Curitiba nos Anos 40 e 60: Entre a Ópera Cômica de Paris, o Casino Ahú e a Moda que Definiu uma Geração
Curitiba nos Anos 40 e 60: Entre a Ópera Cômica de Paris, o Casino Ahú e a Moda que Definiu uma Geração
Imagine Curitiba em 1942. A cidade ainda é pequena, mas já sonha grande. Enquanto o mundo enfrenta a Segunda Guerra Mundial, aqui, nas salas de cinema, nos teatros e nas revistas sociais, a vida segue com elegância, glamour e um toque de modernidade europeia.
Hoje, mergulhamos em edições raras de publicações curitibanas dos anos 40 e 60 — verdadeiros diários da sociedade da época. Neles, encontramos anúncios que revelam o cotidiano, fotos que contam histórias e textos que nos fazem sentir o pulso da cidade em transformação.
Vamos percorrer página por página, descobrindo quem eram os protagonistas dessa cena, o que movia suas escolhas e como Curitiba se construía entre tradição e modernidade.
Página 1: Da Ópera Cômica de Paris ao Casino Ahú — O Glamour Chega à Capital
Na primeira página, o destaque é Juliana Yanakiewa, bailarina de classe, que chega a Curitiba trazendo consigo a sofisticação da Ópera Cômica de Paris. O texto diz:
“Juliana Yanakiewa é bailarina, na primeira vez que se impõe ao público curitibano... sua técnica, seu porte, sua expressão e seu encanto são admiráveis.”
Ela não é apenas uma dançarina — é uma embaixadora da cultura europeia, trazendo para a capital paranaense um espetáculo que mistura arte, técnica e glamour. Sua apresentação no Casino Ahú — um dos espaços mais importantes da cidade na época — mostra que Curitiba já era capaz de receber artistas internacionais e oferecer entretenimento de nível mundial.
O texto também menciona que ela “tem um repertório precioso”, o que indica que o público local estava acostumado a apreciar performances de alta qualidade. E isso não era algo comum em todas as cidades brasileiras da época.
Além disso, a menção ao Casino Ahú — um espaço que combinava lazer, cultura e socialização — revela que Curitiba já tinha uma vida noturna sofisticada, onde as pessoas se reuniam para assistir a shows, jantar e dançar.
Página 2: As Modas de Agostinho — O Estilo que Vestia a Mulher Curitibana
Na segunda página, entramos no universo da moda com “Modas”, uma seção assinada por Agostinho, provavelmente um jornalista ou crítico de moda da época. A página traz ilustrações de vestidos, acessórios e dicas de estilo — tudo pensado para a mulher curitibana.
Duas peças chamam atenção: o “Vestido para Almoços”, com estampa floral e corte fluido, e o “Vestido de Civis”, mais estruturado, com mangas bufantes e decote sutil. Ambos refletem a influência da moda francesa e americana, mas adaptada à realidade local.
O texto diz:
“O belo, luxuoso, sedutor vestido de civis, com linhas de cintura, em tons claros, é o ideal para almoços e recepções.”
Isso nos mostra que, mesmo em uma cidade ainda em desenvolvimento, as mulheres tinham acesso a tendências internacionais — e sabiam como usá-las com bom gosto. A moda não era apenas sobre roupa; era sobre postura, presença e identidade.
E o mais interessante: o texto menciona que “a mulher que quer estar bem vestida, depende de si mesma”. Ou seja, a elegância não vinha de fora — vinha de dentro. Era uma escolha consciente, uma atitude.
Página 3: Modas em Detalhe — O Estilo que Definia a Mulher Moderna
Na terceira página, continuamos com a seção “Modas”, agora com ilustrações mais detalhadas e textos que explicam cada peça. Aqui, vemos vestidos longos, com cintura marcada, saias plissadas e acessórios como chapéus e luvas — tudo pensado para a mulher que queria estar sempre impecável.
Uma das ilustrações mostra uma mulher usando um vestido de tecido leve, com estampa geométrica, combinado com um chapéu de aba larga — um look que combina simplicidade e sofisticação. Outra ilustração mostra um vestido de noite, com decote profundo e mangas curtas — ideal para jantares e eventos formais.
O texto diz:
“O melhor padrão a seguir é o do bom gosto, que nunca envelhece.”
Essa frase é poderosa. Ela nos lembra que, mesmo em tempos de mudanças rápidas, o bom gosto é eterno. E isso ainda é válido hoje.
Além disso, a menção ao “uso de acessórios” — como luvas, bolsas e sapatos — mostra que a mulher da época entendia que o estilo está nos detalhes. Cada peça tinha seu lugar, e cada escolha era feita com cuidado.
Página 4: Paulette Goddard — A Dama da Mais Bela Plástica de Hollywood
Na última página, encontramos uma homenagem a Paulette Goddard, atriz de Hollywood, que é proclamada “a dama da mais bela plástica de Hollywood”. A foto mostra sua face delicada, seus olhos expressivos e seu sorriso encantador — tudo isso em preto e branco, mas com uma presença que atravessa o tempo.
O texto diz:
“Paulette Goddard, acaba de ser proclamada a dama da mais bela plástica de Hollywood.”
Ela não é apenas uma atriz — é um símbolo de beleza, elegância e modernidade. Sua imagem aparece em uma revista local — o Gran-Fina, edição de janeiro de 1942 — mostrando que Curitiba, mesmo distante de Hollywood, estava conectada ao mundo do entretenimento internacional.
A menção ao Grados Country Club — onde ocorreu o “Reveillon” — revela que a elite local já tinha acesso a eventos de alto nível, com música, dança e festas à beira da piscina. E isso não era algo comum em todas as cidades brasileiras da época.
Por que isso importa hoje?
Essas páginas não são apenas retratos de pessoas esquecidas. São espelhos de uma época em que a elegância era uma escolha consciente, e não um consumo compulsivo. Elas nos mostram que:
- Elegância é atitude, não roupa.
- Estilo é coerência, não tendência.
- Beleza é presença, não aparência.
E, talvez o mais importante: a história de Curitiba não está apenas nos prédios, nas ruas ou nos documentos oficiais — está nos rostos, nos sorrisos e nas escolhas das mulheres que a habitaram.
Que tal pensar: qual será a elegância da nossa geração? Como seremos lembrados?
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