A MAIOR HOMENAGEM FÚNEBRE OCORRIDA EM CURITIBA
A MAIOR HOMENAGEM FÚNEBRE OCORRIDA EM CURITIBA
Assim, o jornal paranaense 'A Republica', noticiou no dia 23 de setembro de 1913, como seria o concerto no Teatro Hauer em homenagem a Brasílio Itiberê da Cunha (1846-1913), que morrera em agosto.
Embalsamado, o corpo do diplomata e compositor paranaense já estava a caminho de Paranaguá, vindo de Berlim, com uma passagem pelo Rio de Janeiro. Depois de ser velado na cidade natal, seria sepultado em Curitiba, terra que escolheu para repousar.
Itiberê era Ministro Plenipotenciário do Brasil na Prússia, cargo que equivaleria ao de embaixador hoje. Ele morrera no dia 11 de agosto, durante uma cirurgia, depois de adoecer após assistir durante horas a um desfile militar sob sol escaldante.
O cortejo fúnebre partiu da estação ferroviária pela Rua Barão do Rio Branco, virou na Rua 15 de Novembro e na Marechal Floriano e parou na Catedral, onde aconteceu um ofício fúnebre. De lá, seguiu em direção ao Cemitério Municipal.
“Nunca Curitiba viu um cortejo fúnebre dessa magnitude”, afirma o pesquisador do grupo de estudos de música paranaense da Unespar Gehad Hajar. “Quantos governadores e militares já haviam morrido? O povo não se identificava. Talvez, Itiberê tenha sido o primeiro paranaense que causou furor identitário. Talvez, tenha sido a primeira vez em que o paranaense olhou para um ícone simbólico e se viu nele”, diz.
Itiberê era um paranaense ilustre, e assumiria a embaixada em Portugal quando os dois países reatavam seus laços. “Isso deu a ele uma exposição muito grande”, diz Hajar.
“Também se noticiavam os saraus que ele fazia na Europa. Sabia-se da sua amizade com Franz Liszt (1811-1886) [que tocou “A Sertaneja” em concerto] e Anton Rubinstein. Essas histórias voltavam”, diz Hajar, para quem Itiberê não deve ser lembrado como diplomata, apesar da longa carreira a serviço do país.
“Não podemos olhá-lo pelo viés diplomático. Ele era, de fato, um músico”, diz o pesquisador, ressaltando que a nomeação de Itiberê para o corpo diplomático do país foi uma forma de o imperador Dom Pedro II custear os estudos musicais do parnanguara na Europa. [...] ". (Extraído de: gazetadopovo.com.br).
Paulo Grani.