sábado, 13 de dezembro de 2025

Curitiba em 1953: Um Retrato da Cidade Através de Seus Documentos Visuais

 

Curitiba em 1953: Um Retrato da Cidade Através de Seus Documentos Visuais

Curitiba em 1953: Um Retrato da Cidade Através de Seus Documentos Visuais

Em 1953, Curitiba vivia um momento de transição entre tradição e modernidade. Com cerca de 200 mil habitantes, a capital paranaense já demonstrava sinais claros de urbanização acelerada, expansão comercial e consolidação de sua identidade cultural. As páginas aqui apresentadas — provavelmente extraídas de revistas ou suplementos especiais de jornais locais — oferecem um retrato vívido da cidade naquele ano. Elas não são apenas imagens; são documentos históricos que revelam como os curitibanos viam seu passado, viviam seu presente e projetavam seu futuro.


Página 1: “Boneca do Iguaçu” — O Entretenimento Moderno no Coração da Cidade

A página traz o título “BONECA DO IGUAÇU” em letras maiúsculas e arredondadas, posicionado no topo central. Abaixo, três fotografias em preto e branco:

  • À esquerda: vista externa do estabelecimento, com fachada simples, varanda coberta e letreiro luminoso.
  • No canto superior direito: cena interna do salão, mostrando mesas dispostas em fileiras, pessoas sentadas e um palco ao fundo.
  • Centralizada, abaixo: imagem de um cantor ou animador de palco, vestido formalmente, segurando um microfone e sorrindo para o público.

No centro, logo abaixo da foto do cantor, um logotipo circular com a inscrição “Boneca do Iguaçu” e a palavra “RESTAURANTE” embaixo.

Do lado esquerdo, um bloco de texto descreve o local:

“Espaçoso e recente é o Restaurante ‘Boneca do Iguaçu’, situado próximo à ponte do Rio Iguaçu, na estrada de S. José dos Pinhais. Quem deseja passar horas de repouso, saboreando bons pratos e ouvindo boa música e ‘shows’ atraentes, procurará a ‘Boneca do Iguaçu’.”

À direita, outro bloco de texto complementa:

“Nas fotos vemos cenas do espetáculo artístico, menos do salão e fechada do prédio à noite. Também aparece o enorme e notável balcão do estabelecimento, atrás do qual o chefe da casa, pessoas da Família e empregados.”

Na parte inferior, mais um parágrafo:

“A ‘Boneca do Iguaçu’ é um restaurante com todos os requisitos exigidos pelas pessoas de bom gosto, onde os clientes foram na excursão de um ambiente estritamente familiar, pois é dirigido pessoalmente pelo seu proprietário Sr. Hary Freitas e senhora, atendendo com extrema cortesia e possuindo um serviço primoroso com sanduíches e variados pratos.”

Em 1953, o lazer urbano em Curitiba ainda era predominantemente familiar e caseiro. O “Boneca do Iguaçu”, localizado na estrada de São José dos Pinhais (hoje região da Avenida das Torres), representava um novo tipo de entretenimento: um espaço onde se podia jantar, assistir a shows e socializar em um ambiente controlado e familiar. A menção ao “chefe da casa” e à “família” indica que se tratava de um negócio familiar, comum na época, e que valorizava o atendimento personalizado.

O nome “Boneca do Iguaçu” sugere uma ligação com a cultura popular — talvez referência a uma personagem folclórica ou a uma boneca de vitrine usada como símbolo de boas-vindas. O fato de estar “próximo à ponte do Rio Iguaçu” indicava que era um destino para quem viajava para o interior, mas também para os moradores da capital em busca de escapismo.


Página 2: “A Universidade do Paraná através dos tempos” — A Construção de um Patrimônio Intelectual

A página traz o título centralizado:

A Universidade do Paraná através dos tempos

Abaixo, três fotografias históricas em preto e branco, dispostas verticalmente:

  • Na parte superior: uma fotografia do edifício principal da universidade, com arquitetura neoclássica, cúpula central e colunas frontais. Uma legenda diz:

    “O edifício da Universidade, início do ano 1912.”

  • No meio: uma imagem de um prédio menor, com fachada mais simples, rodeado por árvores e gramado. A legenda informa:

    “Fachada do atual Palácio Universitário, onde se acham instaladas as várias Faculdades de Ensino Superior.”

  • Na parte inferior: vista lateral de um prédio longo, com múltiplas janelas e colunas, localizado na Rua 13 de Novembro. A legenda diz:

    “Vista do prédio, do lado da Rua 13 de Novembro.”

Em 1953, a Universidade do Paraná — fundada em 1912 — completava 41 anos de existência. Era a única universidade pública do estado e o principal polo intelectual da região Sul. O anúncio destaca a evolução física da instituição, mostrando como seus prédios haviam crescido e se transformado ao longo das décadas.

O edifício de 1912, com sua imponência neoclássica, simbolizava a ambição de criar uma instituição de ensino superior à altura das grandes universidades brasileiras. Já o “Palácio Universitário” — provavelmente o prédio da antiga Escola de Engenharia, hoje sede da Reitoria — representava a modernização administrativa da universidade.

A menção à Rua 13 de Novembro reforça a integração da universidade ao tecido urbano da cidade. Em 1953, a área ao redor da rua já era considerada o centro acadêmico e administrativo de Curitiba.


Página 3: “Vistas de Curitiba — Doutros Tempos” — A Memória Visual da Cidade

A página traz o título centralizado:

VISTAS DE CURITIBA — DOUTROS TEMPOS

Abaixo, três fotografias aéreas em preto e branco, dispostas verticalmente:

  • Na parte superior: vista panorâmica da antiga Rua Floriano Peixoto (então Rua Floriano Peixoto), com casas baixas, telhados de telha cerâmica e ruas de terra batida. A legenda diz:

    “A antiga rua Floriano Peixoto, vendo-se ao fundo a rua 13 de Novembro.”

  • No meio: vista aérea da Praça Tiradentes, com casas alinhadas e ruas estreitas. A legenda informa:

    “Um canto da Praça Tiradentes, quando se arranha esse espaço num sonho renovado.”

  • Na parte inferior: vista ampla da cidade, mostrando o Ginásio Paranaense (atual Colégio Estadual do Paraná) e a Praça Nossa Senhora da Luz. A legenda diz:

    “Curitiba, no começo deste século, quando foi construído o edifício do Ginásio Paranaense, onde hoje se acha a Secretaria de Educação e Cultura, entre a Praça Nossa Senhora da Luz e a Rua Dr. Muricy.”

Em 1953, Curitiba estava em plena transformação urbana. Essas imagens serviam como contraponto entre o passado e o presente, mostrando como a cidade havia mudado desde o início do século. A antiga Rua Floriano Peixoto, hoje Rua Marechal Floriano Peixoto, era uma das principais artérias comerciais da cidade, mas ainda conservava traços rurais.

A Praça Tiradentes, então cercada por casas residenciais, começava a ser remodelada para receber edifícios públicos e comerciais. Já o Ginásio Paranaense — fundado em 1906 — era um marco educacional e arquitetônico da cidade, com sua fachada imponente e jardins frontais.

Essas fotografias eram frequentemente publicadas em suplementos especiais de jornais ou revistas culturais, como forma de preservar a memória visual da cidade e conscientizar a população sobre sua história.


Página 4: “As Igrejas da Praça Tiradentes” — A Evolução Religiosa e Arquitetônica

A página traz o título centralizado:

As Igrejas da Praça Tiradentes

Abaixo, três imagens dispostas verticalmente:

  • Na parte superior: uma ilustração em preto e branco da Capela de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, datada de 1815. Mostra uma pequena capela de madeira, com telhado de palha e cruz no topo, rodeada por árvores e pessoas caminhando. A legenda diz:

    “A Capelinha de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, em 1815.”

  • No meio: uma fotografia da Igreja Matriz, demolida em 1951. Mostra uma igreja de pedra, com torre sineira e fachada simples, rodeada por casas e ruas estreitas. A legenda informa:

    “A velha Matriz, demolida em 1951.”

  • Na parte inferior: uma fotografia da Catedral Metropolitana, inaugurada em 1951. Mostra a fachada imponente da catedral, com duas torres sineiras, portão central e janelas altas. A legenda diz:

    “A imponente Catedral Metropolitana inaugurada em 1951.”

Em 1953, a Praça Tiradentes era o coração religioso e cívico da cidade. A sequência de imagens mostra a evolução da presença religiosa na praça: da pequena capela colonial, passando pela igreja matriz do século XIX, até a catedral moderna do século XX.

A demolição da Matriz em 1951 foi um evento polêmico, mas necessário para a modernização urbana da praça. A nova Catedral Metropolitana, projetada pelo arquiteto Francisco de Paula Ramos, tornou-se um símbolo da renovação religiosa e arquitetônica da cidade.

O fato de a página ser publicada em 1953 — dois anos após a inauguração da catedral — indica que a comunidade ainda estava processando essa mudança. A comparação entre as três igrejas servia como um registro histórico, mostrando como a fé e a arquitetura haviam evoluído ao longo dos séculos.


Página 5: “Hontem... Hoje...” — A Transformação da Rua 13 de Novembro

A página traz o título centralizado:

Hontem... Hoje...

Abaixo, quatro fotografias em preto e branco, dispostas em formato de quadrícula:

  • No canto superior esquerdo: vista da Rua das Flores (13 de Novembro), ornamentada com arcos e faixas, no dia 1º de dezembro de 1912. Mostra casas baixas, ruas de terra e poucos veículos. A legenda diz:

    “A Rua das Flores (13 Nov.) ornamentada de arcos e faixas, no dia 1º de dezembro de 1912.”

  • No canto superior direito: vista da mesma rua, agora pavimentada e com edifícios maiores, em 1953. Mostra carros estacionados, pedestres e lojas com vitrines. A legenda informa:

    “A moderna rua 13 de Novembro (mesmo ângulo da foto anterior), a 1º de dezembro de 1953.”

  • No canto inferior esquerdo: vista da rua em 1912, com carroças e cavalos. A legenda diz:

    “A rua 13, das flores, nos primeiros dias de verão de 1912.”

  • No canto inferior direito: vista da rua em 1953, com edifícios comerciais e calçadas largas. A legenda informa:

    “A movimentada rua 13, ao tempo das carruagens, fortíssimo da higiene e limpeza — 1912.”

No centro da página, um símbolo estilizado — uma estrela de oito pontas — separa as imagens.

Em 1953, a Rua 13 de Novembro — hoje Rua XV de Novembro — era a principal via comercial da cidade. A comparação entre as fotos de 1912 e 1953 revela uma transformação radical: da rua de terra e carroças para a rua pavimentada e motorizada.

A menção à “higiene e limpeza” em 1912 reflete a preocupação da época com a modernização sanitária da cidade. Já em 1953, a rua era descrita como “movimentada”, com lojas, bancos e escritórios — um verdadeiro centro econômico.

O uso do termo “Hontem... Hoje...” (com grafia antiga) era comum em publicações da época, e servia como um convite à reflexão sobre o progresso. A página não apenas documentava a mudança — ela celebrava a modernidade alcançada pela cidade.


















Curitiba em 1953: Um Retrato da Cidade em Plena Transformação

 

Curitiba em 1953: Um Retrato da Cidade em Plena Transformação

Curitiba em 1953: Um Retrato Detalhado da Cidade Através de Seus Anúncios

Em 1953, Curitiba contava com cerca de 200 mil habitantes e vivia um momento de expansão urbana, consolidação comercial e crescente integração nacional. Os anúncios publicados na imprensa local daquele ano oferecem um retrato vívido da cidade: moderna, ambiciosa e consciente de seu papel no desenvolvimento do Paraná. As cinco páginas analisadas a seguir revelam, com riqueza de detalhes, como os curitibanos viam seu presente e imaginavam seu futuro.


Página 1: “A Vida Noturna de Curitiba” — Iluminação e Modernidade

A página traz como destaque principal a frase “A VIDA NOTURNA de CURITIBA”, grafada em letras maiúsculas e negritas, posicionada na parte superior central. Abaixo, em letras menores, lê-se “EMBELEZADA POR REAL NEON”, estabelecendo uma relação direta entre brilho urbano e tecnologia de iluminação.

A composição central é uma ilustração estilizada da cidade à noite. Mostra edifícios de três a cinco andares com letreiros luminosos nas fachadas, ruas movimentadas por veículos automotores e pedestres, e um céu escuro sugerido por linhas suaves e pontos que representam estrelas. À direita da cena, um avião voa baixo, reforçando a ideia de mobilidade e progresso.

No canto inferior esquerdo, um balão de fala contém o seguinte texto:

“Fabricantes de luminosos e gás neon desde 1938! Seção especializada em instalações de lâmpadas fluorescentes. Instalações rápidas de qualquer capacidade.”

À direita, o logotipo da empresa: um triângulo vertical com as letras “R E A L” dispostas em degraus, seguidas de “NEON” em letras maiúsculas. Logo abaixo, o número de telefone “FONE 111”.

No rodapé, o endereço completo: RUA MONSENHOR CELSO, 256.

Em 1953, a Rua Monsenhor Celso (atual Rua Comendador Araújo) era uma das principais artérias comerciais do centro de Curitiba. A Real Neon, atuante desde 1938, posicionava-se como fornecedora essencial da modernização visual da cidade. O uso de néon não era apenas funcional — era um símbolo de sofisticação, associado a cinemas, bares, lojas e edifícios administrativos que desejavam projetar uma imagem contemporânea.


Página 2: Anúncio da Lóide Aéreo — A Aviação Civil em Expansão

O anúncio é dominado por uma ilustração de um avião Curtiss-Commando em voo, com o nariz voltado para a direita. Ao fundo, um mapa simplificado do Brasil com rotas aéreas marcadas por linhas tracejadas conectando Porto Alegre, Curitiba e Recife. No canto superior esquerdo, um compasso náutico simboliza orientação e precisão.

O título principal, em tipografia elegante e cursiva, diz:

“De Curitiba a Recife”

Imediatamente abaixo, em letras menores:

“DE CURITIBA A PORTO ALEGRE, DIRETAMENTE SEM ESCALA, EM 1 HORA E 30”

No centro, em uma moldura retangular, destaca-se:

“CURTISS-COMMANDO” do LÓIDE AÉREO

Na parte inferior esquerda, um bloco de texto fornece informações comerciais:

“É a única Cia. de Aviação que faz o percurso Porto Alegre – Curitiba – Recife no mesmo dia. Ótimo tratamento a bordo e 30% de desconto sobre o preço normal aos nossos passageiros de ida e volta. Viaje pelo LÓIDE AÉREO e chegue primeiro, antecipando a satisfação de uma boa viagem.”

À direita, os dados da agência local:

AGÊNCIA EM CURITIBA: RUA DO MUNICÍPIO, 447 – ESQ. DA RUA JOSÉ INOJOSA – FONE: 3246 – CURITIBA

Em 1953, a Lóide Aéreo era uma das principais companhias aéreas regionais do Brasil, operando rotas no Sul e Sudeste com aeronaves Curtiss C-46, versões civis de aviões militares da Segunda Guerra Mundial. A Rua do Município, hoje Rua XV de Novembro, concentrava bancos, lojas e serviços especializados, tornando-se o local ideal para uma agência de viagens aéreas. O telefone de três dígitos (3246) era típico da época, antes da expansão da rede telefônica urbana.


Página 3: “Nobres Lares Curitibanos” — A Arquitetura Residencial de Elite

A página traz o título “NOBRES LARES CURITIBANOS” centralizado no topo, em letras serifadas e elegantes. À esquerda, um parágrafo introdutório descreve o estilo de vida da elite local:

“O conforto aliado ao bom gosto. A nobreza do bem viver expressa-se, também, na organização do lar. A família curitibana orgulha-se de suas belas casas residenciais e com razão. Basta os bairros em que elas estão para se saber que são moradias de alto padrão — funcionais e gostosas. Nestas, as famílias vivem intensamente, pois, mesmo em seus lares, procuram os meios para aderirem vertentes de paz e de clássico ‘bom viver’.”

À direita, uma fotografia em preto e branco mostra uma residência de dois andares, com telhado inclinado de telhas cerâmicas, varanda frontal com balaustrada de pedra, janelas com molduras ornamentais e jardim bem cuidado. A arquitetura combina traços germânicos — herdados da imigração alemã — com elementos neoclássicos.

Na parte inferior, duas fotos menores:

  • À esquerda: uma escadaria interna em espiral, com corrimão de ferro forjado e piso de tábuas largas.
  • À direita: fachada de outra residência, com colunas de alvenaria, arco central e janelas altas com venezianas.

No canto inferior direito, um pequeno texto menciona:

“Nas fotografias da página podemos apreciar do bom gosto do canal Aéreo — Regina Castilhos, expressão de sociedade e simplicidade em nossa sociedade.”

Em 1953, bairros como Batel, Água Verde e parte do Centro abrigavam as famílias mais abastadas da cidade. A fotografia aérea era um recurso ainda exclusivo, utilizado em reportagens especiais ou publicações de prestígio. A menção a “Regina Castilhos” indica que se tratava de um serviço especializado, provavelmente ligado à imprensa ou à promoção imobiliária de alto nível.


Página 4: Mueller Irmãos Ltda. — Indústria e Identidade Paranaense

A página apresenta um anúncio com tom solene e comemorativo. No topo, em itálico:

“Nas passagens do 1º Centenário da Emancipação Política do Estado e no 75º de sua fundação, Mueller Irmãos Ltda., agradece a preferência distinguida aos seus inúmeros produtos e saúda o Povo Paranaense.”

Abaixo, três círculos ilustram a evolução da empresa:

  • O primeiro, marcado com “1878”, mostra uma oficina artesanal com forja e ferramentas manuais.
  • O segundo, com “1953”, retrata uma linha de produção industrial moderna, com máquinas e operários uniformizados.
  • O terceiro, com “195” (provavelmente truncado, referindo-se a “1953” ou ao futuro), exibe uma planta aérea da fábrica com edifícios industriais, pátio de carga e caminhões.

Entre os círculos, um moinho de vento estilizado com as iniciais “M.I.L.” e a legenda “Fundador: Gottlieb Mueller 1878”.

No centro, em destaque:

MUELLER IRMÃOS LTDA.

Logo abaixo:

COMPANHIA INDUSTRIAL “MARUMBY” — FUNDIÇÃO DE FERRO, AÇO E METAIS — FÁBRICA DE MÁQUINAS, PRENSOS E FOGÕES — CURITIBA — BRASIL — PARANÁ

No rodapé, os dados de contato:

Avenida Dr. Candido de Abreu, 13-127 — Caixa Postal 7 — Telegr.: “Industrial e Marumby”

Fundada em 1878 por Gottlieb Mueller, imigrante alemão, a empresa tornou-se um pilar da indústria paranaense. Em 1953, comemorava 75 anos de atividades contínuas, produzindo desde fogões domésticos até máquinas agrícolas. A localização na Avenida Dr. Candido de Abreu — eixo administrativo recém-consolidado da cidade — reforçava seu status de empresa moderna e integrada ao desenvolvimento urbano.


Página 5: Edifício São Paulo — O Surgimento do Apartamento Moderno

A página é um anúncio imobiliário com layout limpo e foco em informação prática. O título, emoldurado em um retângulo decorativo, diz:

EDIFÍCIO SÃO PAULO

Logo abaixo, em destaque:

Reinício das Vendas

Segue um texto explicativo:

“Por ocasião da concretagem da 3ª laje (piso do 4º pavimento), foram reiniciadas as vendas dos últimos apartamentos disponíveis do EDIFÍCIO SÃO PAULO, em construção à Rua Cruz Machado, (esquina da rua Ermelino de Leão).”

Um bloco isolado em caixa traz as condições comerciais:

Preços e condições de pagamento excepcionalmente vantajosas. Apartamentos funcionais desde Cr$ 100.000,00 até 145.000,00, parte durante a construção, com facilidades, parte financiada sem juros após entrega das chaves. Não perca esta ocasião de realizar o melhor negócio de sua vida. Um apartamento no EDIFÍCIO SÃO PAULO é a maneira mais garantida de valorizar o seu dinheiro.

No rodapé, o local para informações:

INFORMAÇÕES E VENDAS: RUA PEDRO IVO Nº 594 — 1º andar — Sala 101-A — e com os corretores autorizados.

Em 1953, o conceito de apartamento ainda era relativamente novo em Curitiba, mas ganhava força entre a classe média urbana. O Edifício São Paulo, localizado na Rua Cruz Machado (atual Rua Marechal Floriano Peixoto), representava a verticalização residencial do centro. Os preços anunciados — entre 100 e 145 mil cruzeiros — eram compatíveis com a renda de profissionais liberais, comerciantes e funcionários públicos. O financiamento sem juros após a entrega das chaves era um atrativo poderoso em um mercado ainda pouco regulado.

A sala de vendas na Rua Pedro Ivo (atual Rua Marechal Deodoro) ficava no coração do comércio curitibano, perto de bancos e cartórios, facilitando a concretização dos negócios.