELEMBRANDO A ANTIGA ESTAÇÃO RODOVIÁRIA DE CURITIBA
Era o ano de 1965
RELEMBRANDO A ANTIGA ESTAÇÃO RODOVIÁRIA DE CURITIBA
Enquanto aguardávamos o horário de partida do ônibus, ele levou-me até um box da estação onde serviam cafés e sanduíches e pediu dois cafezinhos para nós. Logo fomos servidos no balcão, então ele adoçou o meu cafezinho e serviu-me.
Era acostumado a tomar o café caseiro que era passado no coador e depois ficava no bule esperando os membros da família chegarem à mesa. Então, inexperiente com as tecnologias da capital, levei a xícara à boca e dei um bocado como aquele que fazia em casa. Instantaneamente senti o café queimar a boca; desesperado, pensei, não posso dar vexame, então, deixei o café pelar.
Até a pele do céu da boca, soltou-se! Depois, percebi que o café era feito numa máquina toda brilhante, que saía vapor, leite quente e café pelando, coisa estranha e desconhecida para um menino do interior, não sabia que aquele café era servido quase fervendo.
Mas, voltando para a Estação Rodoviária, naquela oportunidade pude conhecê-la rapidamente. Lembro-me que ela tinha varias boxes, onde eram vendidos produtos e alguns serviços prestados. Além do balcão de sanduíches e café queeeente, lembro-me das agências de passagens, banca de jornais e revistas, frutaria, barbearia, pequeno armazém, mercearia, farmácia, etc.
Pois bem, aquela importante edificação fica no local que já foi conhecido como Largo do Ventura e hoje chama-se Praça Senador Correia, tendo como principal cruzamento as ruas João Negrão e André de Barros.
A Estação Rodoviária foi projetada pelo célebre arquiteto Rubens Meyster, inaugurada em 1956, e cumpria sua maior finalidade recepcionando os ônibus que faziam as linhas municipais para as grandes cidades paranaenses e até algumas capitais do país.
À frente dos boxes, havia um amplo corredor e, mais à frente, havia uma pequena mureta que, por fora, abrigava uma fileira de bancos de concreto, desenhados anatomicamente, onde os usuários podiam aguardar seu ônibus.
Logo à frente dos bancos, os ônibus estacionavam enfileirados em diagonal ao meio-fio de alinhamento e, lado-a-lado, formavam os pontos de embarque/desembarque, os quais eram parcialmente abrigados por uma laje que projetava-se do centro da edificação.
À frente dessa linha, abria-se um amplo pátio calçado com paralelepípedos, que servia para circulação e manobra dos ônibus e que ia até a divisa da Igreja Nossa Senhora de Guadalupe, adjacente ao conjunto.
A Estação Rodoviária funcionou assim até 1972, quando foi construída a Estação Rodoferroviária de Curitiba, para onde migraram todas as linhas de ônibus estaduais e interestaduais.
Nos anos 1980, esse pátio foi replanejado e ao meio dele recebeu um novo eixo coberto, paralelo aos antigos pontos de embarque, cujo conjunto passou a receber os ônibus das linhas que seguem para as cidades da região metropolitana de Curitiba.
Assim, ela passou a ser chamada de Terminal Guadalupe, por onde, hoje, passam cerca de 270 mil pessoas.
Paulo Grani
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